Menina Veneno escrita por DreamsOfASummerNight


Capítulo 4
Capítulo 3




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Depois de terminar a sessão de fotos com o Sidney, saí do prédio de fachada vintage onde funcionava a agência ainda tentando entender o que havia acontecido. Meu motorista, Robin, me esperava do lado de fora. Ele estava tendo dificuldades com a Tinker, minha assistente pessoal. Não que eu pudesse condena-lá: Robin era inacreditavelmente atraente. Tentei levá -lo para o mundo da moda logo que consegui um pouco de prestígio, mas ele recusou, dizendo que aquilo era coisa de maricas. Ainda assim, Tinker sabia que eu não tolerava aquele tipo de comportamento. Não com o Robin.

–Tinker! - silvei

Robin ficou aliviado ao me ver. Ele sempre ficava.

– Regina! Aí, não esperava que voltasse tão cedo - Tinker se afastou de Robin, alisando as roupas de qualidade razoável.

Eu sempre paguei bem aos que me serviam com eficiência. Tinker era uma exceção. Me refiro à eficiência. Apenas alguém como eu manteria uma pateta feito a Tinker por perto, ainda mais com uma remuneração tão alta. Mas essa sou eu. A generosidade em pessoa.

Robin se apressou em abrir a porta do Cadillac XTS azul-marinho para mim, um sorriso minúsculo curvando sua boca.

–Senhora - disse ele com sua voz de barítono, segurando a porta. O fato de nunca, sob circunstância alguma, usar meu nome (ou gravatas) me enerva vá um pouco.

Entrei no carro, e Tinker me seguiu, tropeçando ao encontrar e cair aos meus pés. Ah, bem, eu já estava habituada aquilo.

Robin deu partida enquanto Tinker se acomodava ao meu lado e abria a bolsa para pegar o iPad. Ela deslizou os dedos pela tela, piscando algumas vezes.

–Certo. Já que você terminou mais cedo, tem quarenta e três minutos de folga. Agendei seu horário na Ingrid. Ficou para as 13h, e às 14:30 tem manicura. Não pode repetir o esmalte na sessão de fotos para a campanha de sandálias. Marquei às 17h com o Rumple, tudo bem? Ele vai até sua casa, então você estará pronta às 20h, como programado. O helicóptero estará a postos para levá-lá à estreia do filme do Killian.

Balancei a cabeça.

–Ligue para a Ingrid e remarque. Não posso esperar tudo isso.

–Mas se ela não tiver...

–Que arrume! Eu preciso dela. Agora!

–OK, OK! - Tinker levantou as mãos num gesto de rendição antes de ligar para a clínica.

Meia dúzia de palavras (dentre elas Regina Mills e exige) depois, Tinker avisou a Robin para que alterasse a rota e seguisse direto para a clínica.

A garota continuou dizendo alguma coisa, e eu as sentia por hábito. Nada daqui o era relevante, exceto a consulta com a Ingrid. Meus pensamentos estavam voltados para o que acabara de acontecer no estúdio. Desde que entrei para o mundo da moda, jamais fui dispensada. Era eu quem rejeitava contratos ou os rescindia. Um frio intenso começou a se espalhar por meu estômago.

Esperei que Robin estacionasse em frente à porta envidraçada da clínica Vênus. Coloquei os óculos escuros e atravessei a calçada, parando para que Tinker abrisse a porta.

A recepcionista sorriu pra mim de um jeito hesitante (da mesma forma que você sorri na minha presença), e eu adorei.

Não espero que alguém como você entenda, mas eu adoro o receio que desperto nas mulheres e em alguns homens - você sabe, aquele tipinho inseguro que não sabe o que fazer na presença de uma beldade. Pobrezinhos. É claro que essa é a única razão de nunca se darem bem com o sexo oposto. Aliás, esse é o motivo para qualquer pessoa se dar mal em qualquer aspecto. A vida raramente oferece uma segunda chance, então faça bem-feito na primeira vez. Esse sempre foi o meu lema.

Relaxei ao me sentar na cadeira reclinável. A esteticista era eficiente, e seu melhor cartão de visitas era seu rosto. Eu jamais teria acreditado em sua idade se ela não tivesse me mostrado a carteira de motorista. É óbvio que não vou revelar a idade para você. E, se está esperando que eu divulgue a minha em algum momento desta conversa, é melhor desistir.

–Não fiquei surpresa quando Anna avisou que você viria mais cedo - Ingrid direcionou o foco de luz - Ah, sua pele está um espetáculo! O que pretende fazer hoje? Ácido hialurônico nos lábios? ou vulcânico no rosto? Ionização com vitamina C ou máscara tensora de ouro de 18 quilates?

–Tudo! Quero tudo! - Eu me acomodei melhor na cadeira e fechei os olhos.

Nunca disse que era 100% original, disse? Uma garota precisa aprender a valorizar seus atributos e melhorá-los sempre que possível. Aliás, se quiser eu posso dar o telefone da Ingrid. Talvez ela dê um jeito nessas manchinhas perto da sua orelha. Também conheço um ótimo cirurgião caso queria fazer alguma coisa no seu nariz.

Ah, eu amo a sensação das picadas, a ardência dos ácidos, a renovação das células. Além disso, eu adorava visitar a Ingrid por outro motivo. A sempre me apresentava substâncias novas, e eu as utilizava em meus experimentos.

Quais experimentos? Seja paciente. Tudo no seu devido tempo.

Ingrid apoiou uma grande quantidade de potes e seringas no suporte metálico e aproximou a banquete com rodinhas da cadeira reclinável que eu estava.

–Vamos começar com a máscara de vitamina. Como andam as coisas? - elá calçou as luvas de borracha e se pôs a mexer na mistura branca.

–Fantásticas! - Não tinha razão para despejar meus problemas nela. Não que não quisesse sobrecarregá-la; só nunca fui dada nessas frivolidades, como ter laços de amizade e tudo mais. Tinker e Robin sempre foram exceções.

–Que bom. Fico contente. Meu filho se mudou para o campus da faculdade em Storybrooke. Esta morando com mais seis rapazes numa quitinete, e que eu tremo só de pensar no que aqueles meninos fazem sem supervisão. Mary passou para alguma faculdade?

–Não que eu saiba.

–Você tem sorte. Ter as crianças por perto traz alento a alma.

–Mary Margaret não é criança. Esta prestes a fazer 18 anos - Eu não sabia por mais quanto tempo conseguiria tolerar a presença dela. Mais alguns meses, e eu poderia riscar a Mary da minha vida

Não diga nada, você não a conhece de verdade.

Uma hora depois, saí da clínica sob a proteção de um guarda-sol e parti para os compromissos agendados.

Pareceu uma eternidade até que o fim a tarde chegasse e eu pudesse finalmente ir para casa. Logo que entrei na cobertura localizada no bairro mais nobre de Nova York, encontrei Rumple me esperando na sala de visitas.

–Está atrasada, belíssima - comentou meu cabeleireiro pessoal.

–Eu sei, preciso de um banho. Serei rápida.

Ele bateu na maleta abarrotada de produtos para cabelo.

–Leve o tempo que precisar, amada. Eu garanto seu glamour.

–É bom mesmo.

Um zumbido terrível vinha do quarto da Mary. Ela descobrira mais uma banda underground. Suspirei ao passar em frente à porta.

Mais tarde, perfumada e envolta de um négligé de seda escarlate, perambulei pela suíte espaçosa - cem metros quadrados luxuosamente decorados - e parei em frente ao meu local favorito: meu closet. Sentei na chaise longue de veludo negro do século XIX e fiquei observando as dezenas de prateleiras de sapatos preciosos. Loubotin, Stuart Weitzman, Jimmy Choo, Manolo Blanhnick, Katherine Wilson. Nomes que até poucos anos antes não significam nada para mim, mas que tinham se tornado todo o meu mundo. E eu não estava disposta a permitir que na da mudasse.

Peguei o meu iPad em cima da grande cômoda no centro do closet e voltei a me sentar na chaise. Hesitei em abrir o aplicativo que me conquistará no ano passado, com medo de que a resposta pudesse ter mudado. Ser rejetada pelo Menina Veneno deixou um gosto amargo. Malditos investidores de merda por me fazerem duvidar de mim mesma.

Maldita Mary Margaret por ser quem eles queriam.

Respirei fundo e abri o Divina Proporção, posicionando o aparelho de forma que a câmera frontal capturasse meu rosto.

Você conhece certo? O aplicativo que analisa seu rosto e dá a porcentagem de perfeição de seus traços? A minha nota nunca foi inferior a 98%. Ouvi dizer que o padrão varia entre 70 e 80. Você deveria experimentar uma hora dessas... Hum... Não. Melhor não. Não quero que se sinta mal depois.

O aplicativo analisou minha imagem, e resposta veio em dois segundos.

Noventa e oito vírgula três por cento de pura perfeição!

Uma adição de 0,3%! Ingrid de fato fizera um exelente trabalho.

Alguém bateu à porta. Era Rumple.

–Querida, preciso começar logo. Essa sua cabeleira deslumbrante dá muito trabalho!

Animada com a minha nova nota, deixei o iPad sobre a chaise e endireitei os ombros, ajustando a fita do négligé na cintura.

Aquele perfumezinho barato não merecia meu rosto. Na verdade, nem sei por que aceitei aquele contrato. Uma noite regada a champanhe e repleta de pessoas elegantes era o que eu precisava. Ser admirada e invejada faria aquele nó na minha garganta deparecer por completo.

Separei um vestido e um par de Loubotin e os deixei na cama.

Hora do show.


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