Tempos modernos escrita por Florrie


Capítulo 31
Myrcella - Desastre


Notas iniciais do capítulo

Depois de perder a primeira versão desse capitulo - que creio que estava melhor - e adoecer finalmente consegui postar.



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Caso Myrcella tivesse uma vaga ideia do que iria acontecer teria seguido seu instinto e ficado em casa e feito Tommen seguir seu exemplo.

Contudo ela nunca foi adivinha e Obella insistiu do jeito que só um Martell consegue fazer. A Lannister, enquanto estava no carro do tio, pensava em como olharia para a cara de Robb – que a ignorava desde o ocorrido – e no que poderia fazer para que sua onda de má sorte não se abatesse nela. Provavelmente vou cair de cara no chão ou falar alguma coisa constrangedora. Tommen andava distraído e ela sabia que ele provavelmente pensava em uma forma de se livrar – da maneira mais gentil possível – de Loreza.

– Por que não conta a verdade?

Ela perguntou baixinho para ele.

– Claro, por que é algo muito fácil.




Quando chegaram à casa de praia de Oberyn Martell que ficava nos arredores da cidade, Myrcella logo se reuniu com as amigas. Arya, Shireen e Obella tinham algumas novidades para contar. Shireen falou que Edric Dayne havia finalmente convidado a Stark para um passeio, contudo Arya deu um jeito de fugir e acabou não dando uma resposta. Shireen também reclamou do fato do seu primo, Edric Baratheon, andar estranho com ela – isso rendeu um monologo inteiro da menina. Obella brincou com a possibilidade de um casamento entre primos.

Depois Trystane Martell veio até ela. O garoto era tão bonito quanto Obella costumava descrever. Ele tinha cabelos escuros e olhos castanhos alegres, seu sorriso nunca deixava os seus lábios e o rapaz tomou especial cuidado em elogiar tudo sobre ela. Seu coração batia por Robb Stark, mas que garota não ficaria balançada com um menino bonito e legal dando bola? Não é como se eu tivesse qualquer chance com Robb.

– Você joga Cyvasse? Obella me disse que você jogava. – Ele perguntou. Myrcella corou, pois ela jogava sim e não havia nada mais nerd do que isso. Para falar a verdade, ela foi campeã do campeonato da escola e no dia da final precisou usar um suéter ridículo que tinha sido presente de natal de sua tia avó. Nele havia um leãozinho fofo com os dizeres MYRCELLA RAIO DE SOL, sim, ela tinha um suéter assim e só o usava em casa quando o clima estava frio.

Mas naquele dia coisas ruins aconteceram com suas roupas e aquele suéter era a única coisa que sua mãe tinha na bolsa – típico da sua sorte. Mas era apenas uma final de Cyvasse e quem da sua escola se dignaria a ir? Não muita gente, é claro, mas para sua infinita infelicidade os Stark resolveram comparecer e Robb estava entre eles com Roslin Frey ao seu lado – com um vestido lindo.

Devia haver fotos daquele dia. Joffrey não a deixou em paz por dois meses.

– É, eu meio que jogo um pouco.

– Que legal! A gente joga bastante em Dorne sabe e eu sou muito bom, humildemente falando, a gente podia jogar qualquer dia desses.

Ele ta me chamando para jogar Cyvasse? Essa era nova, mas ela gostou.

– Eu adoraria.

Isso era tipo um encontro? Ou ele simplesmente queria alguém nerd o suficiente para jogar com ele e não gozar da sua cara? Ela podia ter tentado descobrir se Robb Stark não tivesse se aproximado e circulado seus ombros com um dos braços. Myrcella achou que fosse derreter.

– Robb Stark. – Ele estendeu a mão para Trystane que apertou simpático.

– Trystane Martell.

Cada célula do seu corpo estava ciente do toque do ruivo. Seu coração acelerou e bateu tão forte que ela apostava que Sansa Stark poderia ouvi-lo do outro lado do quintal.

– Vocês são amigos? – Trystane perguntou.

– Pode-se dizer que sim. – E Robb a apertou ainda mais.

Ok. O que exatamente estava acontecendo? Ele não a odiava ou algo parecido?

– Nós nos conhecemos desde pequenos. – Eu usava fraldas e ele já jogava bola na rua.

– Quantos anos você tem mesmo? – O Martell tinha um sorriso diferente agora.

– Vinte e um.

– Entendo.

Robb pareceu tenso.

– Eu sou amiga da Arya, irmã do Robb.

O Martell teria comentado alguma coisa se algo, ou melhor, alguém, não tivesse aberto a porta da casa com violência e andado em passos largos até a churrasqueira onde Oberyn e Ellaria conversavam baixinho. A cor sumiu do seu rosto assim que ela reconheceu a cabeleira loira da mãe.

Mas o que está acontecendo aqui?

Todo mundo parou para prestar atenção. Ela notou que Doran Martell – tio de Obella – que tinha passado a manhã inteira sentado na sombra, se levantou rapidamente como se previsse alguma catástrofe.

– Sua mãe parece com raiva. – Obella surgiu ao seu lado preocupada. – Aconteceu alguma coisa?

– Não que eu saiba.

Eu fiz algo? Repassou tudo o que tinha feito na semana e não havia a mínima chance dela ter irritado a mãe daquela maneira. Tommen provavelmente não tinha culpa, ele raramente fazia algo de errado.

– Você ficou completamente louco?! – A voz da mulher se elevou um pouco e todos conseguiram ouvir aquilo. Oberyn Martell então segurou o seu braço e sussurrou alguma coisa que deixou seu rosto em chamas.

– Aquela é sua mãe? – Trystane a olhou confuso.

– Sim.

Ótimo. Isso é tão eu.

– Você não pode esconder por mais tempo! – Ellaria Sand subiu o tom com o dedo apontado para o rosto de Cersei Lannister. Nada bom. – Digam logo a verdade antes que as coisas fiquem mais complicadas.

– Você concorda com essa loucura Martell?

– Eu concordo que a verdade deve aparecer, mas não desse jeito. Querida, se acalme.

As pessoas que estavam na piscina saíram e todos se olhavam espantados e constrangidos. Que um raio caia na minha cabeça.

– Seu pai chama todas as mulheres de querida?

– Não, só aquela com quem ele tem algum tipo de compromisso. – Deuses! – Sua mãe tem um caso escondido, certo? O meu também anda saindo muito e nós suspeitamos que seja com a mesma mulher. Será que isso é uma briga de casal?

– Eles podiam escolher uma hora mais apropriada para tal. – Respondeu. As pessoas ao redor já começavam a cochichar e algumas lhe lançavam olhares. Como se fosse minha culpa.

– Que estranho, nossos pais namorando.

As duas acabaram soltando risinhos.

Se ela apenas soubesse...

– Por quando tempo vai enganar o garoto? – Ellaria gritou.

Myrcella imediatamente olhou para Tommen. Seu pobre irmão parecia chocado olhando aquela cena. Loreza e Alla estavam confusas e o único que parecia alheio a tudo comendo um espetinho de carne era o irmão mais novo de Robb.

– Você está bem Cella? – O Stark cochichou no seu ouvido parecendo preocupado. Por um segundo ela esqueceu a cena deplorável que se desenrolava na sua frente.

Por um segundo o mundo era apenas ela e Robb.

– Sim.

Mas isso durou apenas um segundo.

– Ele merece saber quem é o pai!




Pai!

O rosto da sua mãe ficou branco.

Aquele assunto sempre foi delicado em sua família. Por um tempo Myrcella acreditou que Robert Baratheon era seu pai. Quando a verdade foi escancarada para o mundo ela tornou-se a garota sem pai. Tentava fingir que não se importava com isso, mas a verdade é que ela sempre quis saber quem foi o homem que lhe gerou. Muitas foram às vezes que perguntou a mãe e muitas foram às vezes que recebeu a simples resposta: “Isso não é um assunto para hoje”.

Suas pernas tremeram quando o seu cérebro começou a ligar as coisas. Seria Oberyn Martell o pai dela e dos seus irmãos? Era a única explicação lógica para o que estava acontecendo. Obella pareceu ligar os pontos também, pois a olhou com o rosto cheio de espanto.

– Pelos Deuses!

Seu tio Renly se manifestou pela a primeira vez.

– Quer merda é essa Cersei?

– Fique fora disso Baratheon.

– Você está assustando seus filhos. – Sua mãe parou der repente e olhou para ela e para Tommen como se só percebesse que eles estavam ali.

– Mãe? O que é que está acontecendo?

Seu irmãozinho deu um passo para frente.

– Que historia é essa de pai?

– Meu querido, não é nada com que deva se preocupar, pegue sua irmã e vá para o carro, em casa conversamos.

Ela nunca tinha visto sua mãe com aquele olhar de medo.

– Por que não diz logo que Oberyn é pai do garoto?




Naquele instante o oxigênio fugiu dos seus pulmões. Ele é pai de Tommen? Isso quer dizer que ele é nosso pai? Claro que sim, sua mãe sempre disse que ela e os irmãos vieram do mesmo homem. Joff ficaria feliz em saber, ele, tanto quanto ela, queria descobrir quem era o pai.

Isso significava que ela era uma Martell também. Irmã de Obella e das outras. Eu tenho irmãs! Sempre quis ter irmãs. E primos! Arianne, Quentyn e Trystane... Pelos Deuses, seu primo estava flertando com ela?

– Seu pai é nosso pai também? – A pergunta que apenas Obella deveria ouvir acabou saindo alta demais e todos viraram seus olhos na sua direção.

Oberyn Martell também tinha o olhar preso nela. Não teve como evitar o modo como seus olhos se encheram de expectativa.

– Você é uma garota doce Myrcella e seria uma honra ser seu pai, mas sinto dizer que a única criança de sua mãe que tem meu sangue é o pequeno Tommen.

Deve ter sido patético o modo como seus olhos se encheram de lagrimas.

Ela teria desabado no chão se não fosse pelos braços de Robb e pela visão do rosto de seu irmãozinho completamente chocado e perdido. Ela era a irmã mais velha, era seu dever ser forte.

O silencio que se solidificou no lugar foi quebrado pela a pessoa mais improvável de todas.

– Eu sou gay e a Arya beijou o Aegon e ainda esconde um álbum de fotos do Gendry pelado no quarto.

E então uma dezena de vozes explodiu causando um alvoroço enorme. A distração foi a hora perfeita que seu irmão encontrou para correr em direção da porta que levava para dentro da casa. Myrcella o seguiu.

Assim que chegaram à parte da frente o tio deles os acalcaram. Ele ainda estava completamente molhado com uma toalha na cabeça.

– Vamos no meu carro.

Assim que entraram ela viu a mãe sair correndo, mas Myrcella virou a cara e puxou Tommen para os seus braços.

– Quer ir para casa?

– Não. Qualquer outro lugar, por favor.

Renly hesitou antes de responder.

– Certo.

E então ela deixou que ele a levasse para bem longe dali.



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Notas finais do capítulo

Poor Myrcella.
Terminei de escrever esse capitulo logo depois de assistir o ultimo episodio de Got. Depois daquela ultima cena eu tinha escrito um final muito mais depressivo - de acordo com eu estado de espirito depois do que aconteceu -, contudo acabei retirando.
Beijos ;*



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