Sétima Lua escrita por Pamela S


Capítulo 8
Mudança De Planos


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente eu tenho que dizer algo muito importante: Carol minha linda, minha vida, meu tudo! Você é demais! Fiquei emocionada demais ao retornar ao Nyah e encontrar algo tão lindo quanto a sua recomendação!

Em segundo lugar, informo á você que gosta de Sétima Lua e ficou louco de raiva de mim nos ultimos dois meses, que eu tenho a explicação para o que aconteceu ali nas notas finais.
Beijos e até a próxima criaturas que eu amo!



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De todas as respostas que poderia receber aquela era a menos esperada, Elina ficou sem reação, seu corpo deixou de debater-se e a respiração acelerada que fazia com que seus seios se comprimissem contra o peito dele ficou suspensa. De repente até mesmo inspirar e expirar parecia uma tarefa impossível. Sabia que o acampamento abrigava os soldados da Licânia, mas não esperava que o príncipe participasse de sua captura...

—Não tem nada á dizer? —ele perguntou ante seu silêncio.

—Saia de cima de mim, por favor... —ela pediu desconfortável com a proximidade do corpo dele.

Rafe pareceu notar somente naquele momento que sua pequena batalha corporal havia sido travada contra uma mulher e não contra outro guerreiro. Aparentando desconforto, o príncipe girou para o lado, liberando o corpo da feiticeira da pressão que o seu exercia.

—Sinto muito. —Disse o lobisomem pondo-se de pé com agilidade felina, deixando que uma Elina estática o observasse. —Perdoe-me, não pretendia que nosso primeiro contato ocorresse dessa forma. Um noivo deve cortejar a futura esposa e não intimidá-la.

Ele estendeu sua mão para que a princesa se levantasse, em seu rosto havia o esboço de um sorriso estranhamente familiar, Elina sentiu arrepios quando um pensamento despropositado invadiu lhe a mente. Ela afastou a lembrança de Petros por um instante, e então aceitou a mão que Rafe lhe oferecia.

Um clarão toldou sua visão e a feiticeira sentiu seu corpo ser puxado com rapidez e força surpreendentes. Quando seus olhos se acostumaram á claridade repentina e seus pés se firmaram ao chão ela pôde analisar o cenário á sua volta.

Em meio ao nevoeiro carregado poucos raios de sol conseguiam se insinuar, não havia vento, mas o frio era cortante e a grama congelada fazia barulho sob a sola de suas botas de cano alto. O príncipe lobisomem havia desaparecido, na verdade, tudo havia desaparecido. Não havia sinal do lago, nem do acampamento, nem da escuridão deixada pelo pôr do sol, tudo o que conseguia ver era a imensidão estranhamente branca e densa á sua frente.

—Príncipe Rafael? —ela chamou em um sussurro, não sabia que lugar era aquele e tinha medo de que algo mais alto que um sussurrar pudesse denunciar seu paradeiro para alguma criatura hostil. —Príncipe Rafael... —chamou novamente, dando alguns passos á frente, sem obter resposta.

Ela sentiu seu corpo estremecer, algo estava errado e havia uma voz interna que lhe dizia que não seria capaz de concertar. Seu sangue gelou só em pensar que estava sozinha, no meio do nada, sem seu amado Petros para lhe proteger...

Andou mais alguns passos, olhava para frente e para os lados, tentando inutilmente enxergar algo além da neblina quando seus pés tropeçaram em algo sólido, fazendo com que ela caísse de joelhos.

Sufocou um grito ao notar que aquilo não era uma pedra, tampouco um tronco de árvore tombado, ela tropeçou em um corpo parcialmente mergulhado em uma poça de sangue.

Rastejou para longe após colocar seus dedos contra o pescoço ensanguentado e constatar que o homem estava realmente morto. Tentou limpar seus dedos, retirar o liquido viscoso e ainda quente de sua pele...

Quente. O sangue ainda estava quente, o perigo poderia estar muito próximo. Elina queria levantar-se e correr, mas não tinha forças, estava apavorada e mesmo que conseguisse correr, para onde iria?

—Esrepsid. –sussurrou a feiticeira usando toda sua concentração, mas a névoa não se dissipou, ela sentiu seus braços começarem á tremer, não sabia se pelo medo ou se pelo frio, mas não deu atenção á isso.

Levantou-se com calma, evitando fazer barulho e então passou á andar olhando atentamente para a grama, não queria cair novamente, não poderia denunciar seu paradeiro sem saber á que perigos estava exposta.

Onde estaria Rafael? Aquilo era real ou apenas um sonho? Como fora parar naquele lugar tenebroso?

Ela ouviu vozes se aproximando, uma voz masculina e rouca, seguida de uma feminina e capaz de lhe causar arrepios. Eles não falavam em sua língua, ela não conseguia vê-los através da névoa, mas falavam alto e ela soube que os dois não estavam á uma distância muito grande. O homem falou em tom de comando, então a mulher passou á recitar um encantamento, dissipando á névoa como se fosse uma cortina de fumaça que ela absorvesse.

A névoa foi basicamente varrida por uma rajada de vento gelado, enquanto as palavras da mulher se tornavam mais altas á cada segundo. Elina olhou para os lados, mas não conseguiu avistar o casal, no entanto, conforme o cenário ia se revelando, avistou o príncipe.

Ele estava caído á alguns metros, suas roupas haviam sumido e seu corpo incrivelmente forte estava coberto por cortes e manchas de sangue, ele ofegava com dificuldade, os olhos entreabertos de uma forma estranha.

Elina sentiu um aperto no peito ao lembrar-se de uma cena muito parecida. Petros ficara naquele estado depois de ser atingido por seu Athame, mas Rafe parecia muito pior, suas veias estavam aparentes, azuladas contra a pele cor de oliva...

Correu até ele rezando para que estivesse errada, não queria que ele morresse, não suportaria mais nenhuma morte por sua culpa. Mas nem mesmo entendera o que fizera de errado para estar naquele lugar. Nem mesmo sabia se estava, poderia ser uma visão, um feitiço, um pesadelo...

—Ah! —ela gritou caindo sobre os joelhos á cerca de meio metro de onde o príncipe lobisomem se encontrava praticamente inconsciente, uma dor pungente começou em seu baixo ventre e subiu até o estômago, como se houvessem escaravelhos alimentando-se de sua carne, ela abafou outro grito, sufocando sem conseguir respirar enquanto suas mãos se prendiam ao corpo, num esforço inútil para fazer sua dor parar.

—Quantos ainda terão de morrer por você, princesa feiticeira? —ela ouviu a voz potente de instantes atrás soar alguns metros á sua frente, virou seu rosto e pode ver o casal no momento em que os últimos resquícios de névoa foram absorvidos pelas palmas das mãos da mulher alta e de cabelos escarlate que acompanhava o guerreiro musculoso de pele dourada que ostentava sobre a cabeça o crânio de um lobo marrom... Zéfiro.

—Mais nenhum... eu... espero... além de... você! —ela conseguiu dizer com dificuldade, a dor á controlava, e percebeu que quem causava a dor era aquela estranha mulher.

Ela apontava uma mão em sua direção, expondo o braço direito completamente coberto por símbolos mágicos como aqueles que a própria Elina carregava nas costas e recitava baixo algum encantamento que a princesa feiticeira não conseguia compreender ou bloquear.

—É uma pena para você que nem mesmo os seus deuses estejam ao seu lado. Olhe em volta e some isto á sua lista de assombrações. —ele falou apontando ao redor.

Elina não havia percebido nada além de Rafe caído e depois sua própria dor enquanto a névoa se dissipava, mas quando o berserk falou ela se obrigou á olhar para os lados, lutando com toda sua dor para se manter firme sobre os joelhos, mas esses também fraquejaram quando seus olhos pousaram sobre os corpos espalhados por todo o campo.

Dezenas, talvez centenas de homens nus e ensanguentados cobriam grande parte do cenário á pouca distância de onde ela mesma e o príncipe se encontravam. Provavelmente eram todos lobisomens, provavelmente estavam todos mortos...

Elina sentiu a dor tomar conta de si, as lágrimas escorrendo por seu rosto eram ignoradas, assim como a aproximação lenta de Zéfiro e as palavras cruéis que ele proferia á cada passo. Seu grito ficou preso na garganta, ela não conseguia pensar no que fazer, mas sabia que tinha que fazer algo para salvar á si e tentar salvar Rafe.

Recitou mentalmente uma prece á Macha, pedindo para que a deusa guiasse seus atos e então agiu. Sem dar tempo para que seu corpo respondesse á dor do feitiço da mulher de cabelos escarlate, ou para que sua mente entendesse o que estava acontecendo ela se jogou sobre Rafe.

Seu corpo se chocou contra o corpo nu e ensanguentado do príncipe e então foram sugados pelo clarão novamente, para então serem devolvidos á escuridão do entardecer na qual as proximidades do acampamento do exército lobisomem estavam envoltas.

Elina caiu sobre o corpo do príncipe, ele estava vestido e sem um único ferimento aparente. A feiticeira soltou um suspiro aliviado, deixando que suas lágrimas lavassem seu rosto e escorressem até cair sobre o rosto dele.

—Aquilo foi... Uma visão? —perguntou Rafe sem tirar os olhos espantados da feiticeira.

—Você... Você se lembra? —indagou Elina, sem entender como aquilo era possível, desde criança tinha visões, mas nunca conseguira levar alguém consigo para dentro de uma, na verdade nem ela mesma sabia quando era transportada para uma visão até que a mesma tivesse fim.

—Eu estava lá. Quando toquei sua mão fui transportado para a passagem do ciclope, a maioria de meus guerreiros estava morta, os poucos que ainda lutavam morreram em seguida. Eu fui atingido por espadas de prata logo depois. Quando você foi atingida pela feiticeira ruiva pensei que minha missão havia falhado e que você iria... Era tudo tão real.

—E será real. —garantiu a feiticeira rolando para o lado, para que seu corpo deixasse de pressionar o dele. Ela sentou-se na grama e ele fez o mesmo, o olhar dele estava vazio, como se não houvesse se recuperado do que havia presenciado, Elina entendia o que ele estava sentindo, pois ela mesma se sentia assim á cada visão como aquela. —Se você não mudar seus planos.

—Mudar meus planos? —ele á encarou novamente, seu olhar ainda vago, porém determinado á ater-se á suas palavras.

—O futuro é inconstante, ele muda conforme você decide agir. Se nosso caminho não atravessar a passagem do ciclope tudo pode ser diferente.

—A passagem do ciclope é o único caminho possível para chegarmos á Licânia. —protestou o lobisomem apoiando os cotovelos nos joelhos e apoiando a cabeça entre as mãos, em um gesto frustrado.

—Por terra sim. —ela concordou prontamente. —Mas se viajarmos pela água não haverá rastro que possa ser seguido, e estaremos em Cítara duas vezes antes do esperado. De Cítara á Licânia são apenas horas de viagem. Estaremos seguros.

—Onde pretende achar um navio grande o suficiente para acomodar um exército?

—Esqueça o exército, divida seus homens e ordene que sigam caminhos diferentes para a Licânia. Viajaremos apenas você, eu e seu curandeiro. E mais um ou dois guerreiros de sua confiança se achar necessário.

—Qual o seu propósito feiticeira? —indagou Rafe franzindo o cenho desconfiado.

—Salvar minha vida, ir com você até seu reino e depois casar. Eu juro que se tivéssemos tempo explicaria á você todos os meus motivos, mas agora tudo o que temos é pressa. Por favor, confie em mim, não irei decepcioná-lo.

Rafe pareceu ter suas resistências quebradas ao encarar a princesa. Seus ombros relaxaram e ele soltou um suspiro resignado antes de acenar positivamente com a cabeça. Ele estava prestes á responder quando de repente ficou rígido.

Elina alcançou seu punhal jogado sobre a relva e o apertou firmemente, preparando-se para o que viesse, mas Rafe segurou seu pulso e balançou a cabeça negativamente.

—Está tudo bem, é apenas um dos guerreiros do meu regimento. —explicou soltando-a em seguida. Elina expirou profundamente, aliviada, e então guardou seu punhal novamente no cano da bota, analisando o guerreiro aproximar-se e então apear do cavalo.

—Rafe, está tudo... Pelas bolas de Zeus! —exclamou o guerreiro de estatura mediana, tez morena e cabelos castanhos, olhando espantado para Elina. —Essa é... Ela é... É ela?

—Caius... —chamou Rafe levantando-se e indo na direção do guerreiro, que não tirava os olhos de Elina, ele tinha um misto de espanto e curiosidade nos olhos. O príncipe se afastou um pouco, sussurrando algumas ordens para o guerreiro que logo em seguida partiu á todo galope em direção ao acampamento. —Ele retornará com o curandeiro em breve e então partiremos. Que os deuses estejam á nosso favor e o seu plano dê certo.

Elina pensou em responder, mas se conteve, se o príncipe notasse sua alegria ante suas palavras ela estaria perdida. Quando estivessem em Gaterion ela o faria conduzir o curandeiro até o lupanar da rua principal e então seu amado Petros estaria á salvo...


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Notas finais do capítulo

Meus amores e minhas amoras! Quase morri...
De saudades de vocês.
De verdade, os ultimos 52 dias foram uma sucessão de desencontros.
Eu fiquei doente, fiquei algum tempo sem computador, depois passei por uma crise depressiva e reencontrei uma pessoa que me fez muito mal de certa forma, o que acabou me abalando demais.
Eu tentei escrever, tentei de todas as formas, eu tenho varios rascunhos sobre o novo capítulo de Sétima lua, mas... Ele só resolveu sair ontem. Então escrevi, revisei e agora estou postando, espero que me desculpem pela demora, e entendam que sou apenas uma mortal com problemas comuns, apesar de ter sonhos divinos!
Comecei ontem mesmo á escrever o capítulo nove, ele deve sair logo,logo. Gostaram? Espero que sim! Beijos!