Christian PDV

   - Mãe, hoje vou à casa da Emily.

   - Filho, vocês não andaram brigando?

   - Mãe, não começa. Eu a amo.

   - Eu só quero seu bem!

   - Então me deixe ir.

   Ela soltou meu braço e eu sai pela porta de casa.

   Não quero lembrar os motivos pelo qual ela não queria me deixar ir, mas sim, ela se preocupa comigo.

   Andei despreocupado para a casa de Emily. Na rua, tudo parece mais simples, as pedrinhas que voaram do asfalto são pequenas e quase invisíveis, mas estão ali, fazendo parte da calçada. Mi era quase invisível para mim, mas estava lá, fazendo parte da minha vida.

   Emily, que garota consegue ser igual a você meu amor?

Emily PDV

  - Oi amor, cheguei cedo? – perguntou Chris entrando.

  - Nunca. Bruno vai dormir na casa de Mike, mamãe e Nonna foram a uma cidadezinha aqui perto, na casa de uma amiga antiga da família. Não voltam hoje, temos a casa só nossa.

  - Perfeito!

   Disse ele sorrindo. Eu já sabia o porquê disso, eu também queria.

   Subimos para meu quarto, ele como sempre fechou a porta.

   - Não precisa fechar, estamos sozinhos hoje.

   - Assim fica mais aconchegante – respondeu, vindo em minha direção e me beijando.

   Sua língua explorou cada parte da minha boca. Ele desceu os lábios até meu pescoço. Com um movimento rápido comecei a desabotoar sua camisa.

   Ele olhou em meus olhos. Delicadamente se curvou, colocou os braços atrás da minha perna e o outro nas minhas costas e me virou de súbito, me deixando em seu colo, como um bebe.

   Chris me colocou na cama, e foi para cima de mim. Tirou os fios rebeldes do meu rosto. Abaixou um pouco e beijou meu pescoço, beijou meu ombro, e a gola da minha blusa. Carinhosamente pegou meus braços e os levantou. Depois puxou minha blusa para cima e a tirou. Eu estava com um sutiã rosa, que minha mãe me deu. Ele o olhou e senti algo crescendo entre suas pernas.

   Chris aproximou nossas bocas e lambeu meu lábio inferior. Juntei nossos corpos e inverti a situação, agora era a minha hora de torturá-lo. Ele já estava sem camisa, então passei meus lábios de leve por seu abdômen definido.

   Ele estremeceu e ali em baixo eu desabotoei sua calça jeans apertada.

   - Emily, assim não vale, você ta me deixando louco.

   Eu sorri com isso. Subi em cima dele, coloquei uma perna de cada lado de seu corpo. Olhando fixamente em seus olhos eu tirei meu sutiã, ele o pegou e cheirou. Passou a língua devagar em seu lábio inferior e me puxou rapidamente para mais perto. Eu me senti em um jogo de sedução.

   Chris me virou de lado e agora estávamos os dois na cama. Ele tirou sua calça e tirou a minha. Senti um ar gélido no meu pescoço, era sua boca. Sua mão desceu para minha calçinha e depois disso eu fechei os olhos e me entreguei.

  Ele foi para cima de mim e começou a fazer movimentos lentos.

  - Ah! – gemeu ele. E o meu veio logo após.

  Os movimentos aumentaram, o calor aumentava a cada minuto, os gemidos não tinham fim.

   Aquilo era tão bom excitante.

   Ele chegou a seu ápice. Foi ouvir o seu limite que eu cheguei ao meu também.

   Caímos de lado na cama. Ele beijou meu pescoço.

   - Tinha me esquecido como isso é bom – eu disse me sentido um pouco envergonhada.

   - A melhor parte para mim é quando eu me surpreendo em cada vez que a gente faz isso.

   Ele me beijou.

Christian PDV

   Ainda são umas oito horas da noite, eu e Emily estamos vendo um filme. Um amor para recordar. Eu escolhi, sei que é triste, mas adoro ver seus olhos avermelhados e sua face brilhando com a água. Mesmo assim, esse filme serve para eu ver o que eu tenho de bom na vida, e para valorizar. Para falar a verdade, eu só queria ficar abraçado em Emily, sentindo seu cheiro.

   A campainha tocou.

   Mi se levantou e foi atender a porta.

   - Nicole? – foi ai que eu me assustei.

   Era melhor eu não aparecer, teria muita confusão. Só me aproximei um pouco.

   - Olá Emily.

   - O que faz aqui? – eu não conseguia ver nada, estava no corredor, tudo escuro.

   - Só vim te avisar uma coisa. Sabe quando Chris desapareceu? Então... Ele estava comigo e acabou me engravidando.

   - Sério? – perguntou Emily, a voz dela parecia realmente surpresa.

   - Sim.

   - Bom, espero que você consiga criar a criança sozinha.

   - Não vou criar sozinha, Chris vai me ajudar.

   - Mesmo assim, vai crescer sem um pai. Acho que Christian já deixou bem claro que não quer nada com você.

   - Emily Emily Emily, tão bobinha. Acho que você não ouviu direito. Eu TRANSEI com Chris, ele sumiu e acabou te traindo.

   - Bom, se você pensa que foi traição então vai sofrer muito nessa sua vidinha.

   - Se não foi traição então não sei o que foi, já que todo dia ele queria... Você sabe... Eu pedia para ele voltar e ele dizia que estava cansado de namorar uma fracassada feito você. Não sei por que ele usou esse termo... Fracassada, mas bem, ele usou.

   - Tudo bem, já deu seu recado, pode ir.

   - Áh, tem outra coisa. Ele falou algo do tipo de sempre se surpreender com você no sexo, porque vocês sempre fazem e cada vez parece pior. Desculpe ok? Então, quem sabe eu entro e a gente conversa melhor?

   - Tudo bem Nicole, está desculpada, agora pode ir.

   Eu ouvi a porta bater. Minha raiva me subiu a cabeça, eu só pensava em matar Nicole. Eu nunca falei nada para ela, a gente só transou porque eu fiquei com pena dela. Que vadia.

   Eu sai do corredor e fui correndo para perto de Emily.

   - Então, que visita desagradável – eu disse, quebrando o silencio.

   - Agora eu sei por que você sempre se surpreende, e pensar que no final eu era mesmo sem graça – disse ela, com uma face sarcástica.

   - Você não acreditou nela né?

   - Chris, acho melhor você ir embora, eu tenho que pensar um pouco.

   - Qual é Emily? Você sabe que o que ela falou é mentira.

   - Eu sei, só tenho que encontrar a verdade em algum lugar.

   - Está bem aqui – eu disse, colocando a mão no coração.

   - Não, está aqui – disse ela, apontando para os olhos cor de mel.

   - Então, por favor, enxergue a tonta que Nicole é.

   Eu disse, saindo porta a fora.

Emily PDV

   Vá.

   Vá Emily.

   Isso, continue indo.

   - Não posso – disse derrotada, voltando para dentro de casa.

   Você sabe que é mentira.

   Vá atrás dele.

   Eu não conseguia me mexer, enquanto via Chris indo embora. Era até engraçado, eu já vira essa imagem tantas vezes, e não só em sonhos. Era o que eu temia, mas no final ele sempre volta.

   Não arrisque, ele pode não voltar.

   Ele vai voltar.

   Quem garante?

   O meu blábláblá mental me deixa tonta e confusa. Sim, ele vai voltar, mas vai voltar porque eu vou atrás. Sim, ele é meu futuro, porque estou deixando escapar?

   Abri a porta de novo, e sai correndo. Corri, corri, via as arvores passarem rapidamente ao meu redor, o vendo chacoalhava meus cabelos. Mas Chris era mais rápido e já estava longe, fora do meu alcance.

   - CHRIS! – gritei, mas a única pessoa que ouviu foi meu vizinho.

   Voltei andando para casa, vazia e escura. De noite tudo parece misterioso, você anda pelo corredor e não consegue ver o que vem em sua frente, com se fosse uma caixinha de surpresas.

   Áh, a vida. O que mais ela pode fazer comigo?

Christian PDV

   - Mas cara, tem certeza de que a Nicole falou que cada vez parece PIOR?

   - Tenho, ela ainda falou que eu queria transar todo dia com ela.

   - Poxa, mas essa Nicole é uma pedra no sapato mesmo hein – olhei para Mike, finalmente alguém que me entende.

   - Nem me fale, acho que no passado eu colocava taxinha no banco da igreja, porque se não for isso não tinha motivos para tanto azar.

   - Calma cara, ela vai perceber que é mentira.

   - Porque a minha vida é tão difícil? O amor podia ser fácil pra mim, igual o seu – eu disse, me jogando na cama.

   - Meu amor é fácil? Eu não posso nem fazer um carinha no meu namorado em publico que já sou discriminado, as pessoas olham.

   - Desculpa cara, eu quis dizer que não tem ninguém que queria separar vocês.

   Ele se sentou na cama, do meu lado.

   - O mundo dos gays é tão secreto que você não imaginaria. Sabia que tem outro garoto no time de futebol que é gay? Você só tem que olhar bem.

   - Como você sabe disso? – nossa, outro garoto gay, quem?

   - Ele já deu em cima de mim, ele percebeu que eu era, então entende? Você só tem que olhar bem, reparar bem na pessoa, que você descobre se ela esconde alguma coisa.

    - E o que isso vai me ajudar?

    - Olhe bem para Emily e descubra se ela acredita na Nicole.

   Como eu ia conseguir olhar para a emoção da pessoa e descobrir o que ela sente?

(...)

   Desci do caro, entrei na escola. Estava tudo calmo, até ver Emily andando rápido em direção a Nicole. Corri junto com a multidão que se formava atrás dela.

   - Nicole! – gritou Emily.

   - Pronto, chegou! O que... – mas não deu tempo dela terminar a frase, Mi já havia dado uma bofetada na vadia.

   - O que você fez? Pode prejudicar meu bebe – isso causou espanto nas pessoas, mas não que Nicole ligasse.

   - Fica tranqüila, seu bebezinho vai sobreviver, agora vê se aprende a não dizer mentiras, sua mamãe não te ensinou?

   E Emily deu as costas, deixando Nicole no chão, sendo zoada por varias pessoas.

   Eu sai correndo atrás dela.

   - Emily! – gritei.

   Ela se virou e me viu.

   Um sorriso invadiu seu rosto, ah, Emily, só você mesmo.