Eles se casaram em uma noite de primavera. A festa foi gigante como ele imaginou que seria. A primeira parte se deu no Septo, onde ele ficou meia hora de pé no altar esperando por Cersei. Brandon fez piadinhas sobre ele ainda ter tempo de fugir e por isso recebeu um olhar mortal de Jaime Lannister que segurava o bebê Joffrey no braço. Ashara tentava conter Jon que queria tirar a gravatinha azul o mais depressa possível e então fugir da cerimônia. Robert tinha sentado do lado de Lyanna, esforçando-se para conseguir alguma atenção, mas sua irmã parecia muito mais interessada no que quer que estivesse lendo no seu celular. Essa movimentação perto do altar o fez se acalmar um pouco, mas então tudo foi para os ares quando a música começou a tocar e Cersei fez sua entrada.

                Ela estava magnífica. Ele riu, porque era óbvio que ela estaria assim, Cersei jamais admitiria nada menos do que perfeição no dia do seu casamento. Ned tremeu também, teve certeza que Tywin Lannister sentiu seu nervosismo no momento em que deu a mão de Cersei para ele. Deve ter pensando em como poderia arranjar alguém melhor para a única filha. Já a mulher, caso tenha notado algo, não disse nada, ela apenas sorriu a cerimônia inteira.

                Nem mesmo o lustre de quinhentas lâmpadas que iluminava o alto do Septo poderia brilhar mais do que Cersei naquele momento.

                A segunda parte se deu em um grande salão e foi repleta de música, comida e algumas confusões.

                Quando fizeram a lista de convidados, Cersei torceu o rosto para vários dos nomes que apareciam na sua. Primeiro havia Robert. Cersei o achava um ser humano desnecessário para o mundo e, conseqüentemente, completamente dispensável para o casamento. Ned contra argumentou que ele ainda era seu melhor amigo e que seria de mal tom não chamá-lo. Depois havia Catelyn. Na verdade, o convite não era exatamente para ela, mas sim para os Tully em geral. Os Stark e os Tully eram velhos conhecidos. Catelyn confirmou presença, o que resultou em Ned tendo que aplacar a fúria de Cersei por uma semana inteira.

                Foi um longo caminho, mas no fim, sua noiva – esposa – decidiu que seria agradável ver a cara dela no dia do seu triunfo. Ele tentou apontar que aquilo não era uma competição, mas foi inútil.

                Catelyn apareceu com o filho Robb. Ela ficou o tempo inteiro sentada, tentando fazer com que o garotinho de três anos não fugisse das suas mãos. A mulher acabou perdendo essa batalha no momento em que Jon – alguns anos mais velho – apareceu com uma espada brilhante e fez Robb o seguir como um cachorrinho. Ninguém sabia quem era o pai de Robb, esse era um segredo que Catelyn Tully escondia a sete chaves. Entretanto, quem quer que fosse não pareceu dar nenhuma contribuição ao menino, pois este tinha todas as cores da mãe e nada do suposto genitor.

                Cersei foi bastante educada quando Robert chegou fazendo piadinhas sem graça – isso o surpreendeu – e até foi gentil quando Catelyn se aproximou para dar os parabéns. Achou que a noite seguiria sem qualquer imprevisto, mas Jon acabou provando que esse não era o caso. Seu sobrinho, que não parou quieto um segundo, trombou em um garçom que acabou derrubando uma bandeja de canapés encima de Gemma Lannister. Ashara ficou horrorizada, mas Brandon não agüentou segurar o riso por muito tempo – o que resultou em Ned tendo que passar vinte minutos inteiros se desculpando com a mulher.

                Depois descobriu que Robert teve a pior idéia da história. Ele, depois de ser esnobado por Lya, pediu para chamar uma garota para ser sua acompanhante. Ned não viu grandes problemas até que a garota chegou e ele a reconheceu como sendo a mesma que Robert contratou para “animar” sua despedida de solteiro. Cersei não tardou a descobrir – culpa de Jaime que estava presente na despedida – e ela o puxou para o canto furiosa.

                – Seu amigo trouxe uma streaper para o nosso casamento?

                – Bem...

                – Ned...

                – Ele estava se sentindo sozinho...

                – Caso o seu amigo faça mais alguma coisa estúpida, que os Deuses me ajudem Ned, eu vou castrá-lo. Está me ouvindo?

                Ele apenas assentiu com a cabeça.

                – Estarei fazendo um favor para a humanidade, ninguém precisa de pequenos Robert espalhados por ai.

                Ele e Cersei descobririam mais tarde que o homem já tinha começado sua missão de povoar o mundo. Vários filhos dele viriam a aparecer com o decorrer do tempo, inclusive um que era tão fisicamente parecido com Robert que chegava a assustar.

                Mais tarde, o último e maior imprevisto aconteceu. Cersei foi trocar pela a terceira vez de vestido – Ned não entendia o motivo de tanta troca de roupa, mas achou melhor ficar quieto – e ele ficou dançando com outras pessoas. Primeiro Brienne, depois Ashara e por fim Catelyn. A ruiva não tinha dançado com ninguém e Ned pegou-se indo até ela e a chamando para dançar. Percebeu que tremendo erro tinha cometido segundos depois, mas já era tarde demais para voltar atrás. Tudo o que poderia fazer era torcer que Cersei só chegasse depois que a música acabasse.

                – Você e Cersei formam um bonito casal.

                – Obrigado. – respondeu educadamente.

                – Ela tem muita sorte de ter encontrado alguém como você.

                Os olhos de Catelyn pareceram tristes por alguns momentos. Ned procurou algo para dizer, mas foi interrompido por um gritinho infantil que encheu o salão. Jon estava correndo com um... Palito de plástico? Atrás dele vinha Robb que se esforçava para acompanhar o mais velho com suas perninhas gorduchas.

                – Tio Ned! Tio Ned! – ele soltou Catelyn e se abaixou na altura do menino. – Eu estava caçando fantasmas e me escondi no banheiro feminino.

                – Isso não foi certo Jon.

                – Mas tio, o fantasma estava lá, não era Robb?

                O garotinho balançou a cabeça confirmando.

                – Então a gente se escondeu e esperou e então tia Cersei entrou e ela fez xixi nisso aqui. – Jon colocou o palito bem na sua cara. – O que é isso tio?

                Brandon, nesse momento, estava gargalhando. Ashara agarrou o braço de Jon com um olhar tão gelado que poderia fazer nevar em Dorne.  O burburinho começou e só deu uma pausa quando a própria Cersei apareceu com o rosto vermelho de raiva ou vergonha – ou os dois –, com os cabelos soltos e desalinhados e a respiração ofegante de quem provavelmente esteve correndo.

                – Tio, o que esse sinalzinho significa? – perguntou o garoto alheio a mulher furiosa que se aproximava.

                – Significa que... – pelos Deuses, Ned levantou sorrindo, ignorando a carranca de Cersei. – Nós vamos...?

                Sua esposa arrancou o palito da mão de Jon e jogou na sua cara.

                – Está cego ou não sabe lê símbolos?

                Ned, sem se importar com a fúria de Cersei, agarrou sua cintura e a beijou tão intensamente que as pessoas ao redor começaram a rir e soltar piadinhas sobre lua de mel adiantada. Quando se afastou, ela arfava e corava.

                – Ned! Estamos no meio de um salão cheio de pessoas.

                – E quando é que você se importou com platéia?

— Precisamos escolher um nome.

                – O que você acha de Nymeria? – Ned perguntou afagando a cabeça da esposa que se aninhou ainda mais no seu colo. O bebê em seus braços se agitou. – É um nome forte e bonito.

                – Eu gosto de Tya.

                – Tya não é o nome daquela sua tia avó que roubou o noivo da irmã?

                – Ela era uma mulher que sabia o que queria.

                Ned ajeitou-se na cama. Brandon contou que cama de hospital tendia a ser terrível, mas agora, com Cersei e sua filha recém nascida nos braços, ele não poderia pensar em um lugar melhor para se estar.

                – Ela não é a coisa mais linda do mundo?

                – Sim. – respondeu ele admirando o pequeno bebezinho que certamente seria parecido com a mãe. Já dava para notar o tufo de cabelos dourados saindo da cabeça. Será que terá os olhos verdes de Cersei? Teria que esperar para ver. – O médico vai voltar querendo um nome.

                – Eu já sei. – Cersei sorriu encantada e falou: – Sansa. O nome dela será Sansa.

                Sua esposa depositou um suave beijo na testa do bebê.

                – Bem vinda ao mundo Sansa Stark. – ela disse e depois se dirigiu a ele. – E antes que você me pergunte, não existe a menor possibilidade de Robert ser o padrinho.

                Como se adivinhasse que falavam dele, a voz de Robert foi ouvida do lado de fora. Parecia estar brigando com alguém para entrar.

                – Desculpe florzinha, mas o papai tem uns amigos bem idiotas que vão querer te ver. Sorte sua que é metade Lannister e não terá que se preocupar se burrice é contagioso ou não.

                – Não ligue para sua mãe Sansa, ela pode ser exagerada às vezes.

                – Tem tanta sorte que estou segurando nossa filha nos braços Eddard Stark, caso contrario eu jogaria essa luminária na sua cabeça.

                Ele riu.

                – Eu aposto que sim.