Escolhas do coração escrita por Achyle Vieira


Capítulo 17
Capítulo 17 - Descobertas


Notas iniciais do capítulo

Olá amores! Desculpem pela demora, mas aqui está o capítulo, espero que gostem.



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Depois de pegar o exame de Emma subo para meu quarto e mesmo morrendo de ansiedade não o abro — isso é algo que Emma tem que fazer. Guardo o envelope dentro da gaveta do criado-mudo e volto para o salão de festas.

Vejo Marta ajudando as outras empregadas a retirar as toalhas da mesa e rapidamente a dispenso. Emma está em um dos cantos do salão conversando com Pedro e o pai dele, ela olha para mim e pisco pra ela.

Papai ainda estava pelo salão conversando com Felipe e Gabriel, mas alguns minutos depois sai do salão conversando com Gabriel. Finalmente vejo Felipe só e me aproximo.

Ele me vê se aproximando e desvia o olhar, mas não tenta fugir. Aproximo-me dele, mas não falo nada inicialmente, espero que ele diga algo, mas isso não acontece.

Eu: Você vai me falar o que está acontecendo ou não? — Vou direto ao ponto, e confesso que não fui nada carinhosa.

Felipe: Nada.

Eu: É só isso que você tem a dizer? Nada? — espero pela resposta dele, mas ele não diz nada. — Ótimo! Eu passo dias esperando que você volte e quando finalmente isso acontece você me ignora. — Tento falar baixo o suficiente para que ninguém escute, mas confesso que está muito difícil. Minha vontade é gritar com ele.

Felipe: Você não parecia esperar pela minha volta. Na verdade, acho que seu amigo da pista de dança estava te ajudando a me tirar da sua cabeça. — Cruza os braços.

Quem é que parece uma criança agora?

Eu: Então é isso? Você está agindo assim por quê está com ciúmes?

Felipe: Fale mais baixo. Essa não é a hora pra você falar desse assunto.

Não percebi que meu tom tinha alterado. Mas estou com tanta raiva dele que nem me importo se alguém vai escutar ou não. Ele está sendo tão infantil!

Eu: É hora certa para falar do quê? Do perfume de Vaiolet? — Cruzo os braços. — Você apreciou ele bastante hoje.

A raiva me consome ao lembrar da cena que presenciei entre ele e ela. Não espero pela resposta dele, dou de costas e saio do salão de festas.

Subo para meu quarto e vou direto pro banheiro tirar o vestido. Meta não cumprida. Como eu pude pensar que seria capaz de tirar um vestido de espartilho sozinha?

Meia hora depois de ficar trancada no banheiro esperando que alguém venha para me ajudar, Emma bate na porta do banheiro perguntando por mim. Abro a porta e a deixo entrar e ela me ajuda a tirar o vestido. Finalmente! Ela pergunta se eu irei precisa de ajuda com mais alguma coisa, mas sou rápida em lembrar a ela que ela está de folga, peço que ela apenas peça a uma empregada para trazer meu jantar no quarto.

Fiquei tão chateada depois daquela briga com Felipe que quase me esqueci do resultado do exame de Emma, só me lembro quando ela me pergunta se eu fui falar com Dr. Neilan.

Pego o envelope do exame e entrego a ela ansiosa pra saber o resultado. Ela abre o envelope com cuidado, tão lento que chegar a ser uma tortura. Ela fecha os olhos e tira o papel de dentro do envelope. Quando abre os olhos e lê o resultado fico sem entender qual seria a resposta para a reação dela. Só entendo depois que ela olha para baixo e coloca a mão sobre a barriga.

Eu: Meu Deus! — Sussurro e me aproximo dela para pegar o exame. — Você está grávida?!

Leio o exame e vejo o nome “positivo” grifado em azul.

Olho para Emma e ela continua com a mão na barriga. Ela sorri, um pequeno sorriso que quase não deu pra notar e logo em seguida seus olhos se enchem de lágrimas. Eu a abraço e ela começa a chorar.

Estou feliz por ela, deve ser maravilhoso saber que você vai ser mãe, principalmente quando o bebê foi gerado no amor. Vou ajudá-la, não importa o risco que vou ter que correr.

Passei a considerar Emma, não me pergunte o motivo, não tenho a menor ideia. Não sei se ela pensa da mesma forma que eu, mas ela é como se fosse uma irmã pra mim, um tipo de irmã que Vaiolet nunca foi e tenho quase total certeza de que ela nunca será como Emma.

Passamos vários minutos abraçadas enquanto Emma chora. Tento acalmá-la com palavras de consolo, mas acho que não sou muito boa com isso, pois ela chora cada vez mais. Quando finalmente para de chorar ela se levanta e diz que precisa procurar Pedro para conversar, mas não a deixo sair do quarto. Ela não pode ir atrás de Pedro no estado que está, principalmente com uma notícia dessas. Tenho certeza de que Pedro vai reagir pior do que ela, posso até já imaginar ele dando socos na parede de tanta culpa e raiva.

Ofereço-me para conversar com ele, mas ela diz que não precisa. Só a deixo sair do quarto depois de prometer que descansará e se acalmará antes de falar com Pedro.

Acabo perdendo a fome e mudo de ideia sobre o jantar. Tranco-me no banheiro e paço longos trinta minutos na banheira para relaxar. Quando estou vestindo a camisola ouço três rápidas e leves batidas na porta e logo depois a porta se abre, me assusto e desço a camisola rapidamente, mas Felipe ainda entra a tempo de ver minhas coxas. Sinto meu rosto queimar quando ele entra, mas ele vira-se de costas assim que percebe que eu estava vestindo a roupa.

Felipe: Desculpe... Eu não sabia. — Diz ainda de costas.

Eu: Pode virar-se, agora é tarde demais. Não precisa pedir desculpas. — Ele se vira e desvia o olhar de mim. Nenhum de nós consegue disfarçar a vergonha. — Da próxima vez espere que eu diga algo antes de entrar... — Peço.

Ele assente com a cabeça, caminha até a cadeira da escrivaninha e senta-se. Vou para minha cama e entro debaixo das cobertas, fico sentada um pouco de lado para olhá-lo melhor. O silêncio segue pelos próximos segundos, nenhum de nós toma a iniciativa de falar. Ainda estou chateada pelo que aconteceu hoje, mas a vontade que eu tenho de abraçá-lo é forte e o silêncio entre nós só faz com que ela aumente.

Ele olha para mim e vejo arrependimento em seus olhos. Desvio o olhar, não posso aguentar aquele olhar. Minha briga interna está acirrada entre a vontade de beijá-lo e de continuar chateada pelo que ele fez. Fico de cabeça baixa decidindo o que fazer.

Ele se levanta da cedeira e se senta na beira da cama ao meu lado. Me abraça e beija minha testa.

Felipe: Desculpe por hoje. ­— Pede depois que me solta.

Eu: Não foi justo o que você fez. — resmungo.

Felipe: Você também não ajudou em nada para melhorar a situação. — Retruca.

Eu: E o que queria que eu fizesse? Nem sabia o motivo pelo qual você estava daquele jeito. — afasto-me o suficiente para que nenhuma parte do meu corpo toque nele. — Eu vejo Vaiolet se pendurar em você, vejo você caminhar com ela. Vocês até já planejaram o casamento juntos e nem por isso fiz o que você fez.

Felipe: É. Você fez pior. — Ironiza.

Eu: Engraçadinho! Aquilo foi bem diferente. — Cruzo os braços. — Aposto que você ficaria do mesmo jeito se eu fosse contar a você que estava planejando os preparativos do meu casamento com meu noivo.

Felipe fica sério e não diz nada, olho para ele e todo o sangue sumiu do seu rosto.

Eu: Você está bem? — Seguro seu rosto entre as mãos.

Felipe: Você já sabe? — Sussurra, ainda pálido.

Fico confusa. Do que ele está falando?

Eu: Sei de quê?

Ele não responde. Pisca algumas vezes e olha pra mim, fica apenas me observando. Aproximo-me do seu rosto, não conseguiria resistir mais à aqueles olhos nem um segundo a mais. Mas ele se afasta e se levanta.

Felipe: Preciso ir. É arriscado ficar mais tempo.

Alguma coisa está errada, definitivamente. Não entendo porquê ele mudou de repente, será que foi alguma coisa que eu falei?

Eu: Desculpe se falei alguma coisa que não gostou. — levanto-me da cama e vou até ele.

Ele me abraça e me dá um selinho.

Felipe: Não é nada disso, estou apenas cansado. Boa noite. — diz e sai do quarto, me deixando totalmente confusa.

Já estou cansada disso. Sempre é assim. Ninguém tem respostas, sempre agem como se eu nunca fosse entender nada. É como se eu fosse algo que atrapalha a vida de todo mundo. Felipe fica todo estranho comigo sem dizer nada, papai me presenteia com papeis esquisitos, mamãe conversa escondido com o Dr. Neilan. E Vaiolet. Nem sei o que falar dela, acho que ela vive pra me atrapalhar, sempre quer me magoar e me colocar pra baixo.

Decido dormir antes que meu estresse piore. Preciso conversar com papai amanhã para que ele me explique o que me escondeu hoje e preciso estar descansada para a bomba.

Assim que me acordo tomo banho e como meu café da manhã rapidamente, depois vou direto para o escritório de papai. Vou logo direto ao ponto e peço que ele me explique de uma vez.

Robert:Você está bem? Parece um pouco estressada. — pergunta preocupado.

Eu: Só quero resolver isso logo.

Ele assente e começa a ler os papeis em voz alta e explicar. Dez minutos depois ele termina de explica e fica calado esperando que eu faça alguma coisa. Sei que ele espera que eu diga algo, mas não digo. Apenas me levanto e vou em direção a porta.

Robert: Eshley, espere! — paro de andar. — Sei que está chateada comigo, mas tem que entender que isso é para o seu bem, meu amor.

Viro-me para ele, meus olhos marejam. Não posso acreditar que isso seja para o meu bem, não quando sou obrigada a fazer aquilo que não quero.

Eu: Foi por isso que Felipe voltou para o sul? — pergunto indignada.

Robert: Foi... — responde depois de alguns segundos.

Alguém bate na pota e abre no mesmo momento em que eu me viro para sair, acabo esbarrando quando me viro. As lágrimas inundam meus olhos não me deixando ver em quem esbarrei, mas o cheiro o entrega. Felipe.

Felipe: Esh você está bem? — Ele coloca a mão nos meus ombros.

Eu: Não me toque, seu mentiroso! — o empurro.

As lágrimas rolam pelo meu rosto e eu as enxugo. Como ele pode concordar com isso? Pensei que ele me amava.

Parabéns Eshley, você foi enganada de novo!

Ele olha pra mim assustado, sem saber do que eu estou falando. Olho nos olhos dele e o chamo de mentiroso novamente.

Felipe: O que você tem? Por quê está falando isso?

Eu: Que tal você me explicar novamente o que ia fazer no seu reino. — Ele abre a boca para falar, mas fecha novamente. — Entende agora? — Ele permanece calado. — EU ACREDITEI EM VOCÊ!

Felipe: Não é o que está pensando...

Eu: Nunca é o que eu penso! Deixa eu adivinhar! Você também estava pensando em me proteger como ele? — Aponto para papai.

Felipe: Eu só fiz o que ele pediu, eu...

Eu: Ele te pediu pra mentir pra mim? — o interrompo — Pediu pra me enganar?

Felipe: Eshley, não é a hora certa pra falar disso. — Sussurra.

Seu olhar frustrado passa de mim para papai. Eu não acredito que em meio a tudo o que eu estou sentindo a única coisa que ele se importe seja a presença de papai.

Eu: É isso que importa pra você. — Olho para papai e depois para ele novamente. — Tem medo que ele descubra? — Me aproximo do rosto dele. — Se quer tanto ser leal a meu pai, não deveria brincar com as filhas dele. — Sussurro no ouvido dele.

Saio do escritório totalmente tomada pela raiva. Quem todo mundo pensa que eu sou? Um brinquedo, talvez.

Saio do palácio pelo jardim e vou para o estábulo. Antes de entrar chamo Pedro aos prantos e desabo no chão. Ele sai rapidamente e me abraça perguntando o que aconteceu. Não encontro palavras que possam explicar o que Felipe e papai fizeram. Meu coração dói tanto que nem sei o que devo fazer. Nunca senti uma dor tão grande como essa.

Pedro: Eu vou te tirar daqui, o irmão de Felipe está ali dentro. — Fala baixinho.

Eu: O que ele está fazendo aqui? — pergunto surpresa em meio as lágrimas.

Pedro: Veio olhar os cavalos. Venha, levante-se antes que alguém te veja assim.

Tento me levantar, mas me sinto fraca de mais. E então ouço uma voz e vejo Gabriel em pé atrás de Pedro.

Gabriel: Quem não pode ser vista? — pergunta distraído, mas depois que me vê sua expressão muda e ele se abaixa e me tira do domínio dos braços de Pedro me pegando no colo. — Você está bem? Ele te machucou? — Pergunta olhando para Pedro.

Não repondo, estou chorando demais para isso. Pressiono minha cabeça no ombro dele e continuo a chorar.

Pedro: Não a machuquei. Sou amigo dela. — Ouço Pedro responder.

Gabriel rebate a resposta de Pedro pedindo respeito e por aí em diante. Não presto atenção no que eles falam. Eles são homens e sabem se resolver. Minha cabeça está a ponto de explodir.

Sindo o tecido da camisa de Gabriel grudar em meu rosto e algo roçar minha bochecha, levanto um pouco minha cabeça e só então percebo que a camisa dele está com os dois primeiros botões abertos e minhas lágrimas acabaram molhando o pelo do peito dele também.

Começo a dar socos nos braços dele e mando que me solte, mas acho que não adianta muito, pois ele continua discutindo com Pedro e meus socos não fazem muito efeito.

Eu: CHAGA, VOCÊS DOIS! — Grito e só então eles olham para mim. — Será que dá pra me colocar no chão? Sei ficar em pé sozinha.

Gabriel: Não era o que parecia quando esse criado estava tentando te colocar de pé.

Pedro olha para Gabriel com um olhar cruel e acho que estou olhando para ele da mesma forma. Tudo o que está acontecendo é por causa dele. Se ele não tivesse aceitado a porcaria daquele contrato nada disso teria acontecido.

Eu: Pois fique sabendo que ele tem mais direitos do que você na minha presença, seu idiota!

Gabriel: Hou! Eu estava tentando ajudar Esh, mas assim não vai dar.

Me deu vontade de dar um tapa nele quando ele me chamou daquele jeito.

Eu: Tentando ajudar... Se você não estivesse aqui nada disso teria acontecido! — Grito.

Gabriel: E o que aconteceu pra você estar assim?

Eu:Você aconteceu. Nosso noivado idiota por acordo aconteceu.


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