Perdida em Crepúsculo escrita por Andy Sousa


Capítulo 57
Amor irresponsável.


Notas iniciais do capítulo

Quero o Team Jacob se manifestando! Meninas aproveitem os momentos dele e da Liese juntos, sei que o começo pegou todo mundo de surpresa, mas acho que com o avançar dos capítulos deu pra entender que eles têm uma forte ligação. Ela foi surgindo com o tempo e cada vez mais se aperfeiçoando...
Boa leitura!



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Trailer

"Comparações são facilmente feitas
Uma vez que você provou a perfeição.
Como uma maçã pendurara em uma árvore
Escolhi a mais madura.
Você disse ‘siga em frente’,
Para onde eu vou?
Porque quando estou com ele,
Estou pensando em você.
Eu queria estar olhando em seus olhos.
Ele beijou meus lábios
E eu senti o gosto da sua boca.
Ele me puxou para perto e tive nojo de mim mesma.
Você não vai vir arrombar a porta
E me levar embora?
Chega de erros, pois em seus olhos é onde quero ficar."

Thinking Of You – Katy Perry

~*~

Eu me sentia quente, confortável e preguiçosa esparramada na cama. Ainda sem abrir os olhos fui me recordando do que acontecera e aos poucos enquanto lembrava fui me tornando mais desperta. Bocejei e só então focalizei o quarto. O brilho fraco da lua invadia a janela lançando nuances prateadas sobre os objetos, tentei me recordar de como viera parar aqui, mas não consegui.

A porta foi aberta e me ajeitei esperando ver Charlie, só que outra pessoa passou pelo portal.

– Jacob! O que você está fazendo aqui?

Ele pareceu aliviado a me ver, mas fora só alívio porque seu rosto continha os tons negros que eu não gostava.

– Eu te trouxe para casa, não se lembra?

Franzi o cenho e me dei conta de que era verdade. Eu sabia que tinha caído do penhasco e que ficara ensopada e morrendo de frio, isto me fez imediatamente analisar minhas roupas secas, depois levantei o olhar para ele e de novo para as roupas e corei.

Antes que eu dissesse qualquer coisa Jacob já sacudia a cabeça.

– Te levei para a casa de Emily antes de trazê-la aqui, você estava muito molhada e achei perigoso deixá-la assim, então ela lhe deu um banho e lhe emprestou algumas roupas.

Minha boca se abriu em surpresa e remanescente constrangimento.

– Eu não me lembro...

– Não, você estava desorientada por causa da queda, pensei em levá-la ao hospital, mas Sam disse que não seria necessário e que você tinha apenas que descansar. Por sorte ele estava certo.

Esfreguei o rosto com as mãos e me aprumei, sentando-me com as pernas cruzadas, Jacob aproveitou a deixa para se acomodar a minha frente e me olhar do mesmo nível. Ele pôs a mão sob meu queixo e o ergueu, depois virou analisando.

– Como você está se sentindo?

– Bem. – Fiz uma careta. – Um pouco dolorida, mas bem. Tendo em vista a altura de que caí – estremeci, eu ainda não tinha assimilado que aquilo realmente acontecera.

Seu olhar era sombrio.

– Jacob, o que foi? Você está muito sério, está me assustando.

Quando falou seu tom era contido e baixo.

– Durante o tempo em que você ficou desacordada pensei sobre como as coisas estão, sobre o quanto nos tornamos próximos e eu não acho mais que isto seja algo positivo.

Virei a cabeça um pouco de lado demonstrando consternação.

– E porque não?

– Liese, olhe para você! Está bem, mas podia ter morrido! Aquele penhasco... Meu Deus eu já pulei de lá por brincadeira, mas eu sou um lobo e sei bem o que estou fazendo, ainda assim eu tive de lutar contra as ondas, pois elas são violentas e agora infelizmente você também sabe disso. Quando a vi caindo só o que pensei foi em pular atrás e eu o fiz, mas ainda assim achei que pudesse ser tarde, mesmo com a diferença de alguns segundos no mergulho, quando atingi a água não lhe encontrei. Você desapareceu! E enquanto te procurava só o que eu pensava era que talvez fosse tarde demais...

Ele se apoiou sobre os joelhos, as mãos juntas enquanto observava o chão. Não queria deixar que eu visse sua tristeza, mas eu a via mesmo assim, pois eu o conhecia bem.

– Não foi culpa sua.

Ele soltou uma risada de deboche.

– E foi culpa de quem? Sua? De Leah? Sim, talvez ela tenha tido sua participação no acidente, mas fui eu quem a trouxe para a beirada do precipício e eu disse... Você se lembra do que eu disse?

Me concentrei em recordar suas palavras, depois de revirar as lembranças falei:

– Você disse que ficaria tudo bem.

Ele assentiu.

– Exato. E foi justamente o oposto. Eu sou um grande idiota incapaz de manter a garota mais importante da minha vida segura.

Eu era a garota mais importante de sua vida? O que ele era para mim, o mesmo? Bem, sabia que eu criara grande afeição por Jacob e que gostava de sua presença. Sim, ele era importante para mim.

– Mas eu estou bem – reafirmei.

– Mas poderia não estar.

– Você vai mesmo ficar se apegando ao pessimismo? Às coisas que sequer aconteceram e usá-las como pretexto para ficar longe?

Sua resposta foi se levantar e se afastar alguns passos.

– Eu tenho que ir. Eles precisam de mim no hospital.

No hospital?

­– O que houve?

– Harry Clearwater. Ele viu quando você caiu e levou um susto muito grande, com certeza pensou que algo realmente ruim pudesse lhe acontecer e... Ele sofreu um infarto.

Cobri a boca com as mãos.

– Oh meu Deus! – Eu não esperava por este acontecimento. Pensei que poderia facilmente ter ficado de fora da história desta vez. Pobre Sue! E pobre Leah e Seth!

– Ele não está nada bem. Internado e precisando dos parentes e amigos por perto.

– Sim, claro. Eu entendo. E Charlie? Ele sabe?

Jacob respondeu com um meneio de cabeça.

– Ele está lá com os outros.

– Entendo.

Dei uma olhadela no relógio, passava da meia-noite, mas em caso de emergência eu com certeza teria permissão para dirigir. Joguei as pernas para o lado e fiquei de pé, com o movimento súbito acabei ficando tonta e senti braços fortes me firmando.

– Aonde você pensa que vai?

Focalizei-o e me afastei.

– Ao hospital. Charlie precisa de mim.

– Não, não precisa. Aneliese você tem que descansar.

– Oh, por favor, Jacob, pare com isso! Eu agradeço o que fez, na verdade eu serei grata a você pelo resto de minha vida, só que isto não lhe dá o direito de me impedir de fazer qualquer coisa. Então, me desculpe, mas eu vou. E você pode até pegar carona comigo, só me deixe ir ao banheiro antes, porque depois de ter engolido aquela porção de água devo estar com mau-hálito!

Não lhe dando chance para discordar saí do quarto e tratei de fazer minha higiene, levou apenas alguns minutos, mas quando voltei o cômodo estava vazio.

Revirei os olhos.

– Menino teimoso!

Era escolha dele ficar longe, todavia eu não levara a sério suas palavras, Jacob estava sob grande pressão e não raciocinava bem, assim que fosse possível eu iria visitá-lo em La Push e poderíamos conversar melhor. Sem querer perder tempo desci e procurei pelas chaves da picape, elas não estavam na bancada então tornei a entrar no quarto e olhei por cima dos móveis, mas não havia nada lá. Comecei a ficar preocupada de tê-las perdido e me lembrei que Jacob havia me trazido, o que significava que ele tinha sido o último a ter posse sobre elas.

– Eu não acredito! Jacob Black, eu vou matar você!

Ele tinha levado minhas chaves ou talvez as escondido, a finalidade seria a mesma: eu não poderia sair de casa, estava presa até Charlie voltar e então não haveria mais motivo para que me deslocasse daqui até o hospital.

Não era possível, ele me tratava como a uma criança mimada, mas era ele o inconsequente! Sua atitude fora no mínimo ridícula e eu não gostara nada dela.

– Vou demorar toda a madrugada para encontrar essas chaves – isto se elas sequer estivessem aqui.

Grunhi de raiva e desci para o térreo pisando com força e causando excessivo ruído sobre os degraus. Teimosa como era não me dei por vencida, estava pensando numa forma de arrombar a porta quando me lembrei de que Charlie me dissera uma vez que havia uma chave reserva e ela ficava...

Corri para os fundos, indo até a lavanderia, me abaixei e encontrei o que queria embaixo de uma caixa velha de sabão em pó, eu me esquecera do motivo de mantermos ela ali.

Satisfeita me pus outra vez de pé e abri a porta que dava para o quintal, mas tendo minha forma de escapar me perguntei como faria para ir daqui até o centro médico sem um veículo e isto me fez caminhar desanimada até a caminhonete. A porta não tinha tranca então pude entrar, mas não dirigir e fiquei ali sentada, a testa recostada ao volante, perdida no frio da noite.

– Você não tem escolha não é?

Me ergui e dei de cara com Jacob, ao lado da porta. Saí do carro e fiquei de frente para ele, as mãos sobre a cintura em demonstração de irritação.

– Jacob, o que é que você tem na cabeça?

– Sua segurança.

Ri nervosamente.

– Não pode ser! Você ainda insiste nisso? Quantas vezes tenho que lhe provar que nada aconteceu? Olhe para mim, eu tenho cara de quem morreu?

Exagerei nas palavras, seu semblante se tornou obscuro e antes mesmo que ele falasse soube que estava com raiva.

– Não seja tão infantil, Liese.

– Eu estou sendo infantil? Você tem certeza disso? Você roubou as minhas chaves, quero dizer, quem faz isso?

– Está chateada porque estou tentando lhe proteger. Você tem valores invertidos que precisam urgentemente de revisão.

Trinquei o maxilar, não era minha intenção chegar a ter uma briga, mas ele definitivamente estava conseguindo me tirar de meu centro.

– Me devolva as chaves, Jacob – ordenei enquanto estendia a mão.

– Não. – Foi resoluto.

Em face de sua decisão sem fundamento eu não quis mais discutir, seria perda de tempo.

– Quer saber? Pode ficar com elas. Eu vou permanecer em casa e esperar Charlie voltar, não precisa se preocupar. Aliás, não se preocupe, pois sua fixação está me tirando do sério. – Comecei a me afastar, mas me virei para ele uma última vez. – E se realmente foi verdadeiro naquela conversa sobre ficarmos longe um do outro, faça. Faça isso. Afaste-se, já que pensa que essa é a resposta, pois eu ao menos sei que não é.

Antes que pudesse continuar andando ele segurou meu braço.

– Você não entende, não é? Como poderia? É apenas humana. Você não sabe como é viver esta vida. Tudo o que houve nestas últimas horas, as lendas, o acidente, tudo isso só trouxe à tona o que tento esconder: eu sou perigoso para você.

Soltei um muxoxo.

– Eu já ouvi isso antes – falei à meia-voz.

Ele te disse isso? Bem, parece que terei de dar crédito ao sanguessuga, pois ele estava certo. Foi nocivo a você, quase a destruiu!

Não verbalizei nenhuma das coisas que queria em réplica a suas palavras, ouvir aquilo - ainda mais vindo de alguém que eu considerava um amigo - machucava muito. Por ter vivido longo período em companhia da dor eu aprendi a lidar com ela: discutir só piorava a situação.

– Eu vou entrar.

Ele soltou meu braço e colocou a mão no bolso da calça, tirando de dentro minhas chaves.

– Você está certa, é grande o suficiente para fazer o que achar melhor, mas eu também sou e depois de hoje não voltarei mais a vê-la.

– Faça isso, Jacob. Afaste-se e me abandone como Edward fez. Está tudo bem, eu sei lidar com a dor, mas saiba apenas de uma coisa: eu não vou lamentar o fim dessa amizade um só dia sequer, pois não há espaço mais em meu coração para guardar tristeza e decepção. Se todo esse tempo que fizemos um ao outro feliz não valeu de nada, se cada dia em que fui vê-lo ou que você veio até aqui foi em vão, se no fim não sobrou carinho em seu coração para convencê-lo a lutar por nós, então vá. Pode ir, eu vou ficar melhor sem você.

A última parte era mentira, eu morreria de saudades dele, mas não podia lidar com o sofrimento, seria demais e eu queria muito, muito mesmo me libertar de toda mágoa. Não havia porque correr atrás de algo sozinha, era ridículo, seria em vão quando Jacob pouco se importava.

Quando tentei refazer meu caminho ele surgiu à minha frente e sem me dar qualquer sinal puxou meu rosto com uma das mãos e com a outra envolveu minha cintura, antes de fazer qualquer coisa falou sobre meus lábios:

– Você não vai ficar melhor sem mim, muito menos eu sem você, eu sei disso. Durante esses últimos dias está se tornando difícil ignorar que o carinho que você diz que tenho por você não existe mais, porque no lugar dele há um sentimento forte, algo que eu nunca senti antes. Porém eu não quero lhe envolver nesta bagunça que eu sou.

– Mas e se eu quiser me envolver? Será que a escolha não pode ser minha?

– Eu sou perigoso para você, Aneliese Rodrigues.

– Eu estou acostumada a viver junto do perigo, Jacob Black.

Ele suspirou.

– Mas não devia. - Silêncio. - Eu devia te pôr para dentro agora e te obrigar a se manter longe. Só que eu não consigo.

Sorri satisfeita por ele ter entendido que isso era algo impossível para qualquer um de nós.

– Você não quer ficar junto de mim? – Sondei.

Ele fixou seus olhos escuros nos meus.

– Isto é o que eu mais quero entre todas as coisas.

– Então não se afaste – encolhi os ombros.

Não havia nada que eu pudesse fazer, sabia o que queria em minha vida e entendia que Jacob era um dos tópicos principais, mas quanto a ele, o que ele faria não cabia a mim escolher e esperei até que a decisão se formou em seu semblante.

– Talvez isto seja errado.

– Talvez – concordei.

– Talvez termine mal e nós dois saíamos feridos.

– Sim.

Outra vez silêncio.

– Eu não me importo com isso – revelou ao fim.

– Que bom. Eu também não.

Sua mão passou de minha bochecha a meus cabelos e entrelaçou seus dedos entre os fios, eu estava acostumada a atitudes rudes de sua parte, mas desta vez ele foi sutil e carinhoso. Cobriu a mínima distância deixando nossos lábios se encontrarem, tocá-lo ainda era algo novo, contudo depois de vencermos tantos obstáculos pude ver que era bom, era natural e eu me sentia bem. Independente de lendas ou contos, éramos os dois apenas humanos.

Quando coloquei as mãos em seus cabelos e o forcei contra mim não houve estranheza, ele não se afastou. Quando me empurrou até minhas costas encontrarem o ferro frio da picape isto não me incomodou. Quando me pressionou, deixando meu corpo quente em contato com o seu eu não me importei.

Eu não tinha mais medo, sentia que estava em casa e Jacob era tudo o que eu precisava.

Agora...


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