Descobrindo o Amor escrita por bia


Capítulo 10
Traído!




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(1 mês depois)

Emily PDV

   - Por favor, volte para mim!

   - Não sei se posso fazer isso.

   - Talvez isso te mostre o caminho certo – Sequei as lagrimas.

   Levantei da cama, desliguei a TV e voltei a me deitar. Como sempre o final do filme foi espetacular. O mocinho volta com a mocinha, eles se beijam e tudo fica bem.

   Isso esta bem longe da minha realidade. Com o tempo passei a me acostumar com a dor, ela me apertava me machucava. Passei a ficar mais tempo trancada no quarto do que deitada no jardim ou conversando com Nonna.

   Estava decepcionada, eu me iludi tanto com ele, achando que Chris poderia ser diferente, poderia ser um homem maduro, algum que lutasse por mim, alguém que não se importa só com a aparência, alguém que sabe o que quer e toma atitude, alguém que não se importa de parecer bobo ou idiota pelo amor. Alguém que não existe.

   - Eu só o quero de volta, só o quero de volta, só o quero de volta...

 As lagrimas não param a dor não da descanso.

   Alguém bate na porta.

   - Entra – diz minha voz sem vida.

   Bruno abre a porta.

   - Não quer conversar? – pergunta ele se sentando na cama.

   - Na verdade não.

   - Não quer sair? Podemos ir ao cinema, ou na piscina.

   - Prefiro aqui – tento evitar ao máximo tudo que me tire de casa, não quero mais ver o mundo lá fora.

   - Conte-me alguma coisa então – insiste ele, vou contar tudo.

   - Chris beija aquela vaca e depois briga comigo? Quem ele pensa que é? Ele que estava errado, ficou gritando e eu perdi o controle. Acabei jogando a minha razão de sorrir no lixo. Agora já faz um mês que eu não falo com ele. Vou para a escola e ele está como era antes, só fica sentado na entrada, rindo e conversando com o grupinho dele. Não liga pra mim, pra ele todo o nosso amor não passou de uma diversão temporária. Christian deve levar as garotas no hotel do pai dele só para tirar a virgindade delas. Ele nem ta sofrendo com a separação.

   - Ele está sofrendo sim Mi, você que não vê, Mike me disse que ele anda estranho, não fala tanta bobagem como antes, está mais quieto – diz ele em forma de consolo, passando as mãos em meus cabelos.

   - Tomo jeito isso sim.

 

Christian PDV

   - Qual vai ser o assunto de hoje? – pergunta ele, olhando para mim com paciência. Eu admirava isso nele.

   - Emily.

   - Chris, você vem aqui sete vezes por semana, fica duas horas e todos os dias quer falar a mesma coisa? O que faz aqui?

   - Doutor, eu não teria motivos para vir aqui se não fosse ela – estava deitado nas típicas cadeiras de psicólogo, com as mãos sobre o peito. Ele estava sentado ao meu lado, com um caderno e uma caneta nas mãos.

   Seus óculos o deixam com uma aparência envelhecida, suas roupas xadrez são bregas e os sapatos marrons pioram tudo.

   - Então, o que foi? – perguntou ele olhando para mim.

   - Não sei mais o que fazer! Ela nem está ligando para meu sofrimento, eu tento parecer normal, mas não dá. Eu não consigo viver em um mundo que Emily não esteja.

   - Porque não vai atrás dela Chris?

   - Porque ela não me ama, não quero levar um não na cara, eu não agüentaria.

   - Às vezes um não pode ser a solução. É melhor saber da resposta do que ficar na duvida.

   Realmente Doutor Nicolau é ótimo com as palavras. Eu precisava de alguém que me ajudasse a esquecer o sofrimento e ele era ótimo com isso, falava coisas que me ajudavam a superar tudo, coisas que faziam a diferença.

   - Claro – disse eu como sempre

   - Fez algum progresso com ela? – certificou-se ele de meu sofrimento.

   - Hoje não olhei a foto dela antes de ir à escola.

   - Christian, porque quer esquecê-la? – perguntou ele, cruzando as pernas e colocando as mãos em cima.

   - De que adianta sofrer por alguém que não me ama? – contra ataquei, já que eu não fazia a menor idéia de qual era a resposta.

   - Por amor.

(...)

   - Chris, meu amor, você vai se atrasar, vamos levanta – abri os olhos, o despertador tocava sem parar, como não acordei?

   Levantei, arrumei o material, desci para tomar o café da manhã, subi para escovar os dentes e antes de sair abri a gaveta lentamente, procurando a foto de Emily, mas ela não estava lá. Joguei todas as meias no chão, procurando a foto. Nada.

   - MÃE! – gritei em desespero, abri a outra gaveta, na chance de ter colocado em outro lugar, nada.

   - CHRIS? O que está fazendo filho? – perguntou ela me segurando.

   - Cadê a foto que estava aqui?

   - Filho, você tem que esquecê-la. Já se passou um mês, não pode continuar com isso, esqueça.

   Sai pela porta e a bati com força, deixando minha mãe sozinha em meu quarto.

 

Emily PDV

   Acordei, olhei o relógio. É uma mania que peguei com Nonna, sempre que ela acorda vai direto pro relógio. Cinco horas. Ultimamente eu tenho acordado facilmente, até com passos no corredor, e esses estavam realmente altos.

   Abri a porta do quarto, só vi a silueta de alguém descendo as escadas. Os degraus rangiam a cada passo, eram altos e ecoavam na casa silenciosa.

   O que eu faço? É um ladrão? Devo ir atrás?

   Peguei a raquete de tênis. Finalmente vou usá-la para alguma coisa. Desci as escadas com receio. O suposto ladrão estava na cozinha, ladrão rouba comida?

   Pisei no ultimo degrau, rangeu alto, despertou a atenção do ladrão. O ouvi se aproximando, cada vez mais. Estava preparada para dar uma raquetada ou gritar.

   - O que estava fazendo acordada a esse horário Mi? – perguntou Nonna saindo da cozinha.

   - Nonna, que susto, pensei que fosse um ladrão.

   - Não seja tola, está cedo, vá dormir – disse, com aquele jeito resmungão e rabugento dela. 

   - Não estou com sono.

   - Não te vejo faz tempo está sempre trancada naquele quarto. O que faz lá? – perguntou ela se sentando no sofá. Sentei também.

   - Faço meu dever.

   - Tem tanto dever assim? Você passa o dia. – Nonna estava querendo se dar uma de desentendida mas eu sei, ela sabe até demais.

   - Não tenho vontade de sair.

   - “Bella Banbina”, não tem motivos para sofrer tanto. Desde que aquele garoto te olhou eu soube que vocês eram um para o outro. O que sente quando ele pega sua mão?

   - Nonna! Não quero responder isso para você.

   - Mi, não tenha vergonha do amor, ele é tão lindo. Queria ver o amor de vocês de novo. Se você tivesse certeza que ele não te ama mais, não estaria sofrendo por ele, simplesmente esqueceria. Mas você ainda tem esperanças, por isso passa o dia trancada, desejando que ele volte.

   - Como sabe disso?

   - Porque fugir da verdade?

   Nonna sabia de tanta coisa que se passava na minha cabeça. Ela transformou em palavras tudo que eu sentia, sem acrescentar nenhuma mentira ou tirar nenhuma verdade. Nonna esta totalmente certa, eu tenho esperança.

   - Vou me trocar. – disse eu, confusa na verdade.

   Subi as escadas. Entrei em meu quarto e deitei na cama, o relógio marcava cinco e quinze, porque o tempo demora tanto pra passar? Abracei o travesseiro, apoiei meu queixo nele e fiquei olhando os minutos passar. Cinco e dezesseis, dezesseis, dezesseis, parece que é dezesseis para sempre.

   Rolei na cama e fiquei olhando o teto. Nonna está certa, mas porque eu não consigo falar com ele? Ligar? Não sei. Somos muito orgulhosos, nos achamos os donos da verdade. Olhei de novo o relógio. Cinco e dezenove, que saco!

   Levantei, fui para a TV, estava passando minha série preferida: “Friends”. Eu dou muita risada com eles, mas ultimamente o sorriso não tem me visitado mais.

(...)

   Desço do carro e olho para a entrada. Ali este ele, lindo como sempre, sentado no murinho, conversando com Caio e Mike.

  Se você quer saber, Caio voltou. Alguns dizem que ele voltou mais safado, querendo pegar todas, o mestre em tirar virgindade. Outros dizem que ele voltou preferindo o sexo masculino. Mas só quem sabe é ele mesmo, bom mesmo é que esse assunto não me interessa.

   Mike viu Bruno do meu lado e veio em nossa direção. A escola ainda não sabe de nada e eles preferem assim. Passam o tempo juntos, mas sem mão dada ou beijo. Mesmo com todo o preconceito eu acho que eles são um casal de sorte, tem um ao outro, se amam.

   Não conseguia parar de pensar no que Nonna disse. Fui até meu armário. De dento caiu um papelzinho, dobrado. Abri. Dentro dizia: Linda blusa garota rosada, na quadra hoje após a aula. PS: Te amo.

    Meu Deus! É Chris!

   Abri um sorriso enorme, olhei de novo para o papel e pulei de alegria. Puxei uma mexa de meu cabelo pra trás da orelha e mordi o lábio inferior. Como ele é fofo. Estou disposta a esquecer tudo que aconteceu só para tê-lo de volta.

   Não consigo pensar na idéia de que Chris não me ama. Parece que todos seus sonhos não passam de mera imaginação, tudo aquilo que você pensou, desejou, esperou foi em vão, já que ele não tava ali para saciá-la. Você dorme para vê-lo novamente em seus sonhos. Ama a idéia de ter para quem contar seu dia, quem estudar junto, quem dormir com a mão em sua volta. Você o ama.

   Tirei os olhos do bilhete, não tinha ninguém em volta de mim. Os corredores vazios, como da vez em que Chris me conheceu. A idéia de voltar naquele dia me deixou triste, o sangue subiu na face, o corpo congela, seus pés não se mexem. Eu só quero ir para casa. Não posso ir, depois da aula vou para a quadra.

   Sai correndo para o banheiro. Larguei meu material na pia, lavei o rosto. Eu amo Chris e ele me ama.

 (...)

   A ultima aula acabou, não fui correndo pra casa como sempre, fui correndo pra quadra. O time ainda estava treinando, agora eu sei por que precisava ser aqui. Fiquei olhando Chris jogar, tinha me esquecido como ele é forte, com um chute só a bola foi ao gol. Em um gesto de comemoração ele começou a correr de braços abertos pelo gramado, em seu rosto não tinha nenhum sorriso ou felicidade.

   Chris me viu sentada, virou a cabeça de súbito em minha direção e parou. Parou de correr, parou de comemorar, parou de prestar atenção no jogo, parou. Olhou-me profundamente. Pela primeira vez eu tive vontade de sorrir, meus lábios se esticaram em um sorriso sincero, ele também sorriu.

   - Emily, que bom que recebeu meu bilhete, eu preciso muito falar com você.

   Olhei para o lado, Caio estava parado, me olhando atento. Olhei de novo para Chris, dessa vez ele não sorria.

   - Oi, você que me mandou o bilhete?

   - Foi sim, eu quero te falar uma coisa. Acho que estou apaixonado por você. – ele piscou pra mim.

   Olhei sem expressão para ele, só podia estar zoando comigo, alguma coisa não se encaixa.

   - Mexa-se McCartney! – gritou o treinador para Chris, não olhei, estava muito confusa.

   - Como sabe sobre a doce garota rosada? – perguntei confusa.

   - Chris me contou muita coisa. – respondeu.

   Voltei e procurar Chris, mas ele não estava mais na quadra.

   - Isso é estranho.

   - Não é Mi, foi graças a essas coisas que eu me apaixonei por você.

   - A gente nem se conhece – foi estranho, eu falei a mesma frase que disse a Chris quando ele me contou a verdade.

   - Eu te conheço o suficiente.

   Não sei por que, mas o novo Caio não me agrada em nada. Claro que é melhor ele do que ninguém. Se Chris não se importa com isso então é porque ele seguiu em frente, e é o que eu devo fazer.

   - Não quer ir ao cinema comigo amanhã? – perguntou ele.

   - Claro. – respondi com o falso sorriso.

   - É melhor eu voltar, vou entrar agora no lugar de Chris. Falando nele, vocês não têm nada mais né? Acho que não, já que ele ta saindo com Nicole. Bom, tchau Mi.

   Disse ele se levantando, não olhou mais para trás ou me mandou um beijo como Chris fazia.

   Porque ele ta saindo com a Nicole? Acho que isso está acontecendo desde a balada. Como eu sou idiota, por um instante acreditei que ele ainda me amava. Que saco, porque eu ainda insisto em sofrer? Nonna estava completamente errada. Chris não me ama, sou só eu que tenho falsas esperanças.

 

Christian PDV

   Ela sorriu e não pude deixar de sorrir também por voltar a ver sua alegria. É isso o que eu mais admiro nela, vendo a alegria nas coisas. Eu a quero de volta. Se eu pudesse voltar no tempo, nunca teria beijado aquela garota.

   Caio saiu do campo, piscou pra mim e foi falar com Emily. Não acredito, será que ele está me ajudando? Eu contei todos os meus sentimentos pra ele. Não pude deixar de olhar os dois.

   Tentei decifrar as palavras, mas era impossível. Tinha alguma coisa a ver com um bilhete, ele piscou pra ela e foi nesse que eu percebi o que se passava. Ela estava dando em cima de Emily, e depois de tudo que eu falei pra ele. Depois de ter contado que eu ainda amava profundamente ela. O novo Caio é um verme, ele não pode dar em cima da garota rosada. Ele só pensa em sexo.

   - Mexa-se McCartney! – gritou o técnico, que merda!

   Sai do campo correndo.

  - Se sair não volta. – disse ele no meu ouvi.

  - Vá à merda!

   Eu sai correndo, só queria fugir. Ainda com o uniforme do time, usando a chuteira e totalmente suado. Correr, correr, correr. Quando eu corro todos os meus problemas ficam para trás e nada mais pode me atingir. Já estava fora dos limites da escola, quase na Rua de Emily. Correndo, correndo. Passei na frente de sua cassa, Nonna estava de costas no jardim, olhando para o vazio. Ela me ouviu e se virou, olhou em meus olhos. Deu-me um sorriso sincero e acenou. Fiquei olhando para ela até fazer o mesmo.

   Eu queria estar naquela casa, sendo abraçada pela Nonna, conversando com Bruno e seu namorado e deitado na cama com Emily.

   Enchi-me de raiva pelo Caio. De uma coisa pode ter certeza: ELE VAI PAGAR! 


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Notas finais do capítulo

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Oiew gente!
Esse saiu muito rápido, pra compensar a demora de outro
E também porque eu estava espirada xD
Espero que gostem,
Beijinhos Bia