Next Stop, Happiness! escrita por Yukino Miyazawa


Capítulo 4
Quarta Parada


Notas iniciais do capítulo

Oi

Vocês são umas lindas maravilhosas!!! Muito, muito obrigada pelos comentários!!!!

Abstraiam dos erros no caminho.

Bjos e boa leitura.



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Félix estava novamente na escuridão, os vultos que não conseguia distinguir flutuando a sua volta, sempre que tentava toca-los eles dissolviam-se em uma nevoa acinzentada. Como um raio no céu escuro uma fresta de luz atravessou a escuridão, o fazendo fechar os olhos com a luminosidade ao qual não estava acostumado, antes que pudesse abrir os olhos novamente a voz lhe alcançou.

– Sentir tanto sua faltar.

Félix abriu os olhos mas a luz havia se apagado, mas a voz ainda ecoava, aguçou sua audição, tentando identificar de onde vinha o som, com passos insertos tentou alcança-la, mas a cada segundo ela ficava cada vez mais distante, em meio ao desespero de não mais ouvi-la começou a correr, não sabendo para onde estava indo, o chão parecia irregular e cheio de obstáculos, seu pé se prendeu em algo o levando ao chão, virou-se escutando, mas a voz tinha sumido, assim como os vultos, estava novamente sozinho na escuridão.

Félix acordou, mas não abriu os olhos, sentindo-se momentaneamente perdido, passou as mãos pela borda da cama que estava deitado, sentindo a aspereza do lençol, não estava em sua cama em Boston, então lembrou-se que não morava mais em Boston, estava no Brasil.

Abriu os olhos encarando o teto de onde estava, algo que se tornara corriqueiro nos meses que passara no hospital, como se todas as respostas que buscava estivessem ali. Respirou fundo, criando uma lista do que tinha feito, como o psicólogo havia lhe ensinado quando tinha ataques de ansiedade por não conseguir se localizar.

Estava no Brasil. Estava hospedado na casa de Renan. Tinha corrido. Depois o café da manhã. Então o viu. O seguiu. Ele entrou no restaurante. Sentou-se no banco. Estava tão cansado que dormiu. O que o acordou? Um toque, tão leve como um roçar de uma pluma. Ele estava na sua frente. Como era o rosto dele? Não conseguia se lembrar, mas ele tinha olhos verdes. Olhos tristes. Então a dor, tão forte que fez tudo escurecer. Havia desmaiado.

Félix sentou-se aguardando um segundo para ver se era atacado por alguma tontura, ou mal estar, mas estava tudo bem, até a dor agonizante que o fez perde a consciência havia sumido. Olhou a sala em que estava, parecia uma pequena enfermaria, com um salto se pôs de pé ajeitando sua roupa, ao enfiar as mãos no bolso percebeu que sua carteira e celular não estavam, mas logo notou que seus pertences estavam sobre uma mesa ao lado da maca.

Olhou para a porta ao ouvir passos se aproximando, seu coração saiu em disparada com a possibilidade de quem estivesse vindo, fosse ele. Ele? Félix enrugou a testa com o pensamento, ele quem? O homem que estava na sua frente quando desmaiou! O homem dos olhos verdes.

Mas não era ele.

Renan parou na entrada sua respiração agitada, sua roupa estava desalinhada e uma película de suor cobria sua testa.

– Você está bem? - ele perguntou ofegante.

– Acho que sou eu que devo perguntar isso a você. Estava correndo uma maratona?

– Félix, não é hora para brincadeiras, você desmaiou!

– Estou bem Renan... como você soube o que aconteceu?

– André me ligou, eu vim correndo, sorte que o hospital ficar perto.

Félix olhou para Renan com uma mistura de aborrecimento e surpresa.

– Como André soube que eu... - Antes que completasse o pensamento, pegou seu celular que estava ligado. Com um suspiro, voltou a desliga-lo.

Uma mulher entrou na sala acompanhada por um guarda que se apresentou como assessora do shopping.

– Quem foi que me trouxe para cá - perguntou assim que a mulher terminou de falar.

– Foi eu senhor.

Félix olhou impaciente para o guardar.

– Não, tinha mais alguém aqui comigo, quem era?

O guardar olhou para a mulher depois para Félix.

– O senhor que dizer o dono do restaurante japonês?

O homem que havia seguido. Félix sentiu um aperto no coração. Precisava vê-lo.

– Você pode tratar tudo com ele, ele é meu guardião - disse apontando para Renan, e sem dar tempo para que eles pudessem detê-lo saiu da sala.

–---

Quando entrou no Gian, parou, suas mãos formigavam, seu coração se agitou dolorosamente, precisou respirar fundo quando foi tomado por uma vontade inexplicável de chorar.

Um garçom se aproximava com um sorriso simpático.

– Boa tarde senhor, gostaria de uma mesa?

– Quero falar com o dono - disse sua voz saindo hesitante - chame-o por favor.

– Desculpe senhor, ele está ocupado no momento, o senhor pode deixar um número de telefone...

– Acho que você não me entendeu, quero falar com o seu chefe, se precisar espera o dia inteiro, não tenho nada importante para fazer.

– Senhor...

– Avise a ele que é o homem que desmaiou... meu nome é Félix... e que não vou embora enquanto não falar com ele.

Félix passou pelo garçom, indo até o balcão. O cheiro dos pratos fez seu estomago revirar, por isso se concentrou em um ponto na parede, não sairia dali até vê-lo. Viu pelo canto de olho o garçom com quem falara desaparecer atrás de uma porta.

Voltando a se focar na parede em parte pelo cheiro dos alimentos, e também por que uma velha sensação começava a se infiltrar em seu corpo o deixando aterrorizado. Quando menos esperava ela vinha ao seu encontro, exigindo, implorando... Não era a primeira vez que isso acontecia, que se via obrigado por uma força maior a fazer algo, sua recuperação foi toda baseada nessa sensação, mas era a primeira vez que a sentia com essa intensidade.

Félix respirou fundo cruzando seus braços sobre o balcão, não podia se deixar afundar, não agora.

– Félix.

O homem parado ao seu lado, não era quem procurava.

– Quem é você?

– Daniel... infelizmente o dono do restaurante não poderá atende-lo, mas eu posso ajudá-lo no que você precisar.

Félix ergueu a sobrancelha, um sorriso de desdém se formando em seus lábios. Tentando controlar a antipatia que começava a crescer por esse homem que mal conhecia.

– Já que você é o garoto de recados, de a meia voltar e diga que só irei embora depois de vê-lo.

– Acho que você não me entendeu...

– Você é que não entendeu - Félix levantou-se seu olhar demonstrando o desprezo que sentia pelo estranho - vou aguarda-lo o tempo que for necessário.

– Não você não vai, se precisar chamarei a segurança para retira-lo do restaurante.

Félix riu.

– E causar um escanda-lo? Não acho que vá fazer isso... mas eu não tenho nenhum problema em fazer um escândalo para seu chefe falar comigo. Quem sabe eu faça um stripe tise. O que acha?

Félix não pode conter um sorriso ao ver os olhos dele brilhando de raiva, a mandíbula dele se enrijecendo. Mas seu olhar se desviou para a porta ao ver Renan entrando, ele parecia irritado enquanto caminhava em sua direção.

– Félix você não devia... - Renan se interrompeu ao sentir o clima tenso - o que está acontecendo?

– Ele é seu amigo? - Daniel perguntou indicando Félix com a cabeça.

– Sim...

– Aconselho a levar seu amigo daqui antes que eu chame e a polícia.

– Ninguém vai me tirar daqui... não se preocupe Renan ele está blefando.

Renan olhou Daniel suplicante

– Poderia nos dar licença por favor - Daniel hesitou, então balançou a cabeça concordando - O que você está fazendo... você nem gosta de comida japonesa! - Renan sussurrou quando Daniel se afastou lançando olhares hostis para Félix.

– Preciso falar com o dono do restaurante - disse simplesmente, voltando a sentar-se.

– O que?! Por que?! Por que foi ele que te ajudou?

Félix abriu a boca, mas a fechou novamente ao perceber que não tinha uma resposta sensata para Renan, por que estava sendo tão teimoso, se ele não podia atende-lo, podia voltar depois, mas a ideia de sair sem vê-lo era inconcebível. Precisava, do que precisava? Olhar para ele, apenas olhar para ele por um segundo.

– Não adianta insistir Renan, não vou sair daqui.

– Mas Félix, isso é... - Renan se calou olhando em voltar sua expressão mudando de surpresa, para temor, passando pela tristeza, quando falou sua voz parecia incrivelmente cansada - É melhor irmos embora... precisamos descobrir o motivo desse desmaio.

– Faço todos os exames que você quiser Renan, mas depois, agora, nem mesmo o papa me tira daqui! - disse com firmeza, olhando na direção de Daniel.

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Niko andava de um lado a outro de sua sala, assim que Antônio disse que Félix queria vê-lo, todo seu equilíbrio emocional se espatifou em vários pedaços. Tudo que foi capaz de dizer era que não o atenderia, Daniel o olhou não escondendo a estranheza de sua atitude de não querer falar com alguém que havia ajudado.

E novamente agradeceu que ele guardasse todas as perguntas para si mesmo, com um sorriso paciente, disse que cuidaria para que Félix fosse embora.

Sabia que precisaria contar a ele o porquê da sua reação, estava prestes a se abrir com ele quando foram interrompidos. Se ele soubesse tudo que havia acontecido poderia ajudá-lo a superar Félix de vez.

Félix.

O que ele queria o procurando? O que pretendia querendo vê-lo? Agradecer por tê-lo ajudado? Ou queria apenas vê-lo? Será que ele tinha se arrependido? Voltará para pedir perdão?

Niko balançou a cabeça com força tentando se livrar dos pensamentos que apenas o machucariam mais, Félix não o amava, precisava aceita essa verdade, por mais que doesse, e doía, tinha que enfrenta essa realidade.

E como você enfrenta, se escondendo em seu escritório?

Niko fechou os olhos sentindo-se um covarde, não queria encara-lo com medo de ouvi-lo dizer o quanto estava feliz, que o último ano havia sido o melhor de sua vida. Talvez fosse isso que precisasse o golpe de misericórdia, olha-lo, saber que ele está bem, que o que eles tiveram não foi nada para ele.

Com uma determinação que não sentia saiu do escritório, mas conseguiu chegar apenas até a porta que separava a cozinha do salão, respirando fundo algumas vezes, abriu uma fresta seu olhar indo direto ao encontro dele, que estava no balcão conversando com um homem que não parecia estranho a Niko.

Daniel desviou o olhar deles encontrando seus olhos, Niko recuou quando a porta foi aberta.

– Por que ele ainda não foi embora?

– Ele disse que não vai embora, enquanto não falar com você - Daniel respondeu não escondendo o desagrado em sua voz - ameaçou fazer um escândalo.

Aquilo era tão Félix que o fez sorrir. E o conhecia o suficiente para saber que nem um guindaste o arrancaria dali se ele não quisesse. Precisava passar por isso, seria mais uma etapa para supera-lo de vez.

– Tudo bem Daniel, eu vou falar com ele.

– Niko, não sei se é uma boa ideia, não gostei dele... e deixa-lo acreditar que venceu...

– Por favor, se você não quer falar com ele, peça a um dos meninos que o levem a minha sala.

Daniel abriu a boca para discutir, mas vendo sua expressão, apenas suspirou e virou-se voltando ao salão.

Niko suspirou e fez o caminho de volta a sua sala, lembrando-se que teve um tempo que acreditou que não conseguiria viver um minuto mais sem ele, mas conseguiu, minuto a minuto.

Se Félix havia voltado para ficar, em algum momento se encontrariam e se ele fazia tanta questão que fosse agora, conseguiria olha-lo nos olhos e sorrir. Mesmo que precisasse colocar uma coberta invisível de gelo sobre seu corpo até que ficasse dormente e não sentisse nada.

Quando ouviu as batidas na porta, se arrependeu de sua decisão pois ainda não estava pronto, deu as costas a porta se apoiando a mesa, respirou fundo para tentar normalizar sua respiração e seus batimentos cardíacos.

Ouviu a porta sendo aberta e após um instante a voz dele.

–--------

Félix fez o caminho até a sala de Niko com uma determinação e um proposito que desconhecia, por mais que dissesse a si mesmo que era loucura, não conseguia se impedir, era mais forte que qualquer pensamento racional. Precisava olhar para ele, encontrar os olhos dele, mesmo que fosse por apenas um segundo.

Não era a primeira vez que isso acontecia, mas era a primeira vez que sentia com essa força, como se estivesse esperado sua vida toda por esse momento, o que fazia seu coração bate depressa em antecedência.

Cada batida na porta fazia seu coração se agitar mais, mas não houve nenhuma indicação de que havia alguém do outro lado. Com um leve empurrão a porta foi aberta e Félix entrou na pequena sala, precisou se apoiar a parede quando uma pontada de dor atravessou sua cabeça, a imagem das costas do homem a sua frente se enevoando.

Não podia desmaiar novamente.

Félix respirou profundamente se focando nos ombros largos.

– Oi - disse sua voz saindo mais frágil do que pretendia.

– Oi - ele respondeu depois de um instante, Félix precisou engolir algo que se formou em sua garganta ao ouvir a voz dele.

– Eu queria agradecer por ter me ajudado - disse se aproximando dele - sei que fui um pouco intransigente ao querer falar com você - estava tão perto que podia sentir o cheiro dele - mas eu realmente... você pode se virar para falar comigo?!

Não pode impedir que sua voz saísse irritada, tudo o que queria era ver o rosto dele, olhar nos olhos dele. Mas ele continuava lhe dando as costas. Mas seu tom causou uma reação nele.

Ele virou-se, não notando o pouco espaço que os separava, chocando o corpo dele contra o seu, seu desejo de olhar os olhos dele se realizando, e foi como se pela primeira desde que abriu seus olhos, em Boston, em um quarto de hospital, conseguisse respirar, como se durante todo esse tempo estivesse sufocando e não sabia.

Viu algo se mover por trás dos olhos dele, mas antes que ele pudesse se afastar o segurou, o puxando para mais perto, não podia deixa-lo se afastar, uma voz o alertou que estava se precipitando, o que outra voz respondeu que estaria se precipitando se o beijasse como queria agora.

– Você me chamaria de louco se eu te convidasse para jantar?

– O que? - ele murmurou como uma criança que acabou de ouvir que papai Noel não existe.

– Janta comigo?

Não resistiu a tocar o rosto dele, seus dedos formigando com o toque, estava hipnotizado. Mas ele o olhava com um ar de completa perplexidade.

– Jantar com você?

A risada que saiu por sua boca, não lembrava se alguma vez tinha soado tão feliz, não que se lembrasse de muitas coisas. Raiva brilhou nos olhos dele, o que apenas intensificou a sensação agradável que se espalhava por seu corpo.

Ele o empurrou, e mesmo isso não fez o que crescia em seu peito desacelera.

– Não vou jantar com você!

– Por que?

A pergunta era absurda e sabia disso, eram estranhos, havia ameaçado fazer um escândalo no restaurante dele, e ele poderia ser casado ter alguém na vida dele, isso quase fez seu sorriso vacilar, mas apesar de tudo isso, havia algo que não sabia explicar que o fazia acreditar que ele aceitaria o convite.

– Vai embora! Dou cinco segundos para você sair daqui, e nunca mais voltar!

A atitude dele foi tão familiar e lhe pareceu tão adorável que tudo que pode fazer foi ampliar seu sorriso.

– Tudo bem, eu vou embora

Algo se escondeu atrás dos olhos dele, talvez medo e ansiedade, então sumiu.

– Então vai!

– Eu vou, mas não antes de saber...

– Saber o que?

– Qual é o seu nome?


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Notas finais do capítulo

Desculpem pela demora na postagem, próximo vem mais rápido!!!



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