Doce Fruto de um Passado Amargo escrita por XxLininhaxX


Capítulo 22
POV Milo


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas da minha vida...
Acharam q eu não ia voltar mais, né?
Mas eu prometi pra mim msma q ia terminar essa fic, msm q demore a vida XD

Espero q não tenha perdido o ritmo, pois faz MUITO tempo q não escrevo XD
Peço perdão para aqueles q acompanham...
Eu sou mto de lua e non curto mto escrever quando non tô com humor pra isso...
E minha vida foi meio conturbada, emocionalmente falando, nos últimos anos...
Agora ela está mais estável e isso me permitiu voltar a escrever ^^

Espero q curtam esse cap e espero poder continuar postando com mais frequência ^^

=**
^^v



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Eu havia escolhido um lugar extremamente inesperado para levar Hyoga. Talvez não fosse exatamente o melhor lugar para se passear em Paris. Ou melhor, certamente não era o melhor lugar para se passear, mas eu queria transmitir algo para Hyoga com aquilo. Não que eu quisesse que ele esquecesse a mãe, mas eu queria que aquele sentimento de tristeza profunda pudesse se transformar em algo caloroso. Algo que o fizesse deixar a dor de lado e o fizesse ver esperança no amanhã. Sim! Seria algo muito difícil, alguns poderiam me dizer até que seria impossível. Mas, se tem algo que eu aprendi em minha vida foi que, o impossível, na maioria das vezes, está apenas na nossa mente. Não teria chegado onde cheguei se desanimasse no primeiro obstáculo à frente! Eu queria mandar para longe todo aquele sofrimento do olhar do meu loirinho. Sim, meu loirinho! Não importava como Hyoga tinha entrado em minha vida, o importante é que ele não sairia mais dela. Eu não via Hyoga como uma ameaça ao meu casamento, muito pelo contrário. Hyoga era a oportunidade que eu sempre pedi! Oportunidade de ser pai, oportunidade de estreitar os laços com Camus, oportunidade de finalmente ter minha vida completa. Não que Camus e meu sucesso não fossem o suficiente. Mas nada é tão bom que não possa melhorar.

Olhava para Hyoga de soslaio, tentando não desviar minha atenção da rua. Ele olhava pela janela, distante. Seus olhos pareciam opacos e sem vida. Isso apertava meu coração. Quantas marcas a vida deixara naquele garoto? Será que eram somente as que nos foram contadas? Provavelmente não. Mas essas teriam que ser tratadas depois. As feridas que sangravam naquele momento eram muito bem conhecidas. O que será que passava naquela cabecinha? Será que ele revivia a cena do naufrágio? Mesmo após tantos anos, será que a imagem ainda era nítida em sua mente? Apenas perguntas retóricas. Aquele sofrimento era muito palpável para que qualquer detalhe tenha se perdido em sua memória. Se eu soubesse exatamente o que havia acontecido, talvez tivesse mais condições de ajudar. Mas como eu poderia perguntar qualquer coisa sobre aquele dia? Sequer acreditava que Hyoga conseguiria contar. Tudo que eu podia fazer era estar ali para ele. Não era o que ele queria, não era o que ele precisava, mas era o que eu tinha para oferecer. Eu esperava que, um dia, eu fosse aquilo que ele quer e precisa.

Não demorou muito e já estávamos nos aproximando do destino. Hyoga continuava absorto em seus pensamentos. Ele olhava para através da janela, como que procurando uma resposta de um enigma indecifrável. A maneira como seu olhar se perdia no horizonte emanava desesperança, desânimo, cansaço. Era como se gritasse silenciosamente por ajuda, por uma luz. Aquela luz que se afastava dele, ano após ano. Será que seríamos capaz de trazer essa luz de volta para sua vida? A luz da vontade de viver, a luz de esperança no amanhã. Só o tempo diria. Mas eu lutaria com todas as minhas forças para que isso fosse possível. Não sabia dizer quanto eu aguentaria vendo aquele loirinho naquele estado. Passou-se apenas dois dias desde que o conhecera e eu já estava completamente apegado. Quanto mais tempo passava, mais que queria fazer algo por ele. Mais aquele sentimento se fortalecia dentro de mim, sentimento de amor paterno. Será que já poderia dizer isso? Que eu o amava como a um filho? Ele gostaria de ouvir isso? Eu poderia afirmar com certeza? Eu teria condições de provar aquilo? Talvez fosse muito cedo para dizer algo assim. Mas será que existia a hora certa? Era tudo tão incerto quando se tratava de Hyoga. Um passo em falso e poderia pôr tudo a perder.

Estacionei o carro naquele estacionamento praticamente vazio. Ainda era cedo, mas naquela época do ano não deveria ter muita gente mesmo. Desliguei o carro e me virei para Hyoga. Ele me olhava, confuso.

— Que lugar é esse? – ele me perguntou.

— Você vai ver. Venha comigo. – sorri confiante para ele.

Saí do carro e Hyoga me acompanhou. Andávamos em direção a enorme construção a nossa frente. Era um prédio bem largo, mas com poucos andares, no máximo três. Tinha um estilo bem antiquado, parecia algo do século passado. Apesar de ser bem conservado, dava para notar que era uma construção muito antiga. Apesar de não fazer muito meu estilo, eu amava aquele lugar. Tinha muitas histórias ali, tanto minhas quanto de Camus. Os corredores eram cheios de memórias. E vazios daquele jeito, apenas trazia mais nostalgia. Como se eu pudesse reviver todas as lindas lembranças que tinha ali. Hyoga olhava para tudo aquilo como que sem entender. Sorri. Queria que fosse uma surpresa mesmo.

Andávamos e os corredores pareciam não ter fim. Apesar de confuso, Hyoga prestava atenção em tudo, muito curioso. Talvez nunca tenha entrado em um lugar como aquele. Nem se morasse na França, teria tido muito contato com aquele local. Ele era muito novo ainda. Por isso, talvez, tudo fosse muito diferente de tudo que já vira. Era o suficiente para que ele esquecesse um pouco da dor que sentia.

Só mais um pouco e chegaríamos onde eu queria. Mas, primeiro, precisava passar em um lugar. Entrei por uma porta larga, que dava para uma imensa biblioteca. Os olhos de Hyoga brilhavam com aquilo. Se o que a senhora Valéria dissera sobre ele fosse verdade, Hyoga era amante de leitura tanto quanto Camus. Imagino o quanto ele estava impressionado com aquele acervo.

— Primeira vez que entra em uma biblioteca tão grande assim? – perguntei, tentando puxar assunto.

— É sim. – ele olhava para tudo, quase como se quisesse explorar tudo e devorar aqueles livros.

— Você terá muitas chances de vir aqui. Apesar de ter muitos livros em casa, seu pai vem aqui com frequência.

— Consigo entender o porquê.

Sorri. Aqueles dois eram iguais. Era engraçado pensar que, mesmo não tendo tido contato algum, os dois se pareciam tanto.

— Milo? – ouvi alguém me chamando e me virei em direção da voz. – O que faz aqui? Não é comum lhe ver na biblioteca, muito menos nesse horário.

— É isso que pensa de mim, Dohko? Assim me sinto ofendido. – falei sorrindo e indo em direção ao meu amigo para cumprimentá-lo. Apertamos as mãos e nos abraçamos.

— Como estão as coisas? Pensei que estava de férias. – disse Dohko.

— Estou. Apenas vim trazer esse moleque aqui, para conhecer o lugar. – falei, bagunçando os cabelos de Hyoga.

— Ora, ora! E quem seria esse?

— Meu filho. – falei, sentindo que estava mais orgulhoso do que deveria aparentar.

— Filho? Conseguiu convencer o Camus? – ele perguntou, surpreso.

— Não foi bem isso, longa história. Deveria passar lá em casa para colocarmos o papo em dia.

— Acho uma excelente ideia.  – ele respondeu sorrindo e, logo, virou-se para Hyoga. – Qual o seu nome, meu jovem?

— Hyoga. – ele respondeu um tanto seco.

— Prazer, meu nome é Dohko. Sou amigo do seu pai de longa data. – ele estendeu a mão para Hyoga, querendo cumprimentá-lo.

— Prazer, senhor Dohko. – Hyoga disse, educadamente e sorrindo bem de leve.

— Mas, me diga, Dohko. – interrompi. – Como está Shion e Shiryu?

— Estão bem. Tudo na mesma. E Camus? Já faz um tempo que ele não vem aqui. Não é muito comum que ele se afaste por tanto tempo.

— Está tentando dar uma pausa. Ele estava muito cansado, afinal, já tinha dois anos que não tirava férias. Até pensamos em viajar, mas nem eu nem ele estávamos com ânimo para sair de casa.

— Entendo. Vou aproveitar o convite então e falar com Shion para irmos visitá-los, se não se incomoda.

— Jamais. Sempre será bem vindo em nossa casa. – sorri para meu amigo. – A propósito, será que poderia me fazer um favor?

— Claro.

— Pode procurar algo nos arquivos pra mim?

— Claro. Venha comigo e já lhe atendo.

Segui meu amigo até sua mesa. Dohko era o responsável pelos arquivos e biblioteca. Era um amigo muito querido, mas quase não nos encontrávamos. Com tanta correria em minha agenda, raramente tinha tempo para passar ali. Tinha muito o que conversar com ele, mas não era o momento. Hyoga continuava atrás de mim. Ele parecia mais calmo, mesmo que não estivesse entendendo muito bem o que estávamos fazendo ali. Por mais que ele gostasse, provavelmente não teria ânimo de pegar um livro para ler. E eu estava atento a isso.

— E então? O que procura? – Dohko me perguntou, enquanto sentava em frente ao computador.

— Tem papel e caneta? Vou anotar pra você.

Ele me entregou e escrevi o que precisava. Ele logo começou a procurar. Como todos os arquivos foram digitalizados, não devia demorar para que encontrasse.

— Já achei. Quer que eu imprima? – ele disse.

— Por favor.

Ele se levantou para pegar a folha impressa. Como era só uma página, ele logo me entregou.

— Aqui está. Era só isso? – disse me entregando.

— Era sim. Preciso ir agora. Mas não se esqueça de me avisar quando puder fazer a visita. Sabe que Camus gosta de deixar tudo preparado. – falei já me virando para sair.

— Pode deixar. Em breve entrarei em contato.

— A gente se fala então. Até mais! – disse, já acenando e andando em direção à saída.

— Até mais! Tchau Hyoga, prazer em lhe conhecer! – ele disse, acenando para Hyoga, que apenas lhe acenou de volta e me seguiu.

Saímos da biblioteca e voltamos a andar pelos corredores. Não demorou muito para que saíssemos do prédio. Agora estávamos em uma área aberta, rodeada de árvores. Era um espaço com algumas cadeiras e mesas, como uma área de convivência aberta. A paisagem estava maravilhosa. As flores estavam caindo das árvores, formando um tapete de flores no chão. Não tinha ninguém ali. Só se ouvia o doce som dos ventos batendo nas árvores. Tanto eu quanto Camus gostávamos muito daquele lugar. Tivemos bons momentos ali. Camus, mais do que eu. E não importava a estação do ano, era sempre uma sensação melhor que a outra. E olha que esse tipo de romantismo não era exatamente a minha praia.

Olhei de soslaio para Hyoga, queria ver sua reação. Vi seus olhos brilhando de leve. Isso já me deixava mais tranquilo. Já podia sentir um pouco mais de vida vindo de seu olhar. Aqueles olhos opacos e repletos de tristeza não combinavam com aquele belo jovem. Segui para um banco que ficava bem de frente para uma enorme árvore, que balançava seus galhos em uma linda melodia. Sentei-me e Hyoga me seguiu. Fechei meus olhos, apenas para sentir a carícia dos ventos em meu rosto e meus cabelos. Acho que estava aproveitando aquilo mais do que devia. Afinal, a intensão era fazer Hyoga se sentir melhor.

— Imagino que esteja se perguntando por que lhe trouxe aqui. – comecei.

— Não nego que estou um tanto quanto confuso. – ele respondeu, olhando diretamente para mim.

— Achei que você ia gostar de conhecer o lugar onde sua história começou. – falei, sorrindo docemente.

— Como assim? – ele pareceu ainda mais confuso.

— Foi aqui que seus pais se conheceram. – ele me olhou surpreso. – Achei que gostaria de vir em um lugar que fez parte da vida de sua mãe por bons anos. Talvez isso te ajude a se reconectar com as memórias que tem dela.

Ele me olhou de maneira significativa. Senti que seus olhos estavam ficando marejados, mas ele os limpou rapidamente.

— Não sei o que te dizer. – ele me disse e eu apenas lhe sorri.

— Talvez você possa me responder uma pergunta, então. – fiz uma pequena pausa. – Você acha que sua mãe vinha muito aqui? – Hyoga limpou uma lágrima que teimava e cair e sorriu, dessa vez olhando para a árvore a nossa frente.

— Provavelmente. Consigo imaginá-la sentada embaixo daquela árvore, com um livro nas mãos. Ou apenas deitada no chão, apreciando o céu.

Hyoga olhava fixamente para a árvore, como que imaginando o que ele acabar de me descrever. Tinha um sorriso saudoso nos lábios. Ainda era possível ver um misto de tristeza, mas a saudade parecia mais forte. Eu, sinceramente, não conseguia imaginar o tamanho do que ele estava sentindo naquele momento. Não tive essa ligação forte com meus pais. E o que tive nesse sentido, não pareceu chegar nem perto da força do sentimento que Hyoga possuía por sua mãe. Natássia deve ter sido uma mãe extremamente amorosa, levando em consideração o quanto Hyoga era apegado à memória que tinha dela. Afinal, o contato que ele teve com ela foi bem curto, apenas quatro anos. A maior parte das pessoas não se lembra de muita coisa dessa idade. Não saberia dizer se Hyoga se lembrava com nitidez dos momentos que passou com ela ou se apenas lamentava por não poder continuar ao seu lado. A resposta dessas questões não era tão importante. Pois, independente de qualquer coisa, o amor ali era bem real. Tanto que o mínimo de contato que ele tinha com algo que ela vivenciou, já era suficiente para causar uma grande comoção.

Ele parecia tão absorto em seus pensamentos, que parecia pecado tirá-lo de seus devaneios. Mas ainda tinha mais uma coisa que eu queria entregá-lo.

— Tem mais uma coisa que quero te mostrar. – peguei o papel que acabara de imprimir e entreguei a ele. Assim que pegou e entendeu o conteúdo, senti uma enorme surpresa vindo dele.

— Como você... – ele parecia não acreditar. Suas mãos tremiam um pouco.

— Não importa como consegui isso. Achei que seria mais uma coisa que você gostaria. É o histórico escolar da sua mãe. São apenas notas de matérias que ela fez e atividades extracurriculares, mas ainda assim é algo novo, que você provavelmente não sabia. E você também pode usar isso para puxar assunto com seu pai, sei lá. Conversar sobre a época que eles estudaram juntos, saber como sua mãe era, do que ela mais gostava, onde ela ia mais na cidade ou até mesmo aqui dentro do campus. Tenho certeza que Camus vai gostar de reviver tudo isso, pois foram momentos de muita felicidade pra ele. E vai ser bom pra você, ouvir sobre sua mãe do ponto de vista de outra pessoa que não seja a senhora Valéria.

Confesso que estava engolindo todo o meu orgulho para dizer aquilo. Eu não gostava da ideia de Camus lembrando da época que vivera com Natássia de forma calorosa. Por mais que ela não estivesse mais naquele mundo, ela ainda poderia estar entre nós. Ainda mais depois que ele descobriu que não foi abandonado sem razão alguma. Mesmo que o que ela fez não tenha sido correto, o motivo era muito nobre. Ela partiu como uma heroína. Se sacrificou pelo homem que amava e pelo próprio filho. Não importava de que ângulo se olhasse, não dava para condenar uma alma pura como aquela. E quanto mais Camus se desse conta disso, menor eu poderia ficar em seus pensamentos e mais distante, talvez, ele ficaria de mim. Claro que isso podia ser apenas minhas inseguranças e paranoias falando mais alto, mas ainda assim me dava medo. Só de pensar, meu coração já se encolhia em meu peito. E embora isso pudesse me assombrar, a vontade que tinha de ver Hyoga feliz estava se tornando maior. Eu sabia que ele precisava criar esse laço com o pai para que as coisas se encaixassem em sua cabeça. Assim que ele percebesse que Camus jamais tivera a intensão de causar qualquer tipo de sofrimento à Natássia, tudo se acertaria. E, no momento, isso era mais importante do que os fantasmas que me rodeavam.

— Obrigado, de verdade. – fui tirado de meus pensamentos. Hyoga falava sem olhar para mim. – Isso significa muito para mim. Jamais poderei lhe retribuir à altura.

— Não faço isso esperando algo em troca. Só não queria que você passasse esse dia chorando como ontem. – baguncei os cabelos dele e lhe dei um meio abraço. – E, embora eu não tenha tido uma relação muito boa com meus pais, já perdi pessoas queridas para mim. Sei que uma das coisas que mais nos entristece é quando as memórias vão indo embora com o passar dos anos. Então pensei que te mostrar algo relacionado a sua mãe pudesse lhe trazer as memórias à tona novamente. E, por consequência, você acabaria se sentindo melhor.

— Não poderia estar mais certo. – ele disse, suspirando logo em seguida. – Você não vai facilitar pra mim, não é? – ele perguntou em um tom um tanto quanto resignado.

— Como assim? – fiquei confuso com aquela declaração.

— Esquece. Estou apenas pensando alto.

Achei estranho aquilo. Facilitar para ele? Facilitar para que? Algo me dizia que deveria dar mais importância para aquilo, mas no momento não era hora para interrogá-lo.

— Então, o que acha de irmos comer alguma coisa? Podemos voltar aqui outro dia, com mais calma e com seu pai junto.

— Parece uma boa ideia. Minha avó vai amar.

Levantamos e nos direcionamos ao caminho por onde viemos. Ainda tínhamos que encontrar com Camus e a senhora Valéria.

Continua...


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