Escolhas do coração escrita por Achyle Vieira


Capítulo 11
Capítulo 11 - ilusão


Notas iniciais do capítulo

Olá amores!
Espero que gostem do capítulo.



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Depois de ajeitar meu cabelo, que estava uma bagunça. Sai do quarto e segui pelo corredor à direita do quarto, depois virei à esquerda no outro corredor. Dei de cara com minha mãe, ela se assustou, levando as mãos ao peito.

Eu: Mãe você está bem?

Eliza: Estou. Você quase me matou de susto. — Falou depois de se recompor.

Ficamos nos olhados por alguns segundos. Não sei exatamente quanto, mas pra mim foi uma eternidade, desconfortável pra falar a verdade. Acho que ela estava procurando as palavras.

Eliza: Eu estava indo te visitar.

Eu: Ah! E por que você ficou tão assustava quando me viu?

Eliza: Por quê... Porque você apareceu de repente e eu me assustei. E porque você não está de repouso?

Eu: Fui liberada. Estava indo para o quarto quando vi a senhora.

Eliza: Então vá. Acho que eu medir minha pressão, não estou me sentindo bem... — Ela colocou as mãos no peito novamente e seguiu para a enfermaria.

Foi estranho, ela ficou diferente de uma hora pra outra. Mas não me importo, ela só iria lá pra passar uma imagem de boa mãe.

Pensei em passar no escritório para avisar a papai que eu já estava liberada, mas não quis atrapalhar a reunião pela segunda vez. Subi para o quarto e encontrei minhas criadas fazendo a limpeza, desanimadas.

Eu: Olá! Tudo bem por aqui?

Emma Abre um sorriso e Marta corre e me abraça. O abraço que ela me dá é tão confortador que passo um bom tempo abraçada com ela.

Marta: Me perdoe alteza, eu não devia ter deixado a senhorita ficar sem comer. — Ela afastou-se e pude ver que ela estava com os olhos marejados.

Eu: Não, Não chore. Você não teve culpa de nada. — Abracei-a novamente — Eu só tive uma fraqueza, só isso. Não foi nada de mais.

Nos separamos e eu fui tomar banho. Estava precisando daquele banho. Dessa vez optei pelo chuveiro. Precisava sentir a água quente descer pelo meu corpo para aliviar a tensão dos últimos dias.

Deixei meus pensamentos seguirem de volta há dois dias. Levar aquela tapa da Vaiolet me fez enxergar o perigo do terreno em que eu estava pisando. Será que realmente valeria a pena lutar por algo incerto? Sei que Vaiolet não o ama, mas será que ela aceitaria ser trocada. Será que ele a trocaria por mim? Como minha mãe reagiria a isso tudo, já que ela quer tanto que esse casamento aconteça? É tudo tão confuso! Não quero me machucar no final. Tempo. Preciso de tempo pra pensar na decisão certa e compreender os meus sentimentos. Mas também não posso correr o risco de perdê-lo por não me decidir.

Saio do banho e Marta está com um sorriso de orelha a orelha, enquanto Emma está com uma bandeja nas mãos que continha um enorme prato de macarronada.

Eu: Vocês estão querendo me mimar? — Perguntei entre risos.

Emma: Só trouxemos seu prato favorito, alteza.

Olhei para a cama e vi um lindo vestido de caminhada rosa. Olhei para Marta e Emma e elas se entreolharam para decidir quem falava primeiro.

Marta: Seu pai disse que era pra prepararmos a senhorita para um passeio com ele.

Emma: Ele passará aqui depois do almoço.

Eu: Ele veio aqui?

Marta: Sim, mas a senhorita estava no banho, então ele foi embora.

Assenti e fui em direção à cama para ver o vestido. Ele era lindo, de alças grossas e um decote em forma de V, com pequenas pedras de quartzo rosa no centro.

Eu: Este é novo, não é? — Perguntei pegando o vestido.

Marta: Sim, alteza. Fizemos ontem enquanto a senhorita estava na enfermaria.



Comi o meu almoço antes de vestir o vestido, não queria correr o risco de sujá-lo. Estava morrendo de fome e com saudade de sentir o gosto de comida na boca. Não sei o que eu tinha na cabeça quando fiquei sem comer. Deveria ter comido mesmo sem vontade.

Quando terminei de almoçar, Marta e Emma me ajudaram a me arrumar. Marta fez questão de fazer uma trança raiz no meu cabelo, estava tão animada que não me importei. Emma pegou minha pulseira com pingente de estrela.

Cinco minutos depois que eu terminei de me arrumar meu pai bateu na porta. Com os cabelos molhados e um sorriso animado ele me levou ao jardim.

Robert: Querida você sabe por que o nosso reino tem o nome de Florea e não de Reino do Oeste?

Eu: Porque quando nosso reino foi descoberto ele tinha uma vasta variedade de flores silvestres. Tornando-se então o reino onde tinha mais cultivo de flores.

Robert: Tornando-se porém o reino mais fraco em guerras, pois o súditos preferem trabalhar no campo do que se alistarem. E o que isso causa ao nosso reino?

Eu: Causa a fraqueza nas guerras? — Perguntei confusa e ele assentiu — Porque está fazendo essas perguntas papai?

Robert: Você já vai saber. — Respondeu — Nosso reino antes ganhava aliados pela variedade de flores que tínhamos, mas parece que nossos ancestrais judiaram muito nossa cultura, nos tornando fracos em guerra e em beleza silvestre.

Paramos de caminhar quando chegamos em frente ao nosso banco e Vaiolet estava sentada nele. Por que ela estava ali?

Robert: Então... Acho que é minha obrigação como pai manter minhas duas preciosas flores unidas para não tonar nossa família fraca. — Continuou — Você não acha?

Hesitei por um momento e por fim assenti. Entendi o que ele quis dizer, queria que nós duas fizéssemos as pazes. Mas eu não ia dar o braço a torcer, ainda estava magoada pela tapa.

Vaiolet levantou-se e esticou o braço para mim. Olhei para papai e ele me incentivou a ir até ela. Eu me aproximei e apertei a mão dela.

Vaiolet: Desculpe por ter te batido.

Eu: Tá... Tá desculpada.

Robert: Agora que minhas duas princesas fizeram as pazes, eu vou voltar para o escritório. Vocês estão liberadas do castigo. — Falou e beijou as nossas testas.

Eu: Não vamos caminhar mais?

Robert: Vocês podem caminhar, mas eu vou ter que voltar lá pra cima.

Ele virou-se e começou a caminhar de volta para o castelo. Me arrumei toda pensando que passaria mais tempo com meu pai depois que eu passei mal e acabei ficando aqui com a Vaiollet. Olhei para ela e ela já estava com os braços cruzados e fazendo bico.

Vaiolet: Nem pense que somos amiguinhas, só pedi desculpas porque o papai me convenceu que eu não deveria ter feito aquilo e também porque eu já estava entediada desse castigo idiota.

Eu: Tá! Eu não quero ser sua amiguinha. Falei imitando a voz dela no amiguinha — O que o papai te falou?

Vaiolet: Nada de mais! Ele só me pediu para eu não fazer mais aquilo, pois uma família forte é uma família unida e me explicou que não tem nada de mais você ser amiga do Felipe.

Animei-me com a parte em que eu posso ser amiga do Felipe.

Eu: E você...

Vaiolet: Eu concordei. — Ela olhou para mim e viu meu sorriso — Mas nem pense que eu aceitei isso. Na primeira vez foi só um tapa, da segunda vez vai ser pior. Eu não vou pensar duas vezes em inventar coisas sobre você pra ele e eu posso ter a ajuda da mamãe para isso.

Meu sorriso morreu, pensei que as coisas tinham se acalmado, mas parece que ela ainda continua a mesma cobra. Tenho que conversar com Felipe sobre ela... Ou talvez não.

Não quero ser igual a ela e ir correndo para Felipe contar o que ela faz. Não quero ser a coitadinha da história. Vou lutar por ele e ela que faça o que quiser. Não me importo que invente coisas contra mim, não importo se mamãe vai ajudá-la.

Não queria voltar para casa e ficar trancada no quarto, estava com saudade do Zangado e precisava dos conselhos de um amigo. Fui para o estábulo e encontrei Zangado na baia dele, me aproximei do meu cavalo, peguei uma escova de cavalos e comecei a pentear o pelo dele.

Quando tomei a decisão de que queria fazer aulas de montaria, mamãe não gostou, mas como eu não sou a primeira sucessora do trono ela nem se importou. Hoje agradeço por ter tido essas aulas, hoje montar faz parte da minha personalidade. Vivo trancada no castelo, nunca passei desses muros. Montar é uma forma de me libertar disso tudo.

Ouço a porta da baia se abrir e vejo Pedro entrando com um saco de palha.

Pedro: Olá alteza.

Eu: Oi! Você sabe que não precisa me tratar com formalidades.

Ele sorriu e colocou a palha em um canto.

Eu: Como ele está?

Pedro: Na minha opinião, ele está precisando de uma namorada. — Ele sorriu novamente e se aproximou de mim e Zangado.

Eu: Não quero meu menino com uma namorada. Ele ainda é uma crianxinha!

Pedro deu uma gargalhada.

Pedro: Vejo que já se recuperou do desmaio.

Eu: Você também está sabendo disso?

Pedro: Emma veio aqui ontem, depois do almoço e me falou. Sei que você às vezes faz loucuras, mas nunca pensei que ficaria sem comer por causa de um tapa.

Eu: Não é bem isso! Não fiquei sem comer por causa de um tapa... Bem, fiquei... Mas não foi só por causa do tapa. Fiquei com muita raiva porque mamãe colocou Vaiolet contra mim e acrescentou coisas em uma história... Enfim, eu acabei perdendo a fome.

Pedro: Você está bonita, vai sair?

Eu: Até parece que um dia eu vá sair dos limites desses muros. Eu me arrumei porque papai disse que queria dar um passeio comigo e fiquei toda animada, vesti até esse vestido novo que Emma e Marta fizeram pra mim — passei uma das mãos no tecido do vestido —, mas ele não passou muito tempo comigo.

Pedro: Espera um segundo. — Pediu levantando o dedo indicador e saindo da baia. Voltou alguns segundos depois com outro saco de palha e colocou ao lado do outro saco que estava no canto e sentou em cima de um deles. Fez um sinal para mim me sentar no outro. — Emma me falou que Vaiolet bateu em você. Por que ela te bateu?

Eu: Porque mamãe me viu com Felipe juntos na escada e foi correndo falar pra ela que eu e ele estávamos de mãos dadas.

Pedro: E vocês estavam?

Eu: Claro que não! Quer dizer... Ele pegou minha mão, mas eu puxei minha mão porque eu não queria que alguém visse, mas minha mãe viu e acrescentou detalhes na história.

Pedro: Então ele estava segurando sua mão?

Eu: Foi o que eu falei...

Pedro: Vocês estão...

Eu: Não! — o interrompi — É complicado. — Suspirei.

Pedro: Só vai ser complicado se você tornar complicado.

Ficamos em silêncio por alguns segundos. Fiquei em dúvida se desabafava com ele ou não. Ele era meu amigo, não era? Confio nele, mas tenho medo de não ser compreendida e ser julgada.

Pedro: Você sabe que pode confiar em mim, não sabe? — Perguntou como se estivesse lendo meus pensamentos.

Sorri para ele e respirei fundo, tomando coragem.

Eu: Promete que não vai me julgar sem tentar compreender?

Pedro: Prometo!

Eu: Eu acho que sinto alguma coisa por Felipe. — Os olhos de Pedro se arregalaram — É tão confuso incerto. Eu sei que ele é noivo da minha irmã, mas ela me disse que não o ama e eu sei que ele não a ama por quê... ele me falou. E eu acho que acabei... me apaixonando. Ele é tão carinhoso comigo, me entende e... e...

Pedro: E...?

Eu amo o beijo dele!” Pensei.

Eu: Nada! Não é nada!

Pedro: Sei... — Sussurrou desconfiado — Não vou julgar você. Só peço que tenha muito cuidado. Você sabe que vai ter muitos problemas pra enfrentar se decidir lutar por ele e quero que tome muito cuidado. Não gosto muito dele, mas isso não vem ao caso... Conte comigo pro que precisar!

Eu: Obrigada! — Falei me levantando — Preciso ir. Não avisei que a ninguém que vinha pra .

Ele se levantou e me abraçou.

Pedro: Tome cuidado!

Despedi-me dele e voltei para o castelo pelo jardim. Vi Felipe sentado no banco onde eu, papai e Vaiolet estávamos antes. Aproximei-me e sentei ao lado dele. Ele passou uma das mãos pelo cabelo.

Eu: Oi. — Sussurrei

Felipe: Oi.

Eu: Aconteceu alguma coisa? — Pergunto, preocupada por ele estar daquele jeito.

Felipe: Discuti com sua irmã.

Fiquei surpresa em ouvir aquilo. Ele estava nervoso por que discutiu com Vaiolet? O assunto deve ter sido muito sério pra ele ter ficado daquele jeito.

Ele vira o rosto pra me encarar e continua:

Felipe: Sua irmã quer tudo do jeito dela. Até nesse casamento ela quer mandar, não posso dar nenhuma opinião. Será que ela não percebe que eu vou ser o rei? Ela vai ter que me obedecer.

Eu: Talvez você devesse desabafar com ela e dizer que você também quer participar dos preparativos. — Digo secamente e me levanto para ir embora.

Não acredito que ele está chateado porque Vaiolet não o deixou dar opiniões sobre o casamento! Não o entendo! Uma hora ele diz que não quer ela, que não quer o casamento e outra hora quer dar opiniões. Sou uma burra! Ia me declarar pra ele. E pra quê? Pra ser rejeitada!

Felipe: Esh! — Me seguiu e me puxou pela mão — O que foi?

Eu: Não me chame assim! — Puxei minha mão — Não estou com vontade de levar outro tapa por sua causa. E não venha me perguntar o que foi, não se faça de idiota. Se você quer tanto opinar nos preparativos do casamento, porquê não vai pra perto de Vaiolet e fala isso pra ela. — Viro-me em direção ao palácio dando passos duros — Sabe... — Paro e olho para ele — Se você quer minha opinião... Acho que a cor pêssego ficaria lindo na decoração.

Corro para dentro do castelo com os olhos marejados, tropeço ao subir as escadas. Quando finalmente chego no meu quarto me jogo na cama e enxugo a lágrimas que caíram. Não posso chorar! Que burra que eu fui!



~***~


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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de comentar, favoritar,compartilhar, etc.
Até o próximo cap.