Perdida em Crepúsculo escrita por Andy Sousa


Capítulo 51
Na velha garagem.


Notas iniciais do capítulo

Olá, tudo bem? Tenho uma notícia pra vocês. Preparados? A fic está acabando :(
Verdade, antes do final desse ano, ou seja ainda esse mês ela termina, então essa é a reta final. Bem, por causa disso vou ter que correr pra postar os últimos capítulos, mas vou gostar muito de desenrolar essa parte tão tensa entre o Jacob, a Liese e o Edward. Além disso, meu tempo tá corrido e sei que apareço pouco, mas ao menos agora vocês sabem que de um jeito ou de outro vão ficar sabendo o desfecho da história antes do ano novo.
Boa leitura!



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Trailer

"Uma aberração da natureza,
Preso na realidade.
Eu não me adapto à imagem,
Não sou o que você queria que eu fosse, desculpe.
Sob o radar, fora do sistema,
Pego no centro das atenções, esta é a minha existência.
Você quer que eu mude, mas só o que me sinto é estranho.
Em seu mundo perfeito, tão estranho.
Me sinto tão absurdo nessa vida.
Não se aproxime, em meus braços
Você será sempre estranha.
Você quer me consertar,
Me forçar para dentro de sua fantasia.
Você tenta me melhorar, mas eu não vou,
O que está te deixando feliz
Está me deixando triste.
Eu estou com tanto medo."

Strange – Tokio Hotel feat. Kerli

~*~

Foi incrivelmente difícil dirigir com toda a tensão ainda estremecendo meus membros, o caminho até o carro de Lauren era curto, mas pareceu uma eternidade com o receio sobre nossos ombros. Ao alcançar o veículo Angela resolver pegar carona com elas, pois se sentia muito envergonhada por ter me envolvido em tal situação e não queria mais abusar de minha bondade. Por fim eu só aceitei porque iriam a uma direção diferente e moravam próximas uma a outra.

Seguimos pela mesma estrada, pilotando nossos veículos com pressa pelo asfalto que ia se tornando mais encharcado à medida que nos aproximávamos de Forks e ao alcançar os arredores da cidade nos deparamos com uma forte tempestade. O locutor da estação de rádio que eu ouvia como distração informou que já passava das onze e meia, enfim fiz uma curva em uma rua que me deixava fora da vista das garotas e soei brevemente a buzina em despedida.

A partir deste ponto não demorou muito para que alcançasse minha casa, eu viera torcendo internamente para que Charlie pudesse estar dormindo, mas logo que avistei a residência notei as luzes do térreo acesas e contive um suspiro. Diminuí a velocidade e manobrei para cima da calçada, entrando pelo largo quintal lamacento, logo que estacionei tirei a chave da ignição, botei meu moletom e usei do capuz para tentar cobrir meus cabelos, entretanto ao correr o pequeno caminho até a porta eu já estava molhada e tremendo.

Assim que entrei ouvi os passos de Charlie vindos da sala. Enquanto me livrava de minhas botas ele indagou:

– Isto são horas Aneliese?

Como não esperava nada menos que uma bela bronca não me surpreendeu sua irritação.

– Me desculpe, me estendi tempo demais nos estudos. – Para tornar minha frase plausível não o olhei nos olhos. – Se não se importa vou subir para tomar banho.

Comecei a andar, mas não tive chance de fugir, pois ele se pôs à minha frente.

– Espere um minuto. Aonde mesmo você disse que foi?

Franzi o cenho.

– À casa de Angela Weber. Nós passamos a noite estudando.

– Mesmo?

Eu ia forçar ainda mais a mentira, mas seus olhos astutos me fitando como fendas sobrepujaram meu controle.

– Er... Sim? – Soou como uma pergunta e sem perceber eu estava me entregando.

Ele cruzou os braços e ao sondar sua expressão vi que não parecia nada feliz.

– A mãe de Angela me ligou há cerca de uma hora e meia e estava muito preocupada, segundo ela a filha e uma amiga haviam saído para uma noite de estudos e ainda não haviam voltado. – Ele ergueu uma sobrancelha. – Sei que pensa que meu intelecto é inferior para descobrir o plano de vocês, mas posso me gabar de que não levou muito tempo para que juntos nós descobríssemos o que realmente se passava. Então, você vai continuar insistindo na versão falsa dos fatos?

Mas que merda. Eu estou com problemas.

Coloquei as mãos dos lados do rosto e fiz beicinho.

– Desculpa Charlie.

Ele fechou os olhos e moveu a cabeça vagarosamente de um lado para o outro.

– Não. – Falou ao tornar a me olhar. – Desta vez não há absolvição para você, Aneliese. Que raios estava pensando? Saindo no meio da noite sem sequer avisar a um adulto seu verdadeiro paradeiro? Sabe quantas coisas perigosas poderiam... – Ele se conteve e respirou. – Creio que sei exatamente qual foi o destino de vocês, mas vou deixar que me conte.

Fez um gesto indicando que eu falasse e não tive escolha a não ser ceder.

– Está bem, está bem... Nós estávamos em Hoquiam, é verdade. Fomos à festa de que falei mais cedo...

– O QUÊ? MAS NÃO POSSÍVEL! – Bradou.

Eu o olhei surpresa.

– Mas você não disse que já sabia?

– Sim, eu sabia, mas é diferente a confirmação.

Passei a mão pelos cabelos e depois aprumei meus ombros. Charlie estava muito aborrecido, seu rosto quase sem cor, mas apesar de realmente não ter me arrependido de minhas ações eu não achava justo levar a culpa por ter salvado uma amiga de um destino terrível então contei a ele o restante da história. Escutou em silêncio e tentei ser breve ao relatar os fatos, pois temia que ele pudesse ter um colapso nervoso a qualquer instante.

– Talvez eu esteja mesmo sob o efeito dos remédios – meditou à meia-voz quando parei de falar. – Eu não ouvi que você junto de outra menina tão indefesa quanto foram desacompanhadas a outra cidade, entraram em uma festa e se envolveram com rapazes mais velhos e desconhecidos.

– Eu não me envolvi com ninguém – foi a Jessica!

– Aneliese – me fitou resoluto.

– Eu não tive culpa! Quem sabe o que poderia ter acontecido se eu não a tivesse tirado daquele carro? Ela estava bêbada!

Ergueu uma das mãos fazendo sinal para que me silenciasse e insatisfeita obedeci.

– Está bem. Acho que já me deu todas as informações de que precisava, vou ligar para a senhora Weber e volto num minuto.

– Não Charlie, você não pode, a Angela vai achar que dedurei, por favor, será que não pode aplicar o castigo só em mim?

– A mãe dessa garota tem o direito de saber o que aconteceu e não apenas ela. Também entrarei em contato com os outros pais.

Tinha se virado para ir até o telefone e deixei meus ombros caírem soltando um ‘oh’ de desapontamento. De repente se virou e me encarou.

– Não se preocupe – falou calmamente. – Você não ficará de fora: uma semana inteira sem televisão ou computador, nem mesmo rádio e dê graças a Deus de eu não dar um jeito de desconectar o da caminhonete. Enquanto estiver em casa quero que saia do quarto apenas para comer ou tomar banho e depois voltará para lá e irá estudar, pois agora não tenho tanta certeza se tirará boas notas nas avaliações de amanhã.

– Charlie! – Minha voz saiu aguda pelo choque da notícia.

– É apenas uma semana, quer que eu aumente para duas? – Ameaçou.

– Não. – Subi as escadas antes que ele mudasse de ideia.

A sexta-feira passou da forma mais arrastada, as horas perduraram e meu desânimo em voltar para casa não ajudou em nada meu estado de espírito. Ao menos nenhuma das meninas havia ficado brava, pelo contrário elas me agradeceram, já que todas concordavam que em vista do que poderia ter acontecido um castigo não era nada.

O sábado foi monótono, fiquei o dia inteiro enfurnada no quarto relendo textos, refazendo tarefas que já sabia de cor e o esforço desnecessário só me deixou insone e fui obrigada a encarar uma noite chata na companhia de um livro de histórias antigo que achara escondido entre as coisas de Bella.

No domingo levantei mais tarde do que de costume, quando desci para o desjejum minha barriga roncava violentamente. A me ver Charlie fez cara feia.

– Levantou agora?

Eu tinha uma resposta sarcástica para lhe dar, mas a guardei porque estava com medo disto implicar no aumento de meu castigo.

– Sim – respondi com um falso sorriso.

Sua feição não se abalou.

– Está de bom humor – ridicularizou.

Estreitei os olhos, mas não disse nada. Me servi de pão e café e me sentei para lhe fazer companhia, mesmo contra a vontade.

– Tem planos para hoje? – Perguntou a certa altura.

Eu o fitei como quem dizia ‘não seja engraçadinho’ ao passo que ele piscou e soltou uma breve risada.

– Eu já havia me esquecido de que não pode sair. – Isto não parecia incomodá-lo. – Melhor ainda, você vai comigo a La Push depois do almoço.

Me engasguei com a bebida.

– Como? Eu não vou não. – Discordei firmemente.

Ele fechou o jornal que lia e o colocou sobre a mesa.

– Não é uma pergunta. Você irá, pois de maneira alguma a deixarei para que saia outra vez sem permissão.

– Mas eu pedi permissão – resmunguei baixinho.

Ele me fitou apático.

– Eu não quero ir, Charlie – procurei soar mais razoável.

Sua feição se suavizou e ele se recostou à cadeira me analisando.

– O que houve com você? Pensei que gostasse de ir a La Push, não sente saudades de Jacob? Aconteceu algo aquele dia, não foi? Vocês brigaram? Se for isso saiba que a resposta não é fugir, vocês são amigos e tem de resolver suas diferenças.

Eu tinha tantas coisas para dizer! Queria poder conversar com Charlie, mas como seria essa conversa? Ele não entenderia e ficaria preocupado com Jacob, poderia pensar que estava doente, mas eu conhecia a razão para seu afastamento e achei melhor manter o segredo comigo.

– Nós não estamos nos falando no momento. – Não era mentira afinal.

Charlie soltou um longo suspiro.

– Bem, é mais um motivo para que me acompanhe, Billy está me esperando para assistirmos ao jogo pela tarde.

Não desisti de tentar dissuadi-lo, mas minhas tentativas não surtiram resultado e após terminar de comer subi para tomar banho sem dizer mais uma palavra.

Eu me sentia muito tola.

O passeio forçado estava sendo entediante, mas não fora o que eu esperava, pois Jacob não estava em casa e nas duas horas que se seguiram com Charlie e Billy assistindo televisão e comentando entre si sequer tivemos sinal dele. Ser obrigada a vê-los conversar não era muito interessante, mas ao menos Billy em nenhum momento me fizera sentir que não era bem-vinda e fiz bom uso das horas sentadas ao sofá para descansar meu corpo e mente da semana cheia que tivera.

– Bem, este foi um dos bons!

– Sim foi – concordou Charlie.

Minha atenção foi direto para a tela e notei que o jogo enfim havia terminado, comecei a me sentir ansiosa, afoita por voltar, mesmo que lá tivesse de ficar encerrada em meu quarto ainda podia escrever ou ler alguma coisa de meu interesse.

– O que acha de darmos uma passada na casa do Velho Quil? Susan sempre prepara peixe frito aos domingos e acredito que tenha sobrado um pouco.

Ficou claro no rosto de Charlie o quanto ele ficara interessado, gostava muito do famoso peixe frito e me deu uma olhadela procurando saber minha opinião.

– Se importa se formos? Vai ser rápido.

– Porque não me deixa esperando na picape?

Estava prestes a discordar, mas Billy interviu:

– Deixe-a Charlie, ela foi obrigada a aguentar dois velhos falando a tarde toda. – Então se voltou para mim. – Pode ficar aqui se quiser.

– Não, tudo bem, se Charlie não se importa que eu fique vou permanecer na picape.

Vendo que seria uma discussão perdida o xerife concordou. Caía um chuvisco fino, porém frio e eu quase corri para o abrigo de minha boa e velha amiga, ficara muito contente de não ter tido necessidade de segui-los, eu já abusara demais da sorte vindo aqui em primeiro lugar.

Depois de me acomodar liguei o rádio e o deixei em minha estação de costume, tocando as músicas, baixinho.

Devia ser por volta das quatro horas da tarde, não havia resquício de sol, mas era um dia agradável. A floresta agitada pelo vento ladeava os dois lados da picape e eu ouvia o canto dos pássaros enquanto eles se escondiam nas altas copas e sobrevoavam a aldeia. Charlie dissera que voltaria logo, mas quando se passaram vários minutos vi que estivera desejando demais.

Bufei e recostei a cabeça ao banco enquanto ponderava se devia ir ao seu encontro, mas não sabia ao certo aonde ir então desisti desse pensamento.

Aproveitei o descanso para fechar os olhos e deixar apenas a música invadir minha mente. Cantarolava baixinho quando fui surpreendida por um ruído inesperado e de imediato focalizei a janela; Jacob me olhava da forma mais séria que eu jamais vira. Fiquei boquiaberta ao observá-lo e ver que estava completamente diferente, tão diferente que pensei se talvez pudesse ser outra pessoa.

Mas não. Aquele era ele e eu o conhecia bem. Ou ao menos pensara conhecer.

Ainda me contemplava impaciente e abaixei o vidro sem me ocupar em abrir a porta.

– O que você quer?

Não pareceu confortável com o tom pouco amigável de minhas palavras e não me preocupei em reformular a frase, ele praticamente me expulsara de sua casa, o que esperava?

Após um breve lapso seu rosto tornou a assumir a rudeza, seus olhos escuros de algum modo pareciam ainda mais negros, não havia mais cabelos longos moldando sua face - que em nada mais lembrava o jovem de antes. Eu não tinha dúvidas: ele havia se transformado.

– O que você está fazendo aqui? – Perguntou com a voz firme e sem emoção.

– Isso não é da sua conta – retruquei com a mesma cortesia.

Seu queixo se pronunciou e ele cruzou os braços, não usava camisa e seus músculos se tornaram assustadoramente visíveis sob a pele morena.

– Acho que é de minha conta, tendo em vista que está em minha reserva.

– Sua reserva? Me desculpe, mas vou ter que exigir que me mostre o contrato de compra – desdenhei.

Trincou o maxilar e começou a respirar com ruído.

– Aneliese...

– O que Jacob? Vai me mandar embora de novo? Não se preocupe, assim que Charlie vier eu sumirei de sua vista!

Esperei que isso aumentasse sua raiva, que o fizesse começar a gritar comigo, eu estava pronta para tudo, nesta última semana em que estivera propositadamente longe dos sentimentos eu aprendera a ministrá-los melhor e me dera conta de que sempre quem saía ferida desses embates era eu. E eu pretendia ainda ter uma vida feliz, fosse em Forks ou no Brasil, portanto prometera nunca mais dar a alguém a chance de me magoar, se frieza era a resposta para manter meu coração seguro então seria exatamente isto que demonstraria.

Jacob havia fechado os olhos e parecia muito concentrado, os segundos logo se transformaram em minutos. Quando tornou a abri-los surpreendentemente sua voz soou quase gentil.

– Eu quero conversar com você. É somente isto. Será que pode, por favor, sair daí? – Olhou em volta como quem esperava ver alguma coisa, então tornou a me fitar. – Podemos ir até o galpão, o que acha?

Fitei seu rosto e depois seus braços que ainda estavam cruzados, sua posição era defensiva e conhecendo a natureza volátil de um lobo não considerei boa ideia concordar com seu pedido. Vendo claramente que não me sentia à vontade ele sorriu.

– Está com medo de mim?

Apertei os olhos até que eles se tornaram fendas.

– Eu deveria?

Havia perigo, eu sabia e ele também. Vi a indecisão passar por seu semblante enquanto ponderava, mas logo suspirou.

– Não. – Respondeu decididamente. Seus olhos encaravam diretamente os meus ao falar. - Eu jamais seria capaz de machucar você.

Ele se afastou para que eu abrisse a porta e começou a caminhar enquanto eu o seguia alguns passos atrás. Rapidamente chegamos ao espaço abarrotado de coisas e Jacob deu um jeito de acender uma luz. Não me senti bem por estar outra vez aqui dentro.

Olhava distraído para algumas peças sobre a mesa larga de madeira envelhecida.

– Já faz alguns dias que não venho aqui. Na verdade a última vez foi...

– No sábado? – Completei sem humor.

Isto o fez se virar.

– Sim. Era sobre isso que eu... Bem, quero lhe pedir desculpas por aquele dia, não devia ter sido grosso com você.

– Não, não devia.

– Mas tenho meus motivos. Acredite. São bons – sua voz não demonstrava nada mais que amargura enquanto explicava. Estava triste e quis sentir pena dele, mas no momento eu não sentia nada.

– Imagino que tenha – concordei com um meneio da cabeça.

Estávamos a uma boa distância um do outro, mas era fácil sentir a tensão crescendo entre nós. Jacob tornou a se voltar para seus pertences e fuçou entre eles parecendo interessado em evitar olhar-me nos olhos.

– Você imagina, não é? Acaso notou que estou diferente?

– Seria impossível não notar.

Soltou um riso desanimado.

– Não sou mais o Jacob que você conheceu, não há mais nada dele aqui. Aquele menino se foi.

– E quem é você agora?

Deu de ombros.

– Também estou tentando descobrir.

Foi minha vez de cruzar os braços.

– Você já me pediu desculpas, imagino que não tenha mais nada a dizer então se importa se eu voltar? Aqui está bastante frio.

Ele segurava uma peça grande de ferro e a pôs de volta na mesa com violência fazendo um baque agudo ecoar pelo galpão. Ao observar sua mão vi que estava rígida em volta do objeto e isto indicava que estava com raiva, mas eu não entendia o por que.

– Você está com frio? Mesmo?

Pensei sobre suas palavras procurando o significado por trás delas, mas falhei. Porque ele estava sendo irônico? Acaso eu não tinha o direito de me queixar de algo? Será que me considerava fraca por sentir a mínima mudança na temperatura enquanto ele se transformara num corpo febril? Isto não era lá muito gentil.

– Sim eu estou.

Mal terminei de falar ele se virou, quando olhei seu rosto vi fúria e nada mais.

– Você é extremamente hipócrita Aneliese!

– Como é?

– O frio agora te incomoda? E porque antes você era indiferente a isto?

– Como assim? Quando foi que disse que gostava do frio? Ou se esqueceu de que vim de um país tropical?

– Não foi preciso que me dissesse, na verdade, foi o que você não disse! – Ele estava muito alterado.

– Mas do que você está falando Jacob?

– Do seu precioso e traidor namorado VAMPIRO!

Dei um passo involuntário pra trás e minha boca se entreabriu, fora incrivelmente obtusa. Jacob sabia sobre os Cullen, eu não me dera conta até ouvi-lo falar.

– O que foi? Ficou sem palavras? Deixe que eu fale por você. – Se aproximava à medida que falava. – Sim, eu sei sobre ele, aquele sanguessuga nojento de quem você tanto gosta. E sei sobre o restante deles, sei o que fazem, a forma repulsiva que encontraram para viver. E você sabia disso o tempo todo! Você sabia! Quando iria me contar? Se não tivesse me transformado, se não tivesse sido mais um afetado por essa maldição eu nunca ficaria sabendo, não é? Porque você jamais iria dizer, jamais revelaria o segredo mais profundo deles. Você gosta deles! Você se... Se apaixonou por um monstro! Como você pôde?

– Cale a boca, Jacob!

Já muito perto ele ergueu as mãos e por reflexo me afastei. Ao ver isso sua testa se franziu.

– Eu não vou machucar você – tornou a falar. – Disse que não faria, porque parece estar com medo? – No silêncio que se seguiu percebi que ele juntava os fatos. – Alguém já fez isso com você?

Desviei meu rosto, mas não disse uma palavra. Jacob se aproximou e senti o toque quente de sua mão sobre meu braço, ele o pegou e ergueu, seus dedos examinaram meu pulso.

– Charlie contou a Billy que você havia se machucado, fiquei sabendo disso e pensei... Você não se machucou, não é? Machucaram você! Quem foi Aneliese? Não pode ter sido...

Sua voz minguou. Me voltei para olhá-lo e quando nossos rostos ficaram de frente um para o outro o dele revelou choque.

– Foi ele? – Soltou um silvo baixo.

Prendi meus lábios esperando que assim também pudesse conter os sentimentos dentro de mim. Jacob soltou meu braço e levou as mãos à cabeça apertando as têmporas, começou a se afastar andando de costas e então parou.

– Não posso acreditar. NÃO POSSO ACREDITAR! – Berrou de repente me fazendo pular de susto.

A moto em que viera trabalhando estava a alguns centímetros e ele a chutou com tanta força que ela cedeu, curvando-se no meio onde havia sido acertada. Foi um estrondo fortíssimo e me encolhi em meu lugar apreensiva pela intensidade de sua raiva.

– Porque você não me disse Aneliese? Devia ter me contado! Devia ter me dito! MALDITO SANGUESSUGA!

– JACOB!

Voltei-me para a porta no instante em que ouvi a voz de Sam, veio acompanhado dos demais membros da alcateia e imediatamente andou até o garoto, pondo as mãos com força sobre seus ombros.

– Me solte!

– Acalme-se Jacob! Acalme-se!

Era visível que estava muito nervoso, seu peito nu subia e descia em respirações profundas e pesadas e eu senti medo, muito medo de que algo ruim acontecesse.

– Jared, Embry, tirem Aneliese daqui!

Os garotos obedeceram, vindo até mim um deles colocou a mão sobre meu antebraço e começou a me puxar, não hesitei em seguir, pois estava muito agitada para encontrar o caminho sozinha. Me acompanharam até a picape, mas antes que tivesse tempo de chegar a abrir a porta um ruído ensurdecedor ecoou da velha garagem nos fazendo girar nos calcanhares. O fundo da construção havia sido destruído e ao apertar os olhos pude reconhecer a silhueta de um grande lobo saindo dali às pressas.

Sam surgiu à vista.

– Embry! Jared!

O segundo rapaz não pensou duas vezes e seguiu Sam floresta adentro, mas antes de ir Embry se virou para mim.

– É melhor você ir embora.

– Eu não posso, tenho que esperar Charlie voltar – falei em uma voz fina.

– Está tudo bem, nós daremos um jeito nisso, ele vai ficar bem. Mas para sua própria segurança, vá. Aquele animal não é mais o amigo que você teve um dia.

Ele se afastou até sumir detrás das árvores. Pensei em esperar até que estivesse mais calma, porém um uivo repentino vindo da floresta me fez voltar para a picape e desejar mais do que nunca estar em casa.


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Notas finais do capítulo

Bem, o Jacob já virou lobo e já descobriu que foi o Edward quem machucou Aneliese, isso não ajuda em nada seu temperamento, ainda mais quando ele já odeia tanto os vampiros. Quero saber muito o que acharam da notícia que dei, por favor, não deixem de dar sua opinião. Beijos!



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