One step closer escrita por Srta Di Angelo


Capítulo 12
Poesias jogadas fora


Notas iniciais do capítulo

Entãoooooo, tem alguém aí? Eu juro, juro, juro que sempre penso nessa fic, mas eu comecei o 2 ano e ninguém me disse que seria difícil e que eu teria que me matar de estudar e ainda ter que começar a procurar qual faculdade eu quero fazer :( :( :( Naõ fiquem bravas comigo, eu imploro ♥ Espero que gostem desse capítulo e comentem porque agora eu vou voltar a postar e não é igual as outras vezes. Amo vocês ♥



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Acordei e já tinha amanhecido, estava deitado no peito de Kurt enquanto ele me abraçava. Eu conseguia sentir sua respiração no meu cabelo e ouvir as batidas calmas de seu coração, então fiquei parado em meu lugar para não correr o perigo de acordá-lo. Comecei a lembrar de tudo que tinha acontecido ontem

Nós estávamos no quarto de Sebastian e ele estava irritado por algum motivo, eu não conseguia o acalmar e ele não me dizia o que estava acontecendo, parecia que ele não lembrava que eu estava no quarto com ele, como se eu fosse invisível de alguma forma. Então comecei a falar de sua viagem pela Europa na tentativa dele se lembrar da minha presença, mas ele somente me ignorou novamente. Já era noite e corríamos o perigo de algum monitor nos encontrar, então me levantei para voltar para o meu quarto já que nesse momento não valia a pena receber alguma bronca ou castigo, mas Sebastian agarrou meu braço antes de eu conseguir levantar e começou a aperta-lo. Tentei me soltar, mas ele só apertava com mais força então perguntei o que estava acontecendo e ele finalmente me olhou, seus olhos estavam carregados de desprezo e raiva e eu não sabia o que fazer. Finalmente ele falou

—Você está me traindo com ele não está? Eu vi o modo que você o olha, como se fosse tudo que você pudesse ver mesmo a sala estando lotada de outras pessoas. O que? Você está fodendo ele igual fodo você? Está apaixonado pelo Kurt assim como eu?- Ele ia falando e ia apertando ainda mais meu braço, ele levantou e ficou na minha frente. Eu tentava me afastar e entender o que ele estava falando, mas não entrava na minha cabeça. De quem ele está falando? Então lembrei, de Kurt. É lógico que Sebastian iria ficar enciumado de Blaine dar atenção ao Kurt ao invés de ajoelhar e beijar somente seus pés.

—Eu não sei do que você está falando Sebastian, você pode me soltar, por favor, está me machucando- falei, mas estava com medo do que poderia acontecer se ele ficasse com mais raiva.

—Você não pode tocá-lo, ele não merece que alguém idiota como você o bajule. O que vai acontecer quando ele descobrir como a sua família fodida te abandonou? Te largou na rua quando descobriu a aberração que você era? Será que ele ainda vai querer ficar perto de um monstro igual você?- Comecei a chorar enquanto ele falava isso porque era verdade, quando contei para eles na esperança de ser aceito e amado pelos que deviam me apoiar, eles me bateram e me xingaram falando que não queriam uma aberração assim, mas eu tentava não pensar muito nisso porque meu tio era dono desse colégio, ele me acolheu quando soube e me deu a vida que tenho hoje. Quando contei isso a Sebastian tinha a confiança que ele me entenderia e me abraçaria, me consolaria. Mas ele somente riu da minha cara falando que ele faria a mesma coisa se tivesse um filho igual a mim e que ser gay foi somente uma desculpa para eles fazerem isso.

—Sebastian, por favor, para de falar isso, ele não vai me odiar pelo que eu sou ele não é igual a você- Ele começou a rir depois do que eu falei e olhei para ele confuso.

—Ele namorou comigo, por que você acha que ele teria a opinião diferente da minha?- Ele me empurrou e eu caí no chão batendo a cabeça na mesa de estudos dele, coloquei minha mão na cabeça no local e então caiu à ficha, Kurt iria me odiar se soubesse de alguma coisa, ele não poderia saber disso de jeito nenhum eu não quero que ele se afaste de mim.

Então comecei a chorar por tudo que estava acontecendo. Por que ninguém poderia me amar pelo que eu sou, uma vez li que você não precisa ser perfeito para ser amado, mas ao que parece você precisa ser quase.

Me levantei do chão e andei até a porta, eu não sabia o que estava acontecendo com Sebastian, não era a primeira vez que isso acontecia, mas pelo menos ele não me bateu ou fez algo pior. Ele só fez o que sempre faz, me humilha para se sentir melhor.

—Eu espero que você morra- disse saindo do quarto correndo e entrando no meu quarto correndo antes que ele viesse atrás de mim.

Comecei a chorar baixinho novamente, era sempre assim, ele me usava para depois falar o que quisesse e no dia seguinte agir como se nada tivesse acontecido, como se não tivesse quebrado um pouco mais meu coração.

Acho que acordei Kurt, porque ele começou a se mexer embaixo de mim então somente o abracei mais forte e deixei minha cabeça baixa.

—Hey Blaine, o que aconteceu? Você tá chorando de novo swet?- perguntou calmo e eu somente balancei negativamente a cabeça ainda o apertando, ele suspirou e começou a fazer carinho em meu cabelo até eu começar a me acalmar. Quando finamente parei de chorar olhei para cima e ele estava com um olhar preocupado, mas calmo e então deu um pequeno sorriso.

—Bom dia flor do dia- falou divertido e eu dei risada sem conseguir segurar

—Bom dia Kurt, obrigada por tudo- falei sincero e ele somente sorriu e abraçou minha cintura.

Então percebo que já está tarde pelo sol que entra na janela e constato quando olho no relógio, são 8 horas e nos já perdemos a primeira aula.

—Kurt, vamos levanta e se arruma antes que nos percamos a segunda aula também.

Nós levantamos e nos arrumamos rapidamente seguindo então para a aula. Era literatura, uma matéria a qual eu gostava bastante e quando entramos todos os alunos já estavam lá então seguimos para os dois lugares sobrando e consequentemente era do lado da carteira de Sebastian e uma atrás dessa. Fui à frente e sentei na de trás deixando Kurt me olhar de uma maneira curiosa, mas se sentar do lado de Sebastian. Mas isso não foi suficiente para impedi-lo, Sebastian virou para trás e deu um sorriso que qualquer pessoa acharia doce, mas eu somente tinha vontade de vomitar olhando.

—Bom dia meu amor, bom dia Kurt, por que vocês dois se atrasaram para a aula?- perguntou com uma voz de falsa inocência, como sempre faz. Eu queria sair correndo, mas não podia, então Kurt me olhou e respondeu por mim.

—Bom dia Sebastian, nos dormimos muito e nos atrasamos, não foi nada demais- sorriu para Sebastian e ele sorriu de volta assentindo.

—Blaine, amor, está tudo bem com você?- perguntou fazendo uma cara de preocupado.

—Tudo ótimo Sebastian, melhor impossível e você?- perguntei com uma alegria falsa a qual Kurt percebeu e perguntou pelo olhar se estava tudo bem mesmo ao qual eu somente afirmei com a cabeça.

—Tudo maravilhoso, olha a professora chegou- ele falou e virou finalmente para frente, não antes de se inclinar e me roubar um selinho sorrindo logo depois. Eu juro que ainda quero entende-lo.

A aula começou então e a professora começou a falar sobre as escolas literárias que existiram. Começou falando sobre a divisão que levava sendo a primeira a Era Colonial e a segunda a Era Nacional. Então começou a falar sobre o Romantismo, falando sobre a liberdade e a rebeldia dessa escola, a busca pelo amor, sendo ele quase sempre platônico. Valorizavam as emoções e desprezavam o racionalismo. Eu partircularmente gostava bastante dessa escola, os poetas sempre estavam apaixonados, mas às vezes a poesia acabava triste porque o amor da vida deles os deixavam ou morriam, os deixavam moribundos por não conseguir fazer nada sem a amada. O amor pode ser estranho, você não sente falta até senti-lo, pode viver uma vida inteira sem saber o que é isso e não se preocupar porque você não sente falta de algo que não existe para você, mas não é quase nunca esse o caso e sempre à sofrimento com o amor, eu torço pelos que encontram a felicidade porque sempre me imagino encontrando-o. Ela continuou falando sobre o Romantismo, levando a 2° Geração e explicando o quanto os poetas sofriam, os temas amorosos eram levados ao extremo e o pessimismo era constante. Muitos deles morreram muito jovens, o que eu achei muito triste. Ela explicou também um pouco sobre o Modernismo, sobre como com ele veio o rompimento com o tradicionalismo, com a libertação estética algo que foi muito bom, você não precisa escrever tufo perfeito para conseguir definir o que quer escrever, este foi um ponto que marcou bastante a história da literatura, bom pelo menos para mim. Ela sempre se renova, as pessoas se renovam. Na mudança de geração os poetas vão mudando aos poucos suas poesias e sempre se encaixam, tendo uma poesia mais equilibrada.

 Quando a aula estava acabando ela propôs uma atividade para a próxima aula, de estudar em duplas poesias de alguma dessas gerações e trazer na próxima aula uma que realmente o tenha tocado. Eu prontamente perguntei a Kurt se ele queria fazer comigo e ele aceitou mesmo olhando de canto de olho como Sebastian nos encarava, olhei para Sebastian com uma cara de poucos amigos e ele virou perguntando para uma menina que sentava do seu lado se queria fazer com ele, ela logo aceitou e ficou olhando quase babando para ele, coitada, se ela soubesse o quão ele é ruim ela se manteria afastada como eu não pude fazer.

A aula acabou e Sebastian veio até mim e Kurt que falávamos sobre fazer esse trabalho a tarde na biblioteca e disse

—Por que não quis fazer o trabalho comigo?-perguntou com a voz saindo um pouco grossa, Kurt olhou para ele de um modo que somente o fez abaixar a cabeça e sorrir-desculpa amor, só queria saber o porquê- falou dessa vez com a voz totalmente mudada e eu somente conseguia olhar para Kurt porque como ele conseguiu fazer isso?

—Eu queria fazer com o Kurt, mostrar para ele como a professora gosta que façamos os trabalhos, além de poder mostrar a biblioteca a ele- falei cansado ainda de ontem.

Sebastian não discutiu sobre isso e as aulas daquele dia continuaram. Eu e Kurt combinamos de ir depois das aulas para a biblioteca e foi isso que aconteceu. Chegamos lá e deixamos nossos materiais em uma mesa e fomos para a ala dos livros de literatura.

—Você tem algum poema em cabeça para podermos fazer?- Kurt respondeu já pegando um livro com poesias de Vinicius de Moraes e o folheando, eu entendia um pouco sobre os poemas dele então peguei um que dizia ser sobre Carlos Drummond e comecei a ler, só parando quando Kurt começou a recitar.

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

A voz dele parecia tão calma, tão sincera que eu só pude ouvi-lo continuar.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

Ele olhava para mim enquanto recitava e eu não tive alternativa além de termina-lo.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Quando terminei ele sorria para mim e eu sorri para ele também.

—Não sabia que tínhamos um poeta entre nós- Kurt falou de maneira engraçada e eu ri.

—Esse é um dos meus poemas favoritos, é por isso que eu sei- ele somente assentiu e se dirigiu a mesa ainda com aquele livro e eu o segui porque parecia que era só isso que eu sabia fazer, segui-lo onde quer que ele vá.

Passamos a tarde lendo poesias atrás de poesias e lendo-as um para o outro até que eu achei uma. Ela era simples, mas falava tão abertamente e livre que senti ela entrando em mim. Era um daqueles poemas de fundo de caderno, onde lemos e ficamos o dia inteiro com ele na cabeça porque não conseguimos esquecer as palavras ou em quem pensamos enquanto a lemos. Que queremos declara-lo para a pessoa certa, mas mesmo assim não consegue deixa-lo guardado porque está tão ansioso para que o momento chegue e enquanto eu olhava Kurt eu sabia que aquele era o certo, que eu não cometeria um erro crucial recitando para ele porque ele era tão lindo e sincero. Ele estava tão concentrado lendo e não fazia a menor ideia que eu o observava, ele sempre queria achar alguma forma de ajudar, sendo ela alguma coisa grande ou somente algo banal como me ajudar a arrumar meu cabelo em um dia que eu não conseguisse ou me ajudar com alguma tarefa de matéria a qual eu tinha dificuldade. Eu não sei como isso vai se seguir, mas sei que eu não o quero longe de mim, não depois de tudo que já me aconteceu. Então eu somente li ele baixinho porque ele estava do meu lado e era a única pessoa que eu queria que ouvisse.

Se você conseguir, em pensamento, sentir 
o cheiro da pessoa como
se ela estivesse ali do seu lado... 

Se você achar a pessoa maravilhosamente linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos, 
chinelos de dedo e cabelos emaranhados... 

Se você não consegue trabalhar direito o dia todo,
ansioso pelo encontro que está marcado para a noite... 

Se você não consegue imaginar, de maneira
nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado... 

Se você tiver a certeza que vai ver a outra 
envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção
que vai continuar sendo louco por ela... 

Se você preferir fechar os olhos, antes de ver
a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida. 

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes 
na vida poucas amam ou encontram um amor verdadeiro. 

Às vezes encontram e, por não prestarem atenção
nesses sinais, deixam o amor passar, 
sem deixá-lo acontecer verdadeiramente. 

Quando terminei de lê-lo olhei para Kurt que me olhava atentamente, ele tinha escutado tudo e somente ele, e para mim nada mais importava.

—Que lindo esse poema, você acha que esse é o certo?-pergunta ainda me encarando.

—Eu acho você o certo- falei ainda mais baixo, não era para ele escutar, mas acho que escutou porque arregalou os olhos.

—Mas e Sebastian?- ele perguntou ainda meio chocado.

—Bom você não esta me vendo recitar poemas para ele está?- perguntei meio triste porque tudo o que eu queria era uma vida longe de Sebastian.

—O que está acontecendo entre vocês? Foi por causa dele que chorou ontem?- ele começou a perguntar tudo de uma vez.

—Ele não me deixa terminar, o que você espera que eu faça? Que o ame ainda mais por me forçar a um relacionamento ao qual eu não quero?- pergunto quase chorando de novo. Sebastian aos poucos está começando a destruir mais a minha vida e eu estou deixando.

—Bom então eu acho que posso te ajudar com isso- disse dando um sorriso sincero e eu acreditei nele porque se Kurt conseguiu ele pode me ajudar a fazer isso também então dei um sorriso para ele agradecendo e finalmente com um peso a menos nas costas nos terminamos de fazer o trabalho de literatura.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? Odiaram? Acharam um lixo? Por favor me deixem saber o que vocês estão achando porque é muito importante para mim. Beijo no peito e até o próximo.



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