Perdida em Crepúsculo escrita por Andy Sousa


Capítulo 52
Malditas lembranças.


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, voltei! Agora vou ter que voltar sempre pra cumprir com minha promessa. Bem, li todos os comentários de vocês sobre a notícia que dei e quero saber uma coisa: vocês leriam uma possível segunda temporada? Bem, eu acho que continuaria escrevendo de toda a forma, mas seria bem mais legal saber que vou ter apoio. Quem conhece a história deve se lembrar de que tinha continuação, então o que acham?
Bem, vou postar mais um hoje e amanhã postarei outro.
Boa leitura!



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Trailer

"Olhe para ele, olhe para mim,
Aquele garoto é mau e honestamente
Ele é um lobo disfarçado,
Mas eu não consigo parar
De encarar aqueles olhos maldosos.
Aquele garoto é um monstro,
Ele comeu meu coração.
Ele lambeu os lábios, disse para mim:
‘Garota você parece boa o suficiente para comer’.
Colocou seus braços ao meu redor
E eu o mandei tirar suas patas de mim.
Aquele garoto é um monstro,
Ele me assombra,
Aquele garoto é um monstro,
Será que eu poderia amá-lo?"

Monster – Lady Gaga

~*~

Eu tinha que me lembrar de que estava no corredor da escola e que havia muitas pessoas ao redor para que evitasse dar demonstrações públicas de minhas emoções, mas foi difícil ignorar o cartaz preto e rosa, chamativo e aparentemente inofensivo que pendia da parede oposta, ocasionalmente balançando ao vento. Os dizeres nele eram perfeitamente claros: o baile de inverno já tinha data marcada e seria em breve.

Minha atenção ficou presa por mais tempo do que eu gostaria naquele inútil pedaço de papel, só desviou para os casais animados que apontavam e riam entre si, celebrando a boa notícia. Era um baile exclusivamente para casais. Havia necessidade de ter um par, alguém para lhe acompanhar.

Minha feição não devia estar das melhores e meu peito ardeu com a dor da rejeição, uma rejeição que apesar de esquecida não estava apagada. Eu ainda sabia bem que estava sozinha e que não queria estar, na verdade. Mas ter um relacionamento a esta altura, aquele relacionamento significaria apenas viver uma mentira e eu não tinha tempo para nada mais além de coisas verdadeiras.

Voltei forçadamente a atenção para meu armário e continuei remexendo em minhas coisas, procurando por meu livro de trigonometria. Me senti estúpida, pois parecia que até essa simples tarefa estava sendo impossível de concretizar. Depois de procurar por consideráveis minutos o encontrei no fundo da pilha, mas ao tentar pegá-lo com pressa acabei derrubando o restante do material no chão. Me abaixei e enquanto recolhia os itens vi que alguém se aproximou para me ajudar.

Levantei o olhar e quase tive que ver duas vezes para confirmar se estava certa. Lauren me ajudou a juntar os livros em uma pilha e nos levantamos, no meio do clima estranho murmurei um ‘obrigada’ e ela anunciou que viera falar comigo. A fitei calada, esperando pelo que tinha a dizer.

– Eu só vim lhe agradecer pela quinta-feira. Acho que não lhe disse exatamente obrigada, então obrigada – soltou um risinho nervoso.

As coisas estavam mesmo diferentes, quando poderia sequer imaginar uma cena bizarra dessas tomando lugar? Tivera inúmeras desavenças com Lauren e realmente não conseguia simpatizar com ela, mas havia aprendido acima de tudo a ser tolerante e que todos nós erramos, tanto ela quanto eu.

– Imagine, não foi nada. Você não precisa se ocupar em me agradecer, sabe. Eu iria mesmo que fosse você quem estivesse com problemas, não há como ignorar uma situação dessas.

Ela baixou a cabeça.

– Eu sei que sim, quero dizer... Eu estava realmente apavorada. – Tornou a me fitar. – Fui eu quem obrigou Jessica a ir, ela estava lá por minha causa e quase se machucou. Conversei com ela várias vezes depois disso, mas me assegurou estar bem, ao que parece não se lembra direito do que aconteceu, pois havia bebido. Mas não deixo de sentir que foi minha culpa.

Ela parecia sincera, apesar de meu sentido de alerta me dizer para ficar com o pé atrás achei melhor acreditar, Lauren não gostava mais de mim do que eu dela, então porque teria se ocupado em vir até aqui se não fosse pela sinceridade?

– Não foi culpa sua, foi culpa deles, daquele bando de escória. Gente assim faz do mundo um lugar pior, bebe e se esquece das consequências, se bem que o par da Jessica não tinha uma gota de álcool no sangue, eu poderia jurar. Ele agiu por pura maldade. – O sinal soou anunciando o início das aulas, aproveitei para trancar o armário e antes de ir emendei: - Acho que agora podemos deixar de lado as desavenças.

Ela assentiu e começamos a andar, surpreendentemente sem odiar uma a outra pela primeira vez.

Na penúltima aula tive uma má notícia, não fora bem na prova de educação física e teria de fazer um teste de recuperação. O lado bom é que não fora a única a sentir o impacto daquela noite em meu desempenho, além de Jessica, Lauren e Angela, praticamente todos os demais alunos que haviam comparecido a festa tinham sido reprovados. O lado ruim é que por mais que conseguisse recuperar a nota Charlie acabaria sabendo e não deixaria de me recriminar.

Para a recuperação fizemos duplas e acabei sendo parceira de Mike, tive que confessar ter ficado contente com a escolha, pois ele era muito bom em esportes e havia ficado aborrecido pela reprovação. Sua família era dona da loja de artigos esportivos da cidade e consequentemente ele era excepcional nesta área, mas nem mesmo a estrela do time de futebol fica imune ao poder arrasador de cerveja combinada com uísque.

O que tínhamos que fazer era mostrar boa desenvoltura em um jogo de vôlei dois contra dois.

Mike e eu fomos a terceira dupla, ficamos contra Tyler e Lisa, uma garota tímida com quem eu jamais falara. Tivemos um minuto para pensar em táticas de jogo.

– E então, qual é o plano? – Perguntei.

Ele deu de ombros.

– Vencer – anunciou com segurança.

Eu estava sendo subjugada agora, este era o território dele e Michael tinha anos de experiência e treino a seu favor, era muito difícil vê-lo ser humilde em tal situação. Podia não ser tão boa, mas iria me esforçar e o que ninguém sabia era que eu já fora do time de vôlei feminino de minha cidade e chegara a jogar por cerca de dois anos. Fora em uma dessas partidas que conhecera Alex, então capitão do time de basquete.

Eu só esperei que a prática não tivesse ficado ao todo no passado.

Fomos para nossos lugares na quadra e o apito soou anunciando o início da partida. Lisa era mediana, mas Tyler era bom e tinha saques precisos e fortes, porém todas as vezes que tentou mandar a bola para mim eu defendi. Para que o jogo terminasse era necessário que um dos dois lados fizesse um ponto, isso influenciaria na média, mas o mais importante era mostrar interesse no que fazíamos, o senhor Douglas prestava muita atenção em nosso desempenho.

Estava difícil finalizar a partida, porque logo se tornou apenas uma competição de exibicionismo entre Mike e Tyler, até agora éramos as duplas que mais haviam se demorado e pude ver que não era a única a ficar impaciente pelo término. Aproveitei de uma brecha quando a bola veio em minha direção e arrisquei, corri até ela antes de Mike e saltei acertando-a e lançando-a do outro lado da rede num saque infalível, acertou o chão com um baque oco e alguns estudantes soltaram uivos de alívio.

O professor se levantou e veio até nós.

– Muito bem senhorita Rodrigues, mas não pareceu ser um golpe de sorte.

– Costumava jogar pelo time da cidade – esclareci calmamente.

– Entendo. Bem, não esperava por essa não é Newton? Ótimo Crowley, Spencer, podem se sentar, vocês dois também, bom jogo!

Estando finalmente dispensados foi bom poder voltar ao meu lugar na arquibancada e respirar aliviada por ter contornado o problema da nota vermelha. Mike ocupou o espaço ao meu lado sem cerimônia e se curvou um pouco para perto.

– Então você jogava profissionalmente, não é? Bem, está explicado como conseguiu fazer aquela pegada. Foi boa.

Eu ri. Homens e seu orgulho ferido. Difícil de superar.

A quem eu queria enganar?

Quando Charlie me pôs de castigo fiquei chateada, mas agora notava que suas regras em nada haviam mudado minha rotina. Eu não costumava sair com os amigos, eu mal gostava de ver televisão e de todo jeito passava as horas livres estudando. Eu gostara menos de ter sentido que lhe desapontara, essa era a única parte que me incomodava.

O dia na escola foi desafiador.

Foi desafiador evitar olhar a mesa do refeitório que ele costumava ocupar com os irmãos; foi desafiador admitir que ainda sentia sua falta, mesmo que pouco e contra à vontade e foi muito, muito difícil não pensar em nós como éramos antes, loucos e apaixonados e em como ficaríamos bem vestidos com trajes sociais e de mãos dadas dançando à luz da lua numa noite de baile.

Levantei do chão do quarto onde até agora viera passando o tempo distraída com os estudos e ao começar a andar levei a mão instintivamente ao peito. Meu coração batia dolorido, quando as lembranças vinham elas faziam bem seu serviço.

Parei no meio do cômodo e voltei meu olhar para o lado, para o chão onde escondera meu presente, o símbolo de um infinito que havia chegado ao fim. Não fazia o menor sentido, mas eu não tentava mais compreender.

Respirei fundo e ergui o rosto, aquilo era passado e o passado não merecia mais lugar em minha vida.

Estava prestes a recomeçar a andar quando ouvi um ruído esquisito, um barulho repentino que me pegou de sobressalto. Olhei ao redor enquanto o som se repetia procurando entender de que se tratava. Demorou alguns segundos para reconhecer que vinha da janela, o vidro estava fechado e apertei os olhos enquanto esperava, então pude ver quando uma pequenina pedra o acertou.

Ao perceber a fonte do ruído notei também que parecia que meu nome era chamado baixinho e fui até a janela abrindo-a por completo. Me surpreendi ao ver Jacob parado no jardim.

– Finalmente! Eu vou entrar, vá para trás.

– O quê...? – Não tive como terminar de perguntar, ele já se movia.

Saí de perto da abertura e observei boquiaberta ele entrar por ela pouco tempo depois, com uma facilidade que parecia ter sido ensaiada.

– Como...?

Vendo minha falta de palavras ele sorriu presunçoso.

– Isto não foi nada.

Quando me dei conta de que Jacob Black estava em meu quarto dei um passo para trás, olhei-o com irritação e cruzei os braços.

– O que faz aqui?

– Uou. Boa noite para você também – levantou as mãos de brincadeira como quem se rendia. Isso de algum modo significava que ele estava de bom humor e por alguma razão senti alívio por vê-lo bem, mesmo quando estava me provocando.

– Estou falando a sério Jacob. Você veio com todo esse mistério e pulou a janela e deu uma de Indiana Jones... – Ele riu de meu comentário, mas mantive a compostura. – Sinceramente a casa tem uma porta de entrada, sabia? E Charlie sequer está aqui então não entendi porque se escondeu dele.

Seu olhar escureceu.

– Não estou me escondendo dele.

– Oh.

Não era com Charlie que ele estava preocupado, claro que não. Era com os outros lobos.

– Olhe Liese, eu talvez não tenha muito tempo e com certeza sequer deveria ter vindo, mas depois de ontem eu senti que... Senti que precisava lhe dar um pedido de desculpas e também uma explicação.

– Estou ouvindo.

Vendo que eu não estava com humor para brincadeiras ele também assumiu ar sério e falou de uma vez:

– Não devia tê-la assustado daquele jeito ou perdido a cabeça. Eu sinto muito, não pude controlar. É que eu fiquei tão bravo, tão irado ao perceber que aquele desgraçado havia machucado você. Ele não tem coração, ele...

– Acha que já não sei? – Cortei-o, seca. Soltei um riso desanimado. – Acha que já não sei de tudo isso? Por favor, Jacob, se veio aqui para falar mal de Edward está perdendo seu tempo, não há nada de ruim que possa dizer sobre ele que eu ainda não saiba.

– Entendo. Imagino que deva conhecê-lo bem.

– Jacob...

– Não, desculpe, eu não quero brigar com você. – Pediu se aproximando algumas passadas. – Desculpe.

Assenti em silêncio.

– Mas eu não vim somente para isto, na realidade pouco me importa falar desse maldito. Eu vim lhe dizer algo que imagino que já suspeite. Mas eu... Bem, não posso dizer.

Franzi a testa.

– Não entendi.

Respirou fundo e cobriu o rosto com as mãos, deixando os músculos estendidos foi difícil não observar seu físico bem definido.

– Você nunca usa camiseta, não? – Perguntei desviando os olhos.

Ele me olhou e piscou.

– Ah, não. – Riu. – Não vale a pena. E de fato não sinto mais frio.

– Já vejo.

Me observou por um minuto.

– Não parece estar surpresa.

– E deveria?

– Bem, creio que sim, depois de ontem. O que você viu? Ou será que não viu nada?

– Ahn? Jacob, do que você está falando? Eu não estou entendendo!

Ele chegou mais perto e me olhou diretamente nos olhos.

– Liese, o que se lembra sobre a véspera?

– Me lembro de tudo, ué. Acaso não deveria?

– Se lembra mesmo? Me diga, depois que Jared e Embry a levaram para fora do galpão, você viu algo suspeito?

Algo suspeito? Ao refletir sobre sua pergunta finalmente entendi o porquê dos enigmas, era tão óbvio que acabara por deixar passar. Jacob estava sondando o que eu sabia sobre ele ser um lobo, quando me dissera que tinha algo que queria me contar, mas não podia ele se referia ao grande segredo que guardava.

Devia dizer a ele o que sabia? Uma vez que já havia se transformado e conhecia toda a verdade sobre mim e os Cullen não vi porque me ocupar em esconder.

– Olhe Jake, venha aqui. – O indiquei que se sentasse à cama e me acomodei a seu lado. – Deixe-me falar primeiro, há algo que eu preciso te contar.

Ele estava interessado, seus olhos negros não deixaram de fitar meu rosto e me questionei retoricamente sobre qual seria sua reação; eu sabia exatamente qual seria.

– Se o que quer me dizer é que você é agora um lobo, um garoto que tem a capacidade de se transformar num lobisomem, bem, eu já sei disso.

Seu rosto demonstrou surpresa e em seguida se transfigurou num semblante sombrio.

– Como você sabe?

Pensei sobre como lhe responder, mas ele foi mais rápido, levantou-se e caminhou até a parede oposta. Também me ergui, mas permaneci no lugar.

– Que idiota Jacob. É óbvio. Ele contou a ela – falou consigo mesmo.

Sim, como imaginava ele responsabilizaria Edward, era melhor assim, me livrava dos detalhes.

– Se serve de consolo, todas as coisas relacionadas a ele, boas ou más já me deixaram há muito tempo. Não precisa se ocupar odiando alguém que não existe mais.

– Mas ele ainda existe – vociferou.

– Mas não mais em mim.

Ele voltou para perto, ficando de frente.

– Você está bem?

Sua pergunta me pegou de guarda-baixa.

– Sim, claro que sim – respondi num sopro.

Ele ergueu uma das sobrancelhas e esperou. Por fim suspirei.

– Eu estou bem. – Reafirmei. – Só tive um dia cheio na escola.

– Você esteve em semana de provas, não esteve? Algumas garotas da reserva têm amigas na cidade e comentaram algo por lá. Droga, eu tenho de saber pelos outros o que você anda fazendo, sou um péssimo amigo.

– Você não é péssimo, você só não tem escolha.

– Sabe disso também?

– Sei de tudo. E eu não culpo você.

– Mas deveria. Deveria Liese. Eu quebrei minha promessa, a abandonei quando mais precisou de mim, eu me afastei de propósito, sabia? Não foram somente as ordens de Sam para me dedicar completamente aos serviços da tribo ou me manter longe da ‘garota dos vampiros’. Eu desapareci de vista porque não queria envolver-lhe nisso, não queria arrastá-la para a maldição que se tornou minha vida. Você não merece.

– Está tudo bem – murmurei.

Ele riu sem humor.

– Está, não está? Essa é uma das coisas que gosto em você, a capacidade enorme que tem de perdoar paspalhos e eu bem ando agindo como um.

– É uma boa pessoa Jacob, você não escolheu isto, não pode ser culpado pelo destino ter se intrometido demais nos acontecimentos. Eu sei que você é uma pessoa boa.

– E você não é? – Brincou.

– Imagine, eu sou a melhor – refleti seu tom bem humorado. Depois emendei: - só não sirvo mais para relacionamentos, só isso.

Nenhum de nós disse uma só palavra durante um bom tempo, o silêncio se encaixava perfeitamente em nosso tipo de amizade.

– Está errada – disse ao fim. – Você serve para relacionamentos, serve para ser amiga, serve para ser mais do que isso. Eu nunca conheci em toda a minha vida uma garota que ficasse tão bem estando apaixonada.

Sua frase me admirou.

– Você sabia que eu... Bem, dava pra saber que eu gostava dele naquela época?

– Dava. Você era... Feliz.

Baixei a cabeça.

– Sim eu era – concordei sem emoção.

Jacob pegou minha mão e a segurou com firmeza, isto significava um milhão de coisas, principalmente que eu não estava sozinha.

– Eu quis odiar você, sabe? Naquele dia em que me mandou embora tudo o que pensava era em me afastar porque não suportava mais sofrer. Acho que esta – apontei nossas mãos entrelaçadas – não é a maneira certa de conseguir.

– Ele te machucou mesmo. E eu de certa forma agi igual. Acho que não preciso dizer o quanto desprezo a mim mesmo neste momento, mas tem uma coisa em que posso ser diferente dele.

Soltou minha mão e levantou sua palma repousando-a sobre meu rosto. Sua pele era muito quente, febril em contato com a minha e naquele instante eu soube exatamente o que ele pretendia fazer, mas não o impedi, não me afastei. Eu jamais sequer pensara em outra pessoa que não fosse Edward desde que ele partira, eu não desperdiçara sequer um segundo fantasiando com outro garoto, pois meu pensamento e meu corpo eram somente dele. E eu não queria mais que fossem, então não me afastei.

Não porque Jacob quisesse me beijar.

Mas porque eu queria que ele beijasse.

Quando seus lábios tocaram os meus estremeci levemente, era algo tão estranho estar nos braços de outro, ser desejada por outro homem. Já havia se passado semanas desde que eu fora deixada para trás naquela noite no meio da estrada, mas por algum motivo era como se houvesse sido ontem e as recordações me fizeram corresponder a Jacob mais uma vez como se ele fosse a única coisa capaz de me manter afastada da dor. Como se ainda fosse meu porto seguro.

Seu beijo não foi lento, pois logo que nossas línguas se tocaram elas se corresponderam e procuraram ferozmente uma a outra. Ambos queríamos isto há muito tempo, era apenas uma vontade reprimida em nosso peito.

Quando ele me apertou e puxou para perto isto não me machucou apesar de sua força, pois seu corpo era de certa forma macio e não uma forma pétrea. Eu não tinha temor de tocá-lo e fazê-lo se afastar, eu tinha plena confiança de que ele corresponderia a cada toque meu e que isto não lhe causaria dor.

Evitava pensar, abominava os pensamentos agora, pois eles eram traiçoeiros.

De repente sem aviso Jacob se afastou e me olhou. Eu pisquei enquanto focalizava seu rosto.

– O que foi?

– Eu não sei... Eu... O que estamos fazendo, Liese?

– Nós estamos nos beijando – eu soava rude, mas de fato fora pega de surpresa, não entendi porque, mas fiquei brava.

– Sim, eu sei que estamos, mas isto não devia ter acontecido assim. Eu não quis forçar nada. Me desculpe.

Dei um passo para trás, mas com as mãos ainda ao redor de mim ele me restringiu.

– O que houve?

– Porque você se desculpou?

Parecia perdido.

– Porque eu achei que você não quisesse ou...

– Não. Por favor, pare de se explicar. É só agir Jacob, apenas isto! Não fique se perguntando o que eu poderia estar pensando, não seja um cavalheiro, não seja gentil e acima de tudo não se desculpe – soltei num jorro.

– Como assim? Você quer que eu seja um idiota?

– Não, eu quero que você seja humano! Quero que cometa falhas e aja por impulso.

– Mas porque é tão ruim que eu peça desculpas?

– PORQUE ELE FAZIA ISSO! – Gritei enquanto me desvencilhava de seus braços e saía do quarto descendo as escadas num átimo. Não tinha exatamente algum lugar para ir, só estava muito humilhada para permanecer.

Logicamente que me seguira e me alcançara quase no mesmo momento em que eu colocava os pés na cozinha.

– Liese, por favor, espere. Fale comigo. Eu não quis magoar você nem lhe fazer chorar.

Ao ouvir isto minha mão voou para meu rosto e ao tocar a face senti as lágrimas traidoras que haviam caído sem que eu sequer notasse.

– Estou chorando, mas que ótimo! – De volta ao passado desolador.

– Liese...

– Vá embora Jacob.

– Como é?

– Não quero que você fique aqui, por favor, saia.

Ele soltou um ruído de desdém e me olhou de cima.

– É assim que você resolve as coisas, não é? Fugindo. É a única forma que conhece de se livrar dos problemas? Aposto que deve ter dito o mesmo a ele em algum momento, ‘vá embora, saia daqui’. Como se isso fosse adiantar para que não sofresse. Como você está enganada Aneliese, como está enganada... – Ele foi até a porta e a abriu, mas antes de sair falou: - e não queira me assemelhar àquele monstro, eu não tenho nada semelhante a ele e quando você parar de deixá-lo destruir sua vida vai perceber que na realidade é a única que lhe dá poder para tal.

Então saiu batendo a porta com estrondo atrás de si.


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Notas finais do capítulo

Ai meninas, eu gosto tanto desse Jacob, mas admito: eu tô morrendo de saudades do Edward, mal vejo a hora de botá-lo de novo na história. Beijos! :)



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