POV: André

Quando Kawan disse que estava tendo alguma coisa com Kiara, entrei em pânico por dentro. Mas depois que eu olhei nos olhos dela e ela saiu correndo, sabia que era mentira.

—Você devia dar uma chance a ela. - Disse Kawan. - Ela é uma garota legal.

—Parece que ela não quer uma chance. - Falei.

—Acredite, ela quer mais do que qualquer coisa. - Franzi a testa para ele. - Que foi? Fiquei dois meses conversando com ela. Dava para perceber quando ela falava de você.

Suspirei.

—Eu vou atrás dela. - Falei, me levantando.

Depois do que ela disse no terraço, decidi fazer escolhas que só a Kiara me convencia a fazer.

Quando estávamos indo dormir, Kawan apareceu na porta e disse:

—Se comportem pombinhos.

Eu e Kiara rimos enquanto Kawan fechava a porta.

Eu estava com a carta que Kiara tinha me dado nas mãos. Ela estava sentada no chão (forrado com lençóis), abraçando a sua almofada e segurando o celular. A luz dele estava apontada para a carta.

—Pelo amor de Deus, leia essa carta logo André. - Disse ela, impaciente.

—Calma, deixa eu respirar primeiro. - Falei. Kiara riu e acariciou os meus cabelos.

Me levantei e sentei no chão ao lado de Kiara. Abri a carta e comecei a lê-la em voz baixa para Kiara escutar também.

"André, me desculpa. Tem coisas nesta carta que eu não conseguiria falar para você pessoalmente. A primeira é que eu gosto de você. A segunda é que, em algumas semanas eu estarei indo para ai. O motivo de eu ir para ai é que eu sinto sua falta e queria ficar o mais longe possível de casa. Eu não te contei mas eu e Kawan somos amigos há mais ou menos dois meses. Aposto que ele não te contou também. Sua avó disse para não contarmos a você que eu irei ai. Se eu não te conhecesse, diria que você não vai ficar zangado mas, eu sei como você é então, desculpa se eu te deixei zangado ou coisa do tipo. Saiba que eu faria qualquer coisa para te deixar feliz novamente."

Depois que eu acabei de ler a carta, Kiara deu um beijo em minha bochecha, encostou a cabeça em meu ombro e segurou a minha mão.

—Eu te odeio André.

Não disse nada. Meu coração parecia não bater direito, mas eu ainda estava vivo. Meu corpo estava quente e minhas mãos suadas. Eu estava amando e desta vez não era Jessica.

—Eu também te odeio Kiara.

Depois de um tempo, ela desencostou a cabeça do meu ombro e foi dormir. Fui para a minha cama e fiquei acariciando os cabelos roxos de Kiara. Eles exalavam um aroma doce meio enjoativo, mas eu gostava. Ela era linda dormindo.

—Para de acariciar o meu cabelo. - Pediu ela com a cara na almofada. Parei de acariciá-los e só a observei.

No dia seguinte, acordei com Kiara do meu lado. Ela estava ouvindo música no celular.

—Oi. - Disse a ela.

—Oi. Dormiu bem? - Perguntou ela.

—Acho que sim. - Respondi. Ela riu. - O que você está fazendo aqui na minha cama?

—São oito e meia da manhã, ninguém acordado, só a sua avó. Achei que você ia querer companhia. - Respondeu ela.

—Tirando o fato de que você é a pior companhia do mundo, pode ser. - Brinquei e ela riu. Aquela risada era tão boa de se ouvir.

—Quer ouvir? - Ela me ofereceu um lado do fone. Quando o coloquei, estava tocando uma música triste.

—Que música é essa? - Perguntei.

—Grand Piano da Nicki Minaj. - Respondeu ela. - É uma das minhas favoritas dela.

—Eu só gosto de uma, Anaconda. - Falei. Eu não era muito fã da Nicki Minaj. Só conhecia poucas músicas. - Kiara, você quer me dizer alguma coisa?

—Tudo o que eu queria dizer estava na carta. - Respondeu ela. - Por quê?

—Por nada. - Ela podia não querer dizer alguma coisa, mas eu queria. E pela primeira vez, eu não tinha coragem de dizer