Apenas por uma Noite - Tomione escrita por Beatrice Black Riddle


Capítulo 2
Capítulo 2 - Tempo consciente


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Está aí o próximo capítulo, espero que tenham gostado do primeiro, e por favor, se manifestem, me sinto sozinha D:



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Eu havia desenvolvido uma alta capacidade para decifrar onde estava graças ao ano que havia ficado com o Vira-Tempo. Tive que aprender a descobrir se tinha voltado todo o tempo que queria, através de mudanças na roupa ou no rosto das pessoas. Podia deduzir quais aulas já haviam se passado observando um de meus colegas e reparando em seu estado de espírito, ou em detalhes mudados em suas roupas. Era uma estratégia boa, e assim não me via obrigada a perguntar o horário e o dia, já que o risco de perguntar a alguém que eu havia acabado de ver era enorme.

Mas nada havia me preparado para esse tipo de situação, já que sempre voltava apenas poucas horas, e no máximo poderia voltar dois dias, o que já era bem arriscado. Nada poderia me preparar para voltar tantos anos no passado. Pelo que eu havia ouvido no segundo ano, a câmara havia sido aberta há 50 anos e foi então que a Murta morreu. Estava segurando minha língua para não perguntar ao rapaz em que ano estávamos, agradeci mentalmente por ter ido ao meu dormitório mais cedo e colocado uma calça de moletom e uma camiseta, já que meu uniforme teria sido terrível agora.

Não queria pensar no fato de que na época dele, dificilmente mulheres usavam calças de moletom e camisetas, mas estava mais aliviada por a camiseta ser lisa e a calça ser de uma marca que já existia na sua época. Seus olhos desceram de meu rosto por um momento e suas sobrancelhas se uniram quando ele percebeu as roupas trouxas. Um calafrio passou pela minha espinha, como se seu olhar fosse perigoso e no fundo, e também agora que o choque estava passando, ele me parecia familiar só eu não sabia de onde.

Ele provavelmente percebeu que eu era nascida trouxa ou mestiça, porque quando seus olhos voltaram para meu rosto, eles estavam ainda mais vazios, e havia alguma emoção ali, algo que ele tentava esconder, mas que não estava bem mascarado. Desviei meus olhos dos seus, buscando não deixar que ele percebesse o quanto eu estava assustada de ter sido pega ali, e também para que eu pudesse pensar em uma desculpa cabível para eu estar fora da cama, já que ainda estava de noite.

– Quem é você? – Meus olhos faiscaram para os dele quando ouvi sua voz. Não esperava que ele me dirigisse a palavra tão cedo, nem que sua voz fosse tão profunda e cheia de emoções, na verdade eu não sabia o que esperar.

– Meu nome é Hermione. – Não olhei para seus olhos enquanto respondia, meu único pensamento era o de sair dali, e tentar descobrir o que estava acontecendo.

– Você está bem? – Por um momento meus olhos faiscaram para os dele novamente, sua voz estava quase doce e seus olhos eram curiosos, parecia estranho esse tipo de coisa vindo dele. Eu podia não o conhecer, mas pareciam sentimentos errados para ele. Mas eu podia usar isso ao meu favor.

– Estou. Só estou um pouco confusa. – Deixei minha voz mais doce, e olhei para os lados franzindo a testa, havia pensado em uma desculpa para estar ali.

– Confusa? – Eu podia sentir a curiosidade em sua voz, mas não iria olhar em seus olhos novamente, ele poderia perceber que eu estava mentindo. Algo em sua voz também me dizia que eu não iria querer que ele descobrisse que eu estava mentindo.

– Eu estava em Hogsmeade essa noite, então ouvi uma voz me chamando para Hogwarts. Era estranha, a voz não parecia humana, parecia fria e de alguma forma má. – Estremeci ao fim. Essa era a forma como me lembrava de que Harry havia descrito a voz do Basilisco. O garoto dificilmente conheceria a cobra, então eu estava bem.

– Os portões estavam abertos e eu simplesmente entrei. Ouço falar dessa escola há anos, mas meus pais não me deixaram estudar aqui. – Estremeci novamente, pensando em como poderiam estar meus pais, e como eu estava bem longe deles agora. – A voz continuou a falar, e eu vim parar aqui. Mas antes de você chegar, a voz simplesmente. – Arrisquei um olhar para o garoto e me arrependi disso, ele me olhava assustado como se eu fosse um fantasma. – Parou. – Completei olhando para baixo novamente.

Me assustei com o quanto a história parecia louca, mas verdadeira aos meus próprios ouvidos. Me ocorreu que o Basilisco estava bem vivo nessa época, e que realmente havia um garoto que podia ouvir o que a cobra dizia. O herdeiro de Sonserina. O verdadeiro era do tempo da Murta, e a julgar pelo fato de que o banheiro estava vazio, ela provavelmente ainda estava viva e o sonserino a solta. Olhei nervosa para os lados.

– Ouvir vozes, não é um bom sinal em nosso mundo, senhorita. – Sua voz estava mais fria, havia perdido a gentileza, que provavelmente era forçada, mas ainda era educada. Não olhei para cima novamente, com medo de cruzar com seu olhar.

– Eu sei disso. – Viagens misteriosas no tempo, também não são. Deixei essa parte de fora. – Não é a toa que estou assustada. – Um calafrio passou pela minha espinha e eu olhei para trás, na direção das pias. Uma coisa era um banheiro à noite com a Murta, outra bem diferente era um com um Basilisco no subsolo.

Me encolhi no meu canto, esperando que a sensação ruim passasse. E também esperando que o garoto, que eu não sabia nem o nome, se pronunciasse ou me ajudasse a encontrar um lugar para ficar, o que eu estava achando difícil de acontecer. O tempo passava, parecia que se uma ampulheta estivesse ali, um grão estaria caindo a cada minuto.

– Eu não deveria fazer isso, mas. – Seu tom era contido, ele estava camuflando suas emoções. – Posso te deixar em Hogsmeade novamente, sem você ser vista. – Olhei assustada para ele, mas camuflei o quanto aquilo me assustava, achava praticamente impossível um monitor fazer isso.

Pausa. Monitor? E ainda por cima da Sonserina? Tom Marvolo Riddle havia sido monitor chefe em sua época, e monitor antes disso. Olhando bem para o garoto, ele tinha os traços que Gina descreveu sobre o aspirante a Voldemort. A pele clara, o rosto bonito, a postura perfeita, o cabelo escuro. Senti meu rosto empalidecer, não podia ver se seus olhos eram verde escuro, com Gina havia descrito, mas a semelhança era muito grande para ser ignorada.

– Hm. – Eu precisava escolher bem o que eu iria dizer, porque eu poderia terminar morta ou torturada se ele fosse quem eu estava pensando. – Obrigada. – Sentia que minha voz estava mecânica, assim como minha respiração e o piscar dos meus olhos. – Posso lhe perguntar qual é o seu nome? – Eu estava olhando para o nada na minha frente, sem realmente pensar em alguma coisa. Me permiti olhar um segundo para ele. O garoto estava me analisando, provavelmente tentando entender o que havia acontecido nos últimos minutos, já que eu havia ido de garota assustada para uma totalmente aterrorizada.

– Hm. – Ele imitou meu gesto, provavelmente também pensando no que dizer. – Me chamo Tom. – Ele me olhava cauteloso como se eu pudesse explodir a qualquer momento.

Mas eu não me sentia como se eu fosse a bomba. Eu me sentia como se uma delas estivesse a ponto de explodir na minha frente. Como se eu estivesse naquele pequeno momento, em que você sabe que algo vai cair, mas que você jamais chegará a tempo para segurar. Só que nesse caso, eu estava começando a me sentir fraca, não havia comido nada a tarde ou jantado, e a carga emocional havia sido grande, então provavelmente seria eu a cair.

Porém esse momento não veio, porque eu não sei como, mas de um segundo para o outro, Tom Riddle estava na minha frente. Senti duas mãos geladas tocando meus braços, seu toque era frio, mas macio mesmo sendo firme. Se eu caísse agora, ele provavelmente ampararia minha queda.

– Você está bem? – Dessa vez seu tom de voz era realmente apreensivo, e ao olhar para seus olhos, percebi que ele realmente estava preocupado. Talvez não fosse todo dia que garotas que brotam do nada ficam ainda mais pálidas e quase desmaiam ao descobrir o seu nome. O pensamento segurou minha consciência por mais algum tempo.

– Acho que não. – Eu estava um pouco tonta e já sentia que ia perder o chão, mas o que me levou de vez para a inconsciência foi olhar em seus olhos mais uma vez, e notar que eles eram verde escuro, um tom muito incomum e incrivelmente bonito.

Eu não tive tempo de pensar o quanto aquele olhar era bonito, porque no segundo seguinte ao que eu percebi isso, tudo ficou escuro. A última coisa que ouvi foi sua ingestão de ar brusca e senti suas mãos apertando meus braços.


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando até agora!