Next Stop, Happiness! escrita por Yukino Miyazawa


Capítulo 5
Quinta Parada


Notas iniciais do capítulo

Oi, depois de uma tempestade, estou de volta! Mas é como dizem depois da tempestade vem a bonança!!!

Meninas obrigado pelos comentários, suas lindas!!!

Erros pulem!!!

Bjos e boa leitura!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/594537/chapter/5

– Você quer o... o que?!

– Quero saber seu nome, acabei de perceber que ainda não sei, o meu nome é Félix, mas isso você já deve saber.

Niko o olhou, abriu e fechou a boca várias vezes, mas não era capaz de articular nenhuma palavra. Fixou seus olhos nos de Félix, tentando enxergar um vestígio da piada cruel que ele fazia, mas não encontrou nada.

–Fé-Félix...

Não conseguiu gagueja mais nada por que a porta foi aberta com brusquidão.

– Niko, está tudo bem? - Daniel perguntou olhando Niko com preocupação.

– Niko, então esse é seu nome - Félix disse ignorando Daniel.

– A sua inconveniência já passou de todos os limites - Daniel disse raivoso - Você pode fazer o escândalo que quiser, mas se não sair daqui agora...

– Félix! - Niko olhou o novo estranho que entrava em sua sala, seu olhar indo direto para Niko e desviando rapidamente - Desculpem eu vou leva-lo, ele não causara mais nenhum incomodo - ele disse segurando no braço de Félix e o puxando em direção a porta.

Félix se desvencilhou do amigo, ou o que o estranho fosse, e se aproximou de Niko, que ainda estava imóvel, tentando imagina que tipo de sonho bizarro era esse que estava tendo, e quando acordaria dele.

– Lamento que nosso primeiro encontro tenha sido assim, mas se você me dê uma chance posso provar que não sou louco... E que você pode gosta de mim.

Niko olhou os três homens em sua sala, esperando o momento em que algum deles confessasse a brincadeira, mas esperou em vão. O amigo de Félix voltou a puxa-lo, e cochichou algo em seu ouvido, o que o fez revirar os olhos, mas produziu algum efeito por que ele se deixou arrastar para fora, ainda olhando e sorrindo para Niko.

Desnorteado Niko continuou olhando a porta por onde Félix tinha saído, enquanto seu cérebro processava o que tinha acontecido. Félix não se lembrava dele, repetiu mentalmente, testando a ideia. Tentando encaixa-la em algum canto de sua mente onde pudesse fazer algum sentido.

– Niko

– Me dá um minuto Daniel.

Félix não se lembrava dele, ou estava sendo um canalha cruel. Niko fez uma careta de repugnância, ele seria tão baixo para fazer algo assim? E se? E se Félix não se lembrava dele?

Niko se apoiou a mesa sentindo suas pernas bambearem, sem saber se queria rir ou chorar.

– Niko - Daniel se aproximou, mas Niko não o encarou - Você pode me explicar o que está acontecendo?

– Isso eu também gostaria de saber Daniel, o que está acontecendo?!

– Você conhecia aquele homem?

Niko encontrou os olhos deles, não sabendo como responder a essa pergunta, conhecia aquele homem?

– Daniel, eu preciso voltar ao salão, tenho que falar com Edgar... podemos conversar depois?

– Tudo bem Niko, apenas não esqueça, quem realmente gosta de você.

–----------

Félix olhava a cidade através da janela do carro de Renan, que não parava de tagarelar, mas seja o que fosse que o amigo falasse não chegava aos seus ouvidos, assim como o sorriso que ainda permanecia em seus lábios desde que o tinha visto.

Niko

Ele era um estranho, mas bastou vê-lo para sentir como se acordasse de um sonho maravilhoso para descobrir que era real, o que não fugira a sua percepção que ele tinha as características das pessoas que seus olhos buscavam, que insistia em perseguir.

Quando decidira voltar ao Brasil tudo o que queria e precisava era preencher algumas das lacunas da sua memória, que o perseguiam como uma sombra. Queria descobrir quem era antes, e principalmente quem eram as pessoas que buscava insistentemente a cada esquina que virava, mesmo que essas pessoas não o quisessem mais em suas vidas.

Então havia Niko, e a ligação inexplicável que sentiu ao vê-lo. Durante um segundo pensou que poderiam ter se conhecido, mas descartou a ideia, se ele o conhecesse por que teria ido embora o deixando desmaiado, e não aceitara falar com ele.

Precisava de algumas respostas, e mais que tudo precisava descobrir o porquê de se sentir tão atraído por Niko a ponto de não duvida ou hesitar ao ir atrás dele.

– Renan - chamou o amigo interrompendo a ladainha dele sobre uma ida ao hospital - eu sei que já conversamos sobre minha vida amorosa...

Renan apertou a volante com força.

– O que você quer saber?

– Nunca houve alguém, que você tenha notado um maior interesse meu, ou um comportamento que tenha gerado uma desconfiança que eu pudesse está apaixonado... amando.

Renan ficou em silencio por um tempo.

– Você sempre foi muito discreto... - Félix suspirou, voltando sua atenção para fora da janela - Mas ouve alguém...

Félix virou-se olhando Renan.

– Alguém? Por que você nunca...

– Nunca falei sobre ele, por que... por que você me pediu... eu nunca o conheci, sei que foi você quem terminou.

– Renan, eu terminei com ele por causa da operação? - Renan se mexeu desconfortável - Renan?!

– Não, foi por causa do seu pai.

Seu pai

Félix recostou-se no banco, sentindo um gosto amargo na boca, era essa a sensação que surgia quando falavam do pai, um ser místico para ele, sem rosto, voz ou mesmo nome, optou por não querer saber após Renan lhe contar que o pai não aceitará sua homossexualidade, e que o relacionamento entre os dois sempre foi conturbado e destrutivo.

O quanto essa separação o marcara? O quanto essa separação marcara seu relacionamento com seu pai? Talvez esse era o motivo por que era tão obcecado por esse homem de olhos verdes, ele fora o causado da ruptura definitiva entre ele e seu pai?

Perguntas, se afogava em um mar de perguntas, e não fazia a mínima ideia de como encontrar as respostas, e pior, não sabia se queria encontra-las.

–-------------

O trabalho o distraiu parcialmente, por que as perguntas ainda continuavam dando voltas em sua cabeça, e quanto mais pensava nelas mais confuso sentia-se. Niko suspirou pesadamente, não deveria importa-lo se Félix estava fingindo ou não lembrar-se dele.

Mas não era assim que se sentia, precisava de uma explicação do por que ele estava fazendo isso. Mas como conseguiria essa explicação?

Como se atendendo ao seu desejo, levantou sua cabeça ao ouvir seu nome.

– Seu Niko, tem uma entrega para o senhor - o garçom disse indicando o entregador, que sorriu e se aproximou estendendo um buquê de flores do campo.

Niko agradeceu sem tirar os olhos das flores, imaginando quem poderia tê-las enviado. Daniel? Ele foi embora irritado com Niko, talvez as flores fosse seu jeito de se desculpa.

Entre as flores havia um cartão, Niko o retirou, e leu reconhecendo a letra imediatamente.

Não sei como, ou por que, mas desde que te vi foi como se algo se encaixasse, eu sei que é loucura, mas também sei que vou me arrepende pelo resto da minha vida se eu não tentar. Jantar comigo? Me dar uma chance, apenas uma. Eu te prometo que não mais te perturbo. Me deixa te provar que aceitar esse jantar é a melhor escolha que você faria na sua vida.

Félix.

Niko continuou olhando o número de telefone no cartão, analisando a questão em sua mente, se aceitasse jantar com Félix o que aconteceria? Descobriria que ele estava mentindo, e se fosse assim, poderia odiá-lo por se tão desprezível ao tentar engana-lo. Mas se ele não se lembrava dele? Se ele não se lembrava, o que aconteceria?

–------------

Félix olhou o relógio, provavelmente ele já receberá as flores, era um tiro no escuro, mas precisava tentar, não iria desistir tão facilmente. Ainda não sabia como, mas o convenceria a jantar com ele, em parte por que queria entender os sentimentos que ele despertava em seu interior, mas a maior parte só queria olhar para ele.

Renan entrou na sala um livro nas mãos, e sentou-se em uma das poltronas, lançando olhares de lado para Félix.

– Você realmente acredita que ele vai ligar para você? - ele disse após alguns minutos, abaixando o livro do qual não tinha virado nenhuma pagina.

Félix o olhou nos olhos.

– Por que ele não ligaria?

– Félix! Você ameaçou fazer um escanda-lo no restaurante dele!

– Ele vai ligar... e se não ligar, eu vou atrás dele novamente.

Renan respirou fundo cansado, seus ombros caindo.

– Por que? Eu já vi alguns caras dando em cima de você... e você os ignorou completamente... desde que acordou nunca demonstrou interesse por ninguém. Então por que agora? Por que ele?

Félix suspirou por entre seus lábios.

– Eu queria ter essa resposta, mas eu não tenho. Minha vida é um borrão de imagens, mas desde que vi ele Renan, Niko, foi como se tudo ficasse um pouco mais nítido.

– Félix...

– Talvez eu me sinta tão atraído por ele, por que ele me lembre alguém do meu passado.

Renan abaixou a cabeça e fechou os olhos, quando ele voltou a olha-lo, seus olhos estavam muito tristes.

– Algumas pessoas deixam marcas indeléveis em nossa alma que jamais podem ser apagadas... ou esquecidas.

– Acha que alguém me marcou tão profundamente que agora o busco em estranhos?

– Sua cabeça ainda não sabe o que está buscando, mas seu coração já sabe.

Félix riu e ergueu a sobrancelha.

– O que quer dizer com isso Renan? Pode ser mais claro, e menos filosófico.

Renan respirou fundo apertando o livro com força.

– Félix, você precisar saber...

Renan foi interrompido pelo telefone tocando, os dois homens olharam o aparelho, Félix sorriu triunfante antes de atender.

– Oi

– Oi... eu... queria agradecer as flores, são lindas...

– Não tanto como você.

Félix esperou ouvindo a respiração dele acelerada do outro lado da linha.

– Sobre o jantar...

– Sim?

– Você pode me pegar as oito, no restaurante amanhã?

Félix se levantou com um impulso sorrindo de orelha a orelha.

– As oito em ponto estarei ai.

– Até amanhã.

– Até amanhã Niko

Respirando aliviado olhou Renan, que acompanhara a conversa com a testa levemente enrugada.

– Ele aceitou jantar com você?

– O que você acha?

– Félix, você admitiu que pode estar transferindo a imagem de outra pessoa nele... já pensou que você pode machuca-lo?

– Não!

– Não?

Félix o olhou com firmeza.

– Renan, talvez você esteja certo, posso está buscando nele outra pessoa. Queria pode descrever com palavras o que sentir quando vi o Niko, mas não posso, e é por isso que sei que não vou machuca-lo, não me peça para explicar por que tenho tanta certeza, apenas a tenho! Lembra quando acordei e você me disse para não me precipitar? Dar um passo de cada vez? - Renan confirmou com a cabeça - Eu e o Niko vamos jantar, nós conhecer. Quero descobrir por que ele mexe comigo... eu sei que após esse encontro essa sensação que eu sentir ao vê-lo pode sumir... mas se eu não vê-lo novamente... eu vou enlouquece com todas essas dúvidas.

– E o que acontecer se tudo que você encontrar na sua busca for sofrimento?

Félix sorriu para o amigo.

– Então terei que enfrenta-lo, sem medo.

–------------

Niko bocejou, passara mais uma noite em claro, pensando e repensando tudo que havia acontecido no dia anterior, por um momento chegou a acreditar que tudo não passara de um produto da sua imaginação, mas as flores, que não pode evitar de levar para casa e deixar na mesinha ao lado de sua cama era um lembrete, junto com o cartão, de que tudo fora real.

Então havia a pergunta a qual Niko não queria se debruçar. Se Félix estava falando a verdade. Se ele não se lembrava de Niko. O que significava para eles?

Significava uma segunda chance para eles?

Niko abaixou a faca que segurava frustrado, ainda faltavam mais de três horas até o horário combinado para que ele viesse busca-lo. Durante todo o dia sentiu-se como um sonambulo, realizando suas tarefas como se nada estivesse acontecendo, o que drenava todas as suas energias o deixando mais exausto ainda.

Pensou em cancelar o jantar, mas sabia que se o fizesse tudo que conseguiria pensar seria nisso ao ponto de se tornar insuportável. Precisava saber o que se passava pela cabeça de Félix, quais eram os planos dele. Não podia mentir para si mesmo, queria pergunta como tinha sido esse último ano para ele, onde ele morava, como era seu dia a dia, se ele foi feliz.

Niko olhou em voltar para os clientes, como se algum deles pudesse se levantar caminha até ele e dar as respostas que buscava. Por isso viu quando Paloma entrou com um sorriso cansado no rosto abatido.

– Oi Niko.

– Paloma querida... você está bem?

– Hoje foi a audiência definitiva da separação dos meus pais.

– Oh querida, vem, vamos sentar e conversar.

– Eu não vou atrapalhar? Você não estar ocupado?

– Não se preocupe - Niko disse, dando a volta no balcão e a guiando até uma mesa mais discreta - E como foi?

Paloma suspirou.

– Mamãe conseguiu metade do hospital, assim como de todos os outros bens.

– Mas isso não é bom?

– Sim, mas significa que o outro processo que eu e o... - ela se interrompeu e o olhou, um pedido de desculpa dançando em seus olhos - meu pai ficara à mercê daquela mulher, já que vai ter acesso novamente as suas contas e as ações do hospital.

– Ele ainda acredita que ela é uma vítima?

– Nada que eu diga consegue mudar a opinião dele sobre ela, pelo contrário, só nos faz discutir.

– Sinto muito que você esteja passando por isso, logo agora que... - Niko sorriu e segurou a mão dela sobre a mesa - o casamento está tão próximo... a quantas anda os preparativos?

Paloma sorriu, um pouco do cansaço sumindo de sua expressão.

– Estou contando com muita ajuda... Paulinha foi mordida pelo monstrinho do casamento... e com todo o trabalho no hospital, tem se tornado uma ajuda incrível. Mamãe e vovó também estão ajudando muito.

Niko abaixou o olhar e lentamente o levantou encontrando os olhos da amiga. Se surpreendeu quando sua voz saiu surpreendentemente calma.

– Você convidou ele para o casamento?

Paloma o encarou sua testa levemente enrugada, demonstrando que havia entendido a quem se referia por ele. Com o tempo todo o ressentimento que Paloma sentia pelo irmão foi se esvaindo, as vezes Niko se perguntava o que havia sobrado, tristeza? Saudade?

Houve uma longa pausa antes dela responde.

– Não conseguimos localiza-lo para enviar o convite - ela disse baixinho, sua voz não demonstrando nenhuma emoção.

Niko forçou um sorriso se arrependendo da pergunta, ela apertou seus dedos, talvez acreditando que Niko estava com medo de um encontro com Félix, isso o fez respirar fundo e sorrir para ela novamente, dessa vez genuinamente.

Paloma não se demorou, e Niko retornou para seus afazeres tentando se concentrar no que fosse que precisasse ser feito, estava consciente dos olhares preocupados em sua direção, e quanto mais se aproximava da hora do encontro mais tenso se sentia.

Quando faltavam cinco minutos para as oito, Niko saiu da sua sala, tinha se trancando nela, meia hora antes após quebra o segundo prato.

As oito em ponto Félix chegou e seu coração saiu em disparada, ele sorria e estava tão lindo como sempre, o que fez sua pele formiga e as borboletas em seu estomago se agitarem descontroladamente.

– Oi Niko, está pronto?

O que estava fazendo? Devia dizer que se sentia mal e dispensa-lo, não podia sair e jantar com ele como se não o conhecesse, como se fossem completos estranhos. Um calafrio atravessou sua coluna, e se realmente esse fosse um tipo de piada engraçada para ele, fingir que não se lembrava de Niko, para depois gargalhar de quão estupido era por acreditar nisso.

Mas Félix estava na sua frente o sorriso dele se desfazendo aos poucos enquanto via na expressão de Niko o rechaço ao convite.

– Sei que sou um completo estranho para você e por isso está assustado, e que deve achar que está cometendo um erro, mas se você deixar posso provar que não é um erro.

Niko esperou ver qualquer vestígio de mentira na expressão dele, mas tudo que conseguia enxergar era o quão ansioso ele estava com a perspectiva de que pudesse rejeita-lo.

O que aconteceu com você Félix? Por que você não se lembrar de mim?

–---

Niko parou surpreso ao chegarem ao carro, havia um motorista os esperando, que prontamente abriu a porta para que Niko pudesse entrar.

– Eu não posso dirigir - Félix explicou assim que entrou.

Não pode dirigir? Félix era o melhor motorista que conhecia, Niko fechou os olhos tentando manter a calma, se ele acreditava que eram estranhos o que aconteceria se dissesse a ele que o conhecia, que os dois foram um dia mais do que apenas amigos. Ele acharia que Niko estava fazendo uma piada, ou ficaria confuso e se afastaria?

– Por que, você não pode dirigir?

Ele sorriu.

– Digamos que é uma das coisas que eu ainda não reaprendi a fazer.

– O que quer dizer com isso?

– Você gosta de comida italiana? - ele perguntou de repente mudando de assunto.

– Hã... sim.

– Meu amigo indicou um ótimo restaurante.

Niko encarou Félix, com um suspiro tremulo recuo para o mais distante que podia dele, dentro do pequeno espaço do banco de trás do carro, voltando a fechar os olhos se perguntou o que aconteceria se despejasse sobre ele todas as perguntas que se formavam em sua cabeça, qual seria a reação dele?

– Félix - começou abrindo os olhos - eu não sei o que está acontecendo... estou confuso.

– Pois sou especialista em mentes confusas... você tem todos os motivos para se sentir assim, um completo estranho desmaia na sua frente e depois começa a te persegui, insistindo para jantar com ele... queria ter uma explicação plausível para te dar, do por que estou agindo assim.

Niko fez uma careta.

– Não foi isso o que quis dizer, o que eu quis dizer... - Niko parou olhando a expressão indefesa de Félix, ele sorriu um sorriso incerto, como se estivesse prestes a receber uma notícia muito ruim.

– O que você quis dizer?

Niko suspirou longamente.

– Me fala sobre você.

– O que você quer saber?

– Tudo.

–----

O restaurante era lindo, o ambiente era agradável e tinha um ar de intimidade, todas as mesas estavam ocupadas por casais, havia um palco onde uma pequena orquestra tocava, Niko observou um casal se levantar indo até um espaço que era usado como pista de dança, os dois se movendo ao som da música.

Voltou sua atenção para Félix que o olhava como antes, como quando acreditou que ele o amava. Ele havia sido vago em todas as respostas as suas perguntas, Niko tinha a impressão que terminou falando mais do que ele.

– Você não gostou do seu prato? - ele perguntou olhando o fetuccine ainda pela metade no prato de Niko.

– Está uma delícia.

– Você ainda está desconfortável com tudo isso?

– Por que você está fugindo das minhas perguntas?

Félix sorriu.

– Você percebeu... não é que esteja fugindo das suas perguntas, apenas... não quero mentir para você.

Niko franziu a testa, o que ele queria dizer com isso?

– Então não minta!

Félix abaixou os olhos, quando ele os levantou olhou para o palco onde uma bonita mulher em um longo vestido vermelho se posicionava para cantar.

– Quer dançar?

– O que?

– Eu não aceito um não como resposta - ele disse levantando-se e antes que Niko pudesse reagir o puxou até a pista de dança onde a orquestrava tocava uma música lenta.

Vários olhos se viraram para eles, mas Félix os ignorou, ele sorriu enquanto colocava o braço de Niko sobre seu ombro, encurtando a distância entre seus corpos, ainda sorrindo entrelaçou seus dedos, mantendo suas mãos unidas na altura dos seus corações, Niko ofegou quando ele o envolveu com seu outro braço, a mão dele deslizando por sua coluna até se posicionar quase no final dela, puxando Niko para mais perto.

Seus corpos começaram a se mover quando a cantora encostou a boca no microfone, foi o suficiente para que todas as pessoas desaparecessem o fazendo relaxa nos braços dele. Agora existia apenas Félix e Niko no mundo e a voz os embalando.

Hoje eu quero a rosa mais linda que houver
E a primeira estrela que vier
Para enfeitar a noite do meu bem

Félix roçava seu rosto no de Niko, a respiração dele batendo em sua bochecha, sua têmpora e orelha.

– Você é um ótimo dançarino - ele sussurrou com a voz rouca em seu ouvido, provocando que toda sua pele arrepiasse, Niko sabia que o que estava acontecendo não era real, que estava se iludindo, e que provavelmente terminaria se machucando. Mas havia essa vozinha que insistia para que esquecesse e se permitisse tê-lo novamente mesmo que fosse apenas por algumas horas.

Hoje eu quero a paz de criança dormindo
E o abandono das flores se abrindo
Para enfeitar a noite do meu bem

– Você também não dança nada mal.

– Agradeça a Susan.

– Susan?

Félix sorriu encontrando seus olhos.

– Você é a coisa mais linda que eu já vir.

Ele havia feito novamente, se esquivando de mais uma das suas perguntas, mas ele parecia tão sincero em sua afirmação. Niko suspirou, se perguntando se estava se enganando, por que queria acreditar mais que tudo que estava recebendo uma segunda oportunidade de ficar com Félix.

Quero a alegria de um barco voltando
Quero a ternura de mãos se encontrando
Para enfeitar a noite do meu bem

Está fazendo de novo... desviando das minhas perguntas.

– Desculpe, eu geralmente não sou assim, mas você... desde que vi você... - Félix sorriu incerto, apoiando a mão de Niko contra o peito dele - você me deixa confuso...

Niko ergueu uma sobrancelha.

– Eu deixo você confuso?

Felix respirou fundo apertando os dedos de Niko e se inclinou a boca dele quase roçando na de Niko.

– Você me faz sentir coisas que não sei explicar ou nomear, quando vejo você me fez dizer e fazer coisas que estavam apenas na minha cabeça... nunca me sentir assim em toda a minha curta vida, você tem esse efeito sobre mim...

– Félix

– Eu quero tanto te beijar... quero te beija até que você implore que eu pare... viu, fiz de novo.

Niko parou de se mover, seus olhos presos aos dele, seu coração se agitando em seu peito

Ah! Eu quero o amor mais profundo
Eu quero toda a beleza do mundo
Para enfeitar a noite do meu bem

Um leve murmura o fez perceber que a canção chegara ao fim e quase todo o restaurante olhava os dois parados ainda na pista de dança, com Félix ainda o segurando firmemente. Niko se desvencilhou dos braços dele e seguiu até a mesa, sua mente tentando sair do estupor que ele provocava, não podia abaixar sua guarda e deixa-lo feri-lo novamente.

– Niko...

– Eu quero ir embora, por favor vamos embora.

Félix assentiu concordando, não escondendo a decepção, com um gesto de mão chamou o garçom e pediu a contar. Niko não sabia o que queria dizer, ou o que queria fazer, precisava respirar e pôr em ordem seus pensamentos e mais ainda seus sentimentos.

– Por que está mentindo para mim? - perguntou parando de repente na porta do restaurante, o que fez Félix quase esbarrar nele.

– Por que acha que estou mentindo para você?

– Você não está falando a verdade, você pode pensar que eu sou um idiota...

– Niko, não penso isso de você, acredite! Mas você tem razão quando diz que não estou sendo sincero com você, tenho motivos para estar sendo cauteloso.

– Que motivos?

– Podemos dar uma voltar?

Niko suspirou desanimado concordando. Andaram lado a lado em silencio, o bairro que estavam era composto em sua maioria por bares e restaurantes, a rua estava movimentada e a noite estava agradavelmente quente, os bares estavam cheios com mesas espalhadas pelas calçadas, as risadas e vozes animadas era ouvida por toda a rua.

– O que você quer saber? - Félix perguntou se detendo, um sorriso vacilante em seu rosto.

– Você me fez essa pergunta antes.

Félix hesitou por um momento, seus olhos concentrados na expressão de Niko.

– Eu cheguei de Boston a dois dias, morei lá por um ano - Niko franziu a testa, a nova informação não fazendo sentido em sua cabeça - voltei por que sentia uma necessidade profunda de voltar... voltei atrás de respostas.

– Respostas? Não estou entendendo, que tipo de respostas você veio busca?

– Eu quero descobrir quem eu sou Niko.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A musica é "A Noite do Meu Bem" que foi regravada por varias artistas, minha versão preferida e na voz da Maysa. A cena da dança e por consequência a musica teve inspiração em uma cena do filme "Tatuagem", se você não assistiu o filme veja, é um filme muito bonito.