Christian PDV

   - Amor, eu já volto – Disse Emily no meu ouvi, a balada estava tão alta.

   Olhei para ela, a musica a incomodava.

   - Se você quiser vamos embora – disse eu, me aproximando mais ainda de seu rosto, isso me excita.

   - Vou ao banheiro antes – olhei Emily se virar, seu vestido curto me deixa louco.

   Senti alguém me cutucar, virei-me no meio de todas aquelas pessoas, estava apertado o espaço.      

   - Nossa Chris, que coincidência – disse ela, com uma expressão sexy e provocativa. Sua presença me espantou, mais não foi uma surpresa, espera tudo dela.

   - O que faz aqui Nicole?

Emily PDV

   A musica esta me deixando com dor de cabeça.

   - Hey! Bruno, Mike, vocês estão gostando, tipo, querem ir? – perguntei, não podemos ir embora e deixar os dois ai.

   - Com certeza ir embora, aqui está cheiro dessas piranhas, credo!

   - Ta, vou avisar o Chris.

   Sai de perto deles e comecei a procurar meu namorado no meio do pessoal.

   Para andar precisava empurrar algumas pessoas espaçosas ou pedir um com licença aqui outro ali. O cheiro forte de fumo estava me deixando nauseada. A musica ecoava em minha cabeça, parecendo aqueles martelos que batem sem parar na parede. Meus pés doem um pouco, o salto alto foi cortesia de Bruno.

   Não conseguia enxergar nada acima de mim. As cabeças balançavam continuamente. Pus-me nas pontas dos pés, as luzes desordenadas vinham em meus olhos, dificultando minha visão. Resolvi ir ao lugar onde estava Chris.

   Empurrando as pessoas consegui chegar ao balcão. Olhei para os lados e avistei Christian. Foi nesse instante que eu desabei, me enchi de ódio. Chris estava beijando Nicole.

   Cheguei mais perto e ele me viu. Assustado, empurrou Nicole para longe e olhou para mim com a boca borrada de batom vermelho.

   - Mi, eu posso explicar.

   - Explica pra essa vadia – eu disse quase chorando.

   Olhei para trás e estavam Bruno e Mike olhando a cena sem acreditar.

   - Chris? Eu não acredito – murmurou Mike, baixo o suficiente para o traidor não ouvir.

   - Esquece Mike, o Christian de antes esta de volta.

   Nós três viramos e andamos em direção a saída. Senti alguns toques em meus ombros e algumas palavras de desculpas que eu tentei evitar, mas naquele momento a musica já tinha invadido minha mente e eu estava em êxtase.

   Tomamos um taxi, e chegamos rápido no hotel.

   - Se importa de trocar de quarto comigo Mike, você dorme com Chris e eu com Bruno? – Perguntei olhando para o vazio e desejando dormir logo.

   - Tudo bem, já vou entrar. Olha, eu conheço Chris há muito tempo e te garanto que ele não é disso. Se ele estava com ela é por que alguma coisa aconteceu.

   Disse ele, mas eu não conseguia pensar em nada naquele instante.

   - Posso tomar banho primeiro?

   - Claro Mi, como quiser.

   Entrei no banheiro e liguei o chuveiro, a água quente começou a cair em meus ombros, molhou meu cabelo e meu rosto, mas este já estava molhado muito antes.

   Como eu me odeio. Como fui acreditar que ele realmente iria querer alguma coisa com a plebéia da beleza, ele quer a rainha. Senti-me traída, abriu um buraco vazio no meu peito e a cada lagrima que eu derramava ele abria mais.

   Fiquei de baixo da água sem me mexer, só chorando e chorando. Fui tentar me mexer e escorreguei. Cai no chão e não consegui levantar mais, minha consciência não deixava. Abracei minhas pernas.

   Porque, eu me pergunto, Por quê? Porque todos encontram o par perfeito menos eu? Porque todos têm amores que lutariam e sofreriam por eles e eu não?  Porque a vida é tão cruel comigo? Por quê?

   A água caia na minha cabeça, mas era uma sensação boa.

   Fui fechando meus olhos lentamente, desejando acordar amanhã e ver que tudo não passou de um sonho, como aqueles que a gente nunca esquece.

   - Só um sonho, só um sonho, só um so...

Christian PDV

  (alguns minutos antes)

   - O que faz aqui Nicole? – perguntei com raiva, porque ela sempre insistia em estragar as melhores coisas da minha vida?

   - O que VOCÊ faz aqui, eu me pergunto.

   - Não se faça de tonta, você sabe que eu sempre venho aqui na semana livre depois das provas.

   - A é, lembrei desse detalhe. Mas vamos fazer o seguinte, eu estou sozinha, e você também pelo jeito – disse ela se aproximando mais ainda. Colocou a mão eu meu ombro, eu a tirei com raiva. – Vamos Chris, era tão gostoso, lembra quando transamos na banheira? Acho que você nunca vez isso com aquele sem graça.

   Essa garota me tira do sério, como ela consegue ser tão vaca?

   - Tem razão, eu nunca transei com Emily na banheira – eu disse me aproximando dela – eu compensação é o melhor sexo da minha vida, você geme feito um porco, o gemido dela é tão sexy – sussurrei no meio de sua fuça.

   - Qual é, vai dizer que nunca gostou disso – grunhiu ela, colocando a mão dentro da minha calça, tenho que admitir que seria ótimo se fosse Emily fazendo.

   - Tire sua mão daí, cachorra.

   - Eu tiro a mão se me beijar – disse ela, fui pra cima dela e dei um selinho. Ela olhou para mim com um biquinho e puxou a cola da minha camisa.

   Colou nossos lábios, e sua mão agora estava em movimento ali dentro. Tentei sair, mas estava excitado demais. Abri os lhos e vi Emily parada, foi quando encontrei seu olhar que percebi o que estava fazendo. Eles demonstravam tristeza e decepção. Eu queria poder abraçá-la e pedir desculpas até não ter mais forças para manter os olhos abertos, mas eu olhei em volta e me toquei. Estava numa boate, beijando minha ex.

   É claro que eu magoei profundamente Emily. Eu sei do histórico sentimental dela e não quero despertar a dor de antes.

   Ela se virou e saiu andando, fui atrás pedindo desculpas, mas ela nem se quer quis ouvir. O melhor a fazer é deixar que vá, pensar, refrescar a cabeça.

   Vi ela saindo pela porta da boate e me toquei que perdi a mulher mais importante da minha vida. Senti as mãos de Nicole percorrer minhas costas, que ódio!

   - Da um tempo garota, não sei como me achou, mas não te quero aqui. Agora volta pra esquina que lá é o seu lugar.

   - Tudo bem Chris, eu vou embora. Mas lembre-se, um dia você vai me querer de volta.

   Eu a vi saindo. Sai empurrando todos até o balcão. 

   - Me vê um Smirnoff Ice.

   - Identidade! – pediu ele me olhando firme. Essa voz me irrita, não consigo me controlar.

   - Quer saber? Eu vou pega a identidade e enfia no seu cú! Depois você tira e cheira, seu merda!

   A boate parou para ouvir o dono desse insulto. Os olhos não me incomodavam, pelo contrario, era um incentivo.

   - Tenho que pedir que o senhor se retire – disse o cara trás do balcão.

   - Porque não retira essa sua bola murcha daí e troca por uma mais nova, tipo um cara de sessenta anos, pelo menos está conservado – algumas pessoas riam, outras nem se importavam em olhar para mim, mas eu sabia que não tinha graça. Só queria chamar atenção.

   - Segurança! – chamou o mauricinho. Nesse instante senti duas mãos grandes pegarem meus braços. Um dia cada lado me levantou, deixando meus pés balançando no alto.

   - Me larga, seus porra! – não sei por que, mas estava nervoso.

   - Olha só amigo, por que não vai pra casa?  - pediu um dos seguranças, me largando no chão da rua.

   - E porque você não cala a boca?

   - O cara nem ta bêbado, deixa esse merda morre atropelado.

   Saíram, me deixando largado no meio da rua, estava tudo deserto, ninguém ia me atropelar.

   Como eu fui fazer isso? Merda, perdi Emily, tudo por causa daquela vadia.

   Avistei um bar, longe. Levantei e fui me aproximando do lugar, já conseguia ouvir alguns gritos de pessoas com excesso de álcool no sangue. Cheguei à porta, todos olharam para mim.

   Entrei, o que mais eu poderia fazer?

Emily PDV

   - Eu quero falar com ela, me deixa entrar. EMILY! EMILY!

   - Chris, vá embora, amanhã vocês resolvem.

   As vozes se misturavam em minha cabeça, lembrei do pesadelo que tive. E lembrei que não foi um pesadelo.

   Eu não quero falar com Chris, não quero saber o que ele quer, eu só quero dormir.

(...)

   - Emily, acorde.

   Abri os olhos lentamente, vi a imagem de Bruno em cima de mim. Sentei-me na cama, olhei o vazio e me conformei com a realidade, Chris é igual a todos.

   - Emily, ele não foi embora, dormiu no corredor em frente a nossa porta. Não sei se ontem ele te acordou.

   Olhei direito para Bruno, ele usava um samba canção, sem nenhuma blusa. Exibindo seus músculos trabalhados. Levantei, fui até a porta e abri com receio.  

   Deitado ali no chão estava Chris, seus olhos meios abertos. Pigarreei, ele me viu e levantou de súbito.

   - Desculpe Emily, sério, você não sabe o que aconteceu de verdade, eu não queria te magoar.

   - Olha Chris, você não tem culpa, eu estava errada achando que você podia ser diferente, você é igual aos outros, igual a todos. Vamos esquecer que tudo entre nós aconteceu, voltar pra casa, com nossa rotina normal e tudo mais, ok? – eu tentei ser o mais simples e despreocupada possível, mas eu queria chorar, chorar aos prantos por estar falando isso.

   Ele me olhou incrédulo.

   - Emily, você não pode fazer isso, eu te conto a verdade, nós nos beijamos e voltamos. É assim que tem que ser, porque eu te amo.

   Foi nessa hora que eu fiquei com raiva. Ele pensa que é fácil me magoar, me ferir e depois acha que vai ficar tudo bem.   

   - Chris, pode até ser assim com suas antigas namoradas, mas comigo é diferente. Você machucou e quer simplesmente esquecer?

   - Emily, eu te amo, isso não importa? – perguntou ele se aproximando de mim, colocando as mãos em minhas bochechas. Afastei-me dele rapidamente, se eu deixasse que fizesse isso não iria conseguir me controlar.

   - Chris, o fato é que você estava lá, beijando Nicole e pensa que vai ficar tudo bem? Esquece!

   - EMILY, VOCÊ TEM QUE ME PERDOAR, VOCÊ PRECISA, EU NÃO SEI MAIS VIVER SEM VOCÊ PORRA! – gritou ele.

   Eu sei que Chris tem problema para controlar a raiva, ele fica estressado e o mundo explode.

   - Não grite comigo.

   - EU GRITO COM QUEM EU QUERO!

   - Pare Chris, vamos conversar.

   - CALA A BOCA!

   - Cala você, seu assassino! – eu me descontrolei.

   Olhei o efeito daquelas palavras nos olhos aguados e tristes de Chris.

   - Chris, me desculpe, desculpe...

   - Fracassada!