Christian PDV
Minhas mãos começaram a suar, meu peito foi invadido por pelo medo, contaria para ela? É preciso. Eu prometi e não posso ficar escondendo pela minha vida toda essa verdade de mim mesmo.
- Ta, bom... Eu matei um cara!
Ela olhou fundo em meus olhos, no mesmo segundo me arrependi de ter contado. Seus dedos começaram a tremer, ela tampou a boca com a mão e seus olhos inundaram de lagrimas. Ela ficou com medo de mim.
- Por favor, não tenha medo de mim, não vou te machucar. Toda noite me culpo pelo que aconteceu, já cheguei até a querer me matar por causa do que fiz. Agora nunca estive tão feliz ao seu lado, por favor, eu te imploro, por favor, não me abandone aqui, sozinho. – eu disse chorando, indo para perto dela. Abracei Emily com muito carinho, ela não se esquivou, só me abraçou em troca.
- Onde estava com a cabeça? – perguntou ela, tirando meus braços de sua cintura.
- Eu sei, desculpe. Sou um assassino...
Ela não deixou que eu terminasse de falar, colocou um dedo nos meus lábios.
- Quis dizer, onde estava com a cabeça achando que eu ia te abandonar?
Involuntariamente abri um sorriso, deixando que seu dedo caísse sobre meu pescoço. Segurei sua outra mão que estava livre. Senti um peso, que há tempo estava nas minhas costas, cair no vazio, se deixando levar pela inocência da doce garota rosada.
Beijei sua bochecha e depois sua boca. Estávamos deitados na cama, com os pés entrelaçados debaixo da coberta. Emily apoiou a cabeça em meu peito e adormeceu. Fiquei olhando seu lindo rosto e logo depois tudo ficou preto.
(...)

Bruno PDV
- Vamos logo Bruninho, eles já estão lá nos esperando. – Gritou Mike no quarto, pelo jeito nem tomar um bom banho eu posso.
- Calma keke.
- Você sabe que eu amoleço quando me chama assim – disse ele, eu sorri.
- Foi por isso que te chamei assim, keke. – não consigo evitar chamá-lo assim, ele é meu amor.
Passei a toalhas nos cabelos e depois a enrolei na cintura. Abri a porta e ali estava ele, sentado na cama olhando o vazio. Como eu fui ter tanta sorte? Tenho o cara perfeito do meu lado.
Cheguei mais perto dele, foi ai que Mike percebeu minha presença. Olhei fundo em seus olhos, cheguei mais perto ainda e lhe dei um beijo. Ele colocou as mãos em meu rosto, coloquei as mãos em suas pernas.
- Vá se arrumar, Chris e Emily estão nos esperando lá em baixo, pro café da manhã – disse ele. Dei mais um selinho em meu namorado e fui procurar uma roupa na mala. Coloquei uma bermuda vermelha e uma regata branca, Keke estava de calça jeans escura e regata verde limão.
- Você é muito gostoso – disse ele passando a mão no meu peito.
- Você que é!
Saímos do quarto de mãos dada, o hotel estava lotado. No corredor as pessoas olhavam, algumas cutucavam seus parceiros e apontavam para mim e Mike, mas eu não me importava, afinal, estava do lado de quem eu mais amo.
Chegamos ao restaurante do Hotel, vi Emily e Chris sentados conversando em uma mesa.
Mi me viu e acenou, eu dei uma piscadinha. Queria saber de tudo que aconteceu ontem à noite no quarto dela. Desviamos das mesas, chegamos e sentamos.
- Bom, eu to com fome, já vou me servir. – disse Chris.
Segurei a mão de Emily por baixo da mesa.
- Você vem amor?
- Agora não, pode indo. – respondeu ela.
- Também vou gente, você vem Bru?
- Pode indo amor. – os dois saíram andando em direção a comida.
- O que foi? – perguntou ela se virando para mim.
- Me conta tudo, o que aconteceu ontem? – perguntei, abrindo um sorriso.
- Você é meu irmão vai velho, não posso contar. – disse ela (creio eu que brincando). Revirei os olhos.
- Pode ir falando pirralha.
- Tudo bem. Nós conversamos, confessamos coisas e acabamos dormindo.
- Não transaram? – perguntei indignado.
- Não, eu sou uma medrosa, quando estávamos já pelados na cama eu amarelei – disse ela, tadinha – Não tive coragem, fiquei com medo.
- Mi, qual o problema? Você não o ama?
- Amo, mas tenho medo de me entregar e também, como nunca fiz tenho medo que doa – disse ela envergonhada.
- Dói, mas se você faz por amor e com alguém me ama, é prazeroso.
- Eles estão chegando, corta o assunto. Ah, e obrigada. – ela disse me abraçando.
- Então, o que ta pegando? – perguntou Chris sentando com um prato cheio de comida.
- Nada, vou me servir agora. – disse Emily se levantando.
- Não precisa, eu peguei pra você. Trouxe suco de laranja, sei que adora tomar de manhã – Emily se sentou e deu um beijo em Chris.
- Você é perfeito, sabia? – disse ela, eu sorri. Olhei para o lado e Mike não tinha nada mais que um suco e pão.
Que decadência.
- Vou me servir. – eu disse me levantando.
- Vou com você amor – disse ele se levantando também.
- Não preciso, pode comer.
Ele se sentou e me mandou um beijo. Olhei para trás e vi a imagem de risos e alegria da minha família. Não podia ser melhor.
(...)

Emily PDV
- Alô – atendi o celular, que tocava pela milésima vez.
Eu e Chris estávamos deitados na cama. Ele estava com a mão em cima da minha barriga, tínhamos acabo de voltar do café da manhã.
- Põe no viva voz, quero falar com os dois. – disse Bruno, não estava entendendo nada, mas fiz o que ele pediu.
- Pronto – eu disse, coloquei o celular entre nós dois.
- O que vocês acham de irmos agora pra cachoeira da macumba? – perguntou ele todo entusiasmado.
Olhei para Chris, ele estava com a mesma cara de assustado igual a mim.
- Cachoeira da macumba? – perguntou meu namorado.
- Abra a porta que eu te explico melhor – olhei para Chris, ele jogou a cabeça pra trás.
- To com soninho – disse ele passando as mãos nos olhos.
- Eu abro, seu preguiçoso – quando fui me levantar ele segurou minha mão e me puxou de volta para a cama.
Aproximou-se de mim e me deu um beijo simples, nossos lábios se encostaram e pude sentir a inocência daquele ato.
Abri a porta, estavam parados Bruno e Mike. Meu irmão ainda segurava o celular no orelha.
- Entrem – eu disse apontando para dentro. Os dois entraram e já foram se sentar na cama.
- Me explica direito esse negócio de cachoeira da macumba – pediu Chris. Sentei-me no colo dele, já que a cama foi ocupada. Ele colocou as mãos na minha coxa.
- Tem uma cachoeira aqui perto, o terreno esta abandonado. É mato fechado, tem uma trilha pra chegar lá. Falam que de noite vão umas pessoas para fazer macumba, não deve ser nada. – explicou Bruno.
- Podemos ir depois do almoço? – perguntou Chris, ligando a TV – eu to com sono, vamos ver um filme, almoçar e depois ir.
- Pode ser, vai passar o filme “Uma linda Mulher”. Eu adoro! Sem contar que o Richard Gere é um gato – disse Mike, devo admitir que ele é mais legal agora.
- Então namora com ele – disse Bruno, fazendo biquinho.
- Você é mais gato e eu TE amo e não ele – eles são tão bonitinhos juntos, deram um selinho. Bruno é realmente bonito, se eu não fosse irmã dele ficaria contente de ser sua namorada.
- Gente, o filme vai começar, shhiii! – disse Chris.
Fechamos a cortina, apagamos as luzes, queríamos ficar no escuro, só com a iluminação da TV. Tudo parecia melhor agora, eu só queria ficar ali, para sempre. Viver me escondendo não é a melhor coisa, mas ao lado de Chris percebi que a vida é bela e curta demais para isso. Queria ter tido mais tempo para aproveitar minha infância.
(...)

Christian PDV
- Gente, eu não quero ir! – disse Mike, não acredito que ele ia desistir a essa altura.
- Para de ser medroso Keke! – dizia Bruno o tempo todo.
Essa cachoeira da macumba não é nenhum mito não, existe de verdade, e junto com ela as macumbas que aqui tem. Já passamos por duas e na frente vejo mais.
Na primeira, tinha uma arvore vestida com roupa humana. Uma calça jeans e um pano, amarrados no forte tronco da natureza. Na segunda tinha um véu de noiva jogado no chão, rasgado por, provavelmente, uma faca.
- O que seria isso? – Emily apontava para um vaso de barro no chão, dentro tinha pétalas e velas acabadas.
- Não toque! Deve ser outra macumba.
Andamos mais um pouco na trilha, estava barrosa. Marcas de pneu no chão e pegadas na lama. Posso ouvir, ainda baixo, o barulho da água da cachoeira, caindo no abismo.
- Estamos chegando – disse Mike, com um pouco de medo.
O barulho de água foi ficando mais alto. Ouvia vozes.
- Parece que chegamos - disse Bruno que estava mais a frente, ele afastou um arbusto e consegui ver a cachoeira.
- Como é linda – olhei para Emily, estava focada nas lindas pedras desgastadas, por onde a água caia.
Realmente é linda! Tem três pontos de alturas diferentes. Bem em cima (onde você tinha que deitar bem a cabeça para trás, para conseguir enxergar) tinha uma “piscina”, mas parece impossível chegar lá.
- Mais macumba! – disse Mike, apontando para frente.
Na nossa frente tinha duas pedras separando dois pontos da cachoeira e bem ali tinha um vaso de barro com varias frutas, umas mordidas, outras inteiras. Do lado delas tinha um vaso (também de barro) com uns nomes escritos.
Credo!
- Tão esperando o que? Vamos nadar! – disse Bruno, tirando a blusa e pulando na piscininha formada por varias pedras.
- Vamos! – gritou Emily, tirando o vestido e pulando ao lado de seu irmão. Ela estava mais linda que nunca.
Usava um maio, tinha seus cabelos presos. Fiquei olhando os dois.
- Vem Keke! -      Mike tirou a blusa e pulou junto com eles.
Estava parado olhando minha família. Não podia ser mais perfeito, todos juntos sem brigas, com seus verdadeiros sentimentos jogados no tabuleiro do jogo da vida. Tudo que for jogado ali é registrado no nosso livro e, mas tarde, ele é a nossa testemunha.
- Vem meu amor!
Tirei minha blusa e sai correndo, pulei na piscina, meus pés bateram no chão e com um impulso só já estava na superfície outra vez.
E assim o tempo foi passando, Emily, Bruno, Mike e eu não podíamos estar mais feliz, água voava para os lados quando as mãos subiam para o alto. Não estávamos sozinhos, tinha umas pessoas, elas conversavam, nadavam.
Bruno e Mike foram se sentar em uma pedra, eu e Mi não saímos da água. Foi uma tarde muito agradável.
- CUIDADO BRUNO! – gritou Emily de repente. Olhei para Bruno, ele tinha acabado de esbarrar na macumba das frutas. O vaso caiu na água.
- Ai meu Deus, e agora? – perguntou ele desesperado.
- Se você quebra uma macumba a maldição fica pra você – eu disse tirando um sarro da cara dele.
- HÁHÁ, muito engraçado, eu to falando sério!
- Relaxa cara, não acredite nisso – eu apoiei.
- É, não vai acontecer nada – apoiou Emily.
- Vamos embora vai – disse Mike, que cara medroso.
- Vamos.
E assim saímos andando pela trilha que viemos. Cada passo que dávamos para frente fazia o barulho da água ficar mais baixo.
A lembrança da cachoeira da macumba estava gravada para sempre em minha mente.
- QUE MERDA! Literalmente – virei para Bruno, ele tinha acabado de pisar em... Titica de cavalo.
- Olha a macumba fazendo efeito – disse Mike, se afastando do... Namorado. Vou ter que me acostumar com isso.
- Ah, cala a boca vai Keke.

Emily PDV
Finalmente chegamos ao hotel, depois de uma longa e divertida tarde na cachoeira da macumba. Estávamos nós quatro andando no corredor do quinto andar, só queríamos entrar em nossos quartos e ter uma boa noite de sono.
- Depois de tudo que aconteceu eu só quero transar bastante – disse Bruno, estávamos quase em nossos quartos.
- Não estou muito a fim amor – disse Mike, admito que estou meio assustada.
- Tudo bem, eu chamo uns dos garçons – rebateu ele, olhando para mim e piscando
- De repente me deu uma vontade de transar – e os dois entraram no quarto. O nosso era logo em frente.
- Parece que os dois vão ter uma boa noite – disse Chris, fechando a porta.
Como eu sou idiota, meu amor queria ter uma noite gostosa e eu sou uma cagona que não tem coragem de fazer nada. Vai ser hoje!
Virei para Chris, olhei em seus olhos. Beijei seu pescoço, ele me olhou confusa. Beijei seus lábios. Nada ele fez, acho que precisa ser algo mais forte.
Afastei-me um pouco, tirei minha blusa e apaguei as luzes. Agora estou me entregando a Chris, com todo amor e carinho, senti sua mão em meu peito e só consegui pensar “Chris, você é o homem certo”.