New Feelings escrita por Vtmars
Os dois dias de viagem até as Ilhas do Sul não foram nada agradáveis, não para mim pelo menos. Tivemos uma tempestade logo no primeiro dia e eu não dormi direito,passava as noites me acordando, estava com uma cara péssima.
Foi um verdadeiro alívio quando chegamos,o navio ancorou e pudemos descer. O Príncipe Regente - já que sua coroação só deveria ocorrer em uns seis meses - soube que havíamos chegado e mandou uma carruagem para nos buscar. Enquanto íamos para o castelo eu olhava para tudo, curiosa.As Ilhas do Sul eram como Arendelle, mas havia certa diferença no modo das pessoas de falar, agir e vestir. Tudo parecia mais sério lá.
A carruagem parou em frente ao castelo e esperou abaixarem o portão, o castelo e o resto do reino eram divididos pelo mar, o portão era a única coisa que os ligava. Era todo feito de grandes blocos de pedras cinzas, e por dentro era um tanto escuro e frio. Um velho criado mirradinho nos atendeu assim que entramos.
– Príncipe Hans, que bom que veio. E trouxe a sua...
– Esposa. - Hans completou. O quê ele estava pensando que eu era? Criada? Dama de companhia?Ora...
– Oh! Sim, sim. Esposa, claro. Vou avisar ao Príncipe Gardar que os senhores chegaram. - ele fez uma reverência e se retirou.
Pouco depois, o tal Príncipe Gardar apareceu. Não se parecia em nada com Hans, seu cabelo era castanho claro, seus olhos eram negros e sua pele quase tão pálida quanto à minha. Não tinha sardas e era um pouco mais alto que o irmão.
– Hans, quanto tempo. Lamento que a ocasião de nossa reunião seja tão triste. - ele disse aproximando-se, aparentava ser do tipo que trata o inimigo com gentileza.
– Você não parece nada triste, Gardar. Pelo contrário, parece até feliz pela morte do nosso pai.
– Estou feliz pela minha coroação, que ocorrerá em breve. Não por causa da morte do velho.
– Aliás, do que ele faleceu?
– Pulmões ruins, achamos que foi a tal tuberculose*.
Hans suspirou.
– Gostaria de ter passado mais tempo com ele.
– Não dependia só de você querer. Ele nunca teve tempo para ti, Hans. Você sempre foi o excluído. - fez-se silêncio por alguns momentos - Mas enfim, acho que ainda não conheço sua bela esposa?
– Não, não me conhece.
– Prazer, senhora. - ele beijou minha mão - Príncipe Gardar, das Ilhas do Sul.
– Sim, eu sei. Rainha Elsa de Arendelle. - eu fiz uma leve mesura com a cabeça.
– Acho que já estamos todos apresentados. Onde estão os outros? - perguntou Hans.
– Lá em cima, venha. - Gardar apontou com a cabeça para a escada - Ah, acho melhor ela não ir. Você sabe... - ele sussurrou.
– Sim, claro. Entendo perfeitamente. - eu não estava pronta para ver um cadáver**.
– Obrigado, Elsa. Por favor, sinta-se em casa. - ele virou-se para a escada e seguiram o caminho.
É claro que eu nunca me sentiria me casa ali, mas tentei relaxar apreciando as pinturas e esculturas do castelo. Até que alguém me interrompeu.
– Ei! Quem é você aí? - uma voz feminina imponente falou.
Virei-me rapidamente e vi uma mulher de cabelos grisalhos com uma tiara dourada e olhos verdes penetrantes me encarando ao pé da escada.A rainha.
– Elsa. - eu respondi, um pouco espantada.
– Hum?
– Digo... Rainha Elsa de Arendelle. - falei firmemente.
Ela me olhou como se dissesse: "Te conheço?".
– Sou... esposa do Hans.
Dessa vez ela me olhou espantada.
– A 'peste'? Aquele Hans que foi condenado por tentativa de homicídio duplo e usurpação do trono? - ele já havia me contado desse apelido maldoso.
– Não. O Hans que se redimiu por tudo que fez de ruim e que hoje é uma ótima pessoa.
– O Hans? Ele nunca se redimiria de nada. - ela debochou.
– Mas se redimiu. As pessoas mudam.
– Não... - um silêncio assustador tomou conta do lugar - O quê está fazendo sozinha aqui?
– Hans e o Príncipe Gardar subiram para ver o... falecido rei. - hesitei tentando achar as palavras certas.
– Ah, sim. - mais silêncio.
– E qual o seu nome, Majestade?
– Rainha Brunnehild. - ela sorriu arrogantemente - Com licença. - eu fiz uma leve reverência e ela saiu.
Não gostei dela, e pelo visto ela também não havia gostado de mim.
– Parece que já conheceu minha mãe...
– Hans? - ele desceu as escadas - Estava aí esse tempo todo?
– Desculpe, eu achei melhor não encontrar com ela tão cedo.
– E por que?
– Estamos... "brigados", por assim dizer. Desde que voltei para às Ilhas depois de tudo que aconteceu em Arendelle, nosso relacionamento piorou.
– Que pena... - na verdade eu não liguei muito para isso, eu não gostava dela mesmo.
Hans olhou para o relógio. 19:30, exatamente.
– O jantar será servido em meia hora, se as coisas aqui ainda funcionam como me lembro. Vamos nos arrumar.
– Onde vamos ficar?
– No meu quarto.
– Cada um de vocês tem um quarto?! - perguntei impressionada - O castelo nem parece tão grande assim!
– Não, são cinco quartos para nós. Três em cada quarto, exceto por mim, eu sempre fiquei num quarto separado dos outros. Sempre o excluído! - ele sorriu, era estranho como zombava da própria tristeza.
– Não era solitário? Desde meus 8 anos eu ficava num quarto separado do de Anna e era muito infeliz.
– Ah, era um pouco, sim. Mas nunca pensei que seria tão útil ter o próprio quarto, sabe? - Hans sorriu maliciosamente e eu ri.
Enganchei meu braço no dele e subimos.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
* A tuberculose só foi assim nomeada em 1839.
** Era comum antigamente que passassem dias até ocorrer o enterro.