Dead Girls Never Say No escrita por Hikari Ouji


Capítulo 5
A soma de todos os pesadelos


Notas iniciais do capítulo

Sharon desperta dentro de um novo pesadelo. Após ser sequestrada por seu ficante e seu amigo, ela se vê sem saída ao conhecer as reais intenções do grupo que conta com mais um integrante. E ela não é a única vítima.



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O som de gritos acabou por despertar Sharon. Ela não tinha noção de que horas eram, mas pelas frestas das tábuas dava para ver a luz fraca do sol. Enquanto isso os gritos em algum lugar da casa continuavam. Alguns altos e outros baixos como se alguém estivesse tampando a boca da pessoa agredida. Por duas vezes ouviu também a voz de homens que pareciam estar provocando algum tipo de tortura enquanto a agredia. Sharon sentiu as lágrimas escorrerem pelos olhos ao imaginar que ela seria a próxima vítima e sentia pena de quem estava sofrendo com as torturas que o grupo de sequestradores estava fazendo. Depois de tentativas falhas para se soltar das amarras, a garota olhou para a luz fraca do sol que continuava insistindo em passar pelas frestas de madeira e se surpreende ao perceber que não estava amanhecendo. Ao invés de ficar cada vez mais claro, a noite do dia seguinte já tinha chegado enquanto ela esteve dormindo provavelmente devido à ingestão de alguma medicação que colocaram na água do dia anterior. Sharon se lembrou do que André acabou dizendo enquanto estava sobre efeitos da maconha. Lembrou que além dele e Robinho provavelmente poderia ter mais um ou dois agindo. Lembrou também do que ele falou sobre filmagem e do dinheiro que ganhava fazendo isso. Na tentativa de juntar as peças supôs que eles eram integrantes de algum tipo de quadrilha parecida com aqueles que fazem tráfico de mulheres para o exterior. Sequestravam garotas que julgavam ser fáceis e de acordo com o pedido que recebiam de algum pervertido, eles saciavam seus desejos. Além da entrega pessoal, eles deveriam filmar e enviar para eles. Ninguém saia perdendo. Todos lucravam com isso.

— Porra! Essa garota é muito gostosa – disse uma voz que subia as escadas. Era André.

— Nem fale. Muito gostosa – riu a outra voz. Era Robinho.

  A porta se abriu, a luz amarelada do teto se acendeu e ambos entraram no cômodo.

— Acordou gracinha? – disse Robinho soltando as amarras dos pés de Sharon enquanto se sentava na cama fazendo-a afundar levemente com seu peso. Sharon por sua vez tentou se afastar do seu toque – Chegou sua vez.

— Pode tirando suas mãos sujas dela – disse André dando um tapa amigável na cabeça do comparsa – Já tá decidido que ela vai ser minha no filme de hoje. Já tem até nome – riu – O príncipe e a Vagabunda.

— Gostei – Gargalhou debilmente Robinho se levantando da cama e fazendo o móvel subir alguns centímetros – Assim que o chefe chegar a gente começa a gravação. Faz tempos que não pegamos uma versão extrema.

— Vamos ganhar o Oscar gordinho – debochou Robinho.

Sharon observava os dois enquanto estava sentada na cama. Embora com o corpo dolorido, reuniu forças para conseguiu acertar um chute entre as pernas de Robinho que com a dor caiu de joelhos e rolou para o lado.

— Filha da puta! – gritou segurando a parte chutada.

— Eu sei – ria André – Ela também já fez isso comigo. Mas é bom ela parar com essa porra por que é com isso que vamos dar felicidade a ela – disse André agarrando sua própria virilha.

— Calminho aí, príncipe – disse uma voz que fez um frio percorrer a espinha da garota – Segure esse pau se não essa merda não vai levantar mais tarde – riu aquele homem que Sharon conhecia muito bem.

— Tá tranquilo Rafael. pronto pra mais tarde – riu André.

Sharon não conseguia acreditar que o namorado da sua amiga também estava envolvido com aquilo. Isso significava que tudo aquilo era uma armadilha planejada sabe-se se lá quando. Sharon preocupou-se com sua amiga Suellen que não sabia de nada daquilo. O cara que ela tanto gostava era na verdade um monstro.

— Seu desgraçado – gritou Sharon – Por que você está fazendo isso!?

— Não da sua conta! Nem sei por que estou falando contigo. Vambora pessoal. Vamos arrumar tudo lá embaixo.

Os três saíram do quarto sem apagar a luz, mas não se esqueceram de trancar o quarto. Lá embaixo o som de coisas sendo arrastadas lhe fazia pensar no pior. Agora que estava sozinha no quarto iluminado parou para perceber que o quarto não tinha nada de mais. Algum dia no passado havia sido pintado de branco, mas agora estava sujo e com sinais de mofo. O chão era imundo, mas tinha uma vassoura encostada na parede de enfeite. Em um canto do quarto tinha uma cadeira e no outro um armário vazio com a porta quebrada. Nas paredes tinham uma moldura torta de um quadro sem foto e um espelho quebrado. Se ela conseguisse fugir não tinha muita coisa com o que poderia se defender. Sem ter o que fazer ficou pensando como foi se meter numa enrascada dessa forma e se por algum milagre pudesse escapar dali imaginava como iria fazer.

Não demorou muito para que o som de passos se aproximando pudesse ser ouvidos e assim que chegaram ao andar onde Sharon estava, abriram a porta e revelaram ser André e Robinho.

— O que vão fazer agora seus desgraçados?  – disse ao ver que iria soltá-la.

— Eu te disse gata – respondeu Robinho desamarrando o punho esquerdo – É a sua vez. Fica quieta que já tô de saco cheio da sua voz. Ainda tá doendo viu!

André nada dizia, mas exibia um sorriso de canto de boca. Provavelmente pensava no que ele iria fazer dali a poucos minutos. Ele somente a segurou forte pelo punho e quase a arrastou para sair do quarto. Sharon não resistiu por que não tinha como. Mesmo que batesse em um, o outro a pegaria e sabe se lá quantos ainda tinham para enfrentar. Ou seja, fugir daquele pesadelo seria impossível. Pelo que pode observar, enquanto descia a escada de madeira envelhecida, parecia que eles estavam em alguma casa abandonada longe do litoral. No andar de cima também tinha outro quarto que parecia estava trancado. Sharon imaginou que talvez a outra mulher sequestrada pudesse estar lá.

Assim que chegou ao andar de baixo, André a puxou para a esquerda passando por uma sala cujas janelas também estavam fechadas com tábuas. Em seguida Robinho abriu outra porta revelando um interior escuro onde somente uma minúscula luz vermelha era possível se ver piscando. Mas em um clique a luz amarelada tomou conta do lugar e revelou o que estava na escuridão.

Em um lado do quarto de paredes brancas e quase vazio tinha uma poltrona de couro velha e no lado oposto uma câmera filmadora em cima de um tripé. O chão era de tacos de madeira escuro e estavam brilhantemente limpos, diferente do restante da casa. A janela, assim como as outras, estava fechada com madeiras e coberta com uma cortina florida velha. E debaixo dela o móvel principal; uma cama de casal com um travesseiro encardido, por cima de um lençol fino de cor branco gelo.

— Aqui será nosso ninho do amor – riu André – Tá tudo pronto Rafael?

— Sim – respondeu ele vindo de algum cômodo da casa. Bebia cerveja da boca de uma garrafa de vidro marrom – Vamos começar essa merda que já tô ficando bêbado.

— Certo – confirmou Robinho – O cliente da vez pediu o pacote completo. Vocês estão preparados?

— Cara tô muito excitado!  – disse André esfregando as mãos.

— Se controla imbecil. Parece até virgem – riu Rafael – Vambora rapaziada. O gringo foi bem claro no que ele quer. Ele pediu gritos, tapas e sangue. Tudo isso junto com essas músicas que ele mandou disse segurando um pen drive preto na ponta dos dedos.

— Cara chato! – resmungou André referindo-se ao gringo desconhecido.

— Desde que ele pague. Pense só. São cinquenta mil pra cada – riu Rafael bebendo novamente da garrafa - Ele quer sem cortes e que filme ela depois de morta também.

— Esse gringo é doente – riu Robinho acendendo um cigarro de maconha enquanto a música que o estrangeiro queria tocava alto dentro do quarto.

Tudo aquilo fez Sharon entrar em pânico e tentou escapar. Os três chamavam aquilo de trabalho, mas era doentio. Eles sequestravam pessoas de acordo com os pedidos de alguém e eles torturavam e matavam, caso fosse necessário. Tudo filmado sem cortes. Para a desgraça de Sharon ela foi escolhida para a pior opção do catálogo. Algo que eles denominavam ser a “Versão Diamante” onde tudo era incluso: Sexo, drogas, tortura, mutilação e por fim morte. Até trilha sonora era inclusa se fosse necessário. Sharon queria entender quem em sã consciência era capaz de pedir e fazer isso, mas se eles iam fazer, era sinal que em algum lugar do mundo tinha alguém esperando pela filmagem de Sharon. Alguém tão doentio quanto eles. O que será que eles faziam quando recebiam a filmagem? Pra quê eles queriam esse tipo de filmagem?

Ao perceber que aquele era seu fim sentiu como se já estivesse morta. Sentia repulsa da cara dos três homens que riam e dançavam ao som alto de uma música eletrônica sem letra enquanto bebiam e fumavam. Sentia raiva de si própria por ter se apaixonado pela pessoa errada. Sentia raiva de ser idiota e fraca. De ser uma garota que se apaixona fácil e que não tem coragem de enfrentar seus medos. Tinha raiva até de Deus por não a salvar numa situação dessas.

— “O que fiz para merecer isso?”— pensou enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto.

— Tira a roupa vadia – disse Rafael depois de algum tempo.

Sharon recusou e tentou fugir do quarto, mas com um tapa foi jogada ao chão.

— Não tem para onde fugir piranha! Agora tira a porra da roupa! – berrou André enquanto os outros riam.

Sharon se recusou mais uma vez, mas dessa vez André perdeu sua paciência e a puxou pelos cabelos arrastando–a até a cama. Sharon gritava implorando para que parassem, mas ninguém ali estava em sã consciência. Eles já não eram homens. Haviam se transformado em demônios sem piedade. Começou com André que lhe arrancou o vestido com raiva enquanto suas mãos percorriam por entre suas pernas. A última peça de roupa que lhe sobrou no corpo foi arrancada por Robinho que cheirou a peça intima com prazer. Quanto mais ela gritasse mais ele era agressivo.

— Eu disse que você seria minha Sharon – sussurrou André em seu ouvido.

André a penetrou como se Sharon fosse uma boneca inflável. Sharon sentia dor a cada movimento rude que ele fazia, mas com a mão forte lhe tampando a boca os gritos saiam abafados. Robinho e Rafael observavam rindo enquanto se despiam e de tempos em tempos ajeitavam o ângulo da câmera ou a tiravam do tripé e faziam closes de suas partes intimas. Por outro lado, André urrava em seu ouvido enquanto mordia seu pescoço e deixava marcas vermelhas de chupões. Não se sabia se ele sentia prazer pelo sexo ou prazer pela tortura.

— Acaba com ela André!  – ria Rafael filmando sem perder nenhum movimento – Só não arregaça muito ela – continuou enquanto alisava suas próprias partes intimas por cima do jeans. Ver aquilo o excitava.

Com suas mãos pesadas André a virou na cama e a penetrou novamente enquanto que com uma mão segurava sua garganta e a outra segurava com força um de seus seios. Sharon sentia uma dor que nunca sentiu antes. E tudo isso misturado à humilhação fazia sentir nojo de si própria. Quando por fim André terminou depois de soltar um berro alto de êxtase em seu ouvido, ele deitou de lado e acendeu um baseado. Sharon continuou deitada de costas enquanto as lágrimas escorriam sem parar. Só queria que tudo aquilo acabasse de uma vez. Que eles fizessem o que tinha que ser feito e a matassem para livrar de toda a dor e humilhação que sentia.

Sharon não soube por quanto tempo ficou sofrendo com os abusos dentro daquele quarto. Depois de André, Sharon ainda sofreu com os abusos de Robinho que valia por dois com seu peso. E por último Rafael que a estuprou sem piedade. Nem as prostitutas mais baratas haviam passado por aquilo. Sharon era como uma boneca para eles. Era totalmente submissa ao corpo de Rafael que parecia ser o pior dos três. Vendada, toda vez que tentava fugir, morder ou arranhar era um soco, tapa ou chute que levava. Enquanto isso, André e Robinho se divertiam com a filmagem e com outras formas de tortura. Sharon havia chegado ao ponto onde não sentia mais dor. Havia perdido as contas de quantas vezes André a queimou com a ponta do cigarro que fumava. De quantos tapas levou no rosto, de quanto sua cabeça doía com os puxões que recebia de Rafael e de quantas vezes sua boca foi forçada a abrir para engolir alguma bebida alcoólica amarga e barata. Sua boca tinha gosto ruim de sêmen, sangue, bebida e drogas. Sentia seu corpo dolorido e sentia um líquido escorrer por entre suas pernas. Estava tão machucada que já estava sangrando. Aquilo não impediu que os abusos continuassem, eles gostavam de vê-la sofrer. Até que o cansaço os venceu e a filmagem já havia passado de um tempo normal de um filme de cinema.

— Boa menina – disse André dando pequenas batidas no rosto de Sharon – Aguentou tudo e ainda tá acordada – riu – Olha só pra você. Suja. Você é um nojo. Imunda. Deve estar morrendo de vontade de morrer – terminou escarrando um cuspe sobre as costas da garota.

André sacou um revolver de dentro de uma mochila e passou o cano pelos lábios de Sharon que permanecia imóvel deitada de barriga na cama. Um braço estava caído para fora do colchão e seus olhos fitavam algum ponto no chão entre os tacos de madeira.

— Apesar de tudo você sabe como agradar um macho – disse André pondo a arma na testa de Sharon que sentiu o metal frio.

— Calma, André! – disse Rafael recolhendo suas roupas do chão – Não vamos matar aqui dentro. Vamos levá-la lá pra fora e terminar com isso.

— Certo – concordou – Vamos acabar logo com isso. Vou tomar um banho.

Todos saíram do quarto e a deixaram a garota nua na cama. Com a casa trancada não tinha como ela fugir e mesmo que tentasse não iria conseguir. Não depois de um estupro coletivo e seções de tortura que durou horas. Exausta, Sharon sentiu seu o corpo frio e a vontade de vomitar lhe veio à garganta. Fechou os olhos por alguns minutos enquanto via o quarto girar e pedia para que alguém a salvasse, mas ao perceber que ninguém iria buscá-la desistiu enquanto tudo o que havia sofrido vinha a sua cabeça.

Sharon nem percebeu que havia desmaiado quando acordou com alguém batendo rapidamente com a ponta dos dedos em seu rosto. Eles eram gelados, finos e desesperados.

— Acorda Sharon!  – sussurrava a voz rapidamente – Acorda garota antes que eles voltem! – implorava a voz feminina.

Ao abrir os olhos pesados deparou com um rosto que conhecia muito bem. Mas estava tão machucado que demorou a identificar logo de inicio. Aquela que a chamava era a outra garota que havia sido sequestrada. Era a outra que sofreu na noite anterior. Aquela outra vítima, na verdade, era Suellen.

 

(^_^)v

...Continua...

by Hikari Ouji


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