Acordando para a vida escrita por Deh


Capítulo 14
Aaron


Notas iniciais do capítulo

Sinceramente, achei que esse capitulo não sairia a tempo, mas felizmente aqui está



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Aqui estou eu sentado no meu escritório olhando inutilmente para uma mesa vazia lá embaixo, ah sim quantas vezes nos últimos anos eu já encarei aquele local, como se o próprio fosse amaldiçoado, ela não vai voltar a sentar ali provavelmente nunca mais, agora que recuperou a memória com certeza ela já deve estar em seu confortável escritório liderando uma das melhores unidades da agencia.

Alguém passa na frente do meu escritório e entra, eu o encaro e digo sarcasticamente:

—Bom dia Dave, pode entrar.

Ele apenas sorri e responde ao meu cumprimento, não perdendo a oportunidade de me alfinetar:

—Sabe Aaron eu até iria te perguntar o que você perdeu ali, mas eu sei muito bem o que é, ou melhor quem é.

Voltando o olhar para os papeis em minha mesa.

—Eu não perdi nada Dave, eu estava apenas observando o movimento. –Falei seriamente, o que só deu a ele mais um motivo para rir.

—Você ficou tanto tempo encarando aquela mesa, que até Reid notou.

Sério? Até Reid notou isso?

—Mas não se preocupe, de acordo com ele você tende a encarar aquele local quando está ansioso ou até mesmo deprimido, ele acha que o local te faz lembrar ela. E ele está certo não é mesmo? Então o que aconteceu no paraíso? Achei que com você sendo o herói mais uma vez, vocês até poderiam... – David Rossi divagava não sabendo o quanto aquela conversa estava me deixando irritado, desde quando Reid me perfilava? Desde quando o garoto prodígio entedia alguma coisa sobre amor?

Graças a Deus ele foi interrompido quando alguém bateu na porta, eu pedi para entrar, mas no mesmo momento em que o indivíduo entrou, desejei mentalmente que não tivéssemos sido interrompidos.

—Você está ocupado? –Ela perguntou me encarando fixamente com seus olhos castanhos.

Não, eu já estava de saída. –Dave respondeu por mim, já se levantando e saindo do meu escritório, quando ele estava fechando a porta ele me lançou um sorriso malicioso, o qual ela por estar de costas para ele não viu.

—Em que posso te ajudar? –Eu disse o mais formal possível, embora o que estivesse em minha mente fosse tudo, menos formal.

—Preciso de um favor. –Ela falou um tanto quanto receosa.

Oh não de novo não...

—Por que estou tendo a leve impressão que já vi isso em algum lugar? –Eu perguntei a encarando profundamente.

Ela não responde, aparentemente prefere ignorar minha pergunta e então prossegue:

—Não é grande coisa, eu só quero que você não conte a ninguém ainda que eu recuperei a memória. –Ao terminar de falar ela mordeu o lábio, e ali estava um sinal clássico que evidenciava que ela tensa, reparando mais nela, percebi que as unhas dela haviam sido ruídas recentemente.

—O que está acontecendo? –Perguntei após um suspiro, porque eu sabia que não era nada de bom, Emily nesse estado? Com certeza não viria nada de bom dalí.

—Eu não posso te dizer. –Ela se limitou a de dizer e eu não posso dizer que não fiquei irritado com sua resposta.

—Você quer que eu guarde um segredo desse porte, e ainda por cima as cegas? O que faz você pensar que eu não conterei a ninguém? -Eu disse essa última parte a desafiando, mas aparentemente ela se cansou dessa nossa conversa, pois já estava saindo, mas não antes de dizer:

—Você me ama Aaron e vai fazer isso porque eu te pedi, você sabe que é algo sério.

E ela simplesmente saiu sem me dar a oportunidade de dizer qualquer outra coisa.

Oh sim Emily você sempre sabe de tudo, isso as vezes é irritante sabe? Saber que você tem tal poder sobre mim, e ainda por cima o pior de tudo é que não importa o que você me peça eu sempre irei fazer.

Voltei meu olhar irritado lá para baixo, ela sentou-se em seu local habitual e fingiu agir normalmente, enquanto a equipe arranjava o que fazer, eles poderiam ser os melhores profiler’s do planeta, mas não sabiam disfarçar quando estavam prestando atenção na conversa do chefe, rolei os olhos, algo que apreendi após anos de convivência com Emily e então me lembrei que uma vez Rossi brincou que as crianças adoram saber o que está acontecendo entre o papai e a mamãe.

Após duas horas do ocorrido com Emily, a secretária de Strauss me liga informando que Strauss quer me ver imediatamente e sabendo que é melhor obedecer assim o faço.

Já na sala de Erin Strauss, sentando em frente à minha “adorável” chefe de departamento, deixando ironias de lado vamos ao que realmente importa, afinal hoje eu não estou de bom humor, qualquer chance que pudesse ter do meu humor mudar acabou após a minha troca de farpas com Emily.

—O que a senhora quer?

—A UAC está com um caso no qual você não vai poder supervisionar, mas como sei que você é um bom agente e que não deixará a vida pessoal interferir na profissional deixarei você estar no caso, porém a supervisão e a liderança da equipe fica cargo do agente Rossi. –Ela disse palavra por palavra me olhando fixamente e deixando bem claro que ela estava dando as ordens aqui.

Certo, com certeza não vai sair nada de bom dessa conversa, ela já me avisar que estava me deixando no caso, mas com Rossi de líder, me elogiar, e até o uso da ironia de não deixar minha vida pessoal afetar a profissional, coisa que ocorre há alguns anos, sendo assim perguntei logo:

—Qual o nosso caso Strauss?

—Não é minha obrigação te introduzir a um caso agente Hotchner, até onde eu saiba você tem uma agente para isso, minha obrigação é apenas lhe informar minha decisão e avisar que qualquer descumprimento resultará em punição. Agora acho melhor o senhor ir, pois o suspeito só falará com você. –Erin Strauss usou o seu melhor tom de chefe e eu sai dali imediatamente, afinal eu precisava de respostas e precisava logo.

Enquanto fazia meu trajeto de volta para a UAC, meu sangue corria frio em minhas veias, algo em meu instinto me dizia que isso não era nada bom. Fui a sala de reuniões, mas não havia ninguém lá, um agente me informou que eles me esperavam na delegacia. Chegando lá meu dirigi imediatamente à sala de interrogatórios, não me surpreendi ao ver Rossi e Prentiss encarando o vidro, o que me surpreendeu foi quem estava do outro lado.

—Sean? –Eu expressei minha surpresa em voz alta, chamando a atenção dos dois.

Rossi não disse nada, aparentemente não sabia o que dizer, mas Emily foi diferente, ela sempre foi.

—Venha vamos tomar um café. –Ela disse me tirando dali, por mais que eu estivesse bravo com ela, sem saber ao certo se era pela noite passada ou pela manhã de hoje e não quisesse ir, minhas pernas me traíram, mas isso não era novidade, Emily sempre conseguia causar algum efeito em mim e por mais que eu me negasse, ela era uma das poucas pessoas que realmente tem poder sobre mim, talvez a única na verdade.

—O que aconteceu? –Eu perguntei a ela.

—Sean é suspeito em uma investigação. –Ela respondeu me dirigindo um olhar triste, se fosse qualquer outra pessoa eu teria ficado irritado com a demonstração de piedade, mas Emily é Emily no fim das contas.

Após ela responder minha pergunta, eu sabia que nada de bom viria dali, eu nem mesmo sabia que que meu irmão estava na cidade.

—De que? –Eu perguntei a ela, afinal eu precisava saber.                        

—Aaron... –Ela começou, pelo seu tom eu sabia que ela não queria falar disso, sabia que ela tentaria me enrolar, por isso a interrompi:

—De que Emily?

Dessa vez minha voz saiu em um tom mais ríspido, ela me encarou, ela poderia se compadecer com minha dor, mas ela não daria o braço a torcer, oh não Emily Prentiss nasceu com o poder/dever de nunca se deixar abater por ninguém.

—De tráfico. –Ela finalmente responde minha pergunta e então me encara sem emoção, deixando que sua postura de agente Prentiss assumisse.

Sinto meu sangue ferver e deixo então que minhas emoções evidentes, algo raro de se ver, diga-se de passagem, mas que nos últimos tempos, próximo a ela isso tem se tornado frequente, sem que eu ao menos perceba.

—Será que ele não consegue viver sem se meter em encrencas? –Eu estou bravo, mas também decepcionado.

E ela nota isso, tanto é que ela põe a mão em meu ombro e diz:

—Eu queria poder te dizer que é um engano e que tudo vai se resolver, mas as provas são fortes o suficiente para dizer que não é.

Suas palavras ouvidas por qualquer um poderiam soar duras, mas eu conheço Emily Elizabeth Prentiss a tempo suficiente para saber que são realistas, mas o tom que ela usa é diferente, é quase como se fosse culpado, sendo assim eu a encaro e ali encarando seus olhos, aqueles olhos que sempre me fascinaram, escuros e curiosos, pareciam esconder os maiores segredos do mundo, o que tenho certa impressão que escondem, agora eles me transmitiram confiança e no final isso já era alguma coisa.

Eu sabia que tinha que me afastar, mas era tão difícil de me afastar dela, sempre foi, lembro-me que quando éramos cassados, antes de trabalharmos juntos, e tínhamos que nos ausentar por alguns dias por causa do trabalho eu sentia meu coração parar, sentia como se o deixasse lá com ela e só me sentia vivo novamente quando estávamos juntos, sim eu sei é clichê, mas essa mulher de cabelos escuros tinha o dom de mexer comigo nas mais variadas formas.

—Por que a UAC está envolvida?

Minha ex-esposa responde:

—A coisa é grande, além do mais ele é seu irmão e não quer falar com ninguém, então a pessoa mais lógica é você, além de irmão supervisor de uma das melhores unidades do FBI.

Ela ainda estava tão próxima de mim que eu poderia sentir seu cheiro.

—Ele não vai dizer nada a mim, você sabe. –Fui lógico.

Ela colocou a mão em meu braço em um sinal de compaixão e então disse:

—Você tem que tentar Aaron, o que sempre ensinamos as crianças?

Me lembrei da frase que ensinamos aos nossos filhos desde pequenas “Proteger uns aos outros”.

Entrei na pequena sala de interrogatório e me sentei, ele me olhava não demostrando o mínimo de surpresa, assim que me sentei em frente a ele.

—Por que você não falou com Emily? –Eu perguntei a ele, com os outros policias era até compreensivo, mas com Emily? Eles se conheciam, eu sabia que ela o aconselhava e até mesmo sabia que ele confiava nela, então por que não conversar com ela?

—Porque ela não é mais da família? Ou talvez ainda seja? –Ele fez essa última pergunta em um ton conspiratório.

Suspirei, então seria assim, brigaríamos e no final não falaríamos nada como sempre.

—Ela sempre foi da família Sean. –Eu disse a ele a verdade, pelo menos assim eu conseguiria manter ele conversando comigo e quem sabe a ponto de cometer um deslize?

—Oh sim, eu me esqueci que ela é mãe dos monstrinhos. –Ele provocou.

Continuei calmo e então o lembrei:

—Que são seus sobrinhos.

Eu não aguentaria ficar nesse joguinho por mais tempo, sendo assim perguntei o que eu realmente queria saber:

—No que você se meteu?

Ele deu de ombros e disse em desdém:

—Nada de mais.

Eu o encarei perplexo.

—Sério, nada demais? Você está em uma sala de interrogatórios e dia que não é nada demais? –Sean conseguiu fazer o que ele faz de melhor, me irritar.

—Não é irmão. Vocês não tem provas suficientes, caso tivessem não estaríamos tendo essa conversa, ou seja em breve estarei solto por ai. –Ele disse e finalizou sorrindo vitorioso.

Eu respirei fundo, fechei os punhos, nesse momento eu queria muito dar um jeito nele, mas alguém entrou na sala me dando tempo de me controlar, no entanto eu não gostei do que ela disse:

—Você está livre... por enquanto”

—É bom te ver também Emily. –Sean diz ao se levantar e finaliza com uma piscadinha para minha ex-mulher, fazendo com que eu bufasse diante da visão, Sean Hotchner realmente sabe como me irritar.

Não aguentando mais, simplesmente sai dali, pois eu precisava de ar fresco e definitivamente ficar longe do meu irmão ou eu seria obrigado a tirar aquele sorriso vitorioso do rosto dele.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam??? Esperando ansiosamente os comentários e sugestões.
Desculpem qualquer erro.
Bjss e até breve



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