Bem-vinda à América! escrita por Gabi Torquato


Capítulo 15
Viagem em família.




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Eu estava entediada. Aaron estava na minha frente repetindo pelo milésima vez algo que ele já disse por telefone, por email, por dm no Twitter...

– Você me entende? - ele perguntou, novamente.

– Na realidade, não Aaron. Existem milhares de garotas que se matariam para fazer isso, então você pode escolhe-las. - respondi.

– Mas tem que ser você! - ele disse, passando as mãos no cabelo. Ele parecia meio desesperado.

Eu não entendia o porquê ele queria apenas eu para fazer o que ele estava pedindo. Não era algo de outro mundo, eu não via o porquê não podia ser outra pessoa.

– Eu tenho muitas coisas para resolver, Aaron. Sinto muito. - eu disse. De fato eu sentia e minha voz entregou isso. Ele me encarou e finalmente viu que não era por birra que eu não estava aceitando. Eu realmente não podia.

– Você vai acabar no meio disso. Eu sei que vai. - ele disse, jogando dinheiro em cima da mesa para pagar a conta. Se levantou e parou na porta, olhando para mim. - Farei isso acontecer.

Ele saiu sem esperar uma resposta. O que ele disse não era uma ameaça, não mesmo. Era como uma promessa.

Chamei o garçom e usei o dinheiro que ele havia deixado para pagar a conta.

O restaurante que Aaron havia escolhido não era muito distante da minha casa, então resolvi ir andando.

Eu estava olhando para o outro lado da rua quando me choquei com algo, ou alguém, no meu lado da rua.

– Ai meu Deus, sinto muito! - me desculpei, enquanto me abaixava para juntar as coisas que caíram da minha bolsa. Meu cabelo estava tampando minha visão, então não via para quem eu estava pedindo desculpas.

– Eu estava tão distraída, sinto muito mes... Oh! - cortei minha fala no momento em que me levantei e tirei o cabelo da minha cara, podendo finalmente olhar para a vítima da minha distração.

Ela continuava imóvel, olhando para mim. Por uma batida de coração, os seus olhos eram afetuosos. E então tornaram-se frios.

– Devia prestar mais atenção. - Christopher disse, utilizando uma voz debochada.

Acenei minha cabeça em concordância e sai, passando por ele. Mas como pessoa idiota que sou, parei no meio do caminho e me virei. Ele ainda estava parado, me acompanhando com os olhos.

– Acredito que você também estava distraído, pois poderia facilmente ter evitado isso. - Falei. Então algo surgiu na minha mente... - Ou você estava prestando atenção e não queria evitar. - conclui, de um modo presunçoso que não mude evitar. Dei um meio sorriso quando sua expressão entregou que minha última hipótese estava certa.

– Até mais, Christopher. - me despedi, balançando a cabeça em descrença divertida.

Ao contrário do que eu esperava, o restante do meu caminho não foi conturbado de reações frenéticas pelo que aconteceu com Christopher. Nada de coração acelerado, borboletas no estômago, mãos suando ou felicidade por ele propositalmente ter entrado no meu caminho.

Na realidade, eu fiquei triste. Eu não queria pensar nele. O que cada pedaço no meu corpo ansiava era chegar em casa e tentar ligar para Charlie, o que eu vinha fazendo há um tempo. Aaron e Christopher me atrasaram.

Todo momento livre que eu tinha era reservado para essas ligações. Eu havia até mesmo esquecido Justin por um tempo. Whitney poderia esperar.

Eu fui direto para o meu quarto, sem ir atrás de falar com Carla. Sentei na cama e estava prestes a apertar na opção chamar quando o meu próprio celular começou a tocar. Infelizmente, não era Charlie.

– Oi mãe. - falei ao atender o telefone.

– Olá querida. Como você está? - ela perguntou, utilizando uma voz mais suave do que a que eu era acostumada a escutar.

– Estou ok. Algum problema? Está tudo bem? - perguntei, preocupação crescendo em mim. Ela riu levemente do outro lado da linha.

– Sim querida, não se preocupe. Liguei apenas para dar uma noticia. - disse, soando animada.

– O que é? - perguntei, curiosidade crescendo em mim. Que noticia faria minha mãe me ligar e fazê-la ficar animada?

– Seu pai irá fechar alguns contratos nos Estados Unidos - ela começou a dizer. Negócios? Eu não esperava por isso. Minha curiosidade diminuiu. - Passaremos um tempo por ai, umas duas semanas talvez. Iremos ainda hoje e amanhã nos três iremos viajar.

– Como assim nós três? - questionei. Fiquei feliz por eles estarem vindo, mas dificilmente passaríamos algum tempo juntos se papai estava vindo a negócios. E se eles estavam vindo, como iriamos viajar?

– O empresário com o qual ele irá conversar nos convidou para ir passar o final de semana nos Hamptons. - explicou - Pegue todas as suas roupas de praia. Mandaremos um carro buscar você amanhã!

Praia. Meus pais. Viagem divertida de negócios. Tudo bem. De repente uma ideia surgiu.

– Mãe, posso levar a Carla? Por favor! - pedi animada.

– Ah querida, sinto muito. Já estamos levando o novo estagiário do seu pai. Não queremos abusar. - ela disse, parecendo triste. Eu também estava.

– Tudo bem. - falei, tentando disfarçar a decepção na minha voz.

– O motorista estará ai às 8 horas, tudo bem? Será divertido, meu amor. Haverá companhia para você lá. Tenho que desligar, amo você. - se despediu, desligando antes que eu pudesse responder.

Fiquei parada por alguns minutos processando a informação até que Carla entrou no quarto.

– Que cara é essa? - ela perguntou, enquanto sentada na minha cama.

– Preciso arrumar algumas malas. - respondi, dando um meio sorriso triste.

Eu não imaginava como um final de semana na praia longe da Carla seria divertido. Eu teria meus pais, mas mesmo com todo o clima de descontração, sempre seria uma viagem de negócios. Eu ficaria sozinha enquanto eles se trancavam em salas para discutir contratos milionários.

Suspirei e comecei a trabalhar, esquecendo que há pouco tempo eu estava pronta para ligar para Charlie. Amanhã eu tentaria novamente.

***

Biquínis, maiôs, tangas, óculos de sol, protetor solar e outras coisas lotavam minha mala que estava sendo colocada com dificuldade pelo motorista no porta malas. Sorri envergonhada para ele em pedido de desculpas.

– Eu queria que você fosse. - falei para Carla, parada na frente dela com a porta do carro aberta.

– Deixe de reclamar. Você vai estar com seus pais, aproveite! - ela disse ao me abraçar. - Se divirta e cuidado para não escolher o biquíni errado, nem todos combinam com seu cabelo.

– Tudo bem. - falei, revirando os olhos para a preocupação dela - Aproveite sua folga sem mim.

– Oh, eu irei. - ela disse, piscando o olho marotamente. Dei um último abraço nela e entrei no carro.

O motorista me levou até uma pista do aeroporto onde um jatinho particular aguardava. Desci do carro e fui direto em direção a minha mãe, que me esperava com um sorriso no rosto.

– Mamãe! - exclamei, enquanto à abraçava.

– Chloe, minha querida. Você está tão linda! - ela disse sorrindo depois de encerrar o abraço para me olhar melhor. - Eu estava com tanta saudade.

– Eu também mãe. - eu disse, abraçando-a novamente. Eu não havia percebido o quanto até aquele momento. Eu apenas a encarei sorrindo após terminar o abraço. As feridas da saudade se curando apenas de olhá-la.

Elizabeth Lamont McLaggen é o tipo de pessoa que parece ter vindo de outro mundo; 40 anos, 1,63 de altura, olhos azuis e cabelos ruivos, se tornando mais deslumbrante a cada dia. Ela nasceu em Edimburgo, na Escócia, começando lá a sua carreira de atriz. Pouco tempo depois se tornou uma das melhores atrizes da Europa, conquistando todos - inclusive meu pai. Depois de casada ela deixou para trás a carreira e a cidade natal. Não porque meu pai pediu, longe disso. Ela apenas queria se dedicar a família que ela estava construindo.

– Oh, lá vem seu pai! - ela disse, olhando por cima do meu ombro. Virei-me.

De fato, meu pai estava saindo de um carro e vindo em nossa direção.

– Olá Chloe. - cumprimentou, beijando minha testa.

– Oi pai. - respondi sorrindo. Nada de abraços ou dizer que estava com saudade. Sem surpresa, meu pai é, bem, meu pai.

Após isso, voltei a olhar para o carro e vi que vinha mais alguém além do motorista que trazia as malas. Meu mundo girou por alguns segundos e eu perdi a respiração.

– Tá de brincadeira! - sussurrei, sem acreditar. Meu coração batia como um louco. Fechei os olhos com a intensão de acabar com a ilusão que minha vista estava pregando, mas quando os abri novamente, eu tive certeza. Era ele.

Alto, branco, loiro, olhos verdes, cabelos levemente ondulados. Era ele. Quando chegou até nós, tudo que eu conseguia fazer era encarar.

– Chloe, esse é Sr. Hemsworth, meu novo estagiário. - meu pai disse, alheio ao que acontecia na minha mente.

Eu queria ligações, apenas ligações.

Eu não estava preparada para lidar com Charlie Hemsworth em pessoa na minha frente.


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