Escolhas do coração escrita por Achyle Vieira


Capítulo 18
capítulo 18 - Raiva


Notas iniciais do capítulo

Dedico esse capítulo a minha querida amiga Cynthia, sem ela este capítulo não teria sido postado hoje. Obrigada Cynthia!
Vamos ao capítulo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/593296/chapter/18

Gabriel ficou olhando pra mim confuso como se não estivesse entendendo o que estava acontecendo, ele até piscou algumas vezes.

Eu: Vai me dizer que você também não sabia? — Perguntei irritada.

Gabriel: Do noivado? Sabia. — Respondeu. — O que eu não sabia era que você não tinha concordado. Se não eu...

Eu o interrompi.

Eu: Tá, tá. Eu vou voltar pra casa. — Me viro pra Pedro. — Depois eu passo aqui pra conversarmos.

Pedro: Tá certo. — Fui até Pedro, dei um abraço nele e depois voltei para o palácio.

Estava tão irritada com todo mundo que dei foras em várias pessoas, sei que elas estavam tentando me ajudar, mas sinceramente não estava funcionando. Minha vontade era enfiar um salto na cabeça de Felipe, mas ele teve a decência de não aparecer. Papai também me decepcionou, não esperava que ele fosse fazer isso comigo. Quando ele me perguntou se eu queria casar eu respondi que não, pensei que aquilo seria suficiente para ele. Mas não foi. Ele traiu minha confiança também.

Minha cabeça estava doendo tanto que eu achei que ela ia explodir. Talvez se ela explodisse resolvesse meu problema.

Ficar remoendo as palavras de papai na minha cabeça só fez tudo piorar. Resolvi ir à enfermaria antes que eu chorasse de dor. Quando eu estava no mesmo corredor que Gabriel e eu nos escondemos no dia anterior ouvi a voz da mamãe novamente e me escondi atrás da mesma cortina.

Eliza: Eu tenho que voltar antes que alguém perceba que eu sai. Disse a Vaiolet que estava com dor de cabeça e a deixei com aquele noivinho dela.

Neilan: Estou orgulhoso dela. Cuidado pra ninguém te ver.

Abri uma pequena brecha na cortina para ver se dava pra ver eles de onde eu estava, e eles estavam na esquina do corredor. E o pior de tudo... Se beijando.

A raiva me consumiu. Deu-me vontade de ir até eles e acusar os dois até o castelo inteiro descobri, mas acabei ficando onde estava. Pensei em papai. Seria vergonhoso demais se o palácio inteiro descobrisse que mamãe o estava traindo. A história acabaria se espalhando por todo o reino e tinha uma grande possibilidade que isso se espalhasse por todo o continente.

Lagrimas vieram aos meus olhos. Me doeu muito saber que minha própria mãe traia a coroa. A quanto tempo faz que ela trai papai? Papai não merecia isso, sempre a amou tanto. Deu a ela tudo o que ela queria. Mesmo ela sendo fria do jeito que é, pensei que aumenos ela amasse papai um pouco.

Um soluço acabou saindo da minha boca enquanto eu chorava. Coloquei a mão sobre a boca para que eles não me ouvissem chorando.

Eliza: Ouviu isso? — Perguntou ao Dr. Neilan.

Neilan: Não foi nada. Agora vá antes que alguém nos veja aqui.

Mamãe se despediu dele e sumiu entre os corredores. Vi quando Dr. Neilan voltou para o corredor onde era sua sala. Sai de trás da cortina e fui atrás de mamãe, queria... Nem sei o que eu queria. Estava com tanta raiva que nem sabia mais o que fazer.

Mas pensando bem, ir atrás dela só pioraria minha situação. Se mamãe era capaz de fazer coisas ruins só pra me manter longe de Felipe, ela tentaria coisas muito piores se soubesse que eu sei que ela se encontra com Dr. Neilan.

Então fui atrás de Dr. Neilan. Abri a porta do escritório dele sem nem mesmo me consultar com a recepcionista e me inclinei sobre a mesa dela apoiando meu corpo nos braços.

Eu: Pode começar a fazer suas malas, você está despedido! — Gritei.

Neilan: O quê? O que deu em você? — Perguntou espantado.

Eu: O que deu em você? — imito-o. — Quem você pensa que é seu... — Não veio na minha cabeça nenhuma palavra educada que definisse o que ele era. — Você vai pegar as coisas e vai sumir do reino. Entendeu?

Neilan: E por que eu faria isso alteza?

Ele já estava me tirando do sério.

Eu: Por que eu estou ordenando! Você escolhe: ou você some ou eu conto para meu pai o que você e minha mãe estão fazendo. — Me virei e caminhei para fora da sala dele. — Não vou avisar outra vez.

Será que ainda tem como esse dia ficar pior?

Nunca reclamei da vida de princesa, mas sinceramente, estou cansada disso tudo. Acho que daria qualquer coisa pra ter um dia normal. Estou cansada de tanta falsidade e mentira me rodeando. Estou cansada de tanto fingimento.

Acho que tem um letreiro na minha testa: "minta pra mim, me engane. TORTURE-ME!".

Estou com tão irritada que acho que sou capaz de esbofetar alguém. Acho que nem todos e sais e calmantes tirariam a tensão com que estou.

Estou subindo as escadas para ir para meu quarto quando uma criada passa por mim correndo e acaba esbarrando em mim. "Desculpe alteza." Ela disse e continuou a correr. Argh!

Quando cheguei ao corredor do meu quarto vi que ele estava com a porta aberta e ouvi vozes desesperadas vindas de dentro.

Quando entrei no quarto vi Felipe perguntar por mim a Emma e Marta e as vi dizendo que não sabiam onde eu estava.

Eu: O que você quer? Será que eu vou ter que escrever em um cartaz uma frase dizendo que eu não quero ver você?

Felipe: Eshley, eu sei que está irritada comigo, mas você tem que me deixar explicar...

Eu: Não, Felipe! Não tem explicações para o que você fez. Você abusou demais da minha confiança. Eu cansei de ser a boneca de fantoche das pessoas.

Felipe: Esh...

Eu: Se você não me ama ao menos me respeite.

As palavras que eu disse doeram tanto, só em pensar que ele não me amava destruía cada pedaço da importância da minha existência. O pensamento de perdê-lo sempre me assustou, mas passar pela experiência é pior.

Mas o mais importante agora não é o meu bem-estar emocional e sim o que vi minha mãe fazendo. Como pode uma pessoa ser tão... Nem sei que palavra usar para descrevê-la nesse momento.

Felipe sai do meu quarto me deixando a sós com Emma e Marta. Sei que falar com Felipe daquela forma na frente delas foi um risco, mas sei que posso confiar em ambas.

Apenas vou para minha cama e desabo novamente. Como posso dar conta disso tudo? É como se eu estivesse com uma bomba nas mãos prestes a explodir. Minhas únicas alternativas são explodir junto com ela ou passá-la para alguém. A segunda alternativa é tentadora, mas sei que por algum motivo eu fui a escolhida para tentar consertar os problemas em minhas mãos. O peso de todos eles é grande e não tenho forças suficientes para continuar a carregá-los nas costas. Precisoficar mais forte. E porque não começar pela força física?

Emma e Marta se aproximam de mim e sentam na cama. Emma me abraça enquanto Marta acaricia meu cabelo.

Emma: Quer conversar sobre isso?

Nego com a cabeça e enxugo minhas lágrimas.

Marta: Nós não contaremos para ninguém o que aconteceu aqui. Pode confiar em nós.

Eu: Eu confio. Mas não posso contar para vocês, é um peso que eu tenho que carregar sozinha.

Emma: Tudo bem. Estaremos aqui se precisar desabafar.

Concordo e me levanto.

Eu: Emma, você poderia chamar Gabriel dizer a ele que eu preciso falar com ele? Eu o vi no estábulo com Pedro a alguns minutos.

Marta: Eu vou, alteza. — Ela olha para Emma. — Não quero que você se aproxime daquele rapaz novamente.

Emma abaixa a cabeça e fica calada. Será que Marta sabe alguma coisa sobre Emma e Pedro?Marta sai do quarto me deixando a sós com Emma. Ela coloca as mãos na barriga e como se lesse minha mente fala:

Emma: Eu contei para ela que estou grávida de Pedro. —Diz e olha pra mim. Seus olhos com lágrimas. —Ela não quer deixá-lo me ver mais.

Eu: Eu tenho certeza que ela vai mudar de ideia. Deixe o tempo resolver.

Ela fez que sim com a cabeça e se recompôs.

Alguns minutos depois Gabriel chegou ao meu quarto.

Emma: Onde está minha mãe? — perguntou a Gabriel.

Gabriel: Ficou conversando com aquele cara do estábulo.

Eu: Emma, se você quiser pode ir falar com sua mãe. Gostaria de falar com Gabriel a sós.

Emma: Tem certeza? E se Felipe voltar... – Ela parou de falar assim que viu como fiquei ao ouvir o nome dele.

Aquela dor estava ficando cada vez mais insuportável.

Gabriel: Não se preocupe. Se meu irmão aparecer aqui eu dou um jeito nele.

Emma assentiu e saiu do quarto me deixando a sós com Gabriel.

Eu: Preciso que você me ajude com algo. – Fui direto ao ponto.

Gabriel: Está se sentindo melhor? – Perguntou sem dar atenção que falei.

Eu: Não, por isso preciso da sua ajuda. Quero que você me ensine a lutar.

Ele me olhando como se eu fosse algum tipo de ser estranho e depois começou a rir. Cretino! Está rindo de mim.

Gabriel: Isso é uma piada, não é? — Perguntou entre uma gargalhada e outra. — Você quer me fazer rir pra pedir desculpas pelo que disse?

Tive vontade matá-lo por rir de mim.

Eu: Estou falando sério, seu idiota! Qual é o problema?

Ele parou de rir e se aproximou de mim. Todo o humor de alguns segundos atrás tinha desaparecido do seu rosto.

Gabriel: O problema, minha flor, é que suas mãos podem ser pesadas quando se trata de tapas no rosto – ele pegou minha mão e levou até os lábios. — mas seus braços não desenvolveram músculos, você é delicada demais para isso.

Eu: Você já conheceu minha irmã e já deve saber como ela é, não é? — Ele fez que sim com a cabeça e eu tirei minha mão do domínio dele. — Aquilo é ser delicada! Não me trate como ela. Não estou com cabeça pra aturar suas investidas Dom Juan.

Gabriel: Dom Juan? Adoro apelidos assim, sabia?

Eu: Não me interessa. Vai me ensinar a lutar ou não?

Gabriel: Hmm... Posso até ensinar, mas exijo uma recompensa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!