–Mary! - exclamou Sidney quando a porta de ferro do estúdio, grande e barulhenta, foi aberta bruscamente.

Está vendo a menina pálida e sem graça que não sabe arrumar os cabelos sozinha? Essa é a filha do Leopoldo. Sou responsável pela menina até que ela complete 18 anos. Mary Margaret é a causa de todas as minha dores de cabeça e a razão pela qual você está aqui agora.

–Mary, você sabe que não gosto de ser interrompida durante uma sessão de fotos - Lancei a ela um olhar severo - Perco a concentração

–Desculpe, fofadrasta.

Honestamente, eu pareço ser o tipo "fofa"? Nem mesmo minha mãe - se eu soubesse quem ela é - ousaria me enquadrar nesta categoria. Mas aquela era a Mary. Astúcia nunca foi seu forte.

–O que veio fazer aqui? - perguntei a ela.

–Disseram que eu deveria vir a uma reunião - Ela deu de ombros, mordendo um Kit Kat - Parece que me querem na campanha da menina veneno.

Me esqueci de mencionar que aquela coisinha desajeitada também é modelo. Não me culpe por isso. Nem você teria pensado num absurdos desses. Infelizmente - para a humanidade -, alguém discordou de nós.

Lembra que mencionei minhas expressões faciais? Não sou exelente no que eu faço? Aquela, de total perplexidade merecia um Oscar?

–Ah, Mary. Você precisa prestar mais atenção. Sabe essa campanha é minha. A sessão de fotos já foi agendada para este fim de semana - Era o rosto do perfume havia três anos. Eu era a Menina Veneno.

–Foi o que eu disse para a Cora, mas ela explicou que estão querendo renovar. Aí vim aqui ver o que estava rolando.

–Tenho certeza de que não tem nada rolando. Pare com isso, Sidney! - ralhei, já que ele continuava me fotografando. - Deve ser um mal-entendido. Só pode.

Porque ninguém em sã consciência me trocaria por aquilo... aquela... Enfim.

A porta do estúdio se abriu, e a dona da agência com a qual nós duas assinamos entrou. Cora (Sim, essa Cora mesmo. A modelo mais famosa dos EUA nos anos 90) balançou a cabeça, me cumprimentando, antes de sorrir para Mary. Não achei que fosse bom sinal.

Eu tinha razão.

–Que bom que veio - Cora disse para a coisinha sem sal, colocando as mãos em seus ombros - Já estão te esperando. Vamos, bonequinha?

Entããão... Mary não entendeu errado. OK, eu podia lidar com aquilo.

–Cora, espera um pouco. Mary acabou de me contar que querem mudar a campanha do Menina Veneno, mas deve haver algum engano - Aproximei-me das duas com um sorriso estonteante no rosto. Homens poderosos já caíram de joelhos diante daquele sorriso.

–Lamento tanto que saiba da mudança dessa forma, Regina. Eu pretendia te ligar e marcar um jantarzinho, mas a situação acabou saindo do controle e... A verdade é que os investidores insistiram em mudar a estratégia da campanha. Querem algo novo.

–Eu posso ser algo novo. Posso ser qualquer coisa que eles quiserem. - E podia mesmo.

–Eles querem o rosto dela. Nem você consegue ser a Mary Magaret - Cora apertou os lábios como se estivesse com pena Argh! - Não é pessoal, Regina. E não se preocupe sua agenda continua lotada pelos próximos dois anos.

Ela pegou Mary pela mão e a puxou para a porta, que se fechou como um clique suave, me deixando paralisada e de boca aberta.

E foi assim que tudo começou a dar errado, como você já vai descobrir.