Há muito tempo que não sei o que é planejar um futuro onde Bella não esteja presente, mas o destino não é algo que possamos controlar e como prova disso, aqui estou eu, caminhando ao lado de alguém que até algumas horas atrás eu achava insuportável.

 Leah estava radiante, ia cantarolando sem parar enquanto corríamos na forma de lobo pela floresta. Havíamos decidido ir para um lugar quente e “se jogar de cabeça” no que aparecesse pela frente.

 Agora já era fim de tarde, mas Leah estava empolgada. Ela corria, trotava, nesse momento se parecia muito com Seth, e era engraçado vê-la assim. Eu nunca tive muito contato com Leah antes, mas ela costumava ser alguém alegre antes de Sam partir seu coração, não que fosse algo que ele pudesse controlar naquela época. É claro que não era culpa dela também, mas sua amargura acabou sobrando pra todo mundo principalmente quando Harry morreu e ela foi obrigada a se juntar a matilha, sendo exposta a verdade cruel de que era Emily a escolhida pela natureza e ter que conviver com aquilo diariamente.

 Agora pelo menos, parte daquela alegria parecia ter voltado. Sorri ao vê-la fazendo planos mesmo sem saber onde íamos acabar parando, ela tinha esperança e isso me motivava de algum jeito.

 À noite, Leah não queria parar de jeito nenhum, mas ela estava exausta, então a convenci de voltar a forma humana e eu a carregava, depois de muito discutir, ela se deu por vencida. Em poucos minutos Leah dormia em minhas costas enquanto eu corria pela floresta, até ficar exausto e me esparramar no chão, adormecendo rapidamente.

 Acordei com algo se mexendo em cima de mim e rolei pro lado, mas não antes de me lembrar que era Leah.

 -AHH, JAKE!- ela gritou ao ser jogada no chão.

 Rapidamente me levante e a olhei, ela parecia bem, só estava toda suja de terra. Ela levantou e foi para trás de uma arvore, voltando na forma de lobo.

 “Leah, você sabe que eu já te vi nua, né?” falei, ela me olhou com uma cara de quem ia me matar.

 “O que aconteceu pra você me jogar no chão?” perguntou ela, caminhando ao meu lado.

 “Foi mal, eu acabei dormindo e esqueci que você estava nas minhas costas, daí quando você se mexeu, achei que era um ataque...” respondi, ela riu.

 “Sabia que você é um completo idiota?” zombou ela.

 “Haha, você é muito engraçadinha”, debochei.

 Caminhamos em silencio por um tempo, Leah começou a analisar a paisagem ao redor atentamente, ela parecia fascinada, como se estivesse vivendo uma aventura.

 “Você conseguiu descansar?” perguntou ela, de repente.

 “Estou acostumado a dormir pouco” respondi.

 “Se quiser, podemos parar” ofereceu ela, agora me olhando.

 “Não precisa. Eu queria mesmo era chegar logo num lugar que te agrade, estou com saudade de tomar um banho descente” falei, ela concordou.

 Corremos o resto do dia pela floresta, até que o som do mar chamou a atenção de Leah e acabamos indo até uma praia. Leah sem pensar, voltou a forma humana, vestiu suas roupas e foi até o mar, o sol estava se pondo no horizonte  e uma brisa refrescava o lugar.

 Voltei à forma humana e fui até Leah, ela me olhou e sorriu.

 -É aqui, Jake!- exclamou. Ela estava tão feliz que não pude deixar de sorrir, puxei-a para mim e a abracei, dando um beijo na sua testa.

 -Parece que sim.- concordei.

 Nós passamos a noite na floresta, mas foi quase impossível dormir, Leah não parava de falar. Estava empolgada para conhecer a cidade no dia seguinte e já tinha um plano formado em sua cabeça, que incluía uma casa.

 Quando ela me obrigou a acordar, pulando enlouquecida em cima de mim, ela estava super disposta, mas eu me sentia mais como um zumbi. Aproveitamos a água do mar para dar uma pequena melhorada em nossa aparência e fomos dar inicio ao plano de Leah.

 A primeira coisa foi pararmos numa padaria para tomar café da manha. Depois andamos sem rumo pela cidade que parecia aconchegante, nem muito grande, nem muito pequena. Leah adorava tudo.

 Não sei como, mas encontramos uma casa que estava sendo alugada e Leah insistiu que era ali que moraríamos. A garota jogou seu charme para cima do dono, um velhinho simpático, e quando voltou, ela já estava com a chave em mãos. Quando pedi explicações, ela falou sobre uma conta ela tinha no banco com uma boa quantia de dinheiro. Eu quis protestar, mas era meio impossível falar com ela naquele estado.

 No fim do dia, estávamos sentados no chão do que seria a sala quando tivéssemos dinheiro para comprar os móveis, comendo pizza. A casa tenha três bons cômodos, mas o único que tinha móveis era a cozinha, que havia ficado com os armários do antigo dono, um balcão que dividia a cozinha da sala e a pia. Mas eu estava feliz, eu estava agindo por minha própria conta, embora fosse Leah que fechou o acordo, coisa que combinamos discutir outra hora.

 Nós também havíamos conseguido uma cama de solteiro, a qual dividimos a noite. Leah dormiu em cima de mim, ela estava exausta. Eu fiquei pensando em tudo o que havia acontecido, tudo em menos de três dias, mas mesmo sendo uma mudança repentina, ao olhar para o rosto sereno de Leah, eu sabia que tudo daria certo, pois havíamos encontrado nosso lugar, apesar de ainda não termos total consciência do que fazíamos. E sorrindo eu adormeci, sabendo que não era a droga de um imprinting que me fazia feliz, era as minhas próprias escolhas.