Menina Veneno escrita por DreamsOfASummerNight


Capítulo 5
Capítulo 4




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Minha noite fabulosa se transformou em um pesadelo assim que me acomodei no banco de trás do helicóptero parado no terraço do meu prédio e encontrei Mary já sentada ali.

– Pensei que gostaria de companhia - explicou ela quando a olhei confusa.

Sim, alguma companhia seria agradável, mas não exatamente da Mary Margaret.

– Tem certeza de que quer ir? Vai ser tudo muito chato. Ela deu os ombros.

– Tô sem nada interessante pra fazer - respondeu daquele jeito entediado que me irritava até a morte.

Resignada, acomodei-me no assento, passei o cinto pelo peito e coloquei protetores de ouvido e com cuidado para não desfazer meu penteado. Sabia que estava linda. O olhar do piloto ao examinar minha figura era mais que um elogio. Era um convite.

Assim que decolamos, Mary ajeitou os fone de ouvido por baixo dos protetores de ouvido. Pela visão periférica, analisei a garota que conseguiria deixar um Carolina Herrera sem graça. Nunca, jamais, em hipótese alguma combine um Herrera com All Star. Sério, não cometa essa atrocidade.

Em pouco Mais de meia hora pousávamos no topo de um luxuoso hotel. Mary fez questão de me acompanhar de perto. Tinker me esperava no mezanino do hotel.

– A imprensa está ansiosa até parece que a estrela do filme é você! - contou ela, animada, ajeitando minha gargantilha de diamantes. Ela suspirou. - Ah, Regina, você está um espetáculo, como sempre.

E era por coisas assim que eu gostava tanto da Tinker.

Coloquei meu sorriso mais charmoso no rosto, endireitei os ombros e comecei a descer a larga escadaria de mármore que levava ao grande salão. Percebi o momento exato em que as pessoas me avistaram. Um silêncio de admiração pairou no ar, e os únicos sons ouvidos eram o suave farfalhar do meu vestido e o toc-toc-toc dos meus Loubotin no piso.

Minha entrada teria sido triunfal se Mary Margaret não existisse.

A garota desceu os degraus correndo para me alcançar e acabou tropeçando naqueles tênis idiotas, colidindo comigo. Precisei me agarrar ao corrimão dourado para não cair na frente de trezentas pessoas.

– Ai, fofadrasta , desculpa!

Ouvi risos abafados vindo do salão e muitos flashes sendo disparados. Tudo o que pude fazer foi lançar a Mary um sorriso compreensivo e dar um leve tapinha em seu ombro.

– Sorria, Mary.

Sob o foco dos fotógrafos, enlacei o braço da menina e descemos juntas, como se fôssemos grandes amigas. Ora, se você não sabe lidar com as adversidades, então não serve para esse trabalho.

Parei logo que meus pés tocaram o piso do térreo, me afastando um pouquinho da Mary Margaret é sorrindo para as câmeras, dando aos fotógrafos a chance de se embriagarem com minha beleza. Eu adoro isso. Nasci para ser admirada.

– Regina, quem assina seu vestido? - gritou um jornalista.

– E seu sapato?

Mais sorrisos, respostas curtas e educadas. Ao menos até um dos repórteres questionar:

– É verdade que você não é mais a Menina Veneno?

A única diferença entre um jornalista é um abutre é que os abutres não sorriem quando vão te devorar.

Uma expressão de pesar - porém encantadora - tomou meu rosto.

– Me sinto péssima com tudo isso, mas sim, é verdade. Um conflito de agendas me obrigou a deixar a campanha.

– E a idéia da Mary Margaret assumir o seu antigo posto foi sua?

Ah, por favor!

Ainda assim, o show estava rolando, e eu não era conhecida apenas pela desenvoltura nas passarelas. Passei o braçoo por cima da Mary.

– É claro. Quem mais poderia me substituir com tanta graça? - Sorri, benevolente.

Mary me olhou, um pouco confusa. Não que isso fosse alguma novidade.

Não quero fazer fofoca nem nada, mas se você prestar atenção, vai perceber que ela passa boa parte do tempo fora só ar, e o restante, comendo. Tenho uma teoria, mas prefiro não influenciar você agora, por isso nem vou falar nada sobre essa questão.

– Mary - chamou o repórter -, você se sente pressionada por substituir sua madrasta?

– É difícil ocupar o lugar da Regina. Você se acha capaz? - indagou outro.

– Ser comparada com a Rainha das Passarelas te deixa nervosa?

Deixei a garota ser engolida pelos jornalistas e circulei pelo ambiente a procura de Killian Jones. Eu o encontrei rodeado de outros atores, todos um pouco nervosos com a estreia do filme. Já Killian...

– Você veio! - Ele sorriu ao me comprimentar, segurando-me pelos cotovelos para plantar um beijo demorado em minha bochecha.

– Não perderia isso por nada, Killian.

Killian era minha versão masculina. Perfeição o definia bem, posso garantir que não se limitava apenas àqueles olhos lindamente azuis, nem aos cabelos pretos. Cada pedaço do corpo dele era um espetáculo a ser desvendado, e se eu tivesse coração fraco poderia ter me apixonado por ele durante o ensaio que fizemos juntos para uma loja de departamento.

Isto é, se ele não namorasse com a Emma e tudo mais.

– Nervoso? - perguntei a ele.

– Com o que?

Abri um sorriso lento. Uma versão minha, com certeza.

A Emma o chamou e ele desempenhou seu papel de bom namorado, mas os holofotes ainda estavam focados em mim. Fiz minha parte e circulei pelo salão, parando para cumprimentar todas as figuras importantes, ricas e/ou famosas.

Eu sei o que você deve estar pensando, e é por isso que eu tenho uma conta de sete dígitos você não.

Mary, abandonada pela imprensa, se juntou a um grupinho de adolescentes aspirantes a atrizes ou munidas com a ingênua o pretenção de que um dos atores se apaixonassem por elas. Não me espantou que Mary se unisse a elas.

Assim que todas as personalidades chegaram, fomos levados a sala de exibição. Sentei na primeira fila ao lado de Killian e Emma. Os fotógrafos não perderam isso.

Não fazia idéia de onde Mary poderia ter se enfiado. Não era da minha conta.

O filme não era de todo ruim, e achei Killian muito convincente num papel de um médico serial killer que envenenava as vítimas - todas as mulheres exuberantes - pouco depois de seduzi-las. Aliás, ele nunca esteve tão fantástico, e não digo isto apenas porque o tema me fascinava.

Pouco depois da metade do filme, decidi ir ao banheiro retocar a maquiagem. Ora, se você veste um Zac Posei com um decote fabuloso nas costas, precisa dar a oportunidade de às pessoas o admirarem. Mesmo que no escuro, alguns flashes foram disparados, por isso saí sem pressa alguma.

Você vai adorar essa parte.

No momento exato em que eu passava em frente ao reservado masculino, a porta se abriu e acertou a minha testa.

– Aí! - Dessa vez, os flashes espocar am atrás de minhas pálpebras.

– Merda! - resmungou uma voz masculina - Desculpa, eu não te vi. Você está bem?

Friccionei a testa tentando aliviar a dor. Fiquei um pouco tonta.

– Venha se sentar um pouco - Ele me pegou pelo cotovelo e me levou para algum lugar onde me ajudou a sentar. - Sinto muito. Não tinha como saber que você estava passando. Quer um copo de água? Um pouco de gelo talvez?

Levantei o olhar e encontrei o rosto emoldurado pelos cabelos loiros perto de mais. Perto o bastante para que eu pudesse repara cada detalhe de seu rosto. Lembrava-me um príncipe dos contos que eu lia na infância. Mas nem de longe aquele era o homem mais bonito que eu já vira na vida.

– Você está bem? - perguntou ele com uma voz macia.

– Um pouco tonta.

– Vou pegar gelo para por na sua testa. Não se mova!

Ele se levantou e saiu correndo em direção ao bar, me dando a chance de contemplar sua silhueta.

Ele retornou em um minuto, se sentando ao meu lado. Pescou um cubo de gelo de dentro do copo e o pressionou contra minha testa.

– Sinto muito - murmurou ele.

– Tudo bem. Não foi você que instalou aquela porta abrindo para fora.

Ele deu risada.

– Mesmo assim eu deveria ter tomado mais cuidado. Está doendo muito? Algum problema com a visão? Acho melhor te levar a um pronto-socorro.

– Não, eu estou bem. Nem dói tanto.

Ele soltou um longo suspiro aliviado. Havia um espécie de espelho que ia do chão ao teto na parede em frente a onde estávamos sentados. Através dele, analisei o rapaz. Jeans básico, camiseta branca com gola V por baixo de um paletó preto. Largas pulseiras de couro trancado preto no punho esquerdo. Tênis de lona. Ele era bonito, mas minha atenção logo foi desviada para o galo vermelho que começava a saltar em minha testa. Droga!


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