Descobrindo o Amor escrita por bia


Capítulo 3
Geometria




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Christian PDV


   Encontrei-me com uma lagrima escorrendo, no meu lugarzinho especial. Sequei antes que ela atingisse meu queixo. Porque choro? Qual o problema comigo? Só estou um pouco triste porque a garota rosada não fica feliz quando me vê, só.


    Mas como eu nunca reparei nela antes? Tão bonita. Tão meiga. Não se compara as outras garotas da minha vida. Eu quero ter a doce garota rosada para mim. Hoje vou falar com ela!


   Peguei meu celular, olhei o horário. Nossa, perdi o dia e o treino.


   Levantei e sai correndo a procura de minha sala. Corria procurando uma desculpa para ficar junto dela. Cheguei à frente da classe e o sinal tocou. Não demorou muito para todos saírem.


   - Porque não apareceu? Fiquei te esperando. Pelo menos veio me buscar! – falou minha namorada, olhei para ela, mas na verdade estava procurando com Emily.


   - Eu tive que sair. – disse, olhando por cima das pessoas, procurando aquela garota. Achei!


   Fui em direção dela, deixando minha namorada sozinha, não olhei para trás, só fui em direção dela, aquela que me roubou o orgulho.


   - Oi Emily, te achei! – eu disse colocando uma mão seu ombro.


   Ela olhou para trás e me viu, sua expressão foi a mesma de quando nos esbarramos no corredor. Primeiro espanto, depois decepção.  Eu não desistiria!


   - Eu já pedi desculpas. – disse ela, com a voz musical. Eu dei um sorriso, por estar ouvindo de novo.


   - Eu sei. Só queria saber se você poderia me ensinar geometria. Esta livre? – foi à primeira coisa que veio na minha cabeça. Ela parou na frente de seu armário. Olhou para mim, com ironia.


   - Esta brincando? Tudo bem, de novo: peço desculpas por esbarrar em você e te fazer perder a aula. – disse ela, ainda me olhando. Olhos cor mel.


  - Não precisa se desculpar, a culpa foi minha. Mas, esta livre hoje? Para uma aula de geometria? – porque ela acha que eu estou bravo com ela? Foi sem querer afinal.


   Por mais que tentasse não conseguia entender Emily, tão meiga, doce, rosada, perfeita, bonita e, no entanto, tão complicada.


   - Acho que hoje dá. Pode ir à minha casa? Não sei se posso sair. É a cinco quarteirões daqui, a única casa vermelha e azul. – disse ela com um tom de indiferença. Porque não estava feliz? Ela não gosta de mim?


   - Na sua casa é perfeito. – eu disse abrindo um sorriso – depois do almoço? – perguntei. Ela balançou a cabeça. – Então boa comida... Sabe... Almoço... Você vai comer no almoço... Então boa comida... – porque me embolo todo na frente dela?


   Ela sorriu, mostrando os dentes e esticando seus lábios. O sorriso mais sincero que já recebi. Agora entendi o ditado: uma imagem vale mais que mil palavras. Seu sorriso foi bem melhor que um obrigado ou, talvez, um “pra você também”, alem disso ela me deu um sorriso alegre e um olhar sincero.


 


Emily PDV


   Porque será que Christian queria estudar comigo? Acho que ele ficou bravo pelo que aconteceu no corredor e quer se vingar, zoando comigo. Não tem outra explicação para tal ato. Não sou atraente. Até parece que ele gostou de mim. Ou me achou bonita.


   Agora, voltando a pé pra casa, fui pensando qual o interesse de Chris com a geometria, seria quem ensinaria? Não pode ser! Gostaria de conhecer minha casa? Por quê?


   Quantas perguntas, mas e as respostas?


   Cheguei a casa mais escandalosa do mundo. Abri a porta e nonna estava sentada no sofá.


   - Ciao Nonna! – eu disse entrando em casa.


   - Ciao Emily. – respondeu ela, lendo o jornal.


   Minha família inteira é italiana, ainda não me acostumei a falar português com vovó.


   Subi as escadas, indo ao meu quarto, meu refugio na verdade. É lá que eu posso fazer o que quiser, sem ninguém para me ver ou me julgar. É ali que choro, ali dou risada, brinco com os cabelos, deito debaixo do cobertor, faço meu dever e muitas outras coisas importantes para mim.


   Larguei a mochila no chão, olhei em volta para ver se estava tudo me ordem, sem nada fora do lugar, para receber Christian. Desci as escadas correndo. Estava, de alguma forma, ansiosa. O primeiro, e provavelmente, o único menino que recebia aqui em casa. E, no entanto, o menino que eu menos suporto.


   - Mamãe, hoje vai vir aqui em casa um... Amigo estudar comigo, ta? – disse lavando as mãos e indo me sentar à mesa.


   Ela me olhou confusa, mas feliz.


   - Claro! Bruno não vem hoje para o almoço e nem para o jantar. – disse ela dando uma garfada na comida.


   Coloquei o primeiro pedaço de bife na boca e a campainha toca. Será ele? Não pode!


   Levantei e fui atender a porta. Estava parado ali Chris. Com a franja caída na testa, não chegava aos olhos, e o resto do cabelo todo bagunçado, seu lindo cabelo preto. Uma calça jeans colada e uma blusa colada, mostrando os músculos. Senti o cheiro de seu perfume. O sangue me subiu a cabeça. O pior é que estava gostando do que meus olhos viam.


   - Muito cedo? – perguntou ele abrindo um sorriso.


   Meu Deus, estou horrorosa!


   - Não! – eu disse rápido, pronto, esta pagando uma de idiota. – Fique um pouco com Nonna que eu já volto. – eu disse. Sai correndo escada à cima, deixando Christian na sala com vovó.


   Procurei uma calça jeans e nada achei, só tinha saia. Olhei entre as blusas e ali tinha uma.  A vesti, preta. Fiquei com a mesma blusa que fui ao colégio. Soltei meu cabelo. Ótimo, agora pareço um monstro. “Foda-se”.


   - Vamos estudar no meu quarto. – eu disse, descendo as escadas.


   - Por mim tudo bem. – disse ele, olhei em suas mãos e só tinha um caderno.


   Olhei mais uma vez em seus olhos castanhos claros e corei. Porque ele esta me olhando? Subimos as escadas e entrei em meu quarto. Ele fechou a porta, agora me deu medo.


   - Lindo quarto. – disse ele. Foi em direção a uma fotografia e sorriu. Eu corei na hora, porque estou com vergonha dele? Deve estar me zoando por dentro. Eu sou uma idiota mesmo.


   - Então, o que sabe sobre geometria? – perguntei, colocando meus livros em cima da escrivaninha. Sentei-me e esperei sua resposta.


    - Nada! – disse ele vindo em minha direção e sentando na cadeira do meu lado.


   - Pode ser o básico, tipo, Teorema de Pitágoras. – abri meus livros e meu caderno distraída.


   - Sério, não sei nada. – disse ele olhando em meus olhos sorrindo.


   Ótimo ele esta tirando uma com a minha cara.


   (...)


 


Christian PDV


   - Alguma duvida? – perguntou ela.


   - Qual a sua idade? – perguntei. Não sei por que, mas precisava saber mais sobre a garota. Ela me conquistou desde a primeira vez que a vi. Agora, durante a explicação, não consegui parar de olhar para ela.


   - Estou falando sobre a matéria, mas eu tenho dezesseis. – disse ela olhando para o caderno, todo rabiscado, com explicações sobre geometria.


   - Eu tenho dezoito, repeti duas vezes o segundo colegial. – ela sorriu, ainda olhando para o caderno e balançou a cabeça negativamente.


   Sempre que falo isso à reação das pessoas é a mesma, mas quando ela fez me machucou. Não sou inteligente? Seria por ela.


   - Você é nova na escola né? Não me lembro de você ano passado. – queria saber mais sobre a vida dela.


   - Sou sim. Eu nasci no Rio Grande do Sul, fui morar na Itália com cinco anos e voltei há dois anos. – a vida dela fazia a minha parecer um saco.


   - E você namorava lá? – perguntei para saber se tinha alguém em sua vida.


   - Gostava de um vizinho meu, depois ele foi embora e eu voltei pro Brasil. – respondeu ela ainda olhando para o caderno, olhar vazio.


   - Mas então? Esta gostando da escola? – perguntei para mudar de assunto, não quero que ela se lembre de alguma coisa que a deixe triste.  


   - São todas iguais. – respondeu ela voltando a escrever em seu caderno. Não estava vendo seu rosto, mas sua voz transmitia solidão.


   - Não gosta de escolas? – ela levantou a cabeça e seu olhar encontrou o meu.


   - Não gosto das pessoas das escolas. Aquelas que não sabem fazer outra coisa além de caçoar dos alunos inteligentes, aqueles que ficam com outros por prazer, aqueles que não sabem o significado de uma vida sofrida, só de curtição. – disse ela, levantando a cabeça, uma lagrima escorreu e eu me identifiquei nessas pessoas que ela citou.


   Na hora percebi que seu passado não era agradável e que seu relacionamento com as pessoas não era divertido ou legal. Ela secou a lagrima rapidamente e voltou a olhar pro caderno. Como eu queria saber o que se passava por sua cabecinha.


   - Eu posso te ajudar.


   - Porque eu? – perguntou ela levantando a cabeça, estava realmente triste. – Não tinha outra pessoa pra você pedir ajuda? Não tinha outra pessoa para te ensinar geometria? Então porque você me escolheu? O que eu te fiz? – mais lagrimas escorreram em sua face.


   Eu não sabia o que responder. Ali ela soltou uma explosão de sentimentos, guardados dentro dela por muito tempo.


   - Porque eu queria passar um tempo com você. – respondi, passando os dedos em cima das lagrimas debaixo de seu olho. Emily virou o rosto, e secou ela mesma sua face molhada.


   Sua pele macia, eu quero.  


   - Você não percebe? Você tem todos em sua volta, todas as garotas te querem e eu não tenho nada disso. Não tenho amigos, entrei a uma semana na escola e já me zoam. Somos de mundos diferentes. – é dura a verdade do amor, só quem sente pode explicar. Estaria eu apaixonado por Emily?


   Agora eu só quero me afastar e pensar.


   - Acho melhor eu ir embora, desculpe. – enxuguei a lagrima traiçoeira que brotou nos meus olhos. – Nos vemos amanhã na escola.  


  “Homem não chora, porra!”


   Por ela derramaria todas as lagrimas possíveis, mas só por ela. 


    


Emily PDV


   Depois que Christian foi embora senti uma pontada de dó, eu fui meio rude com ele. Mas não entendo, porque ele queria passar um tempo comigo? Será que ele gostou de mim ou esta planejando alguma coisa comigo? Não quero que aconteça de novo.


   “Nossa que fome”. Lembrei que não tinha almoçado, fui à cozinha, fiz um lanche. Vi vovó na sala, vendo TV, juntei-me a ela.


   - Quem era o rapaz Mi? – perguntou ela, Mi foi o melhor apelido que ela colocou em mim.


   - É um... Amigo que tem dificuldade em geometria, só estou ajudando. – expliquei.


   - Ele gosta de você – disse ela vendo a novela.


   - Nonna Michelina, acho que suas novelas estão te amolecendo. De onde tirou essa? – até parece que ele gosta de mim.


   - Deu para perceber, o jeito que ele olha para você, seus olhos mostravam o que o coração sente e a boca não fala. – ela ainda fitava a TV.


   - Nonna, nos conhecemos hoje.


   - Eu e seu Nonno Ângelo nos apaixonamos logo a primeira vista.  Ele ia todo dia à praçinha só para me ver, até que um dia ele veio falar comigo. Perguntou se podia segurar minha mão. Era um atrevimento, mas eu deixei. – Dava para perceber que ela sentia saudades dele. – Aquele garoto te ama mais do que qualquer outro garoto vai amar um dia. – disse ela se virando para mim, pela primeira vez em nossa conversa, seus olhos mostravam sinceridade.


   Perdi a fome. Nonna está certa?


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Notas finais do capítulo

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Oieww gente!
A pedido fiz um capitulo maior.
Esclarecimentos: Nonna é vovó em italiano e Michelina é o nome da vovó.
Espero que gostem, eles já estão se juntando.
Comentem com a opinião de vocês,
Beijinhos