Under The Starlight escrita por Luiza Holdford, sweetie


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oi, amores.
Aqui estamos nós com o último capítulo da fic, espero que gostem... Boa leitura!



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Sherlock caminhou na noite serena até Baker Street. Caminhou porque o trajeto de táxi seria rápido demais, não o daria muito tempo para pensar. Mesmo que ele não tivesse muito em que pensar. John tinha se casado com Mary, e ela daria ao amigo tudo que ele nunca foi capaz: uma vida normal, e em breve, uma família.

“Você sabe que não vai mudar nada, não é? Eu e a Mary, nos casando...” Sentado na sua velha poltrona, dedilhando o violino, as palavras de John ecoavam em sua cabeça.

Oh, John. Ele realmente não fazia ideia. Agora Sherlock entedia o que Senhora Hudson quis dizer sobre o casamento mudar as pessoas. Claro, ele ainda veria John e os dois resolveriam alguns casos juntos, mas não como costumava ser.

A verdade é que as coisas já não eram mais como antes desde que Sherlock tinha voltado. E perceber isso, doía em Sherlock de uma maneira enlouquecedora.

– O que você está fazendo aqui, Sherlock?

Sra. Hudson estava parada na soleira da porta. Ela estava os olhos cansados, um tanto agitada demais, só que não uma agitação positiva. A preocupação era evidente em sua voz. Tirando o fato de ela ter chegado cedo do casamento, ele também tinha saído antes do final, mas teve seus motivos... Algo estava errado.

– Sra. Hudson, o que aconteceu? – ele deixou o seu violino de lado, e se levantou. – A festa de casamento já acabou? John e Mary estão bem?

Todas as palavras que saíram da boca da senhora depois disso foram um choque enorme para Sherlock. Como assim Mary tinha apontado uma arma para John no meio da valsa? Segundo Sra. Hudson, o nome de Moriarty também fora mencionado. Ele era o patrão de Mary. Que diabos isso significava? James Moriarty estava morto!

Sherlock não fazia ideia como seu rival tinha enganado a morte, fingido depois de atirar em si mesmo, deveria ser um truque de Mary... Mas agora ele estava preocupado com John. Ah, ele deveria estar arrasado. Sherlock não sabia se o certo seria deixá-lo sofrer sozinho, talvez ele não quisesse ver ninguém agora.

Só que sua preocupação com o bem-estar do amigo era maior.

(00h35min)
John, eu estou indo para o telhado do Barts.

(00h36min)
... Caso queira conversar.

(00h48min)
Vou pegar um táxi.

Sherlock sabia. Ah, John, não seja estúpido. Claro que Sherlock já ficou sabendo, notícias ruins se espalham rápido. Além disso, nenhuma informação escapava de Sherlock Holmes. Bom, tirando a que sua mulher era uma louca assassina contratada por Moriarty para brincar com ele.

Será que Sherlock sabia de Moriarty? Provavelmente não. Ou será que ele ao menos desconfiava da verdade por trás da doce Mary? Não, ele não poderia. Sherlock nunca o deixaria se casar com alguém em que ele não confiasse inteiramente.

...

John subiu para o telhado do Barts, se perguntando por que Sherlock tinha escolhido especificamente esse lugar. A lembrança do amigo falando com ele pelo telefone, depois pulando de lá definitivamente não estava na sua lista das mais agradáveis.

Quando finalmente as escadas terminaram, ele abriu a porta do telhado e viu Sherlock parado de costas para ele, próximo demais da ponta, vê-lo ali deu um nó em seu estômago. Sherlock se virou, e percebeu que John estava branco demais.

– John... – ele se aproximou um pouco. – Você está bem?

Pergunta estúpida. Depois do desfecho conturbado de seu casamento é claro que ele não estava bem. Mas o loiro percebeu que a pergunta também era por causa da sua expressão de quem ia desmaiar.

– Eu ainda não estou muito bem em ver você assim... – John engoliu em seco. – Em lugares altos.

– Nós podemos ir para a Baker Street.

– Não, a Sra. Hudson está lá... Molly, Lestrade... Será o primeiro lugar em que todos vão me procurar - ele discordou. – Eu quero ficar sozinho.

– Oh. – Sherlock não sabia o que dizer. Se John queria ficar sozinho, ele deveria respeitar essa escolha, certo? – Bom, se é isso que você quer... Eu acho que já vou indo.

– Não... – John o segurou pelo braço, quando percebeu que ele estava se preparando para ir embora. – Quando eu disse sozinho, eu quis dizer com você.

– Certo.

Sherlock ficou encarando o chão, esperando a hora que John explodisse, começasse a gritar e dizer que tudo era culpa dele, mas ao invés disso o loiro cobriu o rosto com as mãos enquanto deixava algumas lágrimas escaparem.

Ele ficou parado ao lado do amigo, sem ter a mínima ideia do que fazer. Era uma das piores sensações do mundo, ver um amigo sofrendo na sua frente, e não poder fazer mais nada além de “estar ali”

– É frustrante porque eu não sei o que dizer. – Sherlock confessou. Não que ele se importante com o silêncio, mas o de John, naquele momento, era preocupante.

– Por que você foi embora cedo?

Ele tinha percebido.

– John, você tem certeza que é sobre isso que você quer conversar agora. – Sherlock tentava desconversar. Admitir tais sentimentos quebraria John mais ainda.

– O que tem para falar? – disse John, aumentando um pouco a voz. – Mary se revelou uma mentirosa assassina. Moriarty está envolvido e só Deus sabe como. Meu melhor amigo não estava lá quando tudo aconteceu... – ele já não conseguia mais esconder a raiva. – Por que todo mundo que eu amo só consegue mentir para mim?

Sherlock sabia que ele também estava se referindo aos dois anos em que John passou pensando que ele estava morto. Watson tinha o perdoado, mas em situações como tudo vinha à tona, e ele estava novamente zangado com Sherlock.

– Eu sei que você está com raiva de mim...

– Eu nunca estive com raiva de você, Sherlock! – John o interrompeu gritando, fazendo com que o moreno ficasse com uma expressão confusa. – Eu estava magoado.

– Desculpe... Eu sinto muito. – Sherlock sussurrou sem saber mais o dizer.

– Pode me dizer agora? – John pediu. – Por favor, eu só quero a verdade uma vez. Por que você foi embora mais cedo?

– Não tinha mais ninguém.

– Não tinha mais ninguém? O que isso quer dizer?

– No casamento, John. - Sherlock respirou fundo e confessou em voz alta, pela primeira vez, todos os sentimentos escondidos que ele nunca seria capaz de entender completamente. – Você e Mary tinham ido dançar. Sra. Hudson estava se divertindo, Lestrade... O que mais eu tinha para fazer? Minha presença não importava mais.

– Importava para mim!

– Você estava com a Mary, John. Era o casamento e a noite de vocês. Eu fiz a minha parte como seu amigo, discursei e até resolvi o mistério o enigma que salvou o Sholto. Eu estava lá por for você, não tinha mais sentido ficar parado em uma sala cheia de pessoas dançando e se divertindo quando eu não tinha... – Sherlock se interrompeu.

Esse seria um bom momento para confessar que ele tinha saído mais cedo porque a sensação de ter perdido John doía demais. Vê-lo feliz com outra pessoa, alguém que o merecia muito mais do que ele já merecerá um dia. Até agora.

– Quando você não tinha o que, Sherlock?

– Quando eu não tinha mais você. – dessa vez, foi Sherlock quem o interrompeu gritando. – Você estava feliz. E eu tentei ficar feliz por você, eu realmente tentei. Mas saber que eu acordaria todos os dias na Baker Street sozinho... As coisas nunca mais seriam como antes. Era uma nova fase para você e para a Mary. Como eu poderia me intrometer entre vocês dois?

– Você sabe que não seria assim. – John suspirou – Você é meu melhor amigo, Sherlock! Não é mais do que óbvio que ainda nos veríamos constantemente?

– Não é a mesma coisa. Simplesmente não é. – ele desviou o olhar de John, encarando o céu estrelado no lugar dos olhos do outro – Nós iríamos nos ver cada vez menos, você ia arrumar novas preocupações e hobbies, eu tenho certeza. Seria um adeus as investigações juntos, e também ao melhor english breakfast já feito. Eu sou uma vergonha fazendo chá, você sabe. – ele riu com um humor que não tinha – Você teria sua família, e seria feliz, enquanto eu continuaria sendo o velho Sherlock, sozinho novamente.

– Sherlock... – John tentou interromper, mas foi interrompido pelo mais alto erguendo um dedo em sinal que ainda não havia terminado.

– Antes de você, eu pesava que essa fosse a melhor maneira: sozinho. Ninguém sendo estúpido ao meu redor e me atrasando. Mas você... John Watson, você nunca é estúpido. Sentimentos são um erro, e mais uma vez eu vejo o porquê. Eu sou apegado a sua presença, aos seus comentários, e agora eu preciso disso para viver de verdade. Fora isso, os dias apenas passam. Você é quem faz valer a pena o rodar dos ponteiros do relógio.

Era suficiente. Vendo-o ali, alto e imponente, as estrelas brilhantes em contraste aos cachos escuros e pele pálida, enquanto ele abria seu coração de uma forma que nunca tinha aberto antes, John apostava, nem mesmo para sua mãe. Era simplesmente suficiente.

Porque algo mudou, ou John apenas descobriu que estava lá, discreto, porém latejante. Se Sherlock precisava dele nessa intensidade, John precisava do moreno numa maior ainda. Enquanto ele pensava que o amigo estava morto, era mais fácil lidar com o sentimento. Não havia nada a ser feito contra a morte.

Mas, vivo, John não podia simplesmente fingir que não sentiria tanta falta assim de Sherlock. Ele já sentia. E não era falta que uma simples visita poderia resolver.

O detetive era alto, alto demais, mas isso dificilmente foi um problema para o loiro que, puxando-o pelas lapelas do terno, sussurrou um energético “oh, apenas cale a boca Sherlock!” antes de colar a boca na sua.

Foi... Interessante, por assim dizer. Os lábios de Sherlock estavam gelados e secos, e ele pareceu sem reação por alguns instantes. Depois, timidamente, ele tentou beijá-lo de volta. E infelizmente, parece que o simples beijo não durou tempo o suficiente.

– O que foi isso? – Sherlock bobamente perguntou, se sentindo tonto e aéreo.

– Minha forma de dizer “eu também sentia sua falta”. E todo o resto. Idiota.

– Ah... – ele piscou uma, duas vezes, ainda meio perdido, antes de completar – Nós podemos tentar de novo?

– Sim, podemos – John não pode deixar de sorrir – Quantas vezes você quiser.

Sherlock sorriu de volta, e ele parecia apenas adorável a luz das estrelas e totalmente sem palavras. Elas dificilmente eram necessárias naquele momento.


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Notas finais do capítulo

Se for conveniente, deixem um comentário.
Se for inconveniente, deixem um comentário mesmo assim.

Brincadeira, só quis citar sherlock, mas adoraríamos saber o que vocês acharam.
Até a próxima fic, beijos!