Escolhas do coração escrita por Achyle Vieira


Capítulo 14
Capítulo 14 - Suspeitas


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Estávamos em uma correria, pois faltavam apenas três dias para o meu aniversário e eu ainda não tinha escolhido as cores, nem os talheres que iriamos usar. Mamãe não quis me ajudar em nada, disse que tinha que ajudar Vaiolet com os preparativos do casamento.

Não estava com muito tempo sobrando porque os conselheiros apoiaram o projeto das flores e eu tinha que apresentá-lo no meu aniversário, os meus últimos dias tem sidos exaustivos e pra falar a verdade, um pouco tedioso. Passava as tardes escolhendo lugares para colocar as flores, tive escolher as espécies também, mas como antes as flores eram de várias espécies silvestres e de vários tamanhos e formas, pedi que plantassem todas as espécies que se adaptavam ao nosso clima.

Felipe viajou a quase uma semana e não voltou ainda, estou começando a ficar preocupada, ontem o rei Charles viajou para ajudar os dois filhos. Tenho medo que algo aconteça a ele, só espero que se isso tudo estiver relacionado a guerras ele fique protegido e bem.

Vaiolet ainda não me pediu para ser dama de honra dela. Eu terei o prazer de dizer um NÃO na cara dela, já basta o tapa que ela me deu. Não vou passar por mais essa humilhação.

E ainda por cima, Emma está doente. Marta está se virando em quatro sozinha, queria poder ajudá-la mais, mas não quero decepcionar papai e nem os súditos, quero que nosso país volte as suas origens mesmo sabendo que não vou ser mais a rainha.

Estou sentada de frente para a escrivaninha terminando os detalhes do projeto quando ouço batidas atrapalhadas na porta, Marta tem permissão para entrar sem bater, então não acho que seja ela, só espero que não seja mamãe ou Vaiolet.

Vou até a porta e abro-a, vejo Marta com os braços cheios de tecidos de diferentes cores, com o queixo apoiado em cima deles. Aproximo-me e pego metade dos tecidos para ajudá-la. Depois que ela entra, colocamos todos em cima da cama e sentamos deixando-os entre nós.

Marta: Desculpe-me alteza, mas tive que vir incomodá-la. Preciso que me diga qual cor vai querer nas cortinas, toalhas de mesas e guardanapos — fala com o olhar cansado —. Trouxe vários tecidos e cores para facilitar sua escolha já que está ocupada, mas se quiser outras opções eu trarei.

Eu: Não precisa Marta, acho que posso escolher entre esses. — Sorrio para ela e começo a olhar os tecidos um por um.

Acabo ficando em dúvida entre vários.

Marta: Escolha a cor que mais lhe agrada, alteza. Tenho certeza que qualquer uma delas ficará bom. A senhorita tem um bom gosto. — Ela sorri.

Eu: Só tenho bom gosto quando se trata de cavalos. — Brinco.

Marta: Posso dar minha opinião? — concordo com a cabeça — Acho que esse tecido que está em sua mão ficaria ótimo em uma cortina. — Fala apontando para um tecido de cor caramelo — Ficaria lindo junto com esse aqui de cor creme. — Ela juntou os dois tecidos — O que acha?

Eu: Acho que ficará perfeito!

Depois que separamos todas as cores e tecidos que escolhemos juntas eu a ajudo a dobrar todos, mesmo com ela protestando.

Batidas nos tiram a atenção dos tecidos e Marta corre para abrir a porta.

Marta: Majestade. — Diz ao se reverenciar para papai e abre passagem para que ele entre.

Robert: Como está Emma? — pergunta para Marta.

Vejo um brilho de admiração nos olhos de Marta, provavelmente por papai ter se importado com Emma.

Marta: Está se recuperando majestade.

Papai assente e vem até mim. Seus cabelos estão molhados e ele está com um cheiro divino, mas o cansaço ainda continua nos seus olhos. Ele me olha carinhosamente e coloca o cacho do meu cabelo atrás da minha orelha.

Robert: Como andam as coisas? — pergunta, e eu sei que ele se refere ao projeto.

Eu: Eu estava colocando os últimos detalhes — vou até a escrivaninha e pego os papeis —. Eu estava pensando... Não quero que nada tenha meu nome, nem quero receber créditos por isso, mas quero que a orquídea Cattleya Walkeriana seja a primeira espécie a ser podada.

Robert: Isso é ótimo querida! — fala orgulhoso — Assim os súditos verão que se importa com eles e com a beleza do nosso reino.

Mostrei os papeis para papai, indicando onde tínhamos lugares no reino que poderíamos usar para plantar as flores. Ele ficou feliz por ver o planejamento quase pronto. Ele foi embora e levou o planejamento para tirar cópias, pois queria mostrar aos conselheiros.

Marta voltou aos afazeres de antes me deixando sozinha no quarto, como papai tinha levado os papeis eu não tinha nada pra fazer. Passei praticamente a tarde toda no quarto, mas antes de escurecer me deu fome e eu fui para a cozinha procurar alguma coisa para comer antes do jantar.

Encontrei Emma sentada na mesa da cozinha comendo um prato de sopa eme sentei ao lado dela. Ela pareceu um pouco surpresa, fez uma leve reverencia com a cabeça e voltou a comer.

Eu: Você está melhor? — pergunto pegando um dos pães de dentro do cesto de cima da mesa.

Ela concorda com a cabeça.

Emma: As vezes tenho tonturas, mas acho que estou melhorando aos poucos, alteza. — responde baixinho — Queria poder ajudar minha mãe.

Eu: Tenho certeza que logo, logo você estará melhor.

Assim que termino de comer vejo Emma se levantar rapidamente e correr, vou atrás dela e a vejo vomitando dentro de um dos banheiros da cozinha.

Eu: Emma, você está bem? — Ela concorda e logo em seguida volta a vomitar — Vou pedir para alguém chamar sua mãe.

Quando me dirijo a porta sinto a mão dela segurar meu braço, olho para ela e ela ainda está limpando os lábios com as costas da mão.

Emma: Não... Não precisa... — tosse — alteza.

Eu: Por favor, pare de formalidades. Vou pedir para alguém chamar sua mãe.

Emma: Por favor... Minha mãe já se preocupou de mais comigo. Eu já estou bem. — Ela se ergue e olha para mim e vejo um pedido de súplica em seus olhos.

Eu: Tudo bem. — pigarreio.

Emma: Sei que pode parecer ousado, mas... poderia me fazer um favor?

Eu: Claro! — respondo sem exitar, preocupada com ela.

Emma: Poderia ir no estábulo e dizer a Pedro que não posso ir vê-lo hoje de novo?

Eu: Sim.

Depois de ter certeza que ela estava bem fui ao estábulo como ela pediu. Pedro estava alimentando o Zangado quando eu cheguei, esperei que ele terminasse para poder falar sobre Emma. Ele parecia estressado com algo, mas se estava não me falou, talvez fosse apenas preocupação.

Voltei para o palácio assim que começou a escurecer. Quando entrei no meu quarto encontrei papai sentado na minha cama, ele levantou-se assim que me viu entrar no quarto.

Robert: Estava começando a ficar preocupado.

Eu: Eu estava no estábulo.

Ele concorda com a cabeça e se aproxima de mim.

Robert: Conversei com sua mãe sobre seu projeto.

Ele conversou com mamãe? Pensei que ela nunca apoiaria uma coisa assim, ela sempre se preocupa mais com aquilo que trás mais lucro do que simplicidade.

Eu: E o que ela achou?

Robert: Ela disse que é um ótimo projeto — o quê? — e que você conseguiu se superar com isso. Mas que deveria melhorar, pois uma futura rainha tem que apresentar projetos que favoreçam a infraestrutura do reino.

Eu conseguir me superar? Realmente ela não perde uma! É a primeira iniciativa que tenho relacionada ao reino e já tenho que lidar com isso.

Eu: E o que você achou?

Robert: Estou orgulhoso por você ter tomado uma iniciativa bonita como essa, apesar de ser simples e pequena. Talvez voltar as nossas raízes nos traga reforços e aliados, mesmo sendo uma jogada fraca e pequena. — concordei com a cabeça, ele me devolveu os papeis e beijou minha testa — Daqui a vinte minutos o jantar será servido.

Não estava com vontade de comer, mas não podia ficar sem comer. Não podia correr o risco de desmaiar nas vésperas do meu aniversário.

Eu: Acho que vou comer aqui no quarto.

Robert: Como preferir, minha pequena Esh.

Ele dá outro beijo na minha testa e sai do quarto. Coloco os papeis em cima da escrivaninha e sento na cama. A saudade vai me envolvendo aos poucos, é incrível como ele faz falta. Talvez se ele estivesse aqui eu poderia pedir ajuda para deixar o projeto melhor. Ele está demorando e o pior de tudo é que eu nem sei quando volta. Queria poder passar meu aniversário ao lado dele, mas, de qualquer forma, isso não seria possível.

Parece que o universo começou a conspirar contra nosso favor novamente, penso.

Marta chega ao meu quarto alguns minutos depois trazendo meu jantar. Como o suficiente e depois volto para a escrivaninha e finalmente termino os últimos detalhes. Confesso que ficar em frente a dez folhas de papeis durantes quatro dias foi tedioso! Papai deve sofrer bastante como rei, planejando projetos e armando guerras durante dias. Imagino aqueles conselheiros com cara de tédio fazendo tudo ficar pior.

Assim que termino peço a Marta que separe minha camisola enquanto eu tomo banho. Ela parece sobrecarregada, só espero que eu não tenha dado muito trabalho a ela, vou poder ajudá-la agora que me livrei daqueles papeis.

Mesmo sendo tedioso, o dia também foi cansativo. Dispenso Marta para descansar e peço para ela só começar a trabalhar no dia seguinte depois que eu a chamar, assim, ela poderá descansar mais um pouco.

~***~

Sou acordada por sussurros, abro os olhos e vejo Emma com o olhar assustado. O que será que aconteceu?

Emma: Preciso da sua ajuda!

Minha primeira reação foi dar um pulo da cama. Coloquei uma das mãos na testa dela, admito, foi até estranho.

Eu: O que aconteceu? — pergunto assustada. Ela hesita por um momento e seus olhos marejam. — Emma, o que aconteceu? — Pergunto mais firme dessa vez.

Emma: Eu tive enjoos novamente essa manhã, alteza. Preciso que me ajude...

Eu: Onde está sua mãe? Ela deve estar preocupada.

Emma: Ela ainda está dormindo, não vou incomodá-la com ele assunto.

Eu: Por que não? — pergunto confusa, isso já estava se tornando uma situação complicada demais.

Emma: Porque se minhas suspeitas estiverem certas não se trata apenas de mim.

O quê?

O que ela quis dizer com isso? Suspeitas? Não acredito que... Não pode ser!

Eu: Que... suspeitas Emma?

Ela abaixa a cabeça por alguns segundos e depois volta a olhar para mim.

Emma: Não diga a minha mãe, por favor! — Fico apenas esperando que ela responda, ela sabe que não precisa duvidar. Sei guardar segredos! — Eu acho que estou grávida. — fala e abaixa a cabeça, colocando as mãos na barriga.

Olho para as mãos dela e depois volto a olhar para o seu rosto.

Sei que não amo Pedro mais, mas foi um choque pra mim ouvi-la dizer isso. Não sei por quanto tempo fiquei paralisada digerindo as palavras dela, só voltei a mim quando ela tocou em minha mão.

Eu: Você precisa ir ao médico antes que sua mãe acorde.

Levanto-me e vou para o banheiro. Fico alguns minutos sentadas na borda da banheira depois de enchê-la, acabo escorregando e caindo dentro da banheira. Droga!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! O que acharam do capítulo?