My Little Runner escrita por Angie


Capítulo 15
Que se inicie a fase dois! Part. 1/3


Notas iniciais do capítulo

Heeeeey!
Muitíssimo obrigada AllyCollins pela quarta recomendação da fic, esse capítulo eu dedico à você, espero que goste :)



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Tudo aconteceu tão rápido e ao mesmo tempo tão lentamente. Thomas ainda gritava agarrado ao corpo do amigo. A mulher não esboçava nenhuma reação, apenas continuou seu discurso sobre tudo ser necessário para o resultado final. Camille se debatia tentando soltar-se e os garotos tentavam acalmar Thomas, apesar de eles mesmos precisavam ser acalmados.

Tudo isso ainda acontecia quando uma comoção maior de pessoas apareceu. (C.L.) Vários homens e mulheres trajando jeans encardidos e casacos suados irromperam pela entrada com armas levantadas, gritando e vociferando palavras uns para os outros. Era impossível entender o que diziam. As suas armas - algumas eram fuzis, outras pistolas - pareciam... arcaicas, rústicas. (C.L.)

Nocauteando e atirando. O curioso é que só faziam isso com os funcionários do Cruel.

Camille deixou escapar um grito estrangulado quando um dos resgatadores atirou a sangue frio na cabeça de uma das pessoas que a seguravam.

Ela caiu rolando quando a outra pessoa a soltou bruscamente, tentando fugir. A garota correu para se juntar aos amigos que encaravam aquilo com terror.

Antes que conseguisse, alguém a puxou pelo braço. De princípio ela pensou que fora alguém do Cruel, mas logo percebeu que se tratava de um dos seus salvadores.

—Venha, não devia estar aqui!- Ouviu-o dizendo.

—Espere, não trabalho para o Cruel! Também sou vítim... ei!- Gritou enquanto o suposto salvador a arrastava em outra direção.

Foi quando um soco vindo de sabe-se lá onde atirou o homem ao chão.

Camille se virou rapidamente, deparando-se com Minho, que mais parecia ter saído de um filme de combate que de um labirinto.

Ela poderia ter se jogado em cima dele, mas em vez disso o momento só permitiu que ela berrasse:

—Você bateu no cara que estava nos salvando!?

—Ele tentou te machucar, é claro que bati!- Ele respondeu no mesmo tom, ultrapassando os gritos de terror vindos de todas as direções.

—Não tentou não, apenas me puxou com mais força que o necessário!

—Vai defendê-lo?

—Claro que não!

—Acabou de fazer isso!

—Não fiz!

—Fez sim!

—Ah, cala a boca Minho!

—Eu te salvei! –Ele gritou já se irritando.

—Ah, que se dane! Eu poderia te beijar agora mesmo.

Não precisou nem falar duas vezes. Minho, literalmente, a agarrou num beijo tão intenso que teriam que tapar os olhos dos que estavam em volta.

Sim, os dois estavam se beijando no meio de toda aquela carnificina.

E não era indiferença, tampouco frieza ou displicência.

Pelo contrário. Era uma ânsia incontrolável.

Não foi um beijo calmo nem tão “quente”. Era algo desesperado, necessitado, urgente. Como se a cada toque afirmassem o quanto precisavam um do outro. O quanto ficaram com medo.

O beijo parou tão rápido como começou. Em segundos foram empurrados em direção à saída.

—Vocês se agarram depois, agora corram! –Era Newt.

Camille conseguiu rir enquanto corriam.

—É bom ver você também Newt.

Ele apenas sorriu para ela antes de responder.

—Você demorou, quem mais cuidaria desse cabeção? –Disse se referindo ao Minho que não desgrudava de perto de Camille nem quando fugiam.

Mesmo fazendo um pouco de graça, o coração de todos pesava. E ninguém admitiria o quanto se seguravam para não chorar. Estavam quase se explodindo de felicidade por se encontrarem, mas também quase se desfazendo de tristeza por tantas perdas.

(C.L) Desceram correndo por um corredor comprido, que dava para um túnel mal iluminado. Subiram um lance de escada em curva. Tudo estava escuro, cheirando a aparelhos eletrônicos. Seguiram por outro corredor. Subiram mais uma escada. Mais corredores.

Eles não pararam de correr, alguns dos homens e mulheres tomando a dianteira, outros dando gritos de encorajamento por trás.

Chegaram a outro conjunto de portas de vidro e atravessaram-nas sob uma chuva torrencial, que despencava de um céu negro. Não se via nada a não ser manchas difusas de centelhas flamejantes em meio às cortinas de água.

O líder só parou de correr quando chegaram a um ônibus imenso, as laterais amassadas e riscadas, a maior parte das janelas com rachaduras como teias de aranha. A chuva inundava tudo.

— Entrem logo! - gritou o homem. - Depressa!

Eles obedeceram, aglomerando-se em um grupo compacto diante da porta enquanto entravam, um por um. Aquilo parecia não acabar nunca, os Clareanos empurrando-se e tropeçando nos três degraus em busca dos assentos. (C.L.)

Ninguém disse uma palavra durante quase todo o caminho que percorreram. Minho ainda agarrava a mão de Camille fortemente como se quisesse se certificar de que não a afastariam dele novamente.

Ela compreendia e sentia o mesmo, portanto ficou em silêncio e retribuiu o aperto.

O silêncio prosseguiu-se até Thomas, com uma voz arrastada e altamente melancólica perguntar a uma mulher sentada do outro lado o que estava acontecendo, seguindo-se de Teresa que implorou para ela contar algo a eles.

Ela os olhou, quase com pena e começou a contar-lhes. Falou sobre as explosões solares que atingiram a Terra com seu imenso calor. Das milhões de mortes; das cidades varridas do mapa; dos milhares de quilômetro de terra que se tornaram devastados. Por fim falou da doença, não muita coisa. Apenas o suficiente para saberem que se chamava Fulgor e que era algo realmente horrível. Primeiro começam os delírios, depois os instintos animais passam a se sobrepor aos humanos. Finalmente, isso os consome, destrói a sua humanidade. Está tudo no cérebro. Ao entrar no assunto do cérebro logo começou a explicar sobre o motivo deles terem sido escolhidos. Sobre eles fazerem parte de um teste supremo sobre salvar a humanidade do fulgor e os testes cerebrais que o Cruel os fez passar.

Camille olhou para o vidro embaçado do ônibus. Por algum motivo não queria mais saber, não queria mais escutar nenhuma palavra do que estavam dizendo. Afinal, tudo havia acabado certo?

Mesmo assim ela não conseguia ver nenhum resquício da felicidade e vida melhor que ela, juntamente com os outros clareanos, acreditava que encontrariam.

Só havia dor, morte e tristeza.

Deu um longo suspiro e voltou à posição anterior, dessa vez encostando a cabeça na dobra do pescoço de Minho e fechando os olhos.

—Você precisa de um banho. – ela murmurou, sem se mexer. –E cuidar desses machucados.

Ouviu-o dar uma risadinha cansada.

—Por acaso vai cuidar de mim? Talvez eu precise de ajuda com o banho.

—Muito engraçadinho, Minho.

—Bem, eu tentei.  – disse em tom de riso.

Ela acabou sorrindo. Depois de alguns minutos de silêncio, a respiração mais profunda indicava que Camille dormira.

Os tais salvadores os levaram para dentro de um imenso dormitório com uma série de beliches alinhados ao longo de uma das paredes. Do lado oposto viam-se alguns armários e mesas. Todas as paredes do aposento tinham janelas cobertas por cortinas.

(C.L.) O lugar era todo colorido. A pintura era amarelo vivo, os cobertores vermelhos, as cortinas verdes. Depois do acinzentado monótono da Clareira, era como se tivessem sido transportados para dentro de um arco-íris. Vendo tudo aquilo, vendo as camas e os armários, tudo arrumado e novo, a sensação de normalidade era quase esmagadora. Aquilo tudo era bom demais para ser verdade. (C.L.)

Era estranho para todos os clareanos. Ao mesmo tempo diferente e familiarmente aconchegante.

Todos foram instruídos sobre algumas coisas ali e logo estavam nos chuveiros tomando um delicioso, quente e demorado banho.

Camille fechou os olhos enquanto a água percorria-lhe o corpo. Acompanhando o movimento de suas curvas.

Depois do banho e de desligar totalmente o chuveiro, encostou-se na parede do pequeno cubículo e ficou encarando a toalha.

Uma gotinha de água pingou de seu queixo, escorrendo entre seus seios, passando por uma das coxas e finalizando sua rota entre os dedos dos pés.

Por fim começou a se enxugar, para logo após vestir as roupas que haviam lhe entregado: uma camisa branca um pouco folgadinha, mas proporcional e um short preto de malha. Conseguiu ainda arranjar um par de meias.

Se havia uma palavra que podia descrever como ela se sentia naquele momento seria “aconchegante”.

Saiu do banheiro com os cabelos quase secos de tanto que passou a toalha. Logo percebeu que todos haviam recebido o mesmo bom tratamento que ela e acenou quando viu Teresa ali. Na verdade, já havia a visto, porém com a correria da situação não pôde nem falar um oi.

—Ei, você está viva. –Teresa comentou sorrindo.

—Estou; para a alegria da humanidade. –Camille respondeu brincalhona. –Fico feliz que você também esteja aqui.

—Ainda bem, não estava mais aguentando as lamúrias sobre “a gentil Camille ter sido posta nas mãos dos verdugos”. –Teresa contorceu o rosto.

Camille riu.

—É... Mas sinto lhe informar que aquelas coisas não têm mãos. Suas garras já fazem o trabalho. –Estremeceu se lembrando.

—Bem, eu vou ver como o Tom está. Você devia fazer o mesmo, quer dizer, com o Minho. –Teresa deu dois passos para frente antes de parar, colocar uma das mãos no ombro de Camille e olhá-la no fundo dos olhos. –Fico feliz que esteja a salvo. É sério, de verdade. Você traz... Esperança para esse pessoal. Traz alegria a eles. Não os deixe tão preocupados novamente.

Camille a encarou de volta antes de acenar positivamente, sem conseguir formular o que responder. Não sabia que causava aquele efeito nos amigos.

Teresa se afastou e ela ficou ali apenas olhando ao seu redor, procurando entender o que se passava na mente de cada um.

Como um imã seu olhar fora atraído até certo canto do local. Lá, com as costas apoiadas preguiçosamente na parede e os braços cruzados, mas de forma relaxada se encontrava seu lindo asiático.

O coração da garota bateu num ritmo descompassado ao deparar-se com aqueles olhos que pareciam querer arrastá-la até ele; olhos que a observavam com um misto de malícia e ternura. Um olhar que ele só conseguia ter para ela. Sem contar no sorrisinho que esboçava.

Minho a estava observando desde que chegaram ali. Teve saudades daquele doce sorriso; do modo como suas sobrancelhas se arqueavam sempre que ela estava meio debochada; dos olhos cheios de carinho; do corar de suas bochechas. Sentia falta de toda ela.

Ele também tomara um banho relaxante, recebendo uma calça moletom e uma camisa, que por sinal estava abotoada de maneira desleixada.

Ficaram travando uma guerra silenciosa entre olhares, até Camille sentir seu rosto esquentar e desviar rapidamente o olhar. Era incrível como ela ainda se envergonhava toda vez que ele a ficava encarando. Ouviu uma risadinha vinda da parte dele e ela novamente levantou o olhar, vendo-o chamá-la com um sutil movimentar de dedos.

Ela estreitou os olhos como se fazendo de difícil e Minho revirou os próprios. Por fim ela andou até o canto que o garoto se encontrava.

Nenhum disse uma palavra de imediato, não era preciso, seus olhos já diziam tudo. Camille descruzou-lhe os braços e lhe acariciou as mãos antes que pudesse da mais um passo e abraçar o garoto com força, enterrando o rosto no peito do mesmo.

Minho retribuiu o carinho com tamanha intensidade e desejou ardentemente que o tempo parasse para que pudesse ter sua pequena ao calor de seus braços e que aquele momento não acabasse.

Ficaram ali por um tempo indeterminado, apenas sentindo um ao outro antes de Minho murmurar, ainda sem se mexer.

—Senti sua falta.

—Eu também. Mas olha, fiquei pouco tempo longe. –Ela murmurou de volta com a voz um pouco abafada no peitoral definido.

—Não é questão de tempo. –Ele retrucou. –Achei que estivesse morta e se não, sabe-se lá o que fariam com você.

Ela não respondeu, apenas balbuciou um “hum-hum” e o silêncio se instalou; mas logo foi novamente quebrado por Minho.

—Prometa-me que nunca mais fará isso, que não se jogará na frente de nenhum verdugo ou coisa parecida. Eu me senti tão... Impotente. –Admitiu num murmúrio, estava com o rosto enterrado entre os fios castanhos e macios da garota. Ela sentiu os músculos dele enrijecerem ao dizer aquilo, e seus braços a puxarem para ainda mais perto, se é que era possível. –Nunca mais me deixe tão preocupado. Nunca mais, entendeu?

Camille pensou em retrucar dizendo que sabia se cuidar, mas o pensamento só durou alguns segundos antes de ela soltar um longo suspiro de alívio.

—Tudo bem, vou tentar evitar te deixar preocupado.

—Ótimo. –Ele relaxou mais.

—Ah... Minho, ta me sufocando... -Ela balbuciou.

Mesmo contra a vontade ele a liberou do aperto, para logo após bagunçar seus cabelos, fazendo-a revirar os olhos.

Antes que pudessem falar qualquer coisa um cheiro maravilhosamente bom invadiu suas narinas e só então perceberam o quanto estavam com fome.

O jantar foi servido na sala central do local, todos se sentaram ao redor de mesas enquanto saboreavam deliciosas pizzas.

—Por que Caçarola nunca fazia coisas assim? –Camille reclamou enquanto se fartava de um pedaço de mozarela com atum.

Minho, Newt e Thomas concordaram, quer dizer, tentaram concordar com a boca cheia do quar... quin... Bem, não se sabe ao certo quantos pedaços já haviam devorado.

Pouco importava; o que estava realmente claro ali era a felicidade de todos. Mesmo assim Camille não pôde deixar de sentir-se um pouquinho incomodada.

—O que foi? –Thomas perguntou percebendo que ela subitamente havia parado de rir de uma graça que um dos garotos tinha feito e fazendo a atenção dos demais voltar-se para ela.

—Ah, eu estou bem. Só me deu uma sensação estranha de repente.

—Que sensação? –Newt perguntou, já franzindo o cenho.

—É só que... –Pensou um pouco mordendo o lábio inferior. –Vocês não acham isso estranho? Quer dizer, depois de tudo que passamos simplesmente é isso? Está bom demais pra ser verdade.

—Pode ser. –Newt deu de ombros. –Mas estamos aqui. E estamos felizes. Isso que importa agora.

—Não sei não... –Ela se remexeu desconfortavelmente.

Um pensamento lhe passou como um raio pela cabeça. O que o “salvador” que ganhara um soco de Minho dissera. “Não devia estar aqui.”

Minho passou um braço ao redor de seu corpo.

—Apenas relaxe e aproveite o momento. –Ele disse.

Ela pensou por uns dois segundos antes de acabar se dando por aceita e rapidamente arrancar, com uma dentada, o pedaço de pizza da mão do namorado.

—Ei! –Ele protestou.

Ela riu brincalhona e logo uma mini guerra de pizzaa começou.

***

Camille rolava em sua cama tentando dormir. Não conseguia entender porque estava sozinha em um quarto. Ela ficou separada dos garotos, o que era até compreensível, mesmo ela já tendo convivido com eles na clareira. Mas o que a incomodava mesmo era que nem com Teresa deixaram, ambas ficaram em quartos diferentes.

Resolveu que deixaria isso pra lá e seguiu o conselho dos garotos sobre aproveitar o momento. Em menos de vinte minutos já estava dormindo profundamente.

[...]

Acordou atordoada. Tocou a cabeça com uma mão enquanto tentava se sentar, fazendo uma careta com a pequena dor que sentiu, como se tivesse acabado de levar uma bofetada.

O local estava escuro como as trevas, mas mesmo assim ela soube que não estava no quarto designado à sua pessoa.

Na verdade, nem na cama estava. Podia sentir o chão gelado tocar sua pele suavemente. Respirou fundo, o que foi uma péssima ideia. O ar estava com um odor repugnante. Cheirava podre; putrefação; morte.

Camille, por puro impulso, tapou imediatamente o nariz e sentiu uma forte ânsia de vômito, mas se controlou.

Levantou-se lentamente esperando que seus olhos se acostumassem à escuridão.

Um baque surdo e uma movimentação inquietante acompanhada de nervosas conversas chamou-lhe a atenção.

Parecia que uma porta havia sido arrombada. Alguém saiu de lá, mas ela não pôde identificar quem era, apenas uma silhueta claramente masculina. Uma iluminação fraca provinha de dentro do cômodo, não o suficiente para iluminar alguma parte do local. Ou seja, tudo ainda estava terrivelmente escuro. E o cheiro! Ah, o cheiro era o pior.

Por um segundo Camille pensou em se esgueirar para ver quem eram as pessoas sem ser notada. Mas logo o pensamento a deixou.

Ver o quê, idiota? Ta tudo escuro! Falou consigo mesma em pensamento.

Concentrou-se tanto em seus pensamentos que nem percebeu que alguém se aproximara; mesmo esse alguém estando tão “cego” quanto ela naquele momento.

Tampouco notou o momento que esbarrou nesse alguém fazendo os dois se alarmarem.

Ela bruscamente se afastou e acabou por tropeçar nos próprios pés. Tentou se agarrar em qualquer coisa e obteve sucesso. Ou quase, a outra pessoa foi levada junto à queda no exato momento em que outra encontrou o interruptor e acendeu as luzes, fazendo muitos fecharem os olhos com a nova claridade.

Então a cena era a seguinte:

Camille braços levantados à frente do rosto. Minho, a pessoa que ela levara a cair também, estava com uma mão no pulso de Camille e outra levantada pronto para socar quem quer que fosse o idiota que apareceu do nada no escuro. E por último Newt, que encontrara o interruptor, e os outros garotos olhando espantados para aquilo tudo.

Minho imediatamente a soltou e abriu a boca para falar algo, mas parou abruptamente.

Não conseguia formular palavras, ninguém conseguia. E não era por encontrarem Camille vagando no escuro.

Espalhados pelo salão; pendurados com cordas pelo pescoço afundando na pele funda e inchada; estavam os seus salvadores.

Todos mortos.

Os corpos rígidos oscilavam lentamente, para lá e para cá, sem parar, línguas rosadas saindo de lábios esbranquiçados.

—Uou! –Minho exclamou.

Camille ainda estava no chão, sentada de joelhos. Os olhos arregalados de pavor.

Os clareanos cuspiram de nojo, soluçaram e alguns até vomitaram.

Todos estavam extremamente chocados até Thomas anunciar a pergunta que não queria calar dentro de sua mente:

—Teresa! Onde está Teresa?

De repente todos começaram a procurá-la, porém Thomas já havia encontrado a única porta, sem contar com a que tinham acabado de sair, do outro lado do salão.

A porta era amarela com fechadura de latão. Winston foi buscar um extintor de incêndio para arrombar a porta trancada.

Camille se levantou ainda com náuseas pela visão aterrorizante. Foi até a porta, desviando-se de mesas e corpos.

Um plástico transparente, como um quadro de avisos, pendurado à direita na parede, um retângulo de uns trinta centímetros de altura. Haviam inserido uma folha de papel dentro do plástico, com várias palavras datilografadas.

Teresa Agnes. Grupo A, Indivíduo A1. A Traidora.

Camille passou os dedos pela palavra “Traidora”. Comprimiu os lábios tentando imaginar o porquê daquele título.

(C.L.) Thomas atirou o cilindro para o lado e avançou para a porta, escancarando-a. A ânsia provocada pela expectativa se misturava ao temor do que poderia encontrar. Foi o primeiro a entrar no quarto iluminado. (C.L.)

O quarto era parecido com o que colocaram Camille antes, com apenas quatro beliches, dois armários e unia porta fechada, que parecia conduzir a outro banheiro.

— Teresa! - chamou Thomas, a garganta contraída pelo pânico.

Mas apenas o vazio o respondeu. Uma das camas estava desarrumada, porém nada além disso. Teresa não estava lá.

Alguns clareanos entraram no cômodo, juntamente com Camille. Thomas se voltou para ela.

—Onde ela está?

Camille franziu o cenho e murmurou:

—Como eu vou saber?

Thomas parecia outra pessoa, muito mais irritado que o normal e pareceu nem pensar no que estava fazendo.

—Vocês duas foram separadas dos garotos. Por que só você estava lá fora enquanto aqui não tem ninguém?

—Eu simplesmente acordei lá... –Ela respondeu estreitando os olhos. –Haviam me separado de Teresa também.

—Se é para mentir ao menos arranje uma desculpa melhor. –Thomas disse secamente. –Fora o dormitório dos garotos só tem esse quarto.

—E o que está sugerindo? Que eu de repente dei a louca; matei os salvadores e sequestrei sua namorada? –Camille perguntou também começando a se irritar.

—Você quem disse isso, não eu.

—Ei, vocês dois... –Caçarola começou a dizer, mas Thomas o interrompeu continuando a falar.

—O que aconteceu enquanto fugíamos do labirinto, ein? Você deve ter passado uns dias com os criadores.

—E o que isso tem haver? –Camille cerrou os punhos. –Eu fugi, esqueceu?

Thomas se aproximou, ficando cara a cara com Camille.

—Me responda, onde ela está?

—O que está acontecendo com você Tommy? Eu não fiz nada. –Camille disse já tentando se afastar.

Num movimento impensável de pura raiva Thomas agarrou Camille pela camisa, fazendo-a ficar na ponta dos pés.

—Fale a verdade.

—Eu já disse que não sei. –Ela respondeu num sussurro.

Por um segundo ficou com medo da raiva que viu nos olhos do amigo e tentou libertar-se do puxão, mas fora em vão, fazendo Thomas levantá-la ainda mais.

Ele abriu a boca para questioná-la mais uma vez, porém uma voz estridente e altamente irritada falou primeiro.

—Mas que mértila você está fazendo Thomas?

Era Minho, havia acabado de entrar no quarto juntamente com Newt e outros garotos e depararam-se com aquela cena quase inacreditável.

—Não se meta Minho.

—É melhor me soltar Thomas, já disse que não fiz nada. –Camille forçou sua voz a ficar séria.

—Tommy, o que está acontecendo? –Newt perguntou incrédulo.

Minho foi mais rápido, avançando e tirando as mãos de Thomas de Camille e se colocando no caminho entre Thomas e ela.

—É melhor ter uma boa explicação para o que eu vi aqui. –Agora era a vez do asiático se irritar.

—Quero saber onde está Teresa.

—E eu quero saber por que isso tem haver com Camille.

—Saia da minha frente. –Thomas disse.

—Tome cuidado trolho, se quer arranjar uma briga comigo então pode vir. Mas já sabe que não vai ser tão fácil me espancar como fez com Gally.

Minho cerrou os punhos com força, fazendo os músculos se avolumarem ainda mais. Era possível enxergar as veias saltando pelo seu braço e até no pescoço.

Ai não... Nós temos um problema e esse vai ser dos grandes.

Camille pensou, mordendo o lábio inferior de nervosismo.


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Notas finais do capítulo

E então, com vontade de matar o Tommy? *-*