Acordando para a vida escrita por Deh


Capítulo 15
Emily


Notas iniciais do capítulo

Genteee espero que vocês gostem do capitulo, porque eu simplesmente amei escreve-lo.
Aproveitem *-*



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O que leva uma mulher a se encontrar com alguém discretamente em uma estação de trem a noite? Certamente isso é uma pergunta retorica, que estou fazendo a mim mesma enquanto estou sentada em um banco na estação.

—Você está atrasado. -Eu digo quando ele se senta ao meu lado, nem ao menos desvio o olhar do jornal que finjo ler.

—Alguém já te disse o quanto você é perfeccionista? –Ele perguntou irônico.

—Seu irmão, várias vezes. –Eu o respondi, e ele perguntou um pouco preocupado, se fosse em outra situação eu até teria brincado com ele:

—Como ele está?

—Bem ele está com raiva de você, mas quando isso se resolver ele vai perceber que você só estava ajudando. –Eu o tranquilizei.

—Eu espero que sim, quando ele entrou naquela sala tudo que eu pude ver era desgosto, você sabe o quanto eu queria ter dito a verdade a ele? –Ele disse e por alguns instantes eu me senti culpada em estar fazendo isso.

—Eu sei, mas não podia, ou tudo que conquistou nos últimos dois anos teria sido em vão. Você foi bem. –Eu disse na esperança de convencer ele que estava fazendo o certo e então completei –Você convenceu a todos, embora eu não tenha aprovado você chamar meus filhos de monstrinhos.

—Em minha defesa aqueles quatro são terríveis, mas você deveria ver Aaron quando nós éramos mais novos, seus monstrinhos não chegam nem aos nossos pés.

Eu percebi o tom de saudade em sua frase e não pude deixar de sorrir, mas eu precisava voltar a realidade que vivíamos.

 _Está na hora de você ir, você sabe o que fazer certo? –Perguntei.

—Claro que sim, ir para longe, não fazer contato com ninguém, até você me ligar naquele número me dizendo que é seguro.

Fiquei satisfeita, acho que eu o havia treinado bem.

—Cuide bem dos meus sobrinhos Emily, e principalmente cuide bem do meu irmão. –Ele me disse.

—Eu sempre cuido deles Sean. –Dizendo isso me levantei e sai, joguei o jornal em uma lixeira e peguei um taxi até onde eu tinha deixado meu carro.

O tempo todo não pude deixar de pensar no quanto esse trabalho já tirou de mim, ele tirou o pouco de inocência que me restara, o casamento dos meus sonhos, a capacidade de acreditar no ser humano, e nos últimos tempos até mesmo meus filhos, temo que eu esteja chegando ao meu limite. Deveria ter ouvido o que minha mãe me disse há alguns anos, pensando nisso deixo minha mente vagar para o momento que liguei para minha mãe para contar sobre o divórcio.

Parece que meu coração ia explodir, tudo que eu sentia era medo, remoço e principalmente culpa, não sei o que me deu e o pior não sei qual foi a ideia absurda que agora estou na linha com a pessoa, na qual nunca imaginei falar sobre esse assunto.

—Você está bem? –Ela parecia cuidadosa com as palavras.

—Eu estou mãe. –Eu tentava ao máximo deixar minha voz firme, para que não denunciasse meu estado.

—Não, você não está. –Ela afirmou e isso só serviu como gatilho para que eu pudesse finalmente desabafar.

—Eu não aguento mais mãe, desde o divórcio eu não chorei, eu concordei em permanecer na equipe, eu até mesmo permaneci firme quando ele apresentou a amiga dele, mas eu não posso mais, eu pedi um realojamento. -Confessei em meio a lagrimas teimosas que insistiam em escapar, temi que ela não tivesse entendido o que eu disse, e por alguns segundos até mesmo desejei que ela não tivesse, havia tantos anos que eu não me permitia quebrar perante ela, que isso só reafirmava o quão fraca eu estava.

—Largue esse emprego Emily. –Ela sugeriu.

—Eu não posso mãe. –Eu disse.

—Você não só pode quanto deve, esse emprego já teve seu preço, você já fez sua parte, não precisa provar a ninguém do que é capaz, se continuar assim isso será sua ruina. Você e as crianças podem muito bem viver com sua parte nas ações da empresa do seu pai, se quiser pode até mesmo se mudar daí. –Ela estava me aconselhando, e eu sabia que deveria seguir seu conselho, mas...

—Eu não posso mãe. –Eu apenas disse.

—Por que você tem que ser tão teimosa? Por favor pense, eu sei que você é forte, afinal fui eu que te criei para ser assim, mas tudo tem um limite Emily, lembre-se disso.

Sim mamãe estava certa, tudo tem um limite. Naquele época, eu estava tão decepcionada com Aaron, mas ainda queria provar não só a ele, como para todo o mundo que eu ainda era capaz de ser eu, não importa a circunstância, mas hoje, acredito que eu esteja chegando ao meu limite. Meu telefone vibra, chamando minha atenção, leio a mensagem que recebi: O plano está seguindo como o planejado. Coloquei o cinto e tratei logo de dirigir, já era hora de pôr um fim nisso tudo.

Estava passando por uma rua sem muito movimento, quando um carro bateu no meu. Agora eu só tinha que rezar para quase tudo ocorresse bem.

—Anda depressa. –Um homem disse ao me arrastar para fora do meu carro.

Ele me arrastou para dentro de outro, me fez sentar em frente ao volante e então sentou-se ao meu lado, o tempo todo me apontando uma arma.

—Dirija e sem gracinhas entendeu? –Ele disse apontando a Glock em minha cabeça, eu apenas obedeci, enquanto ele me guiava pelo caminho.

— Sabe, você poderia muito bem ter aproveitado sua segunda chance e se afastado dessa sua missão, mas você tinha que ser a heroína, sabe se dependesse de mim eu faria você sofrer vendo toda a sua família morrer, porém os chefes são meticulosos, não querem levantar suspeita, então vamos fazer isso parecer um suicídio, o que acha? Respeitada agente do FBI se mata, suspeita de depressão.

Desviei os olhos da estrada por alguns segundos e então o encarei, eu o conhecia muito bem, era um agente do FBI assim como eu previ.

—Pare ai. –Ele disse e eu obedeci.

Ao desligar o carro, ele me fez descer, não me surpreendi ao ver o local pelo qual ele me guiava, era meu antigo apartamento, que eu usava para disfarces locais, além de previsível ele sabia para onde eu iria.

Adentramos o apartamento, não havia muitos moveis, apenas uma mesa, duas cadeiras e uma poltrona, mas havia algo que eu não tinha colocado, um quadro cheio de fotos e recortes de jornais.

—Sente-se. –Ele disse puxando a cadeira e assim eu fiz.

—Eu não vou atirar em mim mesma. –Eu disse o encarando fixamente.

Ele sorriu cínico.

—Eu não sou amador, eu sei muito bem armar uma cena de crime. –Ele se gabou, um narcisista claro.

—Foi por isso que eles te contrataram? Para armar cenas de crime ou só espionar o FBI mesmo? –Questionei.

—Eu tenho influências agente Prentiss, conheço muita gente. –Ele disse desinteressado.

O filho da mãe colocou a arma no meu pescoço.

—Tenho dó dos seus filhos, quando eu for ao seu velório eu darei os pêsames a eles... –Ele disse debochando e então me dirigiu o olhar sombrio. –A pobre Ariane ficará arrasada, sabe ela é até bonitinha, se parece com você.

—Não ouse chegar perto dos meus filhos. –Eu o alertei ferozmente.

Ele ri e então me questiona:

—E quem é que vai me impedir?

—Nós. –Ouvi a voz de Aaron dizer.

—Coloque a arma no chão devagar, e ajoelhe com as mãos na cabeça. –Essa foi a voz de Morgan.

Depois de levar o traidor para interrogatório e o pessoal da SWAT se retirar, eu ainda permaneci ali, apenas encarando a parede de recortes, eu poderia facilmente ter feito isso.

—Então senhorita Prentiss quando estava planejando em nós contar que recuperou a memória?

Oh sim esse era Morgan.

—Quando todos estivessem seguros. –Respondi a pergunta do meu antigo parceiro e padrinho do meu filho.

—Você não tem jeito mesmo, em Prentiss. –Ele disse e me deu um abraço apertado, ao se afastar ele então disse me olhando nos olhos –Por que você não consegue parar de tentar se matar?

—Gosto de testar os limites. –Debochei.

Ele riu e então falou:

—Fique bem, agora se me der licença tenho um encontro. –Ele se despediu de nós e saiu.

—Estatisticamente falando as chances de se escapar... –Esse era o nosso garoto prodígio.

—Eu também estava preocupada com você Reid. –Eu disse e o abracei, ele ficou constrangido e creio que isso até impulsionou a sua ida.

—Oh amiga, eu fiquei tão preocupada. E Penélope? Quando ela te ver ela vai arrancar o seu fígado. –Essa era JJ me abraçando.

—Acho que ela não seria capaz... Ela me ama demais. –Eu disse e nós duas rimos.

—Senti sua falta Em. –JJ disse me disse me dando um sorriso sincero.

—Também senti falta de vocês. –Respondi lhe dirigindo um pequeno sorriso.

—Claro que sentiu. –JJ usou um tom de voz que ficava entre insinuação e conspiração, desviando o olhar para Aaron por breves segundos.

Por fim ela se despediu alegando:

—Como salvamos o dia mais uma vez, tenho que ir embora para colocar meu filho para dormir.

—Acho que lhe devo meus parabéns, esse seu plano mirabolante foi um sucesso. –David Rossi me disse e então me ofereceu a mão para um aperto a qual retribui com um abraço.

—Obrigada por cuidar dele. –Eu disse apenas para ele escutar.

—Disponha. –Ele respondeu na mesma altura e então falou mais alto, para que Aaron pudesse ouvir –Almoço na minha casa amanhã.

E assim ele saiu.

—Então sobrou só nós dois? –Eu disse para o homem encostado na mesa que está me observando desde o início.

—Tenho a impressão que eles queriam nos deixar sozinhos. –Ele me dirigiu um pequeno sorriso, fazendo com que eu mesma sorrisse em resposta.

Eu o encarei ali por alguns segundos em silêncio, percebendo então sua face cansada.

Ele me levou para casa, quando chegamos as crianças já estavam dormindo, dispensei os seguranças que mamãe havia mandando, acho que no final é bom ter uma mãe com influência internacional.

Nem mesmos chegamos a nos sentar no sofá quando eu comecei:

—Desculpe.

Ele me encarou e então perguntou-me:

—Poderia repetir? Eu não escutei direito.

Eu forcei uma risada e então disse seriamente:

—Eu não repetirei isso de novo Aaron.

—Mas por que? –Ele perguntou mais sério, deixando a brincadeira de lado e eu o conheço há tempo suficiente para saber que ele quer saber pelo que estou pedindo desculpas.

—Por mentir para você, por fazer seu irmão... –Comecei a justificar, mas ele pôs a mão no meu ombro me interrompendo.

—Eu deveria estar bravo com você Emily. Você colocou meu irmão na rede de tráfico, você se colocou em perigo pela milionésima vez e ainda por cima me deixou as cegas no meio dessa bagunça, mas eu te perdoo. –Ele fez uma pausa, para colocar uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e então prosseguiu –Sei que Sean não estava naquilo de verdade, você o tornou um agente, mesmo que meio fora do normal, mas você conseguiu por juízo naquele cabeça dura, você se arriscou para proteger todos e defender aquilo que acredita e não sei como Rossi sabia disso tudo, mas ele me convenceu que se você tivesse me contado eu teria atrapalhado, pois precisavam pegar ele em flagrante, o que eu tenho que concordar, pois se eu soubesse que era ele, eu teria quebrado a cara dele.

—Acho que dessa vez eu não te deixei muito bravo. –Disse com um meio sorriso.

Ele riu, há quanto tempo eu não ouvia essa risada e como ela ainda podia despertar sentimentos tão estranhos em mim? Sentimentos que eu não deveria sentir.

—Por mais estranho que pareça, eu não estou bravo com você. –Ele disse tocando minha face com carinho.

—Por que? –Perguntei, minha voz saindo mais baixa do que deveria.

—Porque eu te amo Emily Prentiss. –Ele disse e finalmente me beijou.

Foi tudo tão rápido, nossas línguas já travavam uma batalha, quando eu por fim cai na real e por mais que eu quisesse aquele beijo, eu o afastei.

—Nós não podemos Aaron. –Sussurrei e eu sabia que não era necessário ser um profiler para saber que minha voz me traia nesse momento.

—Por que não Emily? –Ele me questionou curioso.

—Você tem a Beth. –Eu disse lembrando a ele sobre a namorada dele.

Ele me encarava seriamente com aqueles olhos escuros enigmáticos, mas por fim ele sorriu e declarou:

—Nós terminamos há meses Emily.

Por mais feliz que eu estivesse diante dessa declaração, também fiquei confusa e bem, sendo a agente que sempre fui, eu precisava saber mais, então perguntei:

—Mas por que? Vocês pareciam tão felizes.

Ele me encarou e me dirigindo um sorriso sincero confessou:

—Ela não era você, no final estávamos apenas nos enganando, ela me mostrou não ser a pessoa que eu esperava. Ela me forçou a fazer uma escolha que eu jamais faria.

Eu franzi o cenho um pouco confusa, mas só havia uma coisa que Aaron jamais faria.

—Ela pediu para escolher entre ela e as crianças? -Eu perguntei com um pouco de raiva, afinal se fosse isso, quem essa mulher pensa que é? Roubar meu marido tudo bem, mas tirar o pai dos meus filhos? Ah isso é uma história bem diferente...

—Não, isso ela jamais faria. –Ele disse.

—Então o que? –Perguntei curiosa e então arrisquei –O trabalho?

Ela não sabia que Aaron vivia por aquele trabalho? Que a segunda família dele estava lá?

—Ela me pediu para escolher entre ela e você. –Ele disse me deixando sem palavras, aproveitando isso ele continuou –Quando você estava em coma Emily, minha vida mudou. Eu não apenas fiquei inteiramente responsável pelas crianças, como também dividi o meu tempo livre te visitando.

—Eu não sabia. –Confessei, afinal ninguém havia me dito isso.

—Aaron... –Ele me calou com um beijo.

E dessa vez foi um beijo de verdade.

Nos beijamos até que o oxigênio fosse realmente algo necessário, ao nos afastarmos ofegantes ele dirigiu a mim seu olhar mais terno e disse:

—Eu te amo tanto Emily, que é impossível colocar em palavras. Eu só preciso que você me dê uma chance e eu juro que passarei o resto da vida mostrando isso a você.

Eu o olhava sem acreditar, como poderia? Aaron Hotchner o homem tão estoico estar diante de mim fazendo juras de amor depois de tantos anos? Como pode o homem que amo há quase vinte anos ainda me amar depois de tudo? Como posso eu ainda amá-lo? São tantas perguntas, mas juro que posso ouvir a simples justificativa em minha mente “Ele te ama sua boba” e é nada mais, nada menos que na voz de Penelope Garcia.

—Eu te amo Aaron. –É a única coisa que sou capaz de dizer antes de beijá-lo novamente.

O beijo é feroz e logo começa a tomar grandes proporções, percebendo isso eu o interrompo e digo:

—Que tal continuarmos isso lá em cima? -Eu sugeri a ele.

—Você está me convidando para o seu quarto? -Ele perguntou sorrindo maliciosamente e eu retribui no mesmo nível.

—Nosso quarto. –Eu o corrigi e ele novamente me beijou.       


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Notas finais do capítulo

Então?????? Esperando ansiosamente os comentários.
Desculpem qualquer erro de português.
Bjss e até breve



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