Escolhas do coração escrita por Achyle Vieira


Capítulo 6
Capítulo 6 - Bilhete




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Quando nossos lábios se separaram não sei o que senti, só queria aquilo de novo. Felipe beijou meu pescoço provocando arrepios por todo o meu corpo. Senti seu sorriso no meu pescoço quando minha pele arrepiou.

Felipe: Está vendo, é impossível você beijar mal.

Eu: Tem certeza?

Felipe: Acho que quero outro pra ter certeza.

Nos beijamos novamente e eu encostei minha cabeça no ombro dele, lembrando da real realidade.

Felipe: Tenho total certeza agora. — Falou com um sorriso nos lábios.

Eu: O que fizemos é muito errado. Você é noivo... — Ele colocou o dedo indicador nos meus lábios para que eu não terminasse a frase.

Felipe: Não vamos estragar o momento. Eu sei que aconteceu rápido de mais, mas você não pode negar que sentimos algo.

Eu: Mas não sei o que é, ainda tenho sentimentos por outra pessoa e é melhor nos afastar até ter certeza do que sentimos. — Falei me afastando dele para sair da cachoeira, mas ele me puxou pela cintura, me colocando novamente onde eu estava.

Felipe: Mas enquanto não temos não quero ficar longe de você.

Eu: Mas é preciso, você tem a Vaiolet e não pode deixar ela de lado, ela é sua noiva.

Felipe: Você é muito marrenta e teimosa, sabia? E esses seus olhos misteriosos são tão lindos...

Eu: Está tentando me GANHAR com essas palavras? Saiba que não...

Fui interrompida por outro beijo carinhoso. Tudo aconteceu tão rápido que nem deu tempo de respirar. Fiquei sem fôlego, e em fim ele parou novamente.

Felipe: Você fala muito.

Estava muito bom estar ali, mas ele não podia ficar sumido por muito tempo, senão Vaiolet iria mandar procurá-lo no estábulo e perceberam que eu também não estava lá iam falar coisas e minha mãe ia me interrogar até eu deixar escapar alguma coisa.

Eu: Você precisa ir, ou a Vaiolet vai fazer o maior escândalo.

Felipe: Eu não quero ir...

Depois que ele foi embora eu fiquei pensando no que tinha acontecido minutos antes, foi tudo tão rápido, nem sei se é realmente um sentimento ou apenas carência. Só podia ser carência, pois não tinha como nutrir sentimentos por uma pessoa tão rapidamente. E Pedro? Não tem como aquele sentimento todo sumir de uma hora pra outra.

Como seria dali pra frente? Mesmo que continuasse com aquilo, nada mudaria o fato de que ele casaria coma minha irmã. E depois que ele casasse com Vaiolet? Eu seria apenas um passatempo?

Aquilo tudo era um erro, como voltar atrás? Não queria acabar sofrendo novamente, não queria acabar tendo sentimentos pra quebrar a cara novamente. Não deixaria isso acontecer novamente. Precisava conversar com ele.

Nosso almoço não foi no jardim, pois estava chovendo um pouco. Finalmente meu pai tinha voltado a rotina normal de rei e deixado as guerras do Norte de lado. Fazia bastante tempo que a nossa família havia feito uma refeição com todos na mesa. Só estava um pouco estranho por causa da companhia dos visitantes.

Quando terminamos a refeição meu pai me chamou para caminhar no jardim com ele. Eu amava estar com meu pai, quando estava com ele me sentia protegida, e não sentia isso por ele ser um rei, mas sim por causa do modo cuidadoso e carinhoso que ele me tratava. Ele é um homem fantástico. O melhor rei que Florea poderia ter.

Nós caminhamos até um banco e nos sentamos, acolhidos pela sombra de uma árvore.

Robert: Minha ideia era passar um tempo com minhas duas princesas, mas parece que sua irmã quer passar mais tempo com o noivo.

Eu: Não se preocupe papai, posso falar com ela sobre isso.

Robert: Não se preocupe pequena Esh. Não quero atrapalhar os compromissos dela. — Falou com um sorriso terno. Amava quando ele me chamava daquele jeito. — O príncipe parece não estar muito animado com o casamento... — acrescentou.

Eu: Acho... Que ele já sabe como a futura noiva é. — Falei rindo.

Robert: Mas acho que ela gosta dele. — Falou rindo novamente.

Eu: Sem querer estragar suas esperanças papai, mas eu não teria tanta certeza...

Robert: Porque, pequena Esh?

Eu: Porque ela me falou pai. Não quero me aprofundar nos detalhes, mas ela não está apaixonada por ele. Acho que a mamãe colocou na cabeça dela algo sobre um futuro melhor. Mas isso não é da minha conta.

Robert: Se não há amor, mais cedo ou mais tarde ela vai perceber que não dará certo. Vamos dar tempo ao tempo. — Falou levando minhas mão aos lábios e deu um leve beijo. — Mas e você querida, como está seu coraçãozinho?

Eu: Eu... Não... Eu não estou preparada. — respondi meio sem jeito.

Era estranho ouvir aquela pergunta do meu pai, pois ele sempre foi protetor quando eu e Vaiolet éramos pequenas ele sempre dizia que nós nunca deixaríamos de ser suas duas pequenas. Ele nunca tocou no assunto "Sentimentos" com nenhuma de nós.

***

No jantar Felipe e eu trocamos alguns olhares, eu tentava me convencer de que não podíamos fazer aquilo, mas era impossível não ficar encantada quando surgia um sorriso no canto da boca dele.

Estava tentando ao máximo não se lembrar do nosso beijo, mas era impossível. Por tanto tempo guardei esperanças de que o meu primeiro beijo seria com o primeiro amor da minha vida, mas aqui estou eu. Confusa. E imaginar que meu primeiro beijo foi com meu futuro cunhado... Sou uma destruidora de casamentos.

Terminei o meu jantar e me retirei dizendo que estava indisposta para continuar com a sobremesa e fui para o meu quarto. Emma estava no quarto.

Eu: Emma me ajude a me trocar, por favor. — falei me virando para que ela tivesse acesso a aos botões do meu vestido — Onde est6á a sua mãe?

Emma: Ela foi jantar alteza, quer que eu a chame?

Eu: Não, não precisa incomodá-la. Você poderia ajeitar minha cama para eu ir dormir? Irei tomar banho.

Emma: Não quer que eu prepare seu banho primeiro alteza?

Eu: não, deixe isso comigo. — Ela terminou de desabotoar o meu vestido e fui para o banheiro.

Já dentro da banheira comecei a pensar nos últimos acontecimentos desde a chegada dos nossos visitantes. "Meu Deus, o que eu estava pensando?" pensei, e o sentimento de culpa veio sobre mim como um banho de gelo. Vaiolet não merecia isso. Lágrimas quentes começaram a descer pelos meus olhos e me deixei levar pelo sentimento de culpa, novamente. Ouvi batidas na porta.

Marta: Alteza precisa de ajuda?

Não consegui responder, os soluços do meu choro me impediram de falar. Marta a abriu a porta do banheiro, entrou e fechou a porta com a chave, veio em minha direção e se abaixou, ficando da mesma altura que eu. Pegou meu rosto entre suas mãos.

Marta: Porque você está assim minha menina?

Apenas abracei-a, não me importei em molhá-la, o que mais queria era o abraço de alguém.

Marta: Se precisar desabafar estou aqui.

Assenti com a cabeça. Ao sair do banheiro peguei minha camisola e vesti enquanto Marta falava alguma coisa com Emma que logo em seguida saiu do quarto. Sentei na cama pegando uma escova do criado mudo que fica ao lado da minha cama. Marta veio em minha direção e pegou a escova da minha mão.

Marta: Deixe-me ajudá-la alteza.

Ela sentou ao meu lado, deitei no colo dela e deixei-a cuidar de mim, como minha mãe deveria fazer. Acabei adormecendo.

Na manhã seguinte acordei com um solavanco, olhei ao redor e Emma, que estava na cadeira no canto do quarto, se aproximou.

Emma: Alteza, a senhorita está bem?

Eu: Sim. Que horas são? — perguntei me levantando da cama.

Emma: Oito horas alteza. Minha mãe foi buscar seu café da manhã.

Estava com um calor enorme, fui para o banheiro e tomei um banho de água fria. Quando sai do banheiro Marta já tinha chegado com meu café da manhã. Estava morrendo de fome e acabei comendo tudo rápido. Levantei o olhar e vi Marta e Emma se olharem confusas. Marta se aproximou para falar comigo.

Marta: Alteza, quando eu estava a caminho do corredor uma empregada me pediu para entregar isso para a senhorita. — falou me entregando uma folha de papel dobrada.

Eu: Obrigada Marta. Mas, quem mandou o papel por ela?

Marta: Ela não me falou senhorita. — respondeu encolhendo os ombros.

Eu: Tudo bem! — Falei e desdobrei o papel.

“Você sumiu depois do jantar, aconteceu alguma coisa? Preciso falar com você.

Estou com saudades!

F."

Era um bilhete dele. Ele é louco? Se a empregada leu essa história vai se espalhar... Mas eu não posso mais ocupar minha cabeça com ele. Essa história já foi longe demais.

Eu: Marta, eu vou dar uma volta. Prepare uma roupa pra mim, por favor.

Marta: Senhorita, sua mãe pediu para eu prepará-la para a sua aula de francês e história.

Tinha me esquecido dessas aulas chatas, pensei que minha mãe tinha dado trégua por causa das visitas. Vesti um vestido e sai do quarto para ir para as aulas. Quando estava descendo as escadas gelei ao ver quem estava no final dela. Felipe. Quando me viu ele veio em minha direção.

Felipe: Não recebeu o meu bilhete? — perguntou pegando minha mão direita.

Eu: você está louco? Alguém pode ver. — puxei minha mão da dele. — Sim, eu recebi o seu bilhete.

Felipe: O que acha de nos encontrarmos na cachoeira daqui a trinta minutos?

Eu: Eu não vou poder, pois...

Eliza: Felipe? — minha mãe falou me interrompendo, subindo as escadas. — Eshley? — O olhar dela seguiu do Felipe para mim.

Meu mundo parou. Paralisou. Será que ela ouviu o que estávamos conversando? Meu Deus!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Não esqueçam de favoritar, comentar, acompanhar, etc.
Beijos,
A. Singer