Os criados do castelo já haviam colocado nossas bagagens no quarto, então nos aprontamos para o jantar e descemos. E depois desse jantar, tive muita vontade de ir embora no mesmo instante.

A sala de jantar tinha uma iluminação um pouco fraca,uma mesa comprida com 15 cadeiras e uma lareira. Como o rei tinha falecido, haveria lugar para todos. A rainha sentava em uma extremidade, na outra sentava-se Gardar, e nos lados os outros príncipes, por ordem crescente.

Dessa forma, eu ficava entre Hans e a Rainha.

O jantar corria bem, até a Rainha disparar:

– Então... Hans, é verdade que a sua "mulher" é mesmo uma feiticeira? - Feiticeira?! Quem disso isso à ela? O Duque de Weselton?

– Mãe, por favor! Elsa não é feiticeira, ela apenas tem o dom de controlar neve e gelo.

– Hum, entendo...

– Não se aborreça com isso. - Hans sussurrou, mas eu já estava aborrecida.

– Neve? Gelo? Onde você a achou, Hans? Numa geleira ou montanha? - zombou Patrick, o 7º na linha de sucessão ao trono. Todos, menos eu e Hans - é claro - e a Rainha, riram.

– Isso não tem graça nenhuma, Patrick! - Hans respondeu, irritado. Eu estava ficando nervosa.

– Chega, todos! Onde estão os bons modos? Peçam desculpas à moça. - ordenou a Rainha, poderia parecer um gesto gentil, mas eu entendi que era apenas uma brecha para me incomodarem um pouco mais.

– Lamentamos, Elsa. Mas não fique brava, ou pode derreter! - mais risos, eu já estava congelando o garfo.

– Com licença, "majestade". - levantei e fiz uma reverência.

– Elsa, não... - Hans segurou o meu pulso, mas ele apenas viu meu olhar e entendeu o recado.

Saí dali, mas apenas fingi seguir meu caminho, e espiei atrás da porta.

– Tem que aprender a controlar sua "mulherzinha", Hans, se não quer que as coisas piorem para o seu lado.

– E a senhora tem que aprender a calar a boca. - Hans levantou e veio em direção à porta, corri na frente antes que ele a abrisse.

Caminhei pelo corredor como se não soubesse que ele estava ali. Senti as lágrimas chegarem.

– Elsa? Você ouviu alguma coisa? - Hans me notou ali.

– N-não. - menti.

– Não ligue para o que minha mãe diz, ela não sabe de nada.

– Por que? - deixei as lágrimas caírem e Hans me olhou confuso - Por que eles me tratam assim? O quê eu fiz para ela? O quê eu fiz para os seus irmãos?

– Nada. - ele enxugou meu rosto - Você não fez nada. O problema é eles, eles não conseguem ver ninguém feliz. E minha mãe... bem, ela não gosta de você por causa dos seus poderes, da sua personalidade... Ela acha que você não é boa o suficiente para ser da realeza.

Eu o abraço, ainda chorando.

– Isso é... um ninho de cobras. Eu não sei se aguento aqui.

– Aguenta sim. São só mais dois dias, lembra? Tudo vai ficar bem.

"Tudo vai ficar bem. "Quem me dera.

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