I always loved you escrita por Just for Stana


Capítulo 14
Capítulo 14




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Kate saiu de casa, contrariando as ordens médicas de permanecer em repouso. Sentia seu corpo trêmulo e cansado demorando um pouco a se acostumar com a luminosidade e a agitação do meio exterior. Pensou em sair correndo, mas além de não saber para onde, ainda se sentia enfraquecida por todos os acontecimentos. Caminhou alguns metros sentindo seu corpo vacilar a cada passo, e então se arrependeu momentaneamente de ter saído de casa. Mesmo assim decidiu que não retrocederia.

Conseguiu chamar um táxi, com ajuda de alguém que passava por ali e suspirou profundamente ao sentar-se no banco de trás do veículo. Quando o motorista perguntou o destino ela não soube responder. O que estava fazendo? Não sabia para onde ir, não sabia por onde começar, estava com medo e não queria ficar sozinha. Decidiu então ir para o lugar mais seguro da cidade.
Kate chegou ao precinto em poucos minutos. Esposito e Ryan a olharam adentrar o ambiente preocupados, mas não surpresos. Conheciam muito bem Katherine Beckett para surpreenderem-se de ela estar ali. A única pessoa que conseguia contê-la era Castle, mas infelizmente no momento ele estava indisponível.

– Por favor, não me mandem de volta pra casa – ela implorou arfante, procurando um lugar seguro para apoiar-se. - Eu preciso fazer algo, me sentir útil de alguma forma.

– Beckett, você não precisa fazer isso. Você não está bem e não temos nenhuma novidade – falou Esposito entregando-lhe um pouco de água.

Entretanto, tanto ele quanto Ryan conheciam a detetive muito bem para saber que não sairia dali facilmente, mesmo que isso não ajudasse sua saúde. Então resolveram colocá-la a par dos detalhes, que ela ouvia com atenciosamente. Minutos depois ela foi chamada na sala do chefe. Kate ainda tentou argumentar algo, mas não era necessário olhar mais que alguns segundos para ela para ver que estava extremamente abatida.

– Você está doente, Beckett – disse Montgomery com uma voz firme e ao mesmo tempo cuidadosa. - Eu entendo a sua preocupação com Castle, mas você tem que se lembrar daquelas duas mulheres que também estão sofrendo. Não é justo ambas terem mais um motivo para se preocupar.

Beckett pensou alguns minutos meditando nos motivos de Montgomery e concordou. Geralmente ela era uma pessoa sensata, comedida, ponderada. Mas o mundo dela andava tão conturbado que até ela mesma não se reconhecia. Os meninos a acompanharam de volta, levando consigo alguns policiais dando início à segurança do apartamento de Castle. Ao chegarem de volta foram recepcionados por uma multidão de fotógrafos e repórteres. Não sabiam como, mas a notícia do sequestro de Rick já havia se espalhado pela imprensa. Entraram no prédio com dificuldade, vencendo a multidão de pessoas milagrosamente.

Kate entrou no apartamento e tudo ainda estava muito tranquilo. Aparentemente as mulheres não notaram sua saída, nem a loucura que rodeava o prédio. Então ela pegou o seu bilhete que permanecia no mesmo lugar e o descartou. A situação era muito tensa e ninguém sabia realmente como proceder. Policiais e imprensa na porta, escutas ao telefone. Os detetives de certa forma já estavam acostumados com todos esses procedimentos, mas para Martha e Alexis era um pesadelo terrivelmente novo.

As semanas se passavam e não havia nenhum sinal de vida, nenhum contato. Martha cancelou todas as suas audições e Alexis acompanhava algumas atividades escolares por email para não perder o ano letivo e tentar manter sua mente longe da mórbida ideia de não ter mais seu pai ali presente. Como se isso fosse realmente possível.

Rick era muito famoso e as investigações eram mais cansativas devido à pressão da impressa que aumentava a potência de todas as notícias. Apesar da angústia em que estavam mergulhadas há duas semanas, precisavam tentar voltar à sua rotina. Beckett deixava Alexis na escola para os exames finais e voltava para passar algum tempo com Martha. A tarde sempre ia para o precinto ajudar em alguma coisa. Saber que estava tentando fazer algo para encontrá-lo amenizava a dor de não tê-lo por perto.

As noites sempre eram piores, tudo naquela casa lembrava ele. Desde o desaparecimento de Rick, a vida de Kate era velada atentamente por uma sombria dor e sentimento de perda. Seu sono se tornou extremamente leve e na maioria das vezes virava a noite acordada chorando silenciosamente. Era impossível dormir com tamanha angústia e ela pensava entre um e outro soluço abafado se algum dia o teria de volta em seus braços.

Os dias se arrastavam e as esperanças definhavam a cada segundo. Já era a terceira semana de sequestro, e se o sequestrador repetisse o nível de agressões que fez com Kate, Castle poderia estar realmente morto. O policiamento estava aos poucos sendo retirado das imediações do prédio, e a imprensa também começava a dispersar-se sobre o assunto. O caso de Rick começava a cair no esquecimento da população.

Kate seguia para casa depois de mais um dia frustrado. Mas aquele dia era terrivelmente mais dolorido que os outros. Era a noite do aniversário de Rick, o primeiro que passariam juntos e ironicamente tornou-se o dia que pareceu selar de vez a sua separação dele. Beckett e sua equipe receberam a ordem para trabalhar em outro caso.

Ela sabia que a partir daquele dia, todos os seus esforços deveriam se concentrar em outra coisa e como detetive tinha certeza do que estava acontecendo ali. O caso de Rick estava sendo deixado para trás e mais tarde seria arquivado caindo em pleno esquecimento. Kate apenas pensava em como iria sobreviver a isso.

Decidiu rodar na cidade, precisava respirar um pouco mais e estar ali no loft sem ele naquele dia era mais do que ela poderia suportar. Foi até o Central Park repousando em seu banco preferido. Lembranças vinham à tona juntamente com uma avalanche de sentimentos. Lembrava-se de sua mãe, dos seus passeios de família e de como infelizmente ela foi tirada bruscamente da sua vida. Inevitavelmente lembrou-se de Rick e de todas as vezes que eles estiveram ali juntos investigando casos.

Beckett nunca havia tido um parceiro como Castle. Ele a entendia, completava seus pensamentos, suas frases. Sempre mostrava um caminho mirabolante que conduzia os dois à uma saída. Com certeza ele poderia ajudá-la a resolver esse caso se ele não tivesse sendo a vítima. Essa sensação de impotência estava levando-a de tal modo à loucura que não percebeu a hora passar nem que seu celular vibrava sem parar há aproximadamente meia hora.

– Alexis – ela suspirou procurando seu telefone no bolso do casaco.

Finalmente alcançou o telefone e viu a enorme quantidade de mensagens e chamadas não atendidas de Alexis. Kate sempre chegava todos os dias no mesmo horário e a garota entrou em pânico quando ela se atrasou em alguns minutos. Imediatamente ela retornou a ligação que foi atendida por uma adolescente histérica do outro lado da linha.

– Eu sinto muito, Alexis. Deveria ter avisado, mas estou bem. Não se preocupe, já estou indo pra casa - Kate se desculpou levantando-se depressa, indo para o carro, sem se dar conta que estava sendo observada.

– Por favor, tome cuidado. Não quero perder você também – Alexis falou antes de encerrar a avalanche de textos e ligações para o celular de Beckett.

Minutos depois a detetive chegou ao apartamento sendo recebida pelos olhares e abraços aliviados de Martha e Alexis, que inundaram o coração dela com algo quente que a fez se sentir um pouco melhor. Apesar de toda a situação, a mãe e a filha de Castle ainda demonstravam ter esperanças e forças, tudo o que Beckett estava precisando naquele momento. Sendo assim, preferiu não comentar nada a respeito da sua nova ordem de trabalho. Isso com certeza iria machucá-las tanto quanto a ela.

Tentaram manter um assunto saudável durante o jantar, mas a sombra daquele dia invadia cada vez mais o ambiente sem ser convidado. O silêncio lentamente foi imperando fazendo com que as três perdessem o apetite. Numa atitude positiva tentaram ignorar aquele dia, decidindo lembrar dele apenas quando Rick já estivesse de volta, mas isso era mais difícil do que desejavam que fosse.

– Eu quero o meu pai aqui... – Alexis gemeu, antes de sair correndo para o quarto deixando a comida ainda pela metade.

Martha apenas abaixou o olhar, enquanto Kate afagou suas mãos com cuidado. Ver a duas passando por tudo aquilo só atormentava ainda mais a alma da detetive. Apesar de quase nunca perguntarem nada, ela sabia que ansiavam por boas notícias e infelizmente ela não podia dar. Kate então subiu as escadas em silêncio, ainda pensativa se deveria ir até o quarto de Alexis.


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