Por parte de pai ele tinha dois irmãos.

Rhaenys tinha todos os traços dorneses da mãe, seus cabelos, entretanto, eram lisos e sua pele um tanto mais clara. Jon sempre gostou da irmã mais velha, mesmo quando essa tentava lhe arranjar alguma namorada – o que era freqüente –, dois dos seus namoros fracassados foram culpa dela.

– Margaery é bonita, educada, de ótima família... Por que vocês terminaram?

– Qual parte de ela gosta de garotas você não entendeu?

– Ela gosta de meninos também. – Ponto para Rhaenys.

– Ela beijou outra pessoa enquanto nós dois namorávamos, isso caracteriza traição.

– Não é culpa dela que a garota a beijou do nada.

Na verdade aquilo tinha sido mais uma desculpa para terminar. Jon e Margaery haviam conversado antes e decidido que a melhor coisa a se fazer era terminar e ficar apenas na amizade. A Tyrell queria se conhecer melhor antes de engatar um relacionamento sério, se nós fomos predestinados então um dia voltaremos a ficar juntos, ela disse.

– Ela está se conhecendo Rhaenys, nós dois somos só amigos agora.

Sua irmã revirou os olhos.

– E Ygritte? Você ainda fala com ela?

Ele se afundou no sofá.

Sua irmã não precisava saber como a ruiva tinha quebrado seu coração em uma dezena de pedacinhos. Ela era problema e você sabia disso.

– Desista.

– Já sei! Meu deus, como não pensei nisso antes? Val. Ela é perfeita Jon, você vai adorá-la.

– Foi o que você disse que todas as outras.

– Dessa vez eu estou sentindo que vai dar certo. – Ele suspirou. Quando sua irmã fazia aquela cara não havia nada no mundo capaz de fazê-la mudar de idéia.

Aegon, por outro lado, nasceu parecido com o pai. As meninas sempre suspiravam pelos cabelos platinados dele e sonhavam com seus olhos violeta. Seu irmão era um conquistador, tinha o charme dos Targaryen e a paixão dos dorneses, uma combinação que não podia dar certo. Jon perdeu a conta de quantas vezes se viu correndo pelo o campus ao lado do irmão – que na maioria das vezes estava só de cueca – fugindo de algum namorado ciumento.

Jon ainda tinha vivo na mente o dia em que ele meteu Rhaenys na historia.

– Cara eu juro que não fiz nada com a sua namorada... Cara, eu to com a minha garota bem aqui. – E então Aegon fez o impensável, puxou Rhaenys e a prendeu com um dos braços. – Ele é dornesa sabe e você sabe como as dornesas são ciumentas, não preciso de outra mulher a não ser ela.

Ele sabia pelo semblante da sua irmã que Aegon estava morto assim que eles saíssem daquele bar.

– E eu nem sou muito fã de mulheres de Volantis sabe... To só de passagem, com meu irmãozinho e minha garota, viajando, vivendo aventuras... – Aegon não falava nada com nada e Jon precisou de toda sua força de vontade para não socá-lo.

Depois que o brutamontes – marido da mais nova conquista de Aegon – foi embora, Rhaenys pegou uma garrafa do bar e jogou contra o irmão. Sim, ela pegou uma garrafa do bar e jogou contra Aegon. Foi preciso dois homens para separar suas mãos do pescoço dele.

– Poxa maninha, irmãos devem se ajudar...

E então ela agarrou a segunda garrafa – dessa vez quase acertou a cabeça dele.

No fim da historia, os três foram expulsos do bar e vagaram por Volantis até chegar ao Grande Hotel onde Aegon inventou de fazer uma festinha particular. Eles foram expulsos de lá também – aparentemente não se pode correr pelado pelos os corredores – e acabaram por passar os quatro dias seguintes em um hotelzinho no centro.

– Eu prometo que nunca mais vou me envolver com mulheres comprometidas, pode confiar Jon. – Seu irmão disse isso no ultimo dia de viagem enquanto eles corriam pelas ruas fugindo de outro brutamonte. Jon sabia que aquela promessa não iria durar nem cinco minutos.

Curiosamente essa não foi eleita a pior viagem de todas. Ilhas do verão e Lys disputavam o posto.

Por parte de mãe ele só tinha Damon.

Seu irmãozinho de quatorze anos – quase quinze Damon gostava de salientar – não era capaz de causar tantas confusões quando Aegon, mas os Deuses sabiam quantas vezes Jon precisou acobertá-lo – sua mãe ficava muito assustadora quando irritada. Uma vez ele e Bran – os dois estudavam na mesma sala – acharam que invadir três festas de casamento que aconteciam em um hotel no centro era uma ótima idéia.

No fim da noite Jon se viu no saguão do hotel dando uma de pai.

– O que vocês dois tem na cabeça? – Ele tentou parecer bravo, mas a ligação tinha vindo em ótima hora. Jon conseguiu uma desculpa perfeita para fugir do encontro desastroso que estava tendo por culpa de Rhaenys. – E por que o gerente ligou para mim que não sou pai de nenhum de vocês?

– Eu posso ter dito que o pai e a mãe estavam viajando, o que teoricamente é verdade.

– Eles estão em Valdocaso, uma hora e meia de carro apenas. – Seu irmãozinho revirou os olhos verdes. – Já devem estar em casa.

– Uma hora e meia de carro é considerado uma viagem. – Deuses, Jon então focou em Bran.

– O que diz em sua defesa Bran? Você já tem quinze anos, não deveria estar metido nessas coisas. – Seu primo se encolheu na cadeira desviando os olhos azuis. – Por que o meu tio não está aqui?

– Eu não quis perturbar o trabalho dele sabe...

– Que filho bom você é. – Ele percebeu o gerente do hotel olhando para ele suspeito. Jon precisava sair dali antes que o cara resolvesse tentar ligar para os adultos de novo. – Vamos logo...

– Na verdade Jon...

– O que é agora Damon.

– O Tommen também veio, mas antes de ser pego foi ao banheiro e ta escondido lá até agora.

– Como é que é? Vocês trouxeram o Tommen?

– A tia Cersei já não gosta muito de mim, imagina se ela descobre isso? Vai dizer que a culpa é minha.

– O que eu tenho certeza que é verdade.

Seu irmão o olhou como um cachorro sem dono. Jon revirou os olhos.

– Esse truque não funciona tão bem como há dez anos. – Tommen não é um garoto mau e Jon sabia o quanto a tia de Damon podia ser uma completa chata. – Em que banheiro ele está? Vocês dois vão indo para o carro e eu pego o Tommen.

– Valeu mano. É só seguir aquele corredor, o primeiro banheiro masculino na direita.

– Como é que você conseguiu avançar uma classe sendo desse jeito hein?

– Eu tenho um cérebro superior. – Jon riu. Isso ele pegou do pai.

Enquanto os dois corriam para fora do saguão ele seguiu as coordenadas do irmão. Quando entrou no banheiro o viu vazio a não ser por uma figura loira de quinze anos cheia de sardas no nariz.

– O resgate chegou Tommen. – O garoto corou e sorriu. – Meu irmão te obrigou a vir?

– Eu disse a ele que era uma péssima idéia, mas você conhece Damon.

Jon deu ao menino o seu casaco e o mandou esconder os cabelos dourados com o capuz. Foi uma caminhada tensa até o carro, o gerente – agora acompanhado de um segurança – analisava cada gesto seu. Não permita que ele venha checar o garoto, a ultima coisa que eu preciso agora é ouvir reclamação daquela Lannister.

Do lado de fora do hotel Damon o esperava alegre.

– Você é o melhor Jon.

– Só não se transforme em Aegon. – Pediu suspirando.

– Eu prometo que eu não vou me transformar em Aegon.

Jon olhou para os céus e se perguntou o que diabos ele tinha feito para merecer dois Aegons na sua vida.

– O que pelos sete infernos é isso? Você ta usando um vestido?

Robb sorriu encabulado.

– Eu não me lembro de muita coisa da noite passada. Acho que foi idéia de Jeyne.

Jon sentiu que estava de boca aberta. Eram sete horas da manhã e seu primo estava parado na porta do seu apartamento vestindo apenas um vestidinho vermelho de lã.

– Você não estava viajando?

– Sabe como é em Fawnton, a cidade engole você. – Robb suspirou. – Eu fiz algo que não devia.

– O que você fez Robb? – Jon sabia a fama que Fownton podia ter. Localizada nas Terras da tempestade, logo depois de Mataderrei, a cidade era conhecida pelas as grandes festas, cassinos luxuosos e clubes para todos os gostos. Aegon já tinha sido engolido pela a cidade, Jon esperava mais do primo.

– Eu pedi Jeyne em casamento.

– VOCÊ O QUE?

– Agora eu preciso que você me ajude a pegar o anel da família de volta.