Descobrindo o Amor escrita por bia


Capítulo 12
Inesperado e novo




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Emily PDV

   - Vá pra casa Sra. McCartney, eu fico aqui. – ela estava sentada na poltrona do quarto e eu estava no sofá.

   A sorte é que a família de Chris tem dinheiro, e pode pagar um bom hospital, porque a condição dele era muito ruim. Perdeu muito sangue, tinha no pulso um corte profundo, feito por uma lamina.

   - Emily, não seja boba, está aqui há mais tempo que eu, vá descansar. – insistiu ela, mas eu não queria sair de perto dele, tinha alguma coisa que me prendia.

   Eu olhava seu rosto e sorria, pela primeira vez em muito tempo, ele está do meu lado de novo. Tudo bem que ainda está apagado, mas sua presença me alegra.

   - Sra. McCartney, vá para a casa, tome um banho, descanse um pouco e quando você chegar eu vou.

  - Tudo bem então, mas se estiver cansada de mais não me espere. Estou indo. Tchau.

   Ela saiu da sala, consegui ficar mais a vontade. Não que eu não goste da mãe de Chris, mas eu queria um tempo para ficar olhando seu rosto, sua boca ainda perfeita, seu cabelo preto caído na frente e espetado atrás. Queria passar os dedos em seus traços e me lembrar de antes. Queria por as mãos em seus braços e chorar, sem ninguém para perguntar o que está havendo.  Eu só quero tê-lo de volta.

   Cheguei mais perto de Chris e vi uma lagrima escorrendo por suas bochechas. Ele chorava, ainda apagado, com as pálpebras fechadas. Não chamei a enfermeira, era tão lindo. As lagrimas cristalinas descendo em sua pele, parecendo a cachoeira de Maceió. Lembrar de antes não é bom, pelo menos não para mim.

   Sentei na poltrona posta ao lado da maca e comecei a chorar. Chorar de dor, dor no vazio que se criou no peito. Chorar de tristeza, tristeza de vê-lo apagado e não poder trazê-lo de volta.  Chorar de saudade de seu toque, sua respiração perto da minha.

   Encostei a cabeça na maca, deixando uma mancha molhada do lado de sua mão. Os tubos e fios que o cercavam deixavam um ar de doença. E ainda sim uma coisa não me saia da cabeça.

   Porque Chris queria se suicidar? Isso tem a ver com seu sumiço?

   - Mãe? – ouvi uma voz fraca e sem vida chamar.

   Levantei meu rosto, à procura daquela voz. Vi os olhos de Chris ainda úmidos, abertos, vasculhando o quarto. Olhei fundo em seus olhos, ele olhou nos meus e novamente eu sorri. Ele sorriu de volta. Parecia aquela vez na arquibancada, só que agora era diferente. Não tínhamos uma distancia tão grande e perturbadora nos separando. 

   - Emily? – perguntou, forçando a vista. Uma lagrima traiçoeira, ainda esperando a vez de escorregar deslizou pela sua bochecha.

   - Sim – respondi, secando as antigas lagrimas de tristeza, dando a vez para as novas de alegria. Eu ainda sorria.

   Em seu rosto o medo e a insegurança estavam estampados de tal forma que me comoveu. Seus olhos percorriam o quarto sem entender o que poderia ser isso.

   - Emily? Ela já foi embora? – perguntou ele, olhando em meus olhos.

   - Ela quem Chris? – perguntei, me assustando com seu desespero.

   - Não a deixe entrar, de jeito nenhum Emily – dizia ele, ainda meio inconsciente, como se não soubesse o que falava, mas totalmente desesperado.

   - Quem? Sua mãe?

   - Não, a Nicole.

 

 

Christian PDV

   Abri meus olhos. Não conseguia entender onde estava, só me lembro da ultima coisa que fiz ontem a noite: morrer.

   Estava no paraíso? Olhei o lugar, era muito branco. É, talvez seja o paraíso. Senti algo molhado em minha mão, olhei ali perto e vi uma pessoa encostada na cama onde estava.

   - Mãe? – estava tudo embaçado, não conseguia ver direito. Forcei minha vista ao máximo, mas ainda sim não era o suficiente. – Emily? – os olhos foram recuperando a visão lentamente.

   - Sim – disse ela, chorando e sorrindo.

   Aquilo parecia perfeito. Ela estava ali de novo, depois de tanto tempo, ela não me abandonou. Eu sei que fugi, fiquei muito tempo fora e...

   - Emily, ela já foi embora?

   Ainda me lembro de seu rosto, me contando aquilo. Como eu ia sair dali com ela vigiando e me ameaçando? Eu tinha que arrumar um jeito de fazer direito, mas ainda sim, nunca ficaria tudo bem de novo.

   - Ela quem Chris?

   Porque será que é só eu me afastar de Emily que eu começo a fazer bobagens?

   - Não a deixe entrar, de jeito nenhum Emily.

   Realmente eu tenho medo. Medo que aquela louca faça alguma coisa para a melhor pessoa que eu tenho.

   - Quem? Sua mãe?

   - Não, a Nicole.

   Foi nesse momento que Emily sentou no sofá com tudo, colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e cobriu o rosto com as mãos. Logo após ela voltou a me olhar.

   - Você estava com ela esse tempo todo não é?

   - Sim.

   Não tinha o que falar, eu não posso mais mentir para Emily, não posso fingir que estou feliz por estar aqui, porque não estou. Eu não posso mais fazer isso.

   - Ouça Emily. Eu tenho...

   - Porque você fugiu? – perguntou ela me interrompendo.

   Senti-me um estúpido, porque eu faço isso com ela? Porque eu insisto em fazê-la sofrer?

   - Porque eu vi você com Caio e me senti traído por ele, eu só precisava esfriar a cabeça.

   - Precisava de tanto tempo assim? – ela me olhou, apoiando a queixo na mão.

   - Eu não queria sumir por tanto tempo, mais eu fui obrigado...

   - Por quem?

   - Me deixe falar, por favor, me deixe falar – Fique calmo Chris, fique calmo.

   - Fale – disse ela, vi seus olhos se encherem de água, eu sabia que lhe devia alguma explicação.

   - Eu vi você com Caio e me senti totalmente traído, já que eu havia contado todos os meus sentimentos por você para ele. Eu precisava esfriar a cabeça, se não eu ia pirar.

“Então eu sai correndo para um lugar que ninguém mais sabia onde ficava, assim eu achava. Mas alguém sabe e esse alguém é Nicole. E naquele dia eu estava tão abalado, ela foi tão legal, não parecia ela de verdade, parecia alguma alma melhor que estava em seu corpo. E... Eu... Eu transei com ela, mas tão teve nenhuma magia, eu prometo. Toda vez que eu fazia algum movimento era em você que eu pensava. Só em você.”

   - Você não precisa me prometer nada Chris, não estamos mais juntos, você pode transar ou ficar com quem quiser.

   A verdade dói, mas quem sobe demais um dia vai ter que descer, e o tombo vai ser grande. Eu me deixei subir e voar, achando que não tinha medo de cair, mas as nuvens que me sustentavam foram retiradas de uma vez só, e a queda me machucou.

   - Tem razão, quer que eu continue?

   - Claro – sua voz já tinha mudado, estava demonstrando força.

   - Então Nicole me fez uma proposta, ela me pediu para ficar por uns dias, só para dar uma lição em vocês. Mostrar que eu posso fazer falta e eu estava me sentindo carente, então o que ela falou parecia adorável. Mas quando a noite chegava eu percebia o frio que tudo aquilo podia me causar, ela ia para a casa, dormir aquecida e eu ficava ali, colhendo o que plantei.

“Então um dia, acho que já tinha se passado pelo menos uma semana, ela chegou chorando, sentou do meu lado e disse: Chris, estou grávida. Eu perguntei quem era o pai e ela simplesmente olhou para mim e chorou. Foi ai que eu percebi a encrenca que eu estava medito. “

“As semanas foram passando e ela não me deixava ir. Certo, é só sair correndo! Mas ela falava coisas que me abalavam psicologicamente, ameaças realmente perigosas, REALMENTE PERIGOSAS. Eu precisava achar um jeito de sair de lá. O melhor jeito que achei foi me ferir, ela ficaria desesperada e me levaria para algum lugar.”

   Por fim acabei, Emily ficou me olhando e nada falou. Passou alguns minutos, talvez os mais longos da minha vida.

   - Não vai dizer nada? – ela estava com o rosto enfiado entre as mãos, olhando para baixo.

   - Você recebeu minhas mensagens?

   - Joguei meu celular fora.

   - Melhor assim. – respondeu ela, levantando do sofá. – Então, você some, não da explicação para ninguém e chega agora dizendo que queria provar que você tinha valor? – perguntou ela.

   - Emily...

   - Cala a boca Chris, você não tem nem idéia do quanto vale pra mim. Eu te odiava, mas você persistiu até me fazer perceber que você é a melhor pessoa que eu conheci, com um passado assustador, mas que faz de você um homem tão adorável, sempre falando as coisas certas, sempre usando palavras bonitas. Mas você acha que precisa sumir para mostrar que tem valor, pois fazer isso me mostrou o quão egoísta você é. Eu te amo, sinceramente não sei mais viver sem você. Mas isso não tem valor, é melhor essas palavras sumirem também, espera um minuto, nossa, já sumiram.

   E ela sumiu do quarto, eu gritei pedindo para ficar, mas isso só fez as pessoas se zangarem. Egoísta, é isso que eu sou. 

 

Emily PDV

   Tem uma raiva queimando dentro de mim, como ele é egoísta, até parece que tudo é tão fácil assim. E depois vem falar que engravidou uma vadia. Que raiva!

   Sai do hospital e segui andando, se ele quer brincar de sumir então vamos brincar.

 

Nicole PDV

Flashback  

- Como foi lá? – perguntou Caio.

- Foi normal – respondi sentando em sua cama.

- Transo com ele?

- Sim, mas ele não... Sabe... Ele não...

- Ela não gozo?

- Não – admiti de cabeça baixa. Comecei a ouvir uma risada histérica.

- Que decadência em miss perfeitinha. Mas você vai ter que engravidar se quer ter Chris só pra você, e vai ter que fazer de tudo para ele não voltar.

- Como eu vou engravidar de Chris se ele não tem prazer nenhum? Vamos esperar essa crise depressiva dele passar para tentar, tudo bem?

- Não, temos que agir agora. – ele andava de um lado para o outro no quarto. – Engravide de mim e fale que o filho é dele.

Aquilo era totalmente ridículo.

- Ta bom, até parece.

- Se você quer ter Chris como exclusivo então vai ter que fazer um esforço, vai lá gata, você vai ter o melhor orgasmo da sua vida.

- Você vai se surpreender com o que posso fazer. – respondi, indo em sua direção.

Sua mão andava pelo meu corpo e ele apagou a luz.

Fim do Flashback

 

Emily PDV

   Cheguei em casa, Nonna estava sentada no sofá, como de costume.

   - Emily, como Chris esta? – perguntou ela, desligando a TV.

   - Ele acordou, está bem.

   - Quem bom.

   - Posso te fazer uma pergunta? – me sentei no sofá, olhei em seus olhos.

   - Claro.

   - Já teve um momento que você não sabia mais o que fazer? Que todas as idéias pereciam absurdas e o melhor jeito é simplesmente sumir?

   - Claro Mi, todos nós já passamos ou vamos passar por essa fase, o desconhecido toma conta de você.

   - Chris fez isso, e eu fiquei brava, porque ele queria provar que tinha valor, mas eu não sei mais viver sem ele.

   - Mi, perdoe o rapaz, ele ainda é uma criança, como você e não tem controle sob si mesmo.

  - Você tem razão, obrigada Nonna.

   Levantei-me do sofá. Abri a porta de casa e sai andando pela rua, em minha mente eu tinha um caminho a tomar: o hospital.

   Eu vou perdoar e ser perdoada. Eu amo Chris e nada mais importa.

   Andando pela rua eu posso seguir o caminha que me tem interesse. As pessoas despreocupadas andam pelas ruas, conversam. Sra. Oliveira me da um pequeno aceno e eu o retribuo com um sorriso.

   Mas quando você pensa que já tem tudo calculado, como tem que ser, algo te surpreende, algo totalmente inesperado e novo.

   Eu vi, na minha frente, andando em minha direção, Chris. Com aquelas camisolas de hospital e ainda alguns fios cortados, pendurados em seu pulso.

   Ele parou na minha frente.

   - Inesperado e novo – eu disse sorrindo.

   Ele sorriu também e me abraçou.

   - Não sou bom com as palavras. – sussurrou em meu ouvido.

   - Então não fale.

   Abraçados na rua é algo inesperado e novo, assim espero.


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Notas finais do capítulo

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Oiew gente!
Aqui está mais um capitulo, espero que gostem
Quero comentarios com a opinião de vocês sobre essa história, ok?
Beijinhos Bia