New Feelings escrita por Vtmars


Capítulo 3
Capítulo 2 - A Chegada




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Os dois dias de viagem até as Ilhas do Sul não foram nada agradáveis, não para mim pelo menos. Tivemos uma tempestade logo no primeiro dia e eu não dormi direito,passava as noites me acordando, estava com uma cara péssima.

Foi um verdadeiro alívio quando chegamos,o navio ancorou e pudemos descer. O Príncipe Regente - já que sua coroação só deveria ocorrer em uns seis meses - soube que havíamos chegado e mandou uma carruagem para nos buscar. Enquanto íamos para o castelo eu olhava para tudo, curiosa.As Ilhas do Sul eram como Arendelle, mas havia certa diferença no modo das pessoas de falar, agir e vestir. Tudo parecia mais sério lá.

A carruagem parou em frente ao castelo e esperou abaixarem o portão, o castelo e o resto do reino eram divididos pelo mar, o portão era a única coisa que os ligava. Era todo feito de grandes blocos de pedras cinzas, e por dentro era um tanto escuro e frio. Um velho criado mirradinho nos atendeu assim que entramos.

– Príncipe Hans, que bom que veio. E trouxe a sua...

– Esposa. - Hans completou. O quê ele estava pensando que eu era? Criada? Dama de companhia?Ora...

– Oh! Sim, sim. Esposa, claro. Vou avisar ao Príncipe Gardar que os senhores chegaram. - ele fez uma reverência e se retirou.

Pouco depois, o tal Príncipe Gardar apareceu. Não se parecia em nada com Hans, seu cabelo era castanho claro, seus olhos eram negros e sua pele quase tão pálida quanto à minha. Não tinha sardas e era um pouco mais alto que o irmão.

– Hans, quanto tempo. Lamento que a ocasião de nossa reunião seja tão triste. - ele disse aproximando-se, aparentava ser do tipo que trata o inimigo com gentileza.

– Você não parece nada triste, Gardar. Pelo contrário, parece até feliz pela morte do nosso pai.

– Estou feliz pela minha coroação, que ocorrerá em breve. Não por causa da morte do velho.

– Aliás, do que ele faleceu?

– Pulmões ruins, achamos que foi a tal tuberculose*.

Hans suspirou.

– Gostaria de ter passado mais tempo com ele.

– Não dependia só de você querer. Ele nunca teve tempo para ti, Hans. Você sempre foi o excluído. - fez-se silêncio por alguns momentos - Mas enfim, acho que ainda não conheço sua bela esposa?

– Não, não me conhece.

– Prazer, senhora. - ele beijou minha mão - Príncipe Gardar, das Ilhas do Sul.

– Sim, eu sei. Rainha Elsa de Arendelle. - eu fiz uma leve mesura com a cabeça.

– Acho que já estamos todos apresentados. Onde estão os outros? - perguntou Hans.

– Lá em cima, venha. - Gardar apontou com a cabeça para a escada - Ah, acho melhor ela não ir. Você sabe... - ele sussurrou.

– Sim, claro. Entendo perfeitamente. - eu não estava pronta para ver um cadáver**.

– Obrigado, Elsa. Por favor, sinta-se em casa. - ele virou-se para a escada e seguiram o caminho.

É claro que eu nunca me sentiria me casa ali, mas tentei relaxar apreciando as pinturas e esculturas do castelo. Até que alguém me interrompeu.

– Ei! Quem é você aí? - uma voz feminina imponente falou.

Virei-me rapidamente e vi uma mulher de cabelos grisalhos com uma tiara dourada e olhos verdes penetrantes me encarando ao pé da escada.A rainha.

– Elsa. - eu respondi, um pouco espantada.

– Hum?

– Digo... Rainha Elsa de Arendelle. - falei firmemente.

Ela me olhou como se dissesse: "Te conheço?".

– Sou... esposa do Hans.

Dessa vez ela me olhou espantada.

– A 'peste'? Aquele Hans que foi condenado por tentativa de homicídio duplo e usurpação do trono? - ele já havia me contado desse apelido maldoso.

– Não. O Hans que se redimiu por tudo que fez de ruim e que hoje é uma ótima pessoa.

– O Hans? Ele nunca se redimiria de nada. - ela debochou.

– Mas se redimiu. As pessoas mudam.

– Não... - um silêncio assustador tomou conta do lugar - O quê está fazendo sozinha aqui?

– Hans e o Príncipe Gardar subiram para ver o... falecido rei. - hesitei tentando achar as palavras certas.

– Ah, sim. - mais silêncio.

– E qual o seu nome, Majestade?

– Rainha Brunnehild. - ela sorriu arrogantemente - Com licença. - eu fiz uma leve reverência e ela saiu.

Não gostei dela, e pelo visto ela também não havia gostado de mim.

– Parece que já conheceu minha mãe...

– Hans? - ele desceu as escadas - Estava aí esse tempo todo?

– Desculpe, eu achei melhor não encontrar com ela tão cedo.

– E por que?

– Estamos... "brigados", por assim dizer. Desde que voltei para às Ilhas depois de tudo que aconteceu em Arendelle, nosso relacionamento piorou.

– Que pena... - na verdade eu não liguei muito para isso, eu não gostava dela mesmo.

Hans olhou para o relógio. 19:30, exatamente.

– O jantar será servido em meia hora, se as coisas aqui ainda funcionam como me lembro. Vamos nos arrumar.

– Onde vamos ficar?

– No meu quarto.

– Cada um de vocês tem um quarto?! - perguntei impressionada - O castelo nem parece tão grande assim!

– Não, são cinco quartos para nós. Três em cada quarto, exceto por mim, eu sempre fiquei num quarto separado dos outros. Sempre o excluído! - ele sorriu, era estranho como zombava da própria tristeza.

– Não era solitário? Desde meus 8 anos eu ficava num quarto separado do de Anna e era muito infeliz.

– Ah, era um pouco, sim. Mas nunca pensei que seria tão útil ter o próprio quarto, sabe? - Hans sorriu maliciosamente e eu ri.

Enganchei meu braço no dele e subimos.

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Notas finais do capítulo

* A tuberculose só foi assim nomeada em 1839.
** Era comum antigamente que passassem dias até ocorrer o enterro.