Bem-vinda à América! escrita por Gabi Torquato


Capítulo 11
A Proposta.


Notas iniciais do capítulo

Serei breve: aproveitem! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/594993/chapter/11

Todos da Legacy podiam perceber que não tive uma boa noite de sono assim que desci da Mercedes-Benz Maybach S600 e coloquei minhas botas Valentino no chão. Eu estava como um zumbi porque dormi um pouco a tarde - com direito a sonho -, e passei toda a madrugada acordada. Eu até estava com sono, mas não conseguia dormir. E quando consegui pregar os olhos, faltavam exatas duas horas para eu ter que acordar de novo.

Passei por todos que estavam na entrada sem olhar, focando em segurar minha bolsa Marc Jacobs e meu copo de café. Mesmo ignorando-os, ouvi cochichos. Claro que ninguém havia esquecido da festa, isso seria esperar demais.

Corri para o meu armário esperando dar de cara com Lola, já que éramos vizinhas. Desde a festa não nós falamos, e eu não sabia se ela estava com raiva de mim ou não. Sabe, pelo fato de que ela estava ficando com Nathaniel e aparentemente, eu também.

Dito e feito, Lola estava onde eu esperava. Apressei o passo para chegar a tempo.

– Oi Lola. - disse animada, antes mesmo de eu chegar em meu armário. Ela sorriu para mim. Graças ao Universo ela não parecia com raiva.

– Olá. - cumprimentou. Ela não parecia estar com raiva, mas também não parecia tão animada quanto eu.

– Tudo bem? - perguntei, lutando com meu código.

– Sim. - respondeu, sem um pingo de animação, fechando seu armário e indo embora.

Ok, isso é um problema. Problema do tipo: minha única amiga aparenta não querer mais ser minha amiga. Agradeci ironicamente para minha sorte, peguei tudo que precisava para minhas aulas e sai. E obviamente atraindo muita atenção nos corredores. O que eu sabia que não era porque meu vestido azul bordado estava curto ou porque estavam todos maravilhados por eu ter combinado um vestido tão menininha assim com botas de spike. Além de um arquinho fofo verde no cabelo - verde porque qualquer acessório amarelo se perde em meu cabelo, então sempre terei que usar um verde por conta da história de ter que usar pelo menos duas das cores da escola na roupa, caso você não queira usar uniforme. Na verdade, isso serve quase unicamente para as meninas. Os meninos preferem usar o uniforme, embora sempre dando toques estilosos.

Cheguei na sala de Francês, a primeira aula do dia na segunda. Ao contrário do primeiro dia de aula, as cadeiras não estavam mais em círculos. Estranhamente, quase todos já estavam na sala. Me arrastei para um lugar vazio, duas cadeiras de distância de Lola e sem nenhuma companhia desagradável ao redor - subtende-se Whitney e suas seguidoras, Nathaniel e Christopher -.

A professora Madeleine chegou e atrás dela vinha Nathaniel, com seu andado egocêntrico, sem um pingo de pressa.

Onde está Christopher?, pensei.

Olhei ao redor e vi que eu não havia reparado no fundo da sala. Ele estava lá, sentado em um canto e olhando para um ponto fixo no chão. Estranho, eles não estavam se falando? Na verdade, eu não estaria falando com o outro depois de dar/levar um soco, então entendo.

Dizer que não prestei atenção na aula é eufemismo. Fiquei reparando na postura forçadamente ereta de Lola, e às vezes me virava discretamente para olhar para Christopher. Eles estavam esquisitos, assim como eu suspeitava também estar. Nathaniel era o único que estava agindo normalmente, algo esperado considerando seu carater duvidável.

Eu não podia esperar para falar com Lola. Escrevi em um papel e me levantei para fazer a ponta do meu lápis, embora nem estivéssemos escrevendo. Acidentalmente, deixei cair algo na mesa dela.

Olhava de relance para ver se ela já havia terminado de responder, mas ela parecia jamais terminar. Eu iria ficar apontando o lápis até ele sumir se a Professora Madeleine não tivesse me chamado atenção perguntando se eu iria apontar toda a Amazônia.

Sai para o meu lugar com rubor por todo meu rosto, mas por sorte Lola terminou de escrever bem nesse momento.

Peguei o papel e fui abrindo-o enquanto chegava no meu lugar.

Lola, por que está assim? Tudo por causa daquele boato sobre Nathaniel? Por favor, é ridículo!, eu havia escrito

Um boato? Você não negou que tinha saído com ele! Sabe, o que me faz duvidar? Você realmente ficou com Christopher, porque não teria ficado com o irmão? Mesmo se você tivesse saído por qualquer outro motivo, não custava ter me dito antes para poupar o constrangimento., respondeu com uma força desnecessária na escrita. Talvez ela estivesse sim com raiva. Respondi apressadamente.

Não havia como eu mesma dar a folha, então pedi para o garoto espinhento à minha frente.

– Obrigada. - sussurrei, enquanto entregava o papel.

Tudo teria dado certo se na hora que ele estivesse passando para Lola, a professora não tivesse mandando-o parar e pego o papel.

Droga, gemi me abaixando na cadeira.

– Ora, a Senhoritas Lola e Chloe estão treinando seu dialogo. Que tal participarmos? - disse ela, ironicamente. Então começou a fazer o que eu temia: ler.

Tudo bem que em francês e poucos entendiam de fato. Mas os que tinham alguma noção davam risadinhas. Mas o constrangimento era completo porque o nome de Nathaniel e Christopher dava para entender em qualquer língua.

Quando ela terminou, eu estava quase no chão de tanta vergonha. Meu rosto devia estar pegando fogo. Soltei um suspiro por finalmente ter terminado...

Mas não terminou.

– Interessante dialogo! Agora srta McLaggen, que tal traduzir a última frase para o inglês? Acredito que seus colegas não entenderam. - ela pediu, sorrindo.

Olhei mortificada ao redor da sala e parei meu olhar em Nathaniel. Ele estava sorrindo para mim, adorando tudo isso.

Fiquei ereta e decidi que não era tão ruim falar. Era apenas a verdade.

– Eu não ficaria com Nathaniel Lightwood porque eu o acho um idiota. - olhei-o pronunciando a última palavra lentamente para que ele entendesse - E muito menos faria alguma coisa com ele nos bancos da limusine. Até porque todos sabem que ele provavelmente deve ter herpes. - conclui.

A sala explodiu em risadas porque a última parte não havia sido traduzida para o francês pela professora. Olhei para Nathaniel e ele não estava sorrindo, assim como Christopher, que conferi depois dando uma olhadinha discreta.

Sem surpresa alguma, cinco minutos depois eu estava sentada na cadeira aposta a da diretora Meryl, protestando que eu havia sofrido uma injustiça.

Eu nunca havia sido mandada para a diretoria. Sem modéstia alguma, eu era a aluna exemplar! Se tivesse alguma nota acima de A+ eu com certeza iria obtê-la. Tudo bem que quando você olha para mim usando botas de mais de mil dólares, eu não pareço exatamente o tipo de pessoa inteligente. Por que quem dá mais de mil dólares em alguma coisa?

Mas eu era sim. Na verdade, uma nerd total! Na França e na Suíça participei de vários projetos e olimpíadas cientificas. Passava boa parte do meu tempo assistindo Cosmos, lendo livros como meu finado Uma Breve História do Tempo e amando artigos científicos e documentários que o resto da humanidade acharia mortalmente chato.

Então cá estou eu, na diretoria pela primeira vez na vida por ter dito que alguém provavelmente tinha herpes. Quer dizer, também porque eu estava passando bilhetes durante a aula e não estava prestando atenção, mas principalmente por isso.

Eu sinto muito, de verdade mesmo. - falei - Estou passando por um momento difícil e não podia esperar para falar com Lola. Além do mais, vocês não podem me acusar de não prestar atenção na aula. É francês básico, e eu sei avançado. Tudo começou no erro cometido, quando não me colocaram em Alemão Intermediário.

A diretora Meryl arqueou a sobrancelhas. Nunca vi ninguém acima dos 45 fazer isso e ainda continuar bonita, mas ela continuava.

– Você está colocando a culpa em nós de ter vindo parar na diretoria? - ela perguntou cética.

– Basicamente sim. - respondi confiante. - Eu não prestar atenção na aula é uma consequência de eu não estar assistindo ao que eu realmente gostaria. E estar na diretoria é uma consequência de eu não estar prestando atenção na aula. É tudo uma rede de situações interligadas.

Ela apenas balançou a cabeça e eu jurei ter visto um sorriso.

– Pode ir Chloe. Mas trate de não voltar. - ela disse, parecendo bastante séria sobre eu não voltar.

Acenei a cabeça e sorri.

– Obrigada. - agradeci. - Com licença.

*

Desde minha visita à diretoria o tempo passou voando. Quando me dei conta, o sinal já havia tocado indicando a hora do almoço. Eu estava quase no portão, ainda tentando lembrar qual restaurante eu havia escolhido para hoje, quando alguém me chamou atenção.

Não era Christopher como nos velhos tempos esperando para que fossemos juntos. Era alguém que inacreditavelmente conseguia chamar mais atenção que ele, levando em consideração todas as cabeças que viravam para olha-lo quando passavam.

Era alguém que eu já havia beijado, assim como já beijei Christopher.

Era Aaron Thompson.

O que ele fazia ali? Por mais que tentasse imaginar, não conseguia encontrar um motivo. O que um astro teen estaria fazendo no portão de uma escola?

Na Legacy víamos filhos de estrelas, não elas. E ainda sim suspeitava que Aaron fosse jovem demais parar ter um filho. Pelo menos um em idade de frequentar essa escola.

Demorei algum tempo para sair do choque. Meu cérebro lembrou a mim mesma que eu deveria começar a andar para chegar ao restaurante. Que felizmente me lembrei qual era. Fica a pelo menos uma quadra da escola.

Finalmente comecei a andar, indo pelo outro lado do portão para não passar em frente ao cantor. Se eu fiz isso para passar despercebida - não que eu ache que ele lembra-se de mim -, imaginem o quanto eu me senti supressa quando escutei alguém chamar meu nome.

– Chloe McLaggen?

Olhei ao redor. Não havia ninguém além de Aaron do outro lado do portão, eu e umas garotas um pouco mais novas que eu digitando freneticamente em seus iPhones 6 Plus.

Levando em consideração o fato de que ele estava olhando para mim e eu duvidava que as garotas tivessem uma voz tão grossa, descobri quem havia me chamado.

– Eu? - perguntei confusa.

– Se esse for seu nome. - ele brincou, sorrindo.

– Hm... - falei. Muito inteligente! - Quer dizer, é.

Ele andou até mim e estendeu a mão em cumprimento.

– Aaron Thompson. - se apresentou, como se eu e mais metade do mundo não o conhecesse. Apertei sua mão, ainda confusa.

– Chloe... - disse. Ficamos em silencio por um momento em um aperto de mão congelado, até que eu soltei sua mão porque eu estava ficando infinitamente constrangida.

– Então... É seu horário de almoço? - ele perguntou, olhando casualmente para a escola.

– Sim. - respondi, ainda sem entender.

– Legal. - ele falou sorrindo.

Segundos de silêncio novamente.

– Desculpe-me, não quero ser grossa nem nada... Mas eu não estou entendendo. - falei - O que faz aqui? E o que necessariamente quer comigo?

Inesperadamente, ele ficou vermelho de vergonha. Sim, eu fiz um dos jovens vai cobiçados do mundo ficar com vergonha. Um cara que sempre aparece na lista dos mais ricos-abaixo dos 25-, gatos e sexys do mundo. Após pensar nisso, foi minha vez de ficar com vergonha.

– Sei que não nós conhecemos. Ou melhor, nunca fomos apresentados formalmente. - ele disse, e nessa hora lembrei-me do episodio na boate que Nathaniel me levou - Mas eu gostaria saber se posso acompanhá-la no almoço. Preciso falar com você.

– Precisa falar comigo? - perguntei estupidamente. Não consigo decidir o que é mais bizarro: ele pedir para me acompanhar ou precisar falar comigo.

– Sim. - ele respondeu, rindo da minha confusão.

– Sobre o que exatamente? - eu perguntei, tentando soar menos idiota possível.

– Tenho uma proposta para você. - respondeu, sorrindo de lado.

Não me pergunte o que deu em mim para aceitar sair da escola com um estranho - mesmo que um estranho famoso - para almoçar. Se bem que foi exatamente isso que fiz com Christopher no meu primeiro dia de aula.

Acontece que eu estava curiosa para saber que proposta Aaron Thompson - cantor, compositor e protagonista do sonho das adolescentes - tinha para fazer.

Então saímos juntos pelo portão da Legacy Academy.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pedidos de sempre: comentem, favoritem e recomendem. ♥♥♥
O look da Chloe: http://weheartit.com/entry/191423732/in-set/95539795-looks-fanfic?context_user=gabrielletf
Beijos, até o próximo capítulo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bem-vinda à América!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.