Next Stop, Happiness! escrita por Yukino Miyazawa


Capítulo 6
Sexta Parada.


Notas iniciais do capítulo

Anteriormente em NS,H!

— O que você quer saber? - Félix perguntou se detendo, um sorriso vacilante em seu rosto.

— Você me fez essa pergunta antes.

Félix hesitou por um momento, seus olhos concentrados na expressão de Niko.

— Eu cheguei de Boston a dois dias, morei lá por um ano - Niko franziu a testa, a nova informação não fazendo sentido em sua cabeça - voltei por que sentia uma necessidade profunda de voltar... voltei atrás de respostas.

— Respostas? Não estou entendendo, que tipo de respostas você veio busca?

— Eu quero descobrir quem eu sou Niko.



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Niko continuou olhando Félix, incapaz de formular um pensamento coerente, muito menos de transforma-los em palavras.

– Eu só não queria que você me achasse mais louco do que você já deve achar... - ele disse com um sorriso incerto.

Eu não estou entendendo disse angustiado, por mais que tentasse, não conseguia fazer com que toda essa situação fizesse algum sentido.

Félix respirou fundo e encurtou a distância entre eles, sua mão se ergueu como se fosse toca-lo, mas ele desistiu e deixou seu braço cair.

– Niko - Ele hesitou por um momento, então sorriu - Isso é mais difícil do que eu imaginava - ele disse, mas parecia dizer mais a si mesmo do que para Niko.

– Pelo começo é sempre a melhor maneira.

– Pelo começo? Bem, isso também não vai funcionar, talvez pelo mais fácil... Como te contei eu morava em Boston...

Boston? Então era lá que ele esteve durante todo esse tempo!

– O que você estava fazendo lá? - Félix o olhou como se tentasse ler seus pensamentos, isso era difícil até para o próprio Niko que não conseguia coordena uma linha de raciocínio para que tudo fizesse algum sentido.

– Eu estava fazendo um tratamento.

– Um tratamento? - Félix confirmou com a cabeça. Niko deu as costas a Félix, podia sentir uma sensação muito ruim se infiltrando em seu corpo, as lágrimas chegaram aos seus olhos, com a voz tremula perguntou - O que você tinha?

– Um tumor... precisei se operado, a operação entre tantas coisas, me tirou todas as minhas lembranças.

Tumor? Operação? Perda de memória? Um pequeno sentimento começou a crescer em seu íntimo. Raiva.

– Você acha mesmo que eu vou acreditar nisso? - Niko disse furioso virando-se para olha-lo.

Félix pareceu surpreso com sua reação, então abaixou o olhar, quando o olhou novamente se concentrou no rosto de Niko como se nunca mais fosse vê-lo novamente. Ele diminuiu a distância e tocou em seu rosto, seus dedos se movendo sobre suas sobrancelhas, suas bochechas, queixo, pela linha do seu pescoço até seu braço, onde deslizou até sua mão. O toque dele fez com que o pequeno rompante de raiva se dissipasse, deixando apenas a surpresa de como o toque dele ainda podia ser tão familiar, não importando quanta tempo ele o tocara pela última vez.

Félix apertou seus dedos entre os dele, por um segundo Niko pensou que ele levaria sua mão até os lábios, gesto que ele tinha feito tantas vezes antes, mas ele levou sua mão até os cabelos dele. Niko arregalou os olhos em choque, ao sentir a linha áspera que tomava metade da cabeça dele.

Uma cicatriz.

Ele estava falando a verdade. Félix estava falando a verdade!

Niko sentiu como se uma onda escura e espessa o tivesse acertado com tudo, o deixando completamente desorientado. Suas pernas oscilaram e sua respiração se agitou. Antes que pudesse impedir, as lágrimas correram por seu rosto.

– Por que você está chorando? - Ele sussurrou com um meio sorriso.

– Eu.. eu... Félix.... eu não sei. Eu ainda estou confuso... Você não lembrar nada do seu passado? Como você foi para em Boston? Quem cuidou de você? Você...

– Niko! Calma! Eu posso responde todas essas perguntas, mas estamos chamando a atenção.

Niko olhou em volta, as pessoas que passavam por eles olhavam com curiosidade, deviam pensar que era uma briga de namorados. Queria e precisava perguntar tantas coisas a ele, queria tanto acredita nele completamente, mas uma vozinha lá no fundo da sua mente ainda persistia em alerta-lo, mesmo que fosse verdade, e Félix não se lembrasse de nada, a operação que o fez perde a memória aconteceu depois que haviam terminado.

Niko balançou a cabeça concordando, mordendo a língua para não disparar a milhares de perguntas que passavam por sua cabeça.

– Podemos ir para um lugar mais calmo, eu quero entender o que aconteceu com você Félix.

Foi a vez de Félix balança a cabeça concordando, sem dizer nenhuma palavra voltou a segura sua mão. Em silencio fizeram o caminho de volta ao estacionamento onde o motorista de Félix os esperava.

–---

Niko tentou formular as perguntas que queria fazer para não se atropelar, após entender tudo que estava acontecendo contaria a Félix que se conheciam, que um dia foram amantes. Respirou fundo quando entraram no estacionamento do shopping, decidiram que o melhor lugar para ter essa conversa séria no escritório de Niko, já que em sua casa havia Fabricio e Adriana, e na dele, na dele não sabia o que encontraria.

Quando entraram no restaurante na mais completa escuridão, o coração de Niko já batia furiosamente em antecipação, atravessaram o salão e depois a cozinha, quando enfim chegaram ao escritório e Niko acendeu as luzes, foi como se o medo também se acendesse dentro dele.

Félix olhou a sala com curiosidade.

– Bonita sala, a última vez que estive aqui não deu tempo de observar os detalhes.

– Não há muitos detalhes a se observar - Niko disse nervoso, falar sobre coisas sem importância parecia mais fácil do que ir direto ao ponto.

Félix encontrou seus olhos.

– Você deve ter muitas perguntas, dando voltas na sua cabeça.

Niko suspirou tremulamente e se apoio em sua mesa, segurando a madeira com força.

– Você não se lembra mesmo de nada?

– Não, meu médico disse que talvez eu possa recordar, mas é um processo - Niko concordou com a cabeça.

– Quem cuidou de você? Depois da operação?

Félix sorriu genuinamente.

– Dois grandes amigos, um deles foi o médico que me operou, o outro você conheceu, foi o que me arrastou da sua sala.

Niko franziu a testa, quem eram esses dois estranhos? Por que eles não avisaram a família dele? O que eles contaram a Félix? O que levava a próxima pergunta.

– E a sua família?

Algo passou pelo rosto dele, algo doloroso. Mas Félix forçou um sorriso.

– Eu não tenho família.

– Não tem família? - Niko disse perplexo - Você disse que não se lembra de nada, como pode afirmar que não tem família!

– Por que minha família não estava do meu lado quando acordei, e por que eu disse a mim mesmo que não tinha família.

– Você disse a si mesmo? Como? Se você...

– Através de uma carta, eu escrevi uma carta para mim mesmo. Nela tinha algumas informações sobre mim, foi um pouco estranho - Félix riu - Ler, uma carta escrita por mim, que eu não lembrava que tinha escrito, uma carta que naquele momento eu sentia que havia sido escrito por um estranho.

– O que dizia a carta?

– Um resumo, muito curto da minha vida, dizia que eu tive um irmão que morreu ainda pequeno, que meu relacionamento com meu pai era péssimo, que ele me odiava, por que eu sou gay, uma linha sobre a minha mãe... ou seja, que eu não tinha família.

Félix deu de ombros.

– E esses... amigos... o que eles contaram para você?

– Uma versão um pouco mais detalhada do que estava escrito na carta, mas não acrescentaram muito.

Niko abaixou a cabeça olhando o chão. Félix acreditava que não tinha família, apesar dele tentar demonstrar indiferença podia ver o quanto isso o machucava. Mas então por que ele havia feito isso consigo mesmo, por que escrever uma carta dizendo a si mesmo que não tinha família, que não tinha ninguém que o amasse.

– Félix, eu... você veio atrás da sua família?

– Não! - ele disse categoricamente - Eu preciso descobrir quem eu sou, quem era esse Félix. Eu não sei explicar, eu carrego essa sensação comigo de que eu preciso encontrar alguém, alguém do meu passado que eu não recordo, preciso encontrar essa pessoa para finalizar seja o que for que ficou pendente, então eu posso seguir em frente.

Félix se aproximou, ficando tão perto que Niko podia ver seu reflexo nos olhos dele.

– Por que... por que você veio atrás de mim? - Niko murmurou.

– Por que quando eu vi você, pela primeira vez desde que abrir meus olhos, não me sentir perdido - Félix tocou o rosto dele, que fechou os olhos com o toque - Sabia que eu cheguei a acreditar que nos conhecíamos - Niko abriu os olhos já não conseguia conter as lágrimas que se derramavam livremente, indo de encontro a mão de Félix que acariciava sua bochecha.

– Félix você não entende... eu...

Félix suspirou.

– Eu sei que eu não tenho o direito de entra na sua vida com toda essa bagagem, mas novamente vou te pedi uma chance. Niko, não sei como nomear o que eu sinto por você, mas é forte, é tão forte que eu tenho a sensação que está entranhado no meu corpo. E novamente ao dizer isso, posso está apenas afastando você mais de mim.

Niko tentou respirar fundo, mas o aperto em seu peito era tão intenso que tornava difícil respirar, sentia-se zonzo com o turbilhão de pensamentos que davam voltas na sua cabeça.

Félix estava na sua frente, e não tinha nenhuma certeza, a não ser que amava esse homem, que o amava desesperadamente.

Ele estava tão perto, que precisou apenas se inclinar para sua boca está sobre a dele, e foi como se depois de um longo tempo no escuro, milhares de luzes se acendessem iluminado tudo a sua voltar. Niko se agarrou a ele, que o segurava com a mesma força. Suas línguas se buscaram e se encontraram, provocando que gemidos escapassem por entre seus lábios.

Quando não puderam mais evitar uma trivialidade como respirar, interromperam o beijo ofegantes. Félix se afastou o suficiente para olha-lo, mais ainda segurava Niko firmemente junto ao seu corpo como se temesse que ele desaparecesse por entre seus dedos.

– Se isso é um sonho, eu não quero acordar - Niko sorriu e o beijou brevemente, a sensação era reciproca, sentia como se estivesse acordando de um pesadelo sem fim.

Sabia que quando saísse dessa sala teria que enfrentar uma avalanche de dúvidas e perguntas, e teria que tomar algumas decisões importantes, mas agora, apenas aproveitaria a sensação de estar nos braços dele. Se deixaria acreditar que estava recebendo de voltar o que sempre lhe pertenceu, que o destino havia cometido um erro e estava tentando conserta-lo. E por enquanto isso era suficiente para Niko.

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Renan levantou a mão em punho para bate na porta, mas desistiu. Estava parado em frente ao quarto de Félix a alguns minutos tomando coragem para bater, mas novamente deixou seu braço cair com um suspiro desanimado.

Passara a noite andando de um lado a outro da sala esperando Félix, imaginando todas as consequências que esse encontro com Niko traria. Será que ele contará a Félix toda a verdade? Se contará, ele acreditou? E se acreditou, qual foi sua reação?

Seja qual fosse a reação dele, Renan estava disposto a aceita-la, não podia excluir sua culpa de toda essa situação. Mas terminou adormecendo no sofá quando acordou uma manta o cobria, não pode evitar de suspirar aliviando, conhecia o temperamento de Félix, se ele soubesse da verdade não o teria deixado dormir pacificamente. O que o levava a se perguntar o porquê Niko não contara a verdade a ele.

Renan respirou fundo, dessa vez decidido a enfrenta Félix. Mas antes que pudesse encostar na madeira a campainha tocou insistentemente.

Quando abriu a porta, André passou por ele sem dizer uma palavra parando no meio da sala.

– Onde está o Félix?

Renan suspirou e se jogou na poltrona mais próxima, apoiando a cabeça nas mãos.

– Ele está dormindo André - disse ainda na mesma posição, não sabia se a chegada repentina de André apenas deixaria tudo mais complicando ainda.

– Renan você precisa me ajudar a leva-lo de voltar.

Renan ergueu a cabeça encarando André.

– Ele não vai voltar André, e talvez essa seja a melhor decisão.

– Melhor decisão?! Melhor decisão para quem? Você saber que ele ainda não está pronto, já passamos por isso antes, você lembra o que aconteceu!

Renan respirou fundo.

– Inconscientemente ele continua buscando as pessoas do seu passado, isso é um progresso, a mente dele está se recuperando, a qualquer momento todas as lembranças dele podem retornar.

– Você vai contar a ele?

– Félix precisa saber a verdade, e temos que contar a ele... antes que ele descubra da pior forma possível.

André passou as mãos pelo cabelo se despenteando, com um suspiro de resignação sentou-se no sofá.

– Tudo bem, vamos contar a ele juntos.

Renan balançou a cabeça e olhou em direção ao quarto onde Félix dormia.

– Preciso ir ao hospital, tenho alguns pacientes agendados... quando voltar conversaremos com Félix.

–--------------

Renan passou distraído pela recepção do hospital sem responder ao bom dia das recepcionistas, entrou no elevador que estava vazio, assim que as postas começaram a se fecha uma mão as impediu.

– Bom dia Dr. Renan!

Renan forçou um sorriso.

– Bom dia Dr. Cesar.

– Não pude parabeniza-lo pela nova ala da psicologia, estávamos mesmo precisando expandir.

– Obrigado, mas a diretoria tem seu credito por perceber o quão importante isso será para os pacientes.

– Paloma se mostrou uma presidente mais competente do que eu esperava... tão diferente do presidente anterior.

– Tenho certeza que se o Dr. Félix tivesse continuado na presidência, teria feito um trabalho tão bom ou melhor quanto o da Dra. Paloma - Renan disse tentando não transparecer irritação em sua voz.

Dr. Cesar o olhou com curiosidade como se o visse pela primeira vez.

– Vejo que tem Félix em alta contar Dr. Renan.

Renan não teve tempo de responde a porta do elevador se abriu ao chegar em seu andar. Com uma despedida seca saiu sem olhar para trás, mas quase podia sentir olhar do homem mais velho fixos em suas costas.

Sua secretaria ainda não tinha chegado ou estava na lanchonete do hospital, ainda tinha alguns minutos antes que o primeiro paciente chegasse, precisaria desse tempo para pôr suas ideias em ordem, não podia deixar que problemas pessoais interferissem no seu trabalho.

Renan entrou em sua sala e parou surpreso. Mas quem... antes que a pergunta terminasse de se forma em sua cabeça, o reconheceu.

– Desculpa ter invadido sua sala, mas preciso falar com você! E não vou embora até que você me explique algumas coisas... não sei se você se lembra de mim...

– Eu sei quem você é. Você é o Niko, Félix me falou de você.


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Notas finais do capítulo

Hey meninas que saudades!!! Desculpem pela demora, mas eu passei por um bloqueio, não conseguia escrever nada, sorry!!! My God, eu não acredito que faz tanto tempo desde a ultima atualização, olha eu não vou desistir de nenhuma das minhas fics, vou terminar todas, mesmo que seja só pra mim!!!

Ignorem os erros encontrados pelo caminho!!

Já estou na metade do próximo capitulo, no mais tarda na semana que vem eu posto!!

Carol, Laize, Marcele, Gaby, Rafa e Dany, muito, muito, muito obrigada pelos comentários, vocês são incríveis!!!



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