Escolhas do coração escrita por Achyle Vieira


Capítulo 4
Capítulo 4 - Cachoeira




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Na manhã seguinte acordei com Vaiolet me chamando. Por que ela sempre tem que fazer isso? Acho que ela adivinha quando eu não estou bem e vem me encher o saco.

Vaiolet: Você não sabe o que aconteceu!

Eu: Não, eu não sei. Acho que você não percebeu, mas eu estava dormindo.

Vaiolet: Ele disse que gostou. — Falou batendo palmas e com um sorriso enorme no rosto.

Eu: Bom pra você. — Reviro os olhos.

Vaiolet: Sabe, eu não amo ele. Mas ele é calado, acho que dá pra sobreviver.

Eu: O que? Você não o ama? — Perguntei confusa. — O papai disse que você aceitou ser noiva dele, então, porque aceitaria casar com alguém se não tem nenhum tipo de sentimento?

Vaiolet: Pra falar a verdade, eu não queria. Mas a mamãe pediu para pensar na coroa, em um futuro melhor pra mim. Então, acho que vale a pena me casar com uma pessoa que não amo pra ter um futuro melhor. — Falou olhando para as unhas das mãos.

Eu: Você é louca! Nem parece que é mais velha que eu. — Falei me levantando e indo até o banheiro. — Você viu a Marta por aí?

Vaiolet: Quem é Marta? — Fez cara de nojo.

Eu: Uma das minhas criadas.

Vaiolet: Não, eu não a vi.

Eu: Ótimo! Fica vigiando a porta, por favor. Se ela ou a outra criada aparecer, diga que não quero ver ninguém hoje.

Vaiolet: Porque está fazendo isso?

Eu: Não quero falar com ninguém.

Pela primeira vez Vaiolet ficou calada, acho que a visita do príncipe estava deixando ela mais educada.

Tomei um banho pra relaxar a tensão dos últimos dias. Acabei tomando uma decisão, não vou mais sofrer por uma pessoa quem nem sabe da existência dos meus sentimentos. Nunca poderíamos ficar juntos, então talvez fosse melhor assim. No final, acho que devo me afastar pra tentar enterrar esses sentimentos bobos.

Hoje é terça, e tenho aula de montaria, mas decidi faltar, não estou pronta para encarar o Pedro, fazer isso agora só faria com que meu sofrimento voltasse com todo o vapor.

Vaiolet: Você morreu aí dentro? — Falou batendo na porta do banheiro, me fazendo sair do meu devaneio. — Se você demorar mais de cinco minutos vou embora.

Eu: Já estou terminando.

Saí do banheiro, me vesti como se fosse para a aula de montaria, mas não contei para a Vaiolet que não ia, ela iria acabar contando para a mamãe.

Desci as escadas para sair do castelo, acabei dando de cara com o Felipe, já era a segunda vez que aquilo acontecia. Ele ficou paralisado, me olhando dos pés à cabeça. Olhei para mim para saber se tinha alguma coisa estranha em mim, mas logo me passou pela cabeça o motivo do espanto dele.

Felipe: Onde você vai?

Eu: Aula de montaria. Não se preocupe, você não é o primeiro que faz essa cara ao ver uma mulher de calça. — Falei rindo. E continuei meu caminho.

Felipe: Desculpe-me, eu só não estou acostumado a ver mulheres se vestindo assim, dessa forma.

Continuei andando e ele me acompanhou, ficou olhando pra mim como se quisesse algo. Parei de andar e olhei pra ele.

Eu: Diz logo o que você está querendo.

Felipe: Posso ir com você? Não aguento mais ouvir falar de preparativos para casamento.

Eu: Sinto muito, mas vou ter que decepcioná-lo.

Comecei a caminhar novamente achando que talvez ele desistisse, mas ele continuou me acompanhando.

Felipe: já que não posso montar com você, então vou olhar você montar.

Eu: Olha, eu não estou tento um dia bom, não vou para a aula... E sua noiva é a Vaiolet, fique seguindo ela.

Felipe: Porque está me tratando assim? Dá última vez que estive com você, você estava diferente. E sei que minha noiva é a Vaiolet, mas não aguento passar o dia todo com ela grudada em mim.

Eu: E porque está me dizendo isso? Diga a ela. Não passa pela sua cabeça que talvez eu possa dizer o que pensa dela ela?

Felipe: Sim, mas confio em você.

Depois que ele falou aquilo pensei em falar alguma coisa para me desculpar da grosseria que tinha tratado ele antes, mas acabei tropeçando em alguma coisa. Se o Felipe não tivesse me segurado tinha caído com a cara no chão.

Eu: Obrigada! — Falei me equilibrando e agitando minha roupa que tinha sido melada por um pouco do barro do chão.

Felipe: Você tem olhos lindos, sabia?

Por um momento pensei que ele estava brincando e até ia falar alguma coisa para colocá-lo em seu devido lugar, mas quando olhei nos olhos dele vi que ele estava sendo sincero.

Queria ter falado algo, mas fiquei ali presa nas palavras dele. Não sei se ele disse aquilo pra tentar ser gentil, mas funcionou. Sei que deveria colocar ele no lugar dele, lembrá-lo que ele era o noivo da minha irmã e que não deveria fazer aquilo, mas depois de tanto sofrimento aquelas foram as únicas palavras gentis que tive e de uma pessoa que nunca imaginava que falaria aquilo.

Eu: Obrigada! — Falei, sem conseguir esconder o sorriso no canto da boca.

Felipe: Desculpa... Eu não...

Eu: Tudo bem, não se preocupe. — Falei, decepcionada por saber que ele tinha se arrependido do que disse. — Eu vou para a cachoeira, não vou para o estábulo.

Felipe: por isso estava tentando se livrar de mim? — ele dá um sorriso meio torto.

Eu: Acho que sim. — Retribuo o sorriso dele.

Felipe: Então, fique sabendo que não será fácil fazer isso, porque eu vou com você.

Não falei nada, sabia que ele viria comigo de qualquer forma. Então mostrei a ele o caminho. Quando chegamos fiquei na dúvida se mostrava meu esconderijo pra ele, mas ele acabou descobrindo sozinho enquanto eu pegava uma fruta pra comer. Ele me chamou e quando olhei ele já estava entrando.

Eu: Não entre aí! — Quando percebi as palavras já tinham saído da minha boca.

Felipe: Por quê? O que tem aqui?

Eu: nada! Mas esse lugar pertence a mim. — Falei indo pra perto dele.

Ele entrou mesmo assim. Fiquei um pouco chateada, às vezes ele conseguia me irritar, mas ele não teve culpa de achar. Acabei entrando também.

Felipe: Aqui é legal. Um ótimo lugar para se esconder. — Falou levantando uma sobrancelha pra mim e depois voltou a avaliar o lugar. — E o mais legal é que fica por trás da água. Isso me dá uma ideia, me dê sua mão.

Eu: O que você vai fazer?

Felipe: Eu não vou fazer, Nós vamos. Quero pular na água junto com você.

Eu: você está louco? — Falei não acreditando na proposta que ele me fez.

Felipe: Talvez. — Ele diz pegando minha mão e me puxando pra pular.

Eu tentei me soltar, mas ele segurava meu pulso firme. Quando tentei falar alguma coisa, era tarde demais. Ele pulou e me puxou junto. E confesso que sentir a água fria tocar minha pele foi libertador, tenho que agradece-lo por ter me puxado. Nadei até a margem pra sair da água, foi quando sentir uma mão meu pé direito. Fiquei apavorada e acabei afundando sem fôlego.

Depois de engolir bastante água senti um braço envolver minha cintura e me puxar pra cima. Quando finalmente consegui voltar a superfície com a ajuda dele fiquei um pouco desorientada e comecei a tossir por causa da água que tinha engolido.

Felipe: você está bem? — Falou assustado, ainda com o braço em volta da minha cintura e colocando a mão esquerda no meu rosto. — Me desculpe, eu não tive a intenção.

Não conseguir falar nada, apenas fiquei paralisada no olhar assustado dele. Ele ficou tão próximo que eu pude sentir a respiração dele soprar meu rosto. Ele olhou pra minha boca e ia se aproximar mais, mas eu não podia fazer aquilo, não podia beijá-lo, principalmente porque ele iria casar com a minha irmã.

Me afastei dele e decidi sair da água, nem olhei para trás, estava tão envergonhada pelo que fiz... Precisava sair dali, foi o que fiz.

Felipe: Eshley espera... — Foi a única coisa que ouvi ele dizer.

Voltei para o castelo, entrei pelos fundos para minha mãe não me ver da maneira que eu estava. Fui em direção ao meu quarto e por sorte o corredor estava vazio. Fiquei pensando no que poderia ter acontecido se eu tivesse ficado lá com ele. "Não posso me confundir, ele apenas foi gentil comigo e eu estava carente. Amo o Pedro. Tenho que fazer de tudo para não ficar sozinha com ele" Foi o que pensei. Sabia que ele iria tentar se desculpar e ia me procurar, mas eu precisava fugir.


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Notas finais do capítulo

Olá floreanos!
Espero que tenham gostado do capítulo. Fiquem a vontade para comentar, favoritar, acompanhar, sugerir, compartilhar, etc.
Vocês não sabem como deixam um escritor feliz quando fazem qualquer coisa que mostra que vocês gostaram do capítulo.
Beijos,
A. Singer



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