Cap.6

 Nem é preciso dizer que Joseph adorou Leah.

 Quando chegamos, o encontramos abrindo as portas da oficina. Terminei de ajudá-lo e apresentei Leah, os dois se cumprimentaram e logo começaram a conversar, era óbvio seu encanto. Enquanto isso, eu já havia começado a trabalhar num carro que havia chegado ontem ao final do expediente.

 Algum tempo depois, Leah precisou ir embora, estava quase na hora de começar seu dia de trabalho no restaurante. Ela se despediu de Joseph, que alegremente disse que aparece-se quando quisesse para nos fazer uma visita. Eu já estava sujo de graça, Leah me analisou com olhos ferozes, me deu um beijo discreto e rápido, tomando cuidado para não se sujar, e foi trabalhar.

 Depois que Leah se foi, Joseph puxou uma conversa agradável enquanto trabalhávamos. Por vezes ele disse o quanto Leah uma boa moça e que tínhamos muita sorte por termos um ao outro, e eu não pude deixar de concordar. Joseph também falou sobre casamento e que se um dia eu e Leah seguíssemos por esse caminho, ele tinha certeza de que seriamos como ele e sua esposa.

 Mais tarde, a Sra. Katherine apareceu com pedaços de bolo, disse que queria avaliar por conta própria o homem que seu marido havia contratado para ajudá-lo. Ela era um mulher bonita e gentil, cai em suas graças em questão de poucos minutos. Joseph não perdeu tempo e foi logo contanto que havia conhecido á bela mulher ao qual, em suas palavras, pertencia o meu coração. Também não deixou de mencionar o fato de como parecíamos com eles quando mais jovens e Katherine pareceu ficar animada.

 Logo eu estava aceitando jantar em sua casa no sábado á noite.

 Pov.Leah

 Quando Leah chegou ao restaurante, dois minutos antes do horário de funcionamento, todos os funcionários trabalhavam a pleno vapor. Ela rapidamente vestiu o avental do uniforme e prendeu os cabelos agora um pouco mais cumpridos num rabo de cavalo alto, indo direto para a cozinha quando terminou. Lá encontrou o outro novato devorando algumas rosquinhas com cobertura rosa, ela pegou duas e ambos aguardaram seu supervisor vir orientá-los.

 No entanto, logo descobriram que Daniel havia pegado um resfriado e não viria trabalhar, então foram designados á Livya, uma loura de nariz empinado que se apresentou como prima de segundo grau do dono e era recepcionista do lugar.

 Leah não era de ter frescura com nada, então quando foi mandada limpar os banheiros ela foi sem problemas. Mas logo ela percebeu que não estava fazendo exatamente aquilo que fora contratada para fazer. É claro que todos ajudavam na limpeza além daqueles que eram os responsáveis por essa função, mas cada um tinha sua função principal, e Leah havia sido contratada para ser garçonete.

 -Juro que não estou entendendo nada!- desabafou Nick, enquanto os dois lavavam a pilha de louças.- Livya me mandou limpar a confeitaria e foi o que eu fiz. Então do nada veio uma mulher e disse que eu não estava fazendo meu trabalho, disse que eu estava me envolvendo na função dos outros, então o cara que me contratou, Paollo, que estava com ela, me perguntou o que eu estava fazendo e eu disse que Livya havia mandado eu limpar a confeitaria. Ele me olhou com uma cara estranha e mandou que eu fosse vestir outro avental e cuida-se de servir os clientes.

 -Então por que esta aqui agora?- perguntei, ele ergueu as mãos cheias de espuma.

 -Exatamente!- exclamou.- Quando fui fazer o que Paollo mandou, Livya apareceu e disse que eu devia ir para a cozinha lavar a louça suja, pois era onde precisavam que de mim. Falei a ela o que Paollo havia dito e ela gritou comigo!

 Fiquei quieta, Nicholas também, ele parecia derrotado.

 -Vocês, o que fazem aqui?- perguntou uma voz. Era Paollo.

 Nick e eu trocamos olhares antes de dar de ombros e responder.

 -Livya.- falamos.

 Paollo bufou, claramente irritado.

 -Escutem o que vou dizer agora, vão imediatamente trocar de uniforme e ajudem os outros garçons a servir os clientes, estamos em pleno horário de almoço e precisamos de todos exercendo sua devida função.- ordenou Paollo.

 Rapidamente fizemos o que nos foi mandado. Eu estava servindo um casal simpático quando Livya apareceu atrás de mim.

 -O que acha que esta fazendo?- ralhou ela.- Mandei que lavasse os pratos, volte já pra lá.

 -Paollo disse que eu deveria fazer o que fui contratada para fazer, o que no caso, é servir os clientes.- respondi.

 -Não me interessa o que Paollo disse, eu sou sua supervisora e mandei que cuidasse dos pratos.- exclamou ela, com raiva.- Eu sou prima do dono, uma palavra minha e você já era!

 -Livya.- chamou Paollo, pigarreando.

 -O que você quer?- reclamou ela.

 -Com licença, perdoem o transtorno.- falou Paollo, cordialmente para o casal. Então agarrou Livya pelo braço.- Continue seu trabalho, Leah.

 Observei perplexa os dois se afastarem. Então me virei novamente para o casal.

 -Perdão, desculpem por esse transtorno, poderia trazer-lhes mais alguma coisa?- falei, com um sorriso amarelo.

 -Não, muito obrigada.- respondeu a mulher.

 Assenti e voltei para perto da cozinha, indo entregar os próximos pratos. Nick cruzou olhares comigo e fez um movimento de cabeça, indicando que havia visto a cena com Livya e Paollo, dei de ombros.

 Pouco depois, fui designada a servir sobremesa ao casal que havia visto a cena, como cortesia pelo transtorno. Eles não pareciam ter dado importância, mas agradeceram a sobremesa. Quando a conta foi pedida e outra pessoa foi atendê-los, torci para que tivessem ficado satisfeitos.

 Livya voltou para seu posto junto a recepção, sua raiva parecia fluir pelo local e se direcionar até mim e Nick, que se juntou a mim para almoçar. Ao final do expediente, fomos chamados na sala da gerencia, Paollo nos olhou de alto a baixo e suspirou.

 -Queria pedir desculpas por Livya. – começou ele, fiquei surpresa.- Ela é realmente... difícil de lidar. Acho que todos aqui já tiveram pelo menos uma desavença com ela. Enfim, o que quero dizer, é que ela não vai incomodar vocês, qualquer problema vocês devem falar comigo e com Daniel, que é seu superior.

 Eu e Nick não falamos nada, apenas ouvimos e assentimos quando ele acabou. Fiquei surpresa com a declaração que Paollo fez.

 -Vocês tem algo há dizer?- perguntou.- Sei que ela não se mostrou ser uma pessoa agradável e que pelo que eu presenciei mais cedo, não tratou vocês com total ... respeito.

 Me encolhi ao entender sobre o que Paollo havia dito, o incidente de mais cedo, mas continuei sem falar nada.

 -Bom, você já podem ir, peço desculpas mais uma vez.- falou ele.

 Eu já estava passando pela porta quando Paollo me chamou novamente, resmunguei baixinho.

 -Só queria dizer que os clientes que você estava atendendo quando Livya apareceu disseram para Norbert que você era uma ótima funcionaria e que Livya deveria ser demitida, inclusive, que você deveria prestar queixa pela maneira pela qual foi tratada. Que devíamos prestar mais atenção nos funcionários que contratamos, principalmente, se como eles ouviram Livya dizer, essa pessoa é responsável por outra.- contou Paollo, dessa vez fiquei de boca aberta.

 -Sinto muito que eles tenham dito isso.- balbuciei, Paollo fez um gesto de despensa.

 -Ora, eu que tenho que pedir desculpas. Algo desse tipo sempre acontece quando Livya esta por perto.- falou ele.- Se você quiser prestar alguma queixa, vou entender.

 -Não acho necessário.- falei, ele assentiu. Me virei para ir embora.

 -Boa noite, Leah.