Don't Leave Me escrita por SBFernanda


Capítulo 2
Capítulo 2: Quando eu me apaixonei




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Capítulo Dois: Quando eu me apaixonei

Existem duas reações para um boato. Bem, na verdade existem mais reações, mas existiam duas para o boato que me foi contado. A primeira era levar a sério e me afastar, assustado. A segunda era deixar ver onde isso ia dar. É fácil saber qual foi a que eu escolhi, certo?

Não se engane pensando que não me assustou. Era o Japão, as pessoas sabiam e conheciam a Yakuza. Apesar de não serem um bando de terroristas como os árabes (nada contra eles, contanto que não viessem pro meu lado), eles ainda eram uma máfia e não tinham uma boa fama.

Então eu pensei bastante. A história até que era plausível, porém nada poderia me provar ser verdade, a não ser Hinata, e a não ser que ela me contasse eu não acreditaria em um cara que poderia apenas estar com ciúmes. E ter se metido em um briga séria.

E, claro, para que Hinata me contasse eu teria de ser mais que um cara com quem ela ficou uma vez em uma festa.

Foi assim, com essa desculpa interna, que eu me aproximei de Hinata. Agora nós ficávamos perto um do outro além daquelas aulas. O que, claro, levantou piadinhas dos meus amigos, risadinhas das amigas dela e muito rosto vermelho de Hinata. Ela ficava linda corada. O que não vinha ao caso.

Nas férias nós nos vimos ainda mais. E acho que foi aí que começaram a nos vez como casal, já que íamos ao cinema juntos, ao teatro juntos, a lanchonete juntos. Andávamos juntos. Ok, talvez parecêssemos mesmo um casal, mas eu realmente não me importava.

Quanto mais conhecia Hinata, mais linda ela ficava para mim. Antes fora mesmo apenas a aparência, porque Hinata era mesmo linda, mas, agora, eu a conhecia além disso e ela ficara mais.

Sabia já que algumas coisas a deixavam mais envergonhada do que outras. Um elogio a deixava sem graça, mas dizer algo sobre beijo ou relacionado a isso a deixava ainda mais sem graça. O que não a impedia de beijar, o que deve ser deixado bem claro. Acho que era isso que me fizera gostar mais dela. Ela ficava muito sem graça, mas não escondia a vontade de me beijar — olhando para minha boca, mordendo o lábio inferior —, o que eu achava muito bom.

Além do mais, ela era divertida. Mesmo muito tímida, quando estava com as amigas ou até mesmo só comigo, conseguia se soltar e rir das minhas palhaçadas e até fazer algumas piadas. Eu me divertia com ela. Isso me fez não me importar nenhum pouco com o que as pessoas diziam e até passei a ficar feliz com o “status”.

Quando voltamos a estudar ela estava no segundo período e eu no quarto. Não tínhamos mais matérias juntos, o que me fez falta, já que foi graças a ela que passei naquela matéria horrível em que estive agarrado. Nossos horários ficaram meio bagunçados e foi aí que percebi que ela me fazia muita falta.

Toda vez que nos víamos nos corredores, ela vinha em minha direção ou eu ia na dela. Sempre era a mesma coisa. Quando ela vinha até mim, pegava minha mão e apertava levemente antes de me dar um abraço. Quando eu ia até ela, a beijava na testa antes de a abraçar. Obviamente, esse nosso ritual atraíra olhares novos além dos nossos amigos. Nós já éramos conhecidos como casal.

O ex de Hinata viera meio furioso falar que já tinha me avisado, que eu estava ficando doido. Foi aí que decidi que ele era doido e estava com ciúmes.

Podíamos agir como casal e até já ser um casal, mas não tínhamos títulos, e aquilo foi algo que Shikamaru disse que poderia complicar. Segundo ele, as mulheres eram complicadas e não bastava para elas serem tratadas como únicas e serem únicas, elas gostavam do título.

Para mim aquilo era besteira.

Mas então um dia minha mãe perguntou quem era a menina com quem me vira saindo do cinema abraçado. Quando repondi “Hinata” ela esperou alguma coisa mais. Fiquei olhando para a cara dela, não entendendo o que ela queria dizer com aquela expressão até que completou:

— Ela é sua namorada? — Foi com esta pergunta da minha mãe que eu percebi que Shikamaru estava certo. Hinata deveria estar pensando a mesma coisa, certo?

Certo.

Foi em um intervalo em que nos sentamos todos juntos, como era costume quando podíamos, que uma das amigas de Hinata, Sakura, perguntou:

— Então, esclareçam pra nós, vocês estão namorando?

Esperei Hinata rir, dizer para Sakura parar de bobeira como ela fazia algumas vezes, mas tudo o que Hinata fez foi olhar para a mesa com o rosto vermelho.

Shikamaru riu, deixando o riso sair pelo nariz. Ele tinha avisado que aquilo aconteceria e eu menosprezara o que ele tinha dito. Fiquei sem graça com aquilo, porque Hinata, ao meu lado, estava se encolhendo mais com a falta de resposta e Sakura me olhava quase me fuzilando. Tenten apenas balançava a cabeça negando e meus amigos me encaravam curiosos para como eu fugiria daquilo.

Naqueles segundos eu pensei: Por que não? Eu me sentia bem com ela, não é? Eu ficava com algumas garotas antes dela, mas depois, não mais. Então, de certo modo, eu já estava mesmo em um relacionamento. Foi aí que abri um grande sorriso e olhei pra Sakura.

— Ora, que pergunta mais idiota Sakura. — Talvez pelo o que falei ou então pelo meu tom, Hinata me olhou, ainda vermelha. — É claro que estamos. Certo, Hinata?

Ela me olhou surpresa. Pelo visto, Shikamaru estava mais do que certo, mas Hinata não me colocara contra a parede para saber nada daquilo, ela apenas esperou. Aquilo me fez a achar ainda mais linda.

Eu sabia, por experiência, que muitos relacionamentos legais mudavam depois que o título entrava. Era estranho isso, não fazia sentido. O que mudava para que tudo virasse de cabeça para baixo daquela forma? Mas eu tive sorte. Muita sorte. Com Hinata, nada mudara. Ela continuava saindo com as amigas às sextas ou sábados, para verem filmes na casa uma da outra, fazerem unha, cabelo e sabe-se lá mais o que que Hinata não quis me contar. E eu e os meus amigos continuamos nos reunindo na minha casa ou da no Lee para jogar videogame até de manhã. Continuei saindo com ela nos fins de semana para teatro ou cinema, tomando sorvete ou apenas sentando na rua e rindo. Nada mudara.

Isso me fez pensar que poderia durar. E durou.

Nas férias minha mãe implorou que marcasse com Hinata para que elas se conhecessem. Sim, esse tempo todo e ainda não tinham se conhecido. Por isso falei com Hinata em um dia, pelo telefone e marcamos, após eu ter que implorar para ela e dizer que minha mãe me mataria se ela não fosse.

Naquela noite, antes de vir para minha casa, ela me ligou perguntando o que deveria usar. Como assim? Disse qualquer coisa. Ela ficava linda até com uma camisa larga de moleton que usava para correr — que vi um dia sem querer quando fui comprar pão de manhã —, então eu sabia que não haveria problema. Mas após um pouco mais de insistência por parte dela, percebi que estava nervosa. Nervosa por conhecer minha mãe.

Pouco depois, a campainha tocava, Hinata estava parada na porta carregando alguma coisa em sua mão. Estava linda, é claro. Usava um vestido azul e um casaco de um azul mais claro. O cabelo estava preso em uma trança de lado, com alguns fios escapando da trança firme. Talvez fosse sem querer, mas estava bem bonita. Dei espaço para ela entrar e percebi, por seu olhar, o quão nervosa ela estava.

Minha mãe apareceu antes que eu pudesse dizer alguma coisa, em seu lindo vestido vinho que ia até os joelhos. O cabelo de minha mãe era vermelho bem vivo, o que fazia ela ser totalmente diferente de mim.

— Oh, querida, que prazer lhe conhecer — minha mãe disse, o tom de voz mais alto do que o meu, até mesmo assustando Hinata. Elas se abraçaram.

— É um prazer conhecer a senhora também.

— Ah, não. Senhora não. — Minha mãe fez uns movimentos estranhos com as mãos. — Me chame de Kushina, tudo bem? Naruto lhe ofereceu algo?

— Não deu tempo mãe, você chegou gritando aqui — comentei, rindo.

— Olha como fala, menino. — Ela se virou pra mim, aquele típico olhar assassino. — Não ligue pra ele. Vou pegar um suco para nós. Minato está terminando de se arrumar, ele acabou de chegar. — Antes que Hinata terminasse de agradecer, minha mãe se retirava.

Ri, a olhando. Ela parecia atordoada, ainda segurando o embrulho que trouxera.

— O que é isso? — perguntei.

— Ah, é uma torta. Eu ia entregar à sua mãe… — disse sem graça.

— Ela já está voltando… — comentei. Antes que minha mãe voltasse, porém, me aproximei de Hinata e lhe dei um beijo na testa, deixando meus braços ao redor de seus ombros. — Acho que ela gostou de você.

— Como já pode saber disso? — ela perguntou, sussurrando. Estava mesmo insegura.

— Minha mãe tem o gosto parecido com o meu — falei, dando uma piscadela para ela, que corou.

Neste instante minha mãe voltou, carregando uma bandeja com copos e uma jarra de suco.

— Mãe, Hinata trouxe algo e queria entregar pra você — chamei a atenção dela, antes que começasse a falar novamente.

— Ah, é mesmo? — Ela veio novamente. Hinata estendeu a torta, dizendo que era de nozes e que esperava que gostássemos. — Que linda. Obrigada, querida. Que embalagem linda também.

— Obrigada. Minha irmã me ajudou a confeccionar — ela disse baixo, em contraste com minha mãe que gritava.

— Você quem fez? Ah, não me diga que fez a torta também?

— Ah, sim senhor-.... Kushina. Não sei fazer muita coisa, mas gosto de fazer doces — Hinata disse, sorrindo meio sem graça e meio divertida.

— Não deixe essa escapar, filho — minha mãe disse, dando uma piscadinha para mim e saiu para guardar a torta. Hinata, ao meu lado, estava vermelha e eu acabei rindo disso.

Meu pai apareceu logo depois, passando a mão pelo cabelo molhado, como eu fazia. Eu era parecido com ele e Hinata notou isso também.

— Ah, você deve ser a Hinata — ele comentou, sorrindo. Meu pai falava mais baixo. — É um prazer lhe conhecer finalmente. — Desta vez quem ficou sem graça fui eu. — Seu nome aparece muito nesta casa. Quando os amigos de Naruto estão aqui eles vivem mandando ele desligar o telefone e…

— Pai — murmurei, coçando a nuca. Acho que quem ficou vermelho agora fui eu. Hinata ria, também sem graça, mas não tanto.

— Apenas contando a verdade. Venha Hinata, acho que Kushina trouxe esse suco para nós.

Seguimos para o sofá. Minha mãe se juntou a nós e nem sei dizer sobre tudo o que conversamos. Hinata quase não falava, mas ria muito com meus pais. Afinal, todos riam muito com meus pais. Até mesmo se esquecera de ficar vermelha quando peguei sua mão e trouxe pra mim, onde comecei a mexer em seus dedos, coisa que sempre fazia quando estávamos sozinhos. Meu pai viu aquilo, eu percebi seu olhar e quem ficou sem graça fui eu.

Jantamos no mesmo clima. Hinata elogiando a comida de minha mãe. Aquele prato ela sabia fazer muito bem, mas eu torcia, para o bem de Hinata, que ela não viesse em dias comuns. Minha mãe não era lá uma grande cozinheira, tínhamos todos que concordar com isso.

Na sobremesa eu tive que elogiar. E não apenas por saber que fora Hinata quem fizera, mas porque estava realmente bom. Meu pai também adorou e quando perguntou onde ela comprara, minha mãe quem respondeu que foi Hinata quem fez.

— Vamos sequestrá-la? — ele brincou, minha mãe riu alto. Hinata riu sem graça e concordei.

— Me diga, querida… — minha mãe começou. — E sua família? — Agora era aquele papo constrangedor. Mas percebi que eu sabia muito pouco sobre a família de Hinata.

— Minha mãe faleceu poucos meses depois de minha irmã nascer. Tínhamos cada uma uma babá por isso — ela comentou baixo. Isso eu sabia. — Meu pai adotou também meu primo, Neji, quando meu tio faleceu. Eu tinha 10 anos, ele tinha 12. — Eu também sabia disso, sabia que Neji seria quem herdaria os negócios da família também.

— Oh, eu sinto muito querida — minha mãe comentou, baixinho.

— Tudo bem — Hinata comentou, sorrindo tranquilamente.

— E seu pai? — Meu pai era observador. Ele tinha notado que Hinata não falara do pai. Ela quase nunca falava dele.

— Meu pai é um homem bem fechado, um pouco… distante — ela comentou, olhando para o prato a sua frente. — Ele é um dos sócios da HWS Company. — Pude ver a surpresa nos olhos do meu pai. Eu não conhecia muito, mas sabia que era um grande empresa daqui do país. — Então… é comum quase não o vermos, eu acho.

Torcia para que ninguém mais insistisse naquele assunto, dava para ver que entristecia Hinata mais do que o assunto da morte da mãe. A mãe fora uma fatalidade, o pai não.

— Naruto vai ter que visitá-lo na empresa então quando for pedir permissão pra o relacionamento de vocês — disse meu pai rindo.

Hinata o olhou meio assustada, meio sem graça. Eu fiquei meio surpreso também. Por que teria de fazer algo assim? Mas ninguém insistiu mais naquele assunto.

Mamãe e Hinata tiraram a mesa enquanto eu e meu pai as esperávamos na sala.

— Você vai ter de pedir permissão, Naruto. Ela é de uma família antiga, provavelmente tradicional — ele começou. Abri a boca para falar algo, mas não pude. — Essa empresa deles, existe em todo o mundo, meu filho. Os sócios são bem conhecidos também.

Aquilo me pegou de surpresa e antes que eu pudesse dizer algo para meu pai, ou perguntar, as duas voltaram rindo para junto de nós. Mamãe sentou-se sobre uma das pernas de meu pai e Hinata ao meu lado. Não demorou muito até que Hinata dissesse que preciava ir. Agradeceu a meus pais pelo jantar, aquelas coisas de sempre. Foi então que avisei que a levaria em casa.

Sorte que Hinata não tinha ido dirigindo ou eu não pderia fazer isso. Ela não morava tão longe de mim, não de carro ao menos. Eu nunca tinha ido até lá, porque ela nunca havia permitido. Mas agora eu entendia. A casa de Hinata era uma mansão, quase. Branca e com portões com seguranças. Aquilo foi realmente intimidante, mas tentei não demonstrar.

— Eu sei o que está pensando — ela comentou e dei um sorriso sem graça. — Acredite em mim, é bom ter mordomias, mas é bem chato quando seu pai tenta te vigiar.

— Seu pai tenta te vigiar? — Ela apenas acenou, afirmando. — Que merda… Estou na lista dele então? — comentei brincando, mas ela pareceu não gostar daquilo. — Ei, desculpe… O que foi?

— Minha família não é boa, Naruto. Eu amo minha irmã e dizer que não gosto de nada disso seria mentira, mas estou odiando o motivo de ter isso…

— Hinata, o que foi?

— Foi maravilhosa a noite com seus pais — ela disse, sorrindo fracamente. — Mas eu sei que o que vou contar pode estragar tudo. Não queria, mas estou realmente gostando de você e não quero que se machuque.

Não preciso dizer que no início fiquei confuso, mas depois aquele cara, Kiba, veio em minha mente e todas as palavras dele também. Talvez ele não fosse louco.

— Minha família é bem antiga aqui no Japão. Todos eles são da Yakuza, Naruto. Eu só descobri há pouco tempo, na verdade, mas… — Ela então me olhou. Acho que o que viu a desmotivou, porque eu estava encarando o nada, agarrado ao volante. Ouvi um suspiro e logo a voz dela novamente. — Entendo. Bem, me desculpe. Fique bem, Naruto.

E ela saiu. Observei, ainda dentro do carro, os seguranças a cumprimentarem e ela entrar. Caminhou até a casa e entrou, sumindo completamente da minha vista. Não sei dizer se ela estava chorando ou não, mas estava triste.

Fui par casa logo que consegui recuperar meus movimentos depois do susto. O que dizer? Aquilo mudava tudo! Era tudo verdade e ela tinha medo que eu saísse machucado, o que acabava de confirmar que fora isso que acontecera com o outro cara.

Meus pais me perguntaram milhares de vezes enquanto eu subia o que tinha acontecido, o que me levou a acreditar que minha cara não estava da melhores. Ouvi minha mãe dizendo que iria falar comigo, mas acho que meu pai a deteve. Ele quem apareceu instantes depois.

— O que houve? Ela não gostou?

— Sim, ela gostou muito de vocês — comentei, continuando a encarar o teto, como fazia antes.

— Então…?

— Descobri uma coisa sobre a família dela que muda tudo.

— Até o que sente por ela?

— Ah, acho que sim — comentei tentando dar uma risada. — O que sabe sobre o que sinto por ela, pai?

— Você pega a mão dela quando se sente… atraído. Brica com os dedos. É o que faço com sua mãe. Só que eu mexo no cabelo dela.

— Hm… - murmurei, não sabia onde ele queria chegar.

— Não sei o que descobriu. Se quiser contar, estarei ouvindo, mas se não… apenas pense se ela faz parte do que você descobriu ou não. Se houver um jeito, eu não desistiria.

Não respondi nada para ele, continuei encarando o teto. Se fosse assim tão fácil… Mas não era. Eu nunca fui covarde, mas existe um limite de burrice. Eu queria ter certeza que namorar a filha de um membro da Yakuza não era ultrapassar esse limite.

Por isso dei um tempo dela. Meus amigos se surpreenderam comigo aparecendo em suas casas e ficando lá o dia inteiro, como antes. Era férias e nós jogávamos sempre quando não tinha festas. Não haviam ligações e nem mensagens. Eu era o mesmo de antes de Hinata. Perguntaram, mas quando não respondi perceberam que não era um assunto em pauta.

Foi quando Sakura apareceu na casa de Sasuke em uma sessão de jogos que me permiti pensar no que fazer. Ela me olhou, com cara de nojo e pediu a Sasuke para conversar com ele longe dali. Quando voltaram, o mesmo olhar.

— Você é um idiota, sabia disso? — ela falou, saindo. Não esperou resposta para sua pergunta retórica e todos me olharam, confusos.

Foi assim que pensei em como Hinata estaria enquanto eu evitava pensar no que ela dissera e no que isso podia nos afetar. Enquanto eu apenas jogava videogame. Saí dali e fui pra casa.

Me diz por que seu ex apanhou.

Digitei em uma mensagem para ela. Nenhum “oi”, nenhum “desculpe por sumir”.

Como sabe sobre isso?

Foi o que ela perguntou. Sorri, um sorriso um pouco frio, eu sabia.

Ele não fez segredo. Vão bater mais nele por isso?

Mandei, mas me arrependi assim que mandei. Ela talvez não tivesse culpa, afinal.

Não. Fizeram isso para que ele se sentisse envergonhado mesmo. Meu pai não me queria namorando com ninguém, ele já tem alguém em vista, mas permitiu o Kiba mesmo assim. Deu “uma chance”. Mas foi meu pai quem o viu com uma menina na porta da faculdade. Eu só soube depois que já tinham batido nele.

Eu poderia confiar no que ela estava dizendo? Por que ela mentiria, afinal? Pra proteger a família.

Naruto, eu já disse que não concordo com eles. Não precisa acreditar em mim, mas não tenho porque mentir sendo que já está tudo acabado entre nós.

Aquilo me pegou de surpresa. Eu imaginei, depois de ouvir Sakura, que Hinata estaria esperando para voltar comigo na primeira mensagem. Mas por esta última percebi que ela tinha aceitado.

Demorei para conseguir respondê-la. Não sabia o que dizer. Mal sabia o que pensar, mas meus pensamentos não paravam mesmo assim.

Acha que ele me daria essa chance?

Me vi mandando para ela. Quase no segundo seguinte recebi sua resposta.

Eu não tenho ideia. Mas dependendo de como tivesse sido nossa relação eu não me importaria de fingir ele acreditar que tinha conseguido o que queria pra te deixar em paz.

Novamente pego de surpresa. O que ela queria dizer com aquilo? Ela fingiria apenas para estar comigo?

Não sou de dividir, Hinata.

Mandei. Ela teria de estar com o tal pretendente, não é?

Não teria. Não conheço o tal Toneri. O conheceria apenas no casamento. Tudo planejado. Assim que as coisas funcionam aqui.

Aquilo também me pegou de surpresa. Quando percebi já estava ligando para ela. Falar por mensagem estava pouco, eu precisava ouvir sua voz.

Ela estava desanimada. Talvez não tão bem quanto eu imaginava, mas não era dessas que ficavam chorando pelos cantos. Nossa conversa foi esclarecedora. E por mais que fosse estranho, eu acreditava no que ela dizia. Hinata tinha um tom de voz quando mentia e aquele não aparecera nem uma vez durante a conversa.

Quando perguntei se ela aceitaria voltar comigo, recebi o silêncio de volta. Talvez, sair daquela forma tivesse magoado mais do que imaginava. Mas o que ela esperava?

Foi naquele silêncio que eu percebi que tinha sentido falta dela, da voz e da companhia e por isso mesmo que fiquei os últimos dias apenas no videogame. Desliguei antes da resposta. Não seria bom, se não fosse o que fiz em seguida.

Fui até a casa dela.

Os seguranças não queriam me deixar entrar, mas logo que pediram autorização para Hinata, o fiz. Ela estava na porta, de braços cruzados e o rosto meio vermelho. Demorei para notar que não era de vergonha. Seus olhos também estavam vermelhos. Me senti pior e então, mesmo que ela não quisesse a beijei na testa e abracei.

— Fui um idiota. Me perdoe. Fui muito covarde e isso nunca mais vai acontecer, eu prometo. O que sua família faz não muda quem você é e, por isso, não muda o que sinto por você.— Era isso o que meu pai queria dizer. — Se seu pai não me aceitar… a gente foge. — Ela riu baixo, mas eu falava sério. Porque fazia agora quase um ano que nos conhecíamos. Quase um ano que estávamos juntos também. E talvez, apenas talvez, meu pai tivesse razão sobre ter encontrado alguém por quem valesse a pena o risco. O risco de se ver apaixonado.


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