My Little Runner escrita por Angie


Capítulo 14
Fim da fase um


Notas iniciais do capítulo

AVISO:
Eu tive de usar em trecho do livro em uma certa parte do capítulo. Sempre que eu fizer isso agora vou colocar (C.L) antes e no fim do trecho, significa: Créditos do livro. Ok?
Mas enfim, heeeey pessoinhas, como vão? Eu iria postar quinta-feira, mas estava em semana de provas e não tive tempo de digitar.
Mais uma coisa: Eu estarei voltando a atualizar uma outra fic minha (de um anime), então só poderei postar uma vez por semana, por favor entendam que eu não posso postar dois dias depois de já ter postado um :p Ok? De qualquer forma essa ainda é prioridade ;)



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Sabe, eu poderia estar roubando. Poderia estar matando. Poderia estar fazendo qualquer porcaria de mértila por ai. Mas não, eu estou apenas aqui, lutando pela minha sobrevivência e tentando ajudar meus amigos. Parece simples, né? Claro, tirando o fato de que eu sempre acabo me metendo em uma confusão.

Camille pensava enquanto tentava formular uma linda e esfarrapada desculpa para os homens à sua frente.

Aquele que procurava algo nas caixas saiu de fininho e ela o considerou altamente esperto por não querer se meter no rolo que se formava.

Camille engoliu em seco e pigarreou antes de falar.

—Desculpe, eu... Eu acordei um pouco confusa e acho que me perdi. –Murmurou.

O homem arqueou uma sobrancelha.

—Você acha?

—Bom, na verdade tenho quase absoluta certeza. Quase porque ainda estou um pouco grogue com esses remédios. Não da pra ter algo concreto, sabe. A cabeça gira. –Ela deu uma risadinha nervosa.

O homem olhou de esguelha para o telão e ela deu graças a Deus por ter fechado tudo.

—É claro, é claro. Mas acho que a ratinha curiosa resolveu fazer mais do que se perder nessa sala.

—O único parecido com um rato aqui é você. –Ela resmungou num murmúrio.

—Desculpe, o que disse?- Ele elevou a voz.

—Ah, nada. –Ela se apressou a responder, fazendo a carinha mais angelical que conseguiu formar naquele momento. –Só estava imaginando o que você poderia estar insinuando.

—Não se faça de inocente. –O homem disse com desgosto. –Eu falei para vigiarem você, mas nãaao... Ninguém me escuta!- Reclamou, gesticulando com as mãos freneticamente.

—Ahn... Odeio interromper o seu momento de revolta interna, mas eu sou inocente de qualquer acusação. –Camille afirmou com veemência.

Ele estreitou os olhos.

—Vai me dizer que não pensou em fuçar essa sala? –Perguntou desdenhoso e andou calmamente até Camille. –Vai me dizer que achou que eu seria burro o suficiente para não olhar o histórico de busca?

Pra falar a verdade achei sim. Camille pensou e teve que morder a língua para não falar aquilo em voz alta.

A garota olhou desesperada para a porta de saída, estava tão perto. Porém os dois homens, que para ela ainda pareciam armários de tão grandes, ainda permaneciam ali parados; as armas prontas para qualquer movimento brusco.

Resolveu manter a pose calma.

—Como assim? –Perguntou com um sorriso amarelo. –Se esqueceu de que me mandaram para um lugar sem tecnologia e tiraram todas as minhas lembranças? Eu não saberia nem...

—Basta! –O homem-rato a interrompeu. –Você é muito espertinha para o meu gosto.

—Por que, prefere as burras? –Camille sorriu abertamente, evidenciando o cinismo.

O homem não respondeu; a olhou de cima a baixo de um modo desdenhoso e foi direto para o telão.

—Ta legal, eu confesso!- Ela disse antes que ele realmente acessasse o histórico. –Eu deixei a curiosidade me levar, mas... –Demorou uns segundos de cabeça baixa e quando a ergueu seus olhos estavam ficando molhados, o queixo tremia de leve. –Mas eu precisava vê-los. Apeguei-me tanto aos outros clareanos que não resisti e tive que olhar as gravações. Você não tem ideia do quanto é difícil ser separado de amigos e ainda ser dopada com tantos remédios e...

Ela continuou com seu drama. Seu estado era de dar dó. Até os dois guarda-costas se entreolharam confusos e lançaram um olhar de modo reprovador para o homem-rato, como se agora toda a culpa fosse dele.

—Você... Você só olhou as gravações? –Perguntou incrédulo.

Camille fungou, enxugando uma lágrima forçada em sua face.

—Claro, eu admito. O que mais teria para ver ai?

—Ahn... Nada... –O homem murmurou; ainda transtornado pela cena que a garota fez.

—Você não vai me prender, vai? Eu estou cansada disso! Eu, eu... Eu preciso de um pouco de ar. Meu Deus; acho que vou desmaiar. - Camille balbuciou antes de revirar os olhos e tombar.

Um dos guarda-costas a segurou enquanto o homem-rato lhe dava ordens para levarem a garota ao quarto enquanto chamava a enfermeira.

Camille sorriu internamente.

Juro que, depois de encontrar Minho e os outros e sair desse lugar, vou tentar minha carreira como atriz.

Em um dos cantos do corredor semi-iluminado, Ava Paige esboçou um sorrisinho.

—Ai, ai. Essa garota continua engenhosa como sempre.

***

De volta à clareira podia-se perceber bem a mistura de opiniões espalhadas por todo o local. Minho decidira que sairia daquele lugar e enfrentaria os criadores pra valer.

Ele, Newt, Thomas, Alby e Teresa estavam sentados no porão de armas e, é claro, esse era o principal assunto.

—Eu já disse a minha opinião no conclave e vou repeti-la. Precisamos passar pelo buraco dos verdugos; e tem que ser essa noite. –Thomas afirmou com firmeza.

—Indo direto ao ponto, todos os encarregados já sabem e concordaram. –Newt disse sem rodeios. –Iríamos naquela mesma noite, mas... –Hesitou e olhou de esguelha para Minho antes de continuar-Mas devido os... acontecimentos, acabamos por adiar.

Minho revirou os olhos.

—Trocar as palavras não vai me fazer sentir melhor Newt. Sei muito bem que não fomos por tudo que aconteceu à Camille.

Newt assentiu devagar.

—Quando irão contar aos outros? –Teresa questionou. –E quem garante que vão aceitar se arriscar?

—Posso garantir que ao menos metade dos trolhos daqui irá. Ninguém quer mais ficar nessa mértila de lugar. –Minho respondeu mal-humorado-E quanto a você Alby?

Ele, assim como os outros, se voltou para Alby. O garoto moreno nada disse, apenas permaneceu sentado escutando; os cotovelos apoiados nas coxas, as mãos escorando o rosto inexpressivo, seus dedos estavam cruzados uns nos outros. Porém o que mais chamava a atenção eram seus olhos, extremamente melancólicos.

Após mais um momento de silêncio ele se pronunciou, sua voz carregada de inexpressividade.

—Já lhes disse tudo. No conclave, se lembram? Isso é tudo uma grande mértila; tentar enfrentar os verdugos e morrer, se não morrer será muito pior. Um lugar horrível, com certeza. Foi isso que se tornou esse tal mundo melhor pelo qual vocês buscam. De qualquer maneira é puro suicídio.

—Ah, tudo bem. Então vamos ficar aqui tremendo de medo durante todas as noites enquanto torcemos para não sermos o grande sortudo a ser pego pelos verdugos. Quando heroísmo. –Minho resmungou em ironia.

—Já disse, eu vi coisas durante a transformação. –Uma névoa se formou no olhar de Alby.

Teresa bufou.

—Que seja, qualquer lugar deve ser melhor que esse.

—Alby, nós vamos sair. Com ou sem você. Mas dê uma chance a si mesmo, venha com a gente. –Thomas pediu estendendo a mão.

O moreno a ignorou, apenas levantou o olhar. Duro e firme.

—Eu vou. Mas depois não digam que eu não avisei.

—Beleza; não diremos. –Newt levantou as mãos – Agora seria um momento perfeito para contarmos aos outros.

E assim o fizeram. Cada encarregado tentava convencer o seu “grupo”; porém foi até mais fácil do que pensaram. Ninguém queria mais ficar esperando pelo dia da morte. A maioria aceitou; pensavam que, se tivessem sorte, os verdugos só levariam um infeliz que não conseguisse fugir; assim como vinham fazendo durante todas as últimas noites.

No fundo sabiam que não seria assim; sabiam que a partir do momento que tentassem sair daquele lugar todos os verdugos atacariam e tentariam impedi-los. No fundo realmente sabiam, mas ninguém comentou nada; eles só precisavam de uma motivação, nem que fosse mínima, para tomar a decisão de enfrentar os Criadores.

Claro, havia os que se opunham também. Mesmo sendo minoria eles andavam de um lado a outro tentando convencer os outros a ficarem; simplesmente achavam que aquilo era suicídio. Ninguém deu ouvidos, se ficassem acabariam mortos de um jeito ou de outro.

Todos se preparavam. Houve uma distribuição de mochilas, e nelas foram colocados suprimentos. Caçarola reunia todo alimento que encontrava e tentava distribuí-lo igualmente. Houve uma distribuição de mochilas, e nelas foram colocados suprimentos. Minho foi até o Penhasco com um grupo de Corredores, atirando cordas de hera e pedras para testar o invisível Buraco dos Verdugos uma última vez.

(C.L.) Thomas ajudou Newt a distribuir as armas e até mesmo umas mais inovadoras foram criadas no desespero de se preparar para os Verdugos. Bastões de madeira foram apontados como lanças ou envolvidos em arame farpado; as facas foram afiadas e amarradas, com cipós, na extremidade de galhos arrancados de árvores da floresta; pedaços de vidro quebrado foram envolvidos em fita adesiva para servir como pás. (C.L.)

Assim como um prisioneiro sentenciado à morte recebe sua última refeição, Caçarola preparou-a para todos, que comeram silenciosamente e ouviram o crepitar do fogo na clareira por uma última vez.

Quando chegou a hora os clareanos pareciam um pequeno exército. Um pequeno, ridículo e despreparado exército. Mas ao menos já era alguma coisa.

—Beleza trolhos, vamos repassar o plano. –Newt esfregou uma mão na outra; ansioso. –Ao todo somos quarenta clareanos e uma garota. Thomas e Teresa passarão pelo buraco dos verdugos primeiro e inserirão o código, enquanto isso eu e os outros trinta e oito garotos distrairemos os verdugos. Alguma pergunta?

Um garoto esguio levantou a mão.

—E se Thomas e Teresa não conseguirem?

—Eles vão conseguir. Mas se não, apenas por precaução temos que ter reservas. Eu e Minho sabemos o código e podemos substituí-los se necessário. Bem, espero que não seja.

Thomas engoliu em seco e flexionou os dedos.

—Hoje é um dia marcante. –Newt continuou. –Pela primeira vez em dois anos enfrentaremos os responsáveis por estarmos aqui. Pela primeira vez teremos força e coragem suficientes. Lutaremos e venceremos; e mesmo que houver perdas não iremos desistir. Temos nossa honra. Ouçam isso criadores, estamos chegando! –Gritou e foi acompanhado por gritos de guerra dos outros.

—Bem, agora estamos todos divinamente inspirados. –Minho murmurou.

—Alguém quer falar algumas palavras? Minho?- incentivou.

O asiático parecia ser o mais tranquilo, o que mais tinha o controla da situação. Olhou sério para os clareanos.

—Tomem cuidado. –disse sombriamente. –Não morram.

—Hoje a noite é bom que os verdugos se cuidem.

***

Era a milésima vez que Camille se revirava naquela cama. Hora ou outra se levantava, andava em círculos pelo quarto enquanto pensava em uma maneira de sair de lá. Estava tão entediada que começou a fazer exercícios físicos. Desde alongamentos até abdominais; fez isso até seus músculos doerem. Quando se cansou de tudo aquilo se sentou no chão frio com as pernas cruzadas e ficou olhando para o vazio.

Não sabia que horas eram, nem quanto tempo havia se passado desde que a levaram de volta para seu quartinho entediante.

—Esse pessoal é mais exagerado do que o Clint, Minho e Newt juntos. Afinal, descansar de quê? Eu estou totalmente saudável. –Resmungou consigo mesma.

Não poderia mais sair já que, agora que sabiam que ela tinha duas pernas e conseguia andar sozinha- tipo, dãah!- colocaram um guarda em prontidão na porta, do lado de fora.

Mesmo no pequeno tempo de confinamento ela conseguiu reparar alguns detalhes. Como por exemplo, a troca de guardas ao passar de algumas horas. Sem contar na aprimoração de suas habilidades como detetive. Nota-se: Escutando atrás da porta.

E não, ela não desistiu da ideia de seguir carreira como atriz.

De qualquer forma Camille sabia que algo estava acontecendo. Algo decisivo. Só não sabia ao certo o que era. Mas é claro que com suas mais novas habilidades de detetive percebeu que todos estavam agitados lá fora, comentando sem parar sobre um assunto específico. Também sempre que os guardas trocavam de turno acabavam conversando por uns dois minutos sobre isso.

Não era muita informação, porém era o suficiente para Camille entender.

Os garotos estavam chegando. O grupo A tentava sair naquela mesma noite e, se tudo fluísse conforme o planejado, conseguiriam.

E quando o fizessem, ela também queria estar preparada.

—Ainda não acredito que ficarei de guarda enquanto os indivíduos do grupo A completam a fase um. –Camille ouviu vozes abafadas e logo se adiantou para escutar durante a troca de vigias; já havia tomado antipatia pelo guarda ao ouvi-lo chamar os seus amigos de “indivíduos”, como se fossem animais de laboratório. –Por que simplesmente não amarram essa garota?

O que estava saindo do turno deixou escapar uma risada curta.

—Não reclame, ao menos vai ficar perto de uma garota e não de garotos fedorentos. Ela é bem bonita.

Camille fez uma careta de nojo ao ouvir as risadinhas dos homens.

***

Os garotos se encontravam no enorme espaço preparado para suas chegadas. Lutaram bravamente contra os verdugos, conseguiram inserir o código. Estavam sujos, machucados e cansados. Muito cansados. Se antes eram mais de quarenta clareanos, agora não passavam de vinte e um.

Metade deles morreu; metade esta que lutou bravamente, que deu o melhor de si. Que ficará para sempre em suas memórias.

Aqueles outros vinte e um que permaneciam de pé estavam agora sendo observados.

Ao redor da enorme sala havia várias janelas e portas de vidro, atrás de cada janela uma pessoa podia ser vista. Os rostos sérios e calmos, alguns até deixavam escapar um resquício de satisfação no olhar, mas nada além disso.

Ali estavam eles. Os Criadores.

***

Camille se endireitou sentada na cama hospitalar antes de a porta ser totalmente aberta. A mesma mulher do primeiro dia, a enfermeira, adentrou e fechou-a atrás de si.

Ela sorriu docemente.

—Olá Camille. É bom vê-la novamente.

A garota apenas acenou com a cabeça, prestando atenção em tudo e seguindo a mulher com os olhos bem atentos enquanto a mesma preparava algo em uma seringa.

—Por que querem me fazer dormir? O que há nesse remédio?- Foi direto ao ponto.

A enfermeira se virou, ainda com o sorriso cravado no rosto.

—Não se preocupe, não vai doer.

—Não foi bem isso que eu perguntei. –Camille forçou sua voz a ficar firme.

—Respondendo a sua pergunta, isso é apenas um calmante.

—Estou absolutamente calma.

—E sim, você irá dormir. –A enfermeira continuou. –Mas vamos com calma. Agora que o grupo A completou a primeira fase você deve estar preparada. Sabe como funciona, depois da injeção não demora nem um minuto para estar dormindo.

—É, eu sei. –Ela murmurou. –Quando verei os garotos novamente?

—Logo. –A enfermeira posicionou o braço de Camille para aplicar a injeção.

—Espero que esse logo chegue ant... Ah!- Gritou do nada no meio da frase.

Amulher se alarmou, largando a seringa sobre a cama e virando-se para onde a mais nova olhava.

Camille foi rápida com as mãos. Pegou a seringa numa questão de segundos e fincou no braço da enfermeira.

Ela primeiramente fez uma careta de dor, depois ficou só às surpresas.

—Mas o que... –Ela cambaleou para trás e puxou a seringa do braço. –O que vocÊ fez1? Guar...- Tentou gritar, mas só houve um sussurro.

Seus olhos se reviraram e ela caiu no chão, desacordada.

—Bom, foi mais fácil do que eu pensei. Você parecia até ser uma boa pessoa então desculpe. –Camille pediu. –E obrigada pelo conselho, mas já estou preparada.

Ela foi até o lado da saída e gritou por socorro; praticamente se esgoelou antes do vigia escancarar a porta e entrar correndo até a enfermeira caída.

Camille aproveitou a deixa, numa agilidade tamanha ela se pôs a correr, saindo do quarto e se jogando pelos corredores, sem nem sequer olhar para trás.

Sua experiência como corredora em ambas as clareiras a fez conseguir se guiar sem ter que parar para observar o caminho.

Muitos lugares estavam vazios, sabia que a maioria devia estar observando de camarote a chegada do grupo A.

“-Eu vou quebrar a cara de vocês!”

Uma voz alta e estridente fez Camille parar de correr. Seu coração acelerou com a expectativa. Ela abriu um largo sorriso. Era a voz de Minho.

Eles estavam de volta, e bem perto.

Porém um alarme a fez sair de seus devaneios, uma voz eletrônica fez seu corpo se enrijecer.

Atenção. Indivíduo de transferência fora dos planos do Cruel. Devem pegá-la e prendê-la imediatamente.”

O alarme se repetia inúmeras vezes.

***

Todos estavam chocados. Uma mulher - rosto magro, cabelos castanhos cortados a altura dos ombros e olhos escuros, usava uma calça preta e uma camisa de botões com o logotipo CRUEL no peito escritos em letras maiúsculas azuis – e um garoto encapuzado atravessaram uma das portas de vidro. Mas o que mais espantava a todos era o fato desse tal garoto se revelar ser o Gally.

A mulher falava coisas com uma voz monótona e calma. Sobre eles terem conseguido realizar a fase um com sucesso e toda essa baboseira.

Estavam mais impressionados com Gally. Parecia se esforçar para agir por conta própria. O Cruel o estava controlando completamente. Sem contar no estado crítico em que se encontrava. O corpo todo do garoto tremia, seu rosto estava branco leitoso, todo úmido, os olhos vermelhos destacando-se como manchas de sangue sobre um pedaço de papel. Estava com os lábios apertados; a pele ao redor deles se retorcia, como se estivesse tentando falar, mas não pudesse.

Foi quando um alarme soou. Alto e estridente, chamando a atenção de todos, até dos criadores.

Atenção. Indivíduo de transferência fora dos planos do Cruel. Devem pegá-la e prendê-la imediatamente.”

Imediatamente algo palpitou dentro dos garotos.

—Minho! Será... - Thomas começou olhando nos olhos do amigo com um resquício novo de esperança.

—Transferência... –Newt refletiu. –O bilhete que veio antes de Camille chegar.

Minho teve de sorrir. Se até Gally estava vivo ela também poderia estar. Só podia ser Camille.

Imediatamente algumas pessoas do lado interior, que antes os observavam, agora já iam em direção a saída mais próxima a fim de resolver esse problema.

De dentro da sala os garotos não conseguiam ver muito bem os criadores, porém logo perceberam quando um amontoado se formou.

Parecia que tentavam conter algo ou alguém. Alguns funcionários que estavam sentados se levantaram para ver. Alguém tentava entrar no local ao mesmo tempo em que tentavam contê-lo.

Houve exclamações de susto e surpresa. Repreensões, alguns gritos e até palavrões.

Por entre o pequeno tumulto que já se formava a intrusa conseguiu se esgueirar com agilidade. É claro que o corpo pequeno ajudou.

Durou apenas alguns segundos. Mas esse curto espaço de tempo foi o necessário para que o olhar de Minho se encontrasse com os acinzentados olhos de Camille.

—Já chega! – a mulher que acompanhava Gally gritou ao mesmo tempo em que duas pessoas agarraram os braços de Camille com força exagerada.

—Tirem as mãos dela, seus mértilas! - Minho se alterou, pronto para entrar em uma briga.

Foi impedido por Newt e Caçarola que o seguraram e indicaram a mulher com a cabeça.

—Vejo que temos uma fujona por aqui. –ela lançou um olhar cortante para Camille. –E não precisamos mais de tanto tumulto agora que já a pegaram.

Camille nada disse. Permanecia calada enquanto a seguravam. Estava extremamente feliz por rever os garotos e ao mesmo tempo confusa. Principalmente quando Gally começou a gaguejar.

—Eu... tenho... de...

(C.L.) Gally estendeu a mão atrás de si, puxou alguma coisa comprida e brilhante do bolso de trás. As luzes da câmara se refletiram na superfície prateada - um punhal com um aspecto ameaçador, fortemente seguro pelos dedos dele. Com uma rapidez inesperada, ele recuou um pouco e atirou a faca em Thomas. Quando fez isso, Thomas ouviu um grito à sua direita e sentiu um movimento na direção dele.

A lâmina girava como as pás de um moinho de vento. Tudo parecia estar em câmera lenta. Como se isso acontecesse assim com o único propósito de permitir-lhe sentir o terror de ver o que acontecia. A faca se aproximava, girando sem parar, direto sobre ele.

Então, inexplicavelmente, Chuck apareceu, mergulhando na frente dele.

Com um baque violento e oco, o punhal chocou-se contra o peito de Chuck, enterrando-se até o cabo. O garoto gritou, caiu no chão, o corpo já em convulsões. O sangue jorrava do ferimento, vermelho-escuro. Suas pernas se debateram contra o chão, os pés chutando sem destino enquanto a morte se instalava. Um respingo vermelho vazou dos seus lábios entreabertos. (C.L.)

Camille não conseguiu reprimir-se. Um grito de horror saiu de seus lábios ao mesmo tempo em que seus olhos se arregalaram.

A reação de todos foi parecida. Até Minho que estava com toda a sua atenção voltada para Camille se permitiu desviar o olhar e se horrorizar com o que aconteceu.

Ainda assim, Thomas era o pior. Gritou, agitou o amigo, tentou ajudá-lo, mas já era tarde demais.

Num ato animalesco se lançou sobre Gally e começou a socá-lo tantas vezes que, quando Minho e Newt conseguiram contê-lo, parecia que o outro estava morto.

Num último gesto de amor ao amigo, ajoelhou-se perto do corpo de Chuck, abraçou o corpo morto dele e chorou amargamente.


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Notas finais do capítulo

Reencontro fraquinho esse deles, mas eu compenso no próximo :3