Sétima Lua escrita por Pamela S


Capítulo 5
Brincadeira Macabra


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoa linda e amada, que lê meu texto!

Quero pedir desculpas pela demora, mas meu notebook tá ferrado, minha net morreu e eu to tendo que usurpar a do celular pra conseguir postar os capítulos. E aconteceram alguns probleminhas durante o percurso do inicio até o fim deste capítulo.

Mas agora está tudo bem e espero que vocês gostem do capítulo!

Beijos, boa leitura!



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A praça estava lotada, homens e mulheres dançavam iluminados por um circulo de piras que abrangia boa parte do local, muitos dos moradores de Gaterion estava lá naquela noite, era incrível ver a diversidade de cores, raças e credos reunida naquele local.

As pessoas naquele lugar eram de povos diversos e viviam em perfeita harmonia, diferente do povo preconceituoso e despótico dos treze reinos, que dizimou milhares de mestiços por medo de que eles fossem poderosos demais.

Se o povo dos treze reinos soubesse conviver como as pessoas em Gaterion, se aceitassem o que é diferente, as guerras ceridianas nunca teriam tido início... Tentou não pensar naquilo, a noite era de comemoração.

Observou as pessoas que dançavam alegremente enquanto flautas e bandolins produziam musica animada, procurava por Petros, o bilhete que ele havia lhe enviado pedia para que se encontrassem no centro da comemoração, ele não deveria estar muito longe.

O grande poste cerimonial do Beltane estava no meio da praça e os casais dançavam em torno do mesmo, cada um segurando uma fita longa e colorida, ligada ao topo do poste. Abrindo caminho entre a multidão ela tentava se aproximar, enquanto admirava tudo a sua volta.

O ar gélido e invernal não foi capaz de estragar a noite, a comemoração era a mais bonita que Elina já havia presenciado. Talvez as pessoas em Antera comemorassem daquela forma, mas ela nunca teve permissão para presenciar uma comemoração fora do castelo, sua segurança sempre foi prioridade...

Pensou em Petros... Sorriu ao lembrar-se do athame que ele lhe dera de presente, para que se protegesse caso alguma eventualidade ocorresse. Seu sorriso alargou-se recordando a estranheza que causou ao lobisomem quando lhe explicou que o athame era um punhal ritualístico, de fio duplo, porém sem corte.

Petros havia dado de ombros e dito: — Então era isso que o armeiro quis dizer quando pedi que afiasse o punhal. Bem... Agora seu athame tem corte, então é melhor que tome cuidado.

Sentia saudades do lobisomem, depois que contou á ele a verdade sobre sua vida os dois mal tinham se falado. Ele não ouviu suas explicações, apenas aceitou quando ela disse que não poderiam ficar juntos, isso a magoava, no fundo ela sabia que tinha esperanças de que ele á fizesse mudar de ideia...

Talvez ele tivesse encontrado seu tio avô Barnabas em Gulful. Estava nervosa, pois sabia que, caso Petros o encontrasse, ele á ajudaria a voltar para casa, e voltar para casa, significava nunca mais se aproximar de seu adorado lobisomem. E temia que seu coração não suportasse aquela separação...

Ainda pensava nisso quando notou que alguém á encarava. Recostado em uma arvore, perto de uma das piras, um rapaz á olhava fixamente. Ele penteou os cabelos castanho-claros e ondulados com a mão esquerda e segurou a nuca por um instante, depois sorriu, piscando para Elina.

Ela sentiu seu coração acelerar, ele parecia saber que ela não era um garoto. Mas como saberia se ela havia passado os últimos dias sem sair de seus aposentos?

Desde a partida de Petros para Gulful ela não havia saído de seu quarto nem mesmo para o banho. O lobisomem havia lhe instruído para que usasse a tina, e foi o que ela havia feito obedientemente, até saber pela camareira que haveria uma grande comemoração pela noite do Beltane na praça principal da cidade...

Depois de dias trancada no quarto, após a partida de Petros, sem companhia além do livro de alquimia de seu pai, ela sentia-se inquieta, triste. Não pode resistir á um pouco de distração, mesmo que vestida como homem e sabendo que não poderia demorar-se junto ao povo.

Analisou o desconhecido de soslaio. Ele estava vestido com simplicidade, camisa branca larga de tecido fino, calças justas escuras e botas de cano alto, não se destacaria na multidão por motivo algum. Ele era bonito e alto, porém muitos dos aldeões também.

Só que havia algo naquele homem que o tornava diferente dos outros. Talvez o olhar intenso que parecia capaz de enxergar sua alma, ou então o sorriso zombeteiro de quem conhece um segredo.

Elina não entendia o que ele olhava. Estava vestida com suas roupas masculinas. O chapéu verde musgo cobria-lhe completamente os cabelos. Em meio á tantas mulheres, porque ele olharia fixamente para um ‘’rapaz’’?

Ela desviou o olhar, desconfortável, depois saiu de sua linha de visão, atravessando a praça e indo olhar a dança mais de perto. Seus olhos vagaram pelo local, procurando por Petros, mas nada encontrou. Ele estava atrasado.

Os casais dançavam no ritmo agitado de uma canção que ela ouvira um nômade cantar na Vila Andarilha. Sentiu os olhos enxerem-se de lágrimas. Lembrar-se daquele povo só fazia com que sentisse remorso por ter fugido...

—Todos riem e dançam. Menos a jovem que se esconde por baixo de trajes que não lhe pertencem... —ela ouviu uma voz profunda e suave comentar á suas costas. Sentiu um arrepio percorrer sua coluna e subir pela nuca. Aquilo não podia estar acontecendo...

Ela começou á andar rapidamente, tentando se afastar fingindo não tê-lo ouvido, mas seu ardil não surtiu efeito. O rapaz segurou em seu pulso com firmeza, a mão gélida e de unhas compridas e opacas puxando-a em seguida, fazendo o corpo de Elina girar e bater de encontro ao seu com um baque surdo.

Algumas pessoas olhavam a cena sem entender o que acontecia, enquanto o desconhecido lhe circulava a cintura com o braço esquerdo e com a mão direita segurava a sua, fazendo-os girar em uma dança particular, completamente diferente da dança que as outras pessoas executavam em torno do poste.

—Etlos-em aroga... —ela murmurou entredentes, mas nada aconteceu. A feiticeira sentiu seu sangue gelar nas veias, e o coração acelerado parecia querer saltar do peito. Porque seu feitiço não havia funcionado era a pergunta. Mas estava com medo da resposta...

—Está vendo isso? —ele mostrou uma pulseira fina e acobreada em seu pulso. —Impede que seus feitiços me afetem, não acha extraordinário?

—Quem é você, e o que quer de mim? —indagou Elina, ela o empurrou novamente, visando soltar-se, mas foi em vão.

—Sou Dorian Demétrius, seu humilde servo, Majestade. —ele simulou uma mesura com a cabeça e então sorriu novamente. Agora Elina entendia o que era diferente naquele rapaz, ele era uma ameaça...

—Não sou rainha. —Elina cuspiu as palavras de modo seco. Sua raiva superada apenas por seu medo. Olhou em volta buscando encontrar Petros, em vão.

—Realmente, você não é. Mas a feiticeira presa aqui dentro—ele deslizou os dedos pela cintura dela, apertando a carne sob o tecido dolorosamente, mas sem machuca-la—é a maior rainha que Ceridian já possuiu.

—Elíria era um monstro assim como você, e teve o fim que mereceu. —bradou a feiticeira, Dorian a empurrou e então a trouxe de volta, girando no ritmo da musica.

—Monstro? —ele gargalhou e jogou a cabeça para trás—Talvez... Mas se acha que Elíria chegou ao fim, então realmente você não passa de uma menina ingênua com um corpo tentador...

—Elíria teve seu fim muito tempo atrás, e se não me soltar agora, logo terá o seu também. Ou acredita que poderá fazer algo sem que ninguém intervira?

—Quem você acha que irá intervir? Seu Príncipe Encantado? —ele zombou, o sorriso constante em seu rosto impassível enervando-a—Eu mandei o recado que a trouxe até aqui. O lobisomem deve estar á léguas de distância. Todavia, você ainda pode gritar, mas seria capaz de colocar vidas inocentes em perigo?

Elina sentiu seus joelhos fraquejarem, não podia ser verdade... Olhou para os lados, á procura dos guerreiros de Zéfiro, mas nada encontrou. Talvez Dorian estivesse sozinho, e então ela teria uma chance. Mas poderia arriscar as vidas daquelas pessoas como havia feito na Vila Andarilha?

—Não... Você não é capaz. —ele constatou. Seu hálito de morte provocando náuseas em Elina. —Vai sacrificar-se por desconhecidos... Patético.

Ele a fez girar novamente, abraçando-a por trás dessa vez, sem parar de dançar. Agora as palavras dele eram sussurradas diretamente em sua orelha direita, causando arrepios na pele morena da feiticeira.

—Você vai pagar caro por isso. Vou amaldiçoa-lo pela eternidade. —ela ameaçou, sentindo a raiva crescer dentro de si.

—Estou morto. Existe maldição pior? —perguntou zombeteiro, e então encostou os lábios frios contra a pele do pescoço de Elina. Ela sentiu as presas afiadas perfurarem sua pele superficialmente, e então o sangue brotou com suavidade. Dorian sugou lentamente, ignorando a forma como ela se debatia.

—Ei menino. —um homem corpulento chamou aproximando-se. —Está precisando de ajuda?

Dorian passou a língua sobre os ferimentos que se fecharam ao contato de sua saliva. Ele afastou sua boca do pescoço de Elina e então sorriu para o cidadão.

—Estamos apenas... nos divertindo, amigo. —falou o vampiro.

—Não me referi á você. —o homem fechou a expressão em seu rosto, dando mais um passo á frente, os dedos de sua mão direita circularam o cabo de sua espada, ameaçando tirá-la da bainha. —Você está bem, garoto? —Elina estava ofegante, então tentou controlar sua respiração antes de responder.

—Estamos apenas nos divertindo. —ela repetiu a frase de Dorian, mas não conseguiu sorrir, sua voz soou naturalmente grave, dado seu estado de nervos.

O homem parecia tentar decidir se acreditava em Elina, ou não, a mão não saiu do cabo da espada, e sua expressão ainda era de desconfiança.

Dorian encarou-o por alguns segundos, então o homem pareceu perder o ímpeto. Ele retirou sua mão da espada, lhes lançou um cumprimento e então partiu, sumindo no meio da multidão.

“Maldito vampiro...” pensou Elina, além de estar imune á seus poderes, ele era capaz de hipnotizar mortais, decidiu não perguntar-se se a situação poderia ficar pior.

—Vamos sair daqui antes que mais alguém venha perguntar por que estou lhe molestando “garoto”. —disse o vampiro desmanchando o abraço e arrastando Elina para longe da multidão.

Andaram pela praça até atingirem uma rua lateral, completamente deserta e semiobscurecida. Agora mesmo que ela gritasse ninguém ouviria...

—Vamos brincar? —Dorian pergunta, soltando-a depois de retirar seu chapéu, fazendo os cachos da feiticeira penderem por seus ombros até atingirem o meio das costas. —Você vai correr. Darei á você cinquenta metros de vantagem, se conseguir fugir está livre.

—Por que está fazendo isso? —ela indagou dando alguns passos atrás.

—Nós dois sabemos que você não tem chances de vencer neste jogo. Mesmo assim, seu instinto natural vai buscar proteção, e você vai fugir. É o que todos fazem. Não leve isso como algum tipo de ofensa pessoal, é apenas diversão. —ele deu de ombros e passou a mão esquerda pelos cabelos, tirando as mechas onduladas que pendiam por seu rosto. —Corra... —ele sussurrou, incitando-a com movimentos de mão.

Elina sabia que ele tinha razão, não o venceria em uma corrida, mas aquela era sua única chance, poderia ganhar tempo, pegar seu athame oculto sob o cano da bota e fincar a lâmina de prata no coração do vampiro... Não era um plano muito elaborado, mas era o máximo em que conseguia pensar no momento.

Virou-se e começou á correr. Casas fechadas, ruas desertas, como se esconder de alguém que ouve as batidas do seu coração, sente seu cheiro como um rastro e enxerga no escuro?

Talvez se conjurasse um feitiço, se materializasse um muro entre ela e o vampiro... Não, isso nunca o deteria.

Barreira de rosas. Ela havia lido em algum lugar, sobre vampiros não conseguirem atravessas barreiras de rosas vermelhas... Ou seriam os lobisomens?

Dobrou uma esquina e correu mais alguns metros, seguindo para outra rua. Ela não conseguia raciocinar quando pressionada, e aquele momento não era uma exceção.

Escondeu-se em um beco escuro, e retirou seu athame do cano da bota, ocultando-o sob a manga da camisa. Teria que chegar muito perto para crava-lo no peito do maldito vampiro, mas chegaria perto de qualquer forma quando ele decidisse participar da “brincadeira”.

—Princesa... Se esconder não é uma boa ideia. Eu posso ouvir seu coração martelar em meus tímpanos. —a voz de Dorian soou distante, embora ela tivesse a impressão de ouvir suas botas baterem contra o chão de pedra.

Ela não tinha noção do que aconteceria á seguir, mas havia desistido de correr, deixaria o destino se encarregar de sua sorte.

—Você me decepciona. —o vampiro comentou parando á sua frente. Os cabelos castanhos cobriam boa parte do rosto que beirava a perfeição, as mãos dele estavam cruzadas ás costas e o sorriso permanecia em sua boca, parecendo entalhado em marfim. —Perdeu o fôlego? A maioria leva mais tempo até desistir, tornando o jogo mais interessante. Mas você está com tanto medo que desistiu até mesmo de lutar. É uma vergonha para sua linhagem, nem parece possuir o sangue de Elíria nas veias...

—Medo? Acha que o medo me paralisa? Está completamente enganado... —ela murmurou com mais tranquilidade do que acreditava ser capaz, o vento silvava de forma horripilante naquele momento, abafando o alarido que provinha do Beltane. —Não fugirei. Deixo minha sorte ao sabor do destino. Se os deuses estiverem á meu favor, seu amuleto irá se quebrar, e eu poderei acabar com sua vida com um estalar de dedos. Se eles decidirem á seu favor, então minhas preces serão em vão, e nada do que eu faça poderá detê-lo. Mas se os Deuses decidirem que não irão interferir, espero que estejam preparados para testemunharem uma batalha como há muito não se via...

Dorian jogou a cabeça para trás e gargalhou com vontade.

—Você tem senso de humor! —ele aplaudiu—Mas agora... Quero diversão de verdade.

Quando ele aproximou-se Elina pensou em recuar, então se lembrou de que o queria perto... Seu coração acelerado, e os dedos trêmulos eram claros sinais de que não confiava naquele plano.

Ele estava á uns cinco passos de distância quando ela investiu. Seu braço voou na direção do peito do vampiro. Usou toda sua força, esperou a reação dele e então ela atingiu o chão. O athame não estava mais em sua mão, e Dorian não estava mais á sua frente.

Ela olhou para trás e viu quando ele jogou o punhal para longe, sua mão queimada pela prata levou alguns segundos para se recuperar.

—Ousada... Aprecio seu ímpeto. Mas agora estou com muita raiva, e acho que você precisa aprender uma lição. —ele á segurou dolorosamente pelos cabelos, fazendo-a levantar-se de forma brusca, depois envolveu o pescoço delicado com os dedos finos e de unhas afiadas, pressionando até que ela não conseguisse respirar. O braço dele elevou-se fazendo os pés da feiticeira deixassem de tocar o solo.

—Sei... que você... não pode me matar. —ela murmurou com dificuldade, suas duas mãos envolvendo a dele, tentando em vão afrouxar o aperto que a sufocava.

Embora estivesse escuro demais para enxerga-lo, Elina o sentia queimar em sua fúria. Ela estava quase desfalecendo quando seu corpo foi arremessado com força. O vento frio da noite cortou contra sua pele por um instante, depois ela sentiu a dor do impacto...

Caiu á metros de onde se encontrava inicialmente, seu corpo todo doía e sentiu sangue escorrer por seu rosto, talvez estivesse brotando da testa, ou então do nariz, ela não saberia dizer.

—Tem razão. Não posso mata-la, mas não disseram nada sobre um pouco de diversão. —comentou o vampiro calmamente, ele andava sem pressa, enquanto Elina tentava se levantar, mas seu corpo não parecia capaz de obedecer á seus comandos.

—Tão frágil. Delicada como a chama de uma vela, que ao menor sopro apaga-se...

Elina fechou os olhos e esperou pelo ataque que não veio. Quando abriu os olhos notou que Dorian lutava contra um grande lobo avermelhado. Seus vultos confundindo-se na escuridão.

—Petros... —ela suspirou aliviada, depois foi tomada pelo alarme, embora Petros fosse ágil e extremamente forte, o vampiro também o era.

Quando o lobo investiu contra Dorian, o vampiro desviou de suas presas, cortando a pele de Petros com suas unhas afiadas. O corte foi profundo, o sangue respingo no rosto de Elina, fazendo com que ela fosse tomada pelo medo. Precisava fazer algo...

—Petros, o amuleto! —ela gritou tentando sobrepor sua voz aos sons do confronto. —Arranque a pulseira que ele usa no pulso direito e eu poderei afetá-lo com magia.

Ela não sabia se ele havia lhe escutado, tentava raciocinar, encontrar alguma forma de ajuda-lo, uma forma de ferir o vampiro, conferindo assim, alguma vantagem á Petros.

—A prata fere... O punhal! —ela sentou-se o mais rápido que pôde e recitou—Ahnev arap mim. —o athame, que não havia caído muito longe, deslizou pelo solo de pedra até tocar seus dedos. Elina o pegou e fez mira, estava escuro, precisava ter cuidado com o que iria recitar, ou correria o risco de ferir Petros.

—Etreca o ovla! —ela proferiu as palavras enquanto jogava o athame na direção dos oponentes, ouvia o som de ossos quebrando e sentia o cheiro de sangue, mas não tinha ideia de quem vencia naquele momento. O pânico ameaçava tomar conta de si, ela não podia ter falhado...

—Ogof... —murmurou a feiticeira, e uma bola azulada e flamejante surgiu na palma de sua mão, ela á jogou para cima, e então o cenário clareou bem á tempo para que ela visse Petros arrancar o amuleto de Dorian com as garras afiadas de sua pata direita.

—Rod asnetni! —ela gritou com sua voz rouca, o vampiro caiu, contorcendo-se pela dor, ao lado do lobisomem.

Elina levantou-se e foi até Petros, mas havia algo errado... Ele estava transformando-se de forma célere, o corpo diminuindo de tamanho muito rapidamente, perdendo a pelagem e uma poça de sangue formando-se á sua frente.

—Petros... Pelos Deuses! —ela notou seu athame cravado no peito do lobisomem. A prata que deveria defendê-lo agora lhe roubava as forças. Elina ajoelhou-se á sua frente, sem preocupar-se com o sangue empoçado que encharcou seus joelhos, ou com sua própria dor. —Me perdoe... O alvo não era você...! Sinto muito, sinto muito! —ela soluçou, seus dedos tremiam e ela levou alguns segundos até conseguir desamarrar os cordões de sua camisa e então retirá-la pela cabeça, apenas a faixa que comprimia seus seios cobria-lhe o dorso agora.

Ela retirou o athame com cuidado, mas Petros não conseguiu suprimir um gemido de dor.

—Es erepucer... —ela murmurou colocando a mão sobre o corte, que passou á sangrar menos, mas não se recuperou totalmente. —Es erepucer... Es erepucer... Es erepucer! —conforme ela recitava o encantamento, seus cortes se abriam e o sangue escorria por sua face, enquanto o corte dele tentava se retrair com dificuldade, mas estava fraca e tudo o que pode fazer além daquilo foi estancar o sangue com sua camisa.

—Vai ficar tudo bem. Vou leva-lo á estalagem, deve haver um alquimista, um curandeiro, ou qualquer coisa do tipo na cidade. E se não houver, eu mesma irei preparar o contraveneno...

—Não temos tempo. Zéfiro está vindo. Você tem que fugir... —Petros sussurrou fechando os olhos, ele parecia exausto, pálido demais, fraco. Ele não iria resistir por muito tempo sem o contraveneno.

—Por favor, você tem que ficar acordado. Preciso tirar você daqui. Tente ficar de pé. —ela implorou, puxando-o para que se sentasse.

—Eu não vou conseguir, feiticeira...

—Você tem que conseguir! —gritou desesperada. —Porque eu não vou á lugar nenhum sem você.

—Então eu morrerei por você, e você morrerá por mim... — ele sussurrou, cobrindo a mão que ela pressionava contra o ferimento com a sua.

Elina deixou que suas lágrimas rolassem livres. Sua ingenuidade, sua imprudência, seu ímpeto haviam causado tudo aquilo. Ela colocava em risco não apenas sua vida, mas a vida de alguém que amava. Outra vez...


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Notas finais do capítulo

Gostou? Então se puder comente.
Vou adorar saber o que você pensa!
Beijos e obrigada pela leitura. :D