A enxaqueca está me matando. E o som estridente que sai dos fones de ouvido do rapaz ao meu lado também. E o fato de que eu estou em um avião com destino a Nova York, mais ainda.

Eu estou tentando me recordar de qualquer coisa que eu possa ter feito de errado nos últimos meses, mas nada me vem a memória. O motivo dos meus pais terem me mandado embora é, até agora, inexplicável. Não é como se eles estivessem me mandado embora de uma maneira agressiva ou algo do tipo, eles apenas chegaram calmamente em mim e disseram "Que tal ir morar nos Estados Unidos?". Mas claro que dizer não como resposta nunca foi uma opção. Pensei em gritar, chorar, fugir de casa... Mas em quê isso iria adiantar? O choque por eles quererem ficar a um oceano Atlântico de distância de mim me fez ficar calada como uma idiota. Claro que eu tentei várias vezes perguntar o motivo, mas eles sempre davam a mesma desculpa: "Vai ser bom para você." Bom para mim como foi quando me mandaram para o internato na França, bom para mim como quando me transferiram para a Suíça? Não, eu acho que é mais uma questão de ser bom para eles. Meus pais sempre parecem estar me mandando para longe. Eu reconheço que me mandar para o internato na Suíça foi bastante benéfico para mim, eu estava em uma má fase. Mas antes disso, eu não via motivo de me mandarem para a França.

No último ano, meus pais decidiram me tirar do internato na Suíça, então eu estava estudando em Cambridge e ia para Londres nos finais de semana. Eu finalmente estava me estabilizando, reatando minhas velhas amizades conquistadas nas poucas férias que realmente pude passar em casa. É bem complicado ter amigos fixos se você está sempre de um lado para o outro dentro de um avião, nunca passando tempo suficiente. Ir embora mais uma vez estraga qualquer progresso que eu tenha feito.

Seja lá o que me espera nos Estados Unidos, eu espero que seja bom.