Apto 33 - Onde Encontrar A Morte? escrita por Y23


Capítulo 2
O Espelho


Notas iniciais do capítulo

Sei que disse que so postaria dias de terças e sábados, mas estou com tempo nessa semana, então vamos adiantar logo algumas coisas. Boa leitura



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As sirenes das ambulâncias tocavam, ensurdecedoras, enquanto o furgão avançava pelas ruas abarrotadas de carros, abrindo espaço até a emergência mais próxima. Vi meu corpo ser içado e sentir a maca tocando o chão. Minha cabeça latejava, meu corpo queimava, o meu ângulo de visão era sempre para o teto, vendo as lâmpadas passarem rapidamente e ouvindo os sons típicos das alas de emergência dos hospitais. As luzes estavam muito forte, quase me cegavam, meu olho abria e fechava lentamente. De repente ficou tudo escuro.

Há coisas que nunca serão contadas no primeiro capítulo, como por exemplo; que o nome da minha mãe era Elga e meu pai se chamava Fred Tissot, ou que eu tinha uma irmã gêmea que morreu durante nosso parto, mas sempre acabamos revelando tudo que temos, tudo que somos e o que ainda seremos, é só uma questão de tempo. Porém boa parte dessas histórias estão enterradas.

Deixei minha vida no Kansas para buscar coisas maiores, amores maiores, para ter uma vida melhor. Meus pais tinham falecido e me deixado uma pequena fortuna, então era de começar uma vida nova. Nova York me acolheu muito bem. Meu antigo apartamento ficava na Mangin Ave, bairro da Jamaica. Era legal morar lá, ficava próximo da casa do Daniel, mas era muito distante do trabalho e depois daquela traição eu resolvi que me mudaria. Encontrei um apartamento adorável em frente ao Central Park, por um preço muito bom, eu nem acreditei quando conversei com o corretor. Era bem localizado, perfeito para mim e a poucas quadras do meu trabalho, além de que não tinha muitas economias. O corretor me informou que já não morava ninguém ali há 5 anos e que o antigo dono precisava de dinheiro, então o vendeu... por uma bagatela! A compra foi bem simples e menos de uma semana depois já estava pronta para mudar.

A minha vista escureceu por alguns instantes, parecia que estava faltando energia dentro do meu cérebro. Às vezes eram clarões, outras eram escuridão total. Blackouts. Tentei falar mais não tive forças, foi então que mais um daqueles apagões aconteceu.

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Tinha muitas pessoas no parque. Pessoas alegres, crianças correndo, senhoras e senhores apressados, pessoas com os seus cachorros. A rua estava movimentada como sempre. Caminhei até a entrada do predinho construído por volta de 1930 e abri um portão lateral, subi uma escada e dei de frente com a porta do Apto 33. Não tinha outros 32 aptos naquele prédio, apenas aquele e o ponto comercial no térreo, o número era apenas por causa dos correios.

Abri a porta e dei passagem para o motorista do caminhão de mudanças passar com algumas de minhas coisas, um carregador esperava lá em baixo para retirar as coisas maiores. A última coisa a subir foi o guarda-roupas de madeira, que segundo alegações do motorista e de seu parceiro, estava mais pesado. Devia ser só impressão, por causa da subida da escada.

POV NARRADOR

Samantha estava sozinha em seu apartamento, organizando seus pertences, deixando a casa com a sua cara, o seu toque especial. Mas alguma coisa não estava certa, havia algo a incomodando, ela não sabia dizer o que era. Andando pelo quarto notou o espelho na parede, não era dela, já estava lá. Era um belo espelho, emoldurado com madeira talhada, traços bonitos e clássicos, parecia ser da época da construção do prédio. Ela parou em frente a ele, analisando seu semblante, ela adorava ficar admirando seu reflexo.

– O que é isso? – Disse aproximando o rosto do espelho, lentamente. Projetou sua mão sobre o objeto e limpou um cisco que estava próximo do reflexo da sua boca, dando a impressão de um imperfeição na pele. – Que bom que é só poeira, esse espelho é velho pra caramba.

Seu corpo se contraiu com um calafrio na espinha, ouviu uma porta se entreabrir atrás de si, seu coração disparou de imediato, uma voz ecoou no seu ouvido como um sussurro: Morte. Ela arregalou os olhos e olhou para trás, não viu nada além do guarda roupas antigo. Foi até ele com cautela, olhando em volta, certificando-se que não tinha ninguém no cômodo além dela mesma. Abriu a porta do móvel com um único puxão. Soltou um grito apavorado.

– Daniel?! O que você está fazendo aí dentro.

– Bem que a gente poderia inaugurar esse AP no estilo Dan. – Disse ele saindo do móvel. – Pensei que nunca abriria essa porta, por quanto tempo me deixaria esperando?

– Diz o que você quer Daniel e sai daqui, eu mudei para ficar longe de você.

– Eu quero continuar com você, Samy, já disse... Você não pode me deixar ir assim.

– O que houve com você, está sangrando! – Disse notando que sua boca estava cheia de sangue. – Venha, deixe-me cuidar disso.

Ele a acompanhou até a cabeceira da cama, ela estava de costas para o espelho do quarto, uma imagem apavorante se refletia para Daniel, um velha mulher com o rosto chamuscado, a face estava deformada por queimaduras horrorosas, ela olhava para o rapaz com pena.


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Notas finais do capítulo

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