Next Stop, Happiness! escrita por Yukino Miyazawa


Capítulo 2
Segunda Parada.


Notas iniciais do capítulo

Oi

Estou de voltar, bem como terminei o terceiro capitulo, já posso postar o segundo, não sei se disse na nota anterior tenho planos de posta pelo menos uma vez por semana, vamos torce para que eu consiga!

Temos Félix nesse capitulo, onde ele estava? Leiam e descubram!!

Muito obrigada pelos comentários, me deram mais confiança, thanks, thanks!!

Bjos e abraços e cheiros e boa leitura!!

Ah, eu preciso dizer, erros, pulem!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/594537/chapter/2

O ar saia por sua boca formando pequenas nuvens na sua frente, seus pés batiam no chão de forma ritmada, o lado esquerdo do seu abdome começava a doer, mas não diminuiu o ritmo, tentou calcular quantos quilômetros tinha corrido, quando a música que ouvia foi interrompida, indicando uma ligação, parou um instante, correndo no mesmo lugar, pressionou uma tecla e voltou a correr quando a voz chegou em seus ouvidos através dos fones.

– Está correndo?

– O que acha? - disse com a voz ofegante.

– Não devia se esforça tanto!

Correr me faz bem!

– Apenas não se esforce demais.

– Ligou apenas para me dar sermão?

Pode ouvir um suspiro vindo do outro lado.

– Não, para lembra-lo dos seus exames.

Félix virou uma esquina.

– Eu não esqueci... nos vemos mais tarde.

Sem espera resposta finalizou a ligação, com um suspiro cansado virou-se fazendo o caminho de volta para o lugar que agora chamava de casa.

–---

Félix encostou a cabeça no vidro do box, enquanto a agua quente escorria por suas costas, levando embora um pouco da fadiga dos quase oito quilômetros que correu essa manhã, não gostava de correr, mas a necessidade era maior que qualquer aversão a ficar todo suado.

Quando corria o vazio que nunca o abandonava diminuía, pressionou com mais força sua cabeça contra o vidro, quando a vontade de chorar o consumiu. Não se permitia mais se curva e chorar como uma criança perdida e assustada.

Arrumando sua postura desligou o chuveiro e saiu do banheiro deixando um rastro de agua pelo caminho, secou-se e vestiu-se com uma calma deliberada. Quando se curvou para amarrar seus sapatos um sorriso surgiu em seus lábios, lembrando de um tempo não tão distante onde amarrar seus próprios sapatos era como carregar uma montanha nas costas.

Com ânimo renovado, pegou seu casaco e as chaves do apartamento, um táxi já o esperava na portaria. Era um dia atipicamente frio para a primavera de Boston, com um suspiro deixou seus olhos passearem pelo rio Charles.

Assim que saltou do táxi em frente ao Brigham hospital, um vento gelado balançou seu cabelo, o obrigando a puxar seu casaco até que quase metade de seu rosto estava coberto, se o tempo estava assim nessa época do ano, quando o inverno chegasse, queria está bem longe de Boston.

Seus pés sabiam para onde leva-lo, pois fizera o mesmo percurso muitas e muitas vezes. André o esperava, como sempre, assim que o viu sair do elevador veio em sua direção.

– Está atrasado.

– É bom vê-lo também André - disse passando pelo médico em direção ao quarto que ocupara durante muitos tempo e que ainda ocupava quando vinha refazer seus exames.

Félix já estava acostumado com o que se seguiria, durante as próximas horas seria picado, scaneado, cutucado e testado até que todos estivessem satisfeitos. Três horas depois, enquanto se preparava para uma tomografia André entrou no seu quarto e o encontrou parado ao lado da janela olhando um pedaço do John Hancock.

– Quero voltar para casa.

– Mais alguns exames e você poderá ir para casa.

– Não me refiro a essa casa - Félix virou para olhar André - quero voltar para o Brasil.

– Já discutimos isso... - ele disse impaciente - Não á nada lá para você.

– Aqui também não a nada para mim!

– Você está reconstruindo sua vida aqui, em breve...

– E quem disse a você que eu quero essa vida? - Félix o interrompeu cortante - Não é sua decisão André, é minha!

André respirou fundo tentando controlar sua irritação.

– Você volta para o Brasil e o que acontece?

– Não sei, acho que vou ter que descobrir.

– Félix! Você está se enchendo de ilusões, e tudo o que você vai consegui é se machucar.

– Não sou criança André e não gosto de ser tratado como uma.

–Félix...

– Assunto encerrado... agora se me permitir tenho que seguir a risco o cronograma dos exames, meu médico é muito rigoroso quanto a isso.

–-----------

Félix se jogou no sofá assim que chegou em casa, sentindo-se cansado até os ossos, seu celular vibrou, não precisava atender para saber que era Renan, mais um para questionar sua decisão de voltar ao Brasil.

O que eles não sabiam era que a decisão já estava tomada e a passagem comprada, amanhã estaria no Brasil. Voltar lhe causava um misto de euforia com um pânico latente. Mas do que sua vida, também estava lá todas as....

Quando ouviu a porta sendo aberta e depois fechada, Félix se inclinou para frente, apoiando seus cotovelos em seus joelhos e o queixo em suas mãos entrelaçadas, esperando que André chegasse a sala.

– Achei que você me esperaria para que pudéssemos voltar juntos.

– Não queria discutir com você.

– Precisamos conversar sobre essa ideia de voltar ao Brasil.

– Não hoje André, estou cansado. Vou dormir - disse se levantando e caminhando até seu quarto

– Félix - ele o chamou com uma voz suave, Félix suspirou e virou-se para olha-lo - seus exames, estão todos limpos. Nada foi encontrado.

Félix sorriu

– Eu sei, eu vou viver até os cem anos André.

–----------

Félix tentou dormir mas não conseguiu, a ansiedade de saber que a próxima vez que deitasse em uma cama seria no Brasil o impediam, uma parte de si sabia que estava sendo egoísta, e tinha que admitir mal agradecido com André, mas do que abrir sua casa para um estranho, ele o ajudou a reaprender como viver, como se independente novamente.

Ainda se lembrava da sensação angustiante de sentir sua mente flutuando, ligada a um fio muito fino ao seu cérebro, de não conseguir controlar seus pensamentos, de tentar segura-los, mas eles escaparem como algo escorregadio.

Da sensação de estar sozinho, sozinho e abandonado no mundo.

André tinha sentimentos a seu respeito, ele nunca disse nada ou se insinuou, o que Félix agradecia fervorosamente, mas via como ele o olhava, quando achava que não estava vendo. Sua vida seria mais fácil se conseguisse corresponde os sentimentos dele, mas já tinha aprendido que muito raramente as coisas acontecem como planejamos.

Como um prisioneiro em sua cela começou a inventar maneiras para o tempo passar mais rápido, testando sua memória, contando objetos aleatórios, tentando advinha o que eram as formas distorcidas que as sombras desenhavam nas paredes.

Quando a luz do dia invadiu seu quarto o encontrou já de pé, usando sua roupa de corrida para dias frios, correr o ajudaria a diminuir toda a tensão e ansiedade que sentia.

Seus pés mal tocavam o chão, seu ritmo de corrido intensificado pelas emoções e aflições de estar voltando para casa. Seus pulmões reclamavam do exercício forçado, a camiseta que usava por baixo do agasalho, estava encharcada de suor, mas quanto mais rápido corria, menos medo sentia.

Quando chegou ao apartamento, para sua surpresa André ainda não tinha saído para o hospital.

– Antes que você diga o que tenha para dizer, me deixe tomar um banho, sinto como se tivesse terminado de atravessar o deserto do Saara.

– O que tenho para dizer será rápido.... se você quer voltar para o Brasil, tudo bem, eu sempre soube que um dia isso iria acontecer...

– Mas? Não me olhe assim André, eu sei que tem um mas.

– Mas, não agora... - ele disse parecendo muito cansado - me dê um tempo, vou tirar uma licença no hospital e vamos juntos.

Félix o olhou imaginando quanto de verdade havia na promessa dele. Com a voz mais casual possível respondeu.

– Conversamos melhor quando você voltar do hospital, realmente preciso de um banho. -André balançou a cabeça concordando, Félix esperou um segundo então acrescentou - André, apesar de não demostrar com frequência, eu sou muito grato a você.

Félix suspirou dando as costas ao amigo, lamentando que a última conversa deles fosse uma conversa de meias verdades.

Félix acordou lentamente de um sono pacifico, sem sonhos, sem pesadelos. Abriu os olhos para ver as nuvens passando por sua janela, a voz do piloto soou pelo avião informando que estavam entrando no espaço aéreo brasileiro.

O pensamento do qual vinha fugindo desde que sairá do apartamento de André, começava a bate o pé impaciente exigido sua atenção, e se ele estivesse certo? Se não houvesse nada para o que voltar? Não tinha uma bola de cristal para saber o que iria ou não acontecer, e ficar presumindo não traria benefício algum. Tivera que aprende na marra a ter paciência, quando um simples gesto de levar o garfo a boca que para maioria das pessoas era feito como algo automático e corriqueiro, para ele demandara tempo e esforço.

Quando o avião pousou e os passageiros começaram a descer Félix ficou sentado as mãos em seu colo até que sobrou apenas ele, quando a aeromoça o olhou e estava pronta a vim em sua direção se obrigou a ficar de pé e a sair do avião.

A sensação de desorientação que tanto odiava veio com força, o obrigando a controlar sua respiração, tudo que menos precisava era ter um ataque de pânico. Fez sinal para um taxi, jogou sua mala no banco de trás e sentou-se no banco da frente pedindo para o motorista apenas dirigir. Assim que o carro começou a se mover, e o vento a bater em seu rosto sua respiração começou a normalizar e a ansiedade diminuir.

Agora que recuperara o controle das suas emoções podia deixar seus olhos passearem em busca de qualquer sinal de reconhecimento, qualquer coisa que o fizesse se sentir em casa. Sabia que era tolice, não seria vendo ruas ou fachadas de lojas e restaurantes que lhe dariam essa sensação, mas queria se agarrar a qualquer sensação de pertencimento, por que o contrário, teria que voltar, sabendo que aqui não havia mais nada, não para ele.

– Já se decidiu aonde quer ir?

Félix pensou, não havia muitas opções e mesmo assim não tinha certeza qual delas era a melhor escolha.

– Me leve ao hospital San Magno - o taxista acenou com a cabeça pronto para virar à esquerda, mas antes que ele fizesse Félix o impediu - Não, espera, melhor não, me leve a esse endereço - disse tirando do bolso um pedaço de papel.

– Sei onde fica... em alguns minutos estaremos lá

Ótimo, mas será que ele vai ficar feliz ao me ver? Félix pensou, enquanto o motorista seguia em frente, o deixando cada vez mais perto do seu destino.

–------------

Félix flexionava seus dedos das mãos abrindo-os e fechando-os, como se estivesse segurando uma pequena bolinha, habito que havia adquirido de meses de fisioterapia. Começava a se arrepender de não ter ido direto para o San Magno.

Quando sua impaciência chegou ao nível que queria bater no porteiro que não o deixara subir e ainda lhe lançava olhares desconfiados. O viu. Ele se deteve quando seus olhos se encontraram, surpresa e outro sentimento que Félix não conseguiu identificar estamparam o rosto dele.

– Félix?

– Surpresa! Feliz em me vê Renan?

– O que está fazendo aqui?

– Acho que isso é um não.

– André sabe que você está aqui?

– Por que o André precisa saber onde vou ou deixo de ir, ele não é minha babá! Apesar de vocês insistirem em me trata como se eu fosse uma criança.

Félix virou-se e pegou sua mala.

– Onde você está indo?

– O que você acha? Vou pedi ao seu porteiro super gentil que chame um taxi que me leve a um hotel.

– Félix, espera, desculpa... não esperava encontra você aqui, fiquei surpreso, vamos subir que você deve estar cansado.

– Cansado é pouco, estou exausto, parece que ajudei a construir as pirâmides do Egito.

Renan sorriu balançando sua cabeça.

– É bom ver você!

Félix passou pelo porteiro e ficou tentado a mostrar a língua, insistia que não era uma criança, mas as vezes sentia vontade de ter atitudes bem infantis.

Assim que entraram Félix passou os olhos pelo apartamento de Renan, o lugar transpirava a personalidade do amigo, o que o fez gosta do lugar de cara.

– André não ligou avisando da minha fugar?

– Meu celular descarregou, e se ligou para o hospital muito dificilmente me encontraria, passei a tarde no centro onde presto consultar gratuita.

Félix bocejou.

– Preciso de um banho... tem alguma coisa para comer?

– Minha geladeira está vazia... podemos pedir algo. Comida japonesa?

– Não - Félix fez uma careta - esqueceu que fico enjoado só de sentir o cheiro!

– Esqueci... vem, vou te mostra seu quarto.

Félix se olhou no espelho um pouco do cansaço tinha ido embora após o banho, depois que colocasse algo em seu estomago e dormisse uma boa noite de sono voltaria a se sentir humano completamente.

Ficou tentado a deita-se e dormir, mas seu estomago reclamou, não comia nada desde Boston. Assim que chegou a sala ouviu Renan discutido ao telefone, e tinha certeza que era com André. Ignorando o amigo foi direto para onde devia ser a cozinha, como Renan o avisara não havia nada na geladeira, assim como nos armários, resignado encheu um copo com agua, tomando pequenos goles.

– Pedi uma pizza, não vai demora a chegar.

– André estava muito furioso?

Renan riu.

– Furioso é pouco... queria falar com você.

Félix revirou os olhos.

– Ele terá muito tempo para se acalmar, não pretendo falar com ele tão cedo.

– E o que você pretende Félix?

A campainha tocou, o que lhe deu uma resposta temporária.

– Agora, come e depois dormi.

–----

Por mais cansado que estivesse o sono demorou a vir, e quando veio não foi agradável, pesadelos não lhe eram estranhos, por incontáveis noites acordou se revirando na cama seu corpo cheio de suor, seu coração acelerado e o vazio, não sabia como defini esse vazio, era como sentir-se desmembrado, como se pedaços seus tivessem sido arrancados, deixando buracos no lugar, que as vezes pareciam querer engoli-lo.

Quando os pesadelos vinham quase nunca conseguia retorna ao sono, por isso afastou as cobertas e levantou-se, não demoraria para amanhecer. Sentou-se em uma poltrona confortável, e ficou olhando o céu mudar de cor, foi ali que Renan o encontrou.

– Pesadelo? - Félix apenas o olhou, não precisando responde a pergunta - vou preparar café, é disso que você precisa.

Renan desapareceu na cozinha, Félix levantou-se indo até a estante cheia de livros, quase todos eram livros acadêmicos, pensou que da próxima vez que tivesse um pesadelo folhearia um deles, talvez no meio de tantos houvesse um que explicasse o por que esses pesadelos o perturbavam tanto.

Ao lado da estante havia uma pequena mesa cheia de papeis, em sua grande maioria contas, algumas revistas e panfletos de psicologia. Seus olhos se detiveram em um pedaço de papel quase escondido pelos outros, esquecendo que mexer na correspondência alheia era falta de educação, pegou o envelope de um tom de creme com uma textura de ondulações.

Um convite de casamento.

Com um sorriso abriu e leu os nomes dos noivos.

– O que está fazendo?

Félix levantou o olhar do convite, Renan apertava as duas canecas que carregava uma em cada mão, seus olhos indo do rosto de Félix para o que ele tinha em mãos.

Félix caminhou até o amigo e pegou uma das canecas, soprou a superfície e tomou um gole com um sorriso de satisfação, olhando nos olhos de Renan, levantou o convite.

– Quem são Paloma e Bruno?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até o próximo capitulo que sair no mais tarda na terça feira da semana que vem!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Next Stop, Happiness!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.