Serena escrita por Kikonsam


Capítulo 8
Descensum


Notas iniciais do capítulo

Este é fuedaaaa, enjoyyyyy.



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Estou no quintal da casa da escola. Está de noite, provavelmente de madrugada. A casa está toda apagada. Por enquanto.

Do nada a casa pega fogo. Em toda janela dela vejo saindo chamas e a casa parece está desabando. Corro para dentro da casa, abro a porta da frente e vejo pessoas gritando e correndo. São as meninas alunas. De repente, vejo Cordelia, Zoe e Queenie andando para mim, como grandes labaredas de chamas:

– Aberração! – gritam todas em coro. Por que ela fala isso de mim?

Estou apavorada, começo a chorar. Até que vejo outra coisa pior ainda.

Das escadas principais, vejo labaredas de chamas no formato de Angie, Abby, Kathy e Maggie descendo.

– Você não soube controlar seus poderes – diz a labareda em forma de Abby

– Agora vai pagar por isso – diz a labareda em forma de Kathy.

As sete correm até mim. Até que eu me lembro. Eu tenho o controle, e se elas querem lutar. Eu luto.

Solto fogo pelas minhas mãos, como jatos d’agua, e todas caem para trás, virando esqueletos flamejantes. Nesse momento me arrependo profundamente do que eu fiz. Só quero sair daqui, só quero sair daqui. Ajoelho-me no chão, e o círculo ao meu redor vai apagando o fogo da casa, até que...

Me sento imediatamente. Quase não consigo respirar.

– Finalmente, esquentadinha – diz Zoe, levantando-se do sofá e indo a minha direção. – Você foi a última, mas ainda assim sobrou duas horas antes que ficasse presa no próprio inferno.

– Inferno? - tinha me esquecido completamente. Já se passara uma semana, e estávamos testando nossos infernos com o Descensum.

– Sim – disse Abby, sentada no sofá e encolhida como se tivesse medo até da própria sombra.

– Qual foi o seu? – perguntou Kathy, saindo de trás de mim.

– Essa casa, em chamas, e vocês dizendo que eu era uma aberração – digo.

– Nossa, foi horrível, Serena – diz Zoe.

– Você não tem ideia. – digo. – Qual foi o seu, Kathy?

– Eu estava em Houston, só que não era bem Houston. – diz ela. – Os prédios eram feitos de pó, e as pessoas estavam feitas de pó também. Não se mexiam como se tivessem sido amaldiçoadas. Chego ao meu prédio que eu morava, e quando pego na maçaneta, o pó paira no ar, desaparecendo com o prédio, e posteriormente com a cidade toda. Acho que o meu maior medo é destruir o mundo com meu poder. Mas eu pensei que nunca iria fazer aquilo, que nunca iria deixar de treinar para controlar meus poderes. E acordei.

– Nossa – digo. – Foi horrível.

– Que besteira! – diz Angie, falando ao lado de Abby, eu ainda está encolhida no sofá. – O meu que foi bem pior. Eu estava na casa dos meus pais, e eles só diziam que eu assustava as crianças, repetidamente, sem parar. Até que eu disse “Já chega!”. E acordei.

– Que horrível Angie. – Digo. Imagino que foi mesmo. Posso imaginar o preconceito que Angie sofreu até conseguir controlar seus poderes.

– Vocês... Não viram o que eu v... vi. - diz Abby, encolhida ainda no sofá, lágrimas escorrendo do rosto.

– O que foi Abby? – pergunto.

– Eu estava numa caixa, - diz ela, olhando fixamente para mim. – E eu me olhava nos espelhos, e só me via como aquela menina forçadamente comportada com cabelos castanhos bem penteados que minha mãe me forçava a ter. Eu tenho claustrofobia, ainda por cima, e a caixa só tinha espelhos em todas as extremidades. Eu gritava, gritava. Ninguém me ouvia. Até que eu soquei um dos espelhos... E acordei.

– Meu Deus – digo. Nunca pensei que Abby tinha pintado o cabelo de rosa claro por conta de revolta.

– O meu foi horrível – disse Maggie, que eu não tinha visto na poltrona do outro lado da sala. – Eu estava no carro com minha irmã, e gritava com ela. Até que o carro bateu. E ela simplesmente morre. Depois ela se levanta, e eu grito mesmo sem querer com ela, e outro carro a atropela. Até que eu digo “Chega!” e vou correndo até ela, pra abraça-la. E acordo.

– Minha gente, eu acho que o meu foi o melhor. – digo.

– O melhor não – diz Zoe. – O menos pior.

– Pois é – digo.

– Mas o que importa agora é que vocês estão preparadas para trazer a Misty de volta – diz Zoe. – Pode ser agora?

Todas parecem concordar, mesmo estando tarde da noite e nós estando vendo tudo á luz de velas.

– Aqui esta o pó, que inala uma fumaça que nos permite transitar entre os infernos. – diz Zoe, mostrando um jarro antigo de prata. – Aqui, uma foto da Misty. – Diz ela, mostrando o único porta-retrato da sala, com a foto de uma mulher loira com roupas de hippie. – Agora, vamos nos deitar em forma de ventilador, como antes, e vamos falar as mesmas palavras em latim. E ir ao mundo inferior. Todas de volta.

Simplesmente me deito, afinal, não me levantei do chão mesmo... Abby, Kathy, Maggie e Angie se deitam em forma de ventilador ao meu redor.

– Prontas? – Pergunta Zoe, segurando a tampa do jarro, que está ao lado do porta-retrato. Todas concordam com a cabeça. – Um, dois, três.

Zoe tira a tampa, e joga no chão. Do Jarro, sai uma fumaça cinza escuro, que se espalha lentamente pela sala. Zoe se deita no mesmo formato que nós, ao meu lado.

– Agora, digam. – diz ela.

Todas dizem em coro:

– Spiritu duce, in me est. Deduc me in tenebris vita ad extremum, ut salutaret inferi. Descensum!


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Notas finais do capítulo

Desculpa postar tão tarde hoje, foi um dia cheio. O de amanhã prometo ser mais cedo. Bjsssss