— Avisei a sua mãe que esse final de semana iremos vê-la. – disse Jacob enquanto eu dirija para o serviço.

— Okay. – respondi um pouco surpresa – E aproveitou para perguntar como anda a estadia de Tom?

— Renné trocou todas as vezes de assunto. – Ele disse frustrado enquanto mexia no celular.

—Jacob relaxa okay? – disse – Não é como se minha mãe não soubesse se cuidar.

Ele me olhou por um segundo e balançou a cabeça negativamente mostrando o quanto estava errada.

— Sábado então tiraremos nossa conclusão. – Continuei estacionando em frente ao seu trabalho.

Era estranho ter seu amigo com uma super proteção com um possível namorado da sua mãe. Não seria eu a ter essa reação? Acho que mamãe talvez esperasse isso pelo menos.

— Bom serviço Bells. – ele desejou depositando um beijo na minha bochecha.

— Pra você também Jake. – desejei.

Quando ele saiu arrumei os copos de café que já tinha pego no Starbucks perto de casa ajeitei da melhor forma possível no banco do carona para que eles não caíssem.

Hoje era um dia em que todos precisariamos muito de café para nos mantermos acordados, bom... pelo menos eu precisaria já que estava caindo de sono.

Ontem tinha sido um dos melhores dias que já tinha experimentado por aqui, tinha visto e participado de tantas coisas legais que até mesmo quando cheguei em casa demorei para dormir depois de ter um dia bastante agitado e estar cansada. Claro que isso resultou em uma noite com poucas horas de sono, e por mais que tenha sido difícil sair da cama eu havia conseguido sem nem me atrasar. Eu devia ter dormido no máximo três horas, se estivesse sendo bastante otimista.

Quando cheguei na empresa as coisas estavam como todos os dias, não era como se o desfile tivesse afetado a vida de todos, mais ao chegar no meu andar, só de olhar para Âng já dava para perceber que os únicos afetados seriamos nós que tivemos que trabalhar duro durante todo o evento.

— Bom dia! – eu disse.

Ela que estava com a mão apoiando a cabeça e a outra no mouse olhou para mim e depois voltou para o computador.

— Não fale alto. – ela disse resmungando – Acho que vou explodir de dor de cabeça.

Dei a volta no balcão e deixei minha bolsa na cadeira tirando o café que havia trazido para ela e colocando na sua frente.

— Talvez melhore. – disse.

— Que bom que chegou com o café. – ela suspirou e ajeitou as costas.

— Edward já chegou? Comprei para ele também.

— Já sim. – ela respondeu – E eu devo estar muito acabada, mais acho que ele esta de bom humor hoje.

— Impossível.  – respondi achanado aquilo um abursdo.

Edward nunca estava de bom humor, a não ser que o bom humor que ela estava falando era o dele passar um dia sem gritar ou ser chato com alguém, ai dava para considerar.

— Veja por si mesma. – respondeu apontando em direção a sala dele.

Peguei o café de Edward e caminhei ate sua sala, dei duas batidas na sua porta, mais ninguém me respondeu.

— Tem certeza que ele esta aqui? – perguntei me voltando para Âng, que tinha abaixado a cabeça.

— Sim. – ela então olhou para mim. – Eu acho pelo menos, não o vi  saindo.

Insisti mais um pouco, mais não obtive resposta, acho que também não tinha dormido direito e estava de mal humor ou ido embora. Eu iria se fosse dona disso tudo, nem trabalhar teria vindo para começar.

— Que bom que chegou Bella, vai me acompanhar na reunião de hoje. – dei um pulo com a voz grossa e alta de Edward soando no ambiente.

Me virei só para ve-lo passando pelo elevador e vindo em minha direção, ele pareceu notar que me assustei e deixou um sorrisinho tímido escapar. Âng na mesma hora endireitou o corpo, mais quando apoiou seu braço na mesa ele escorregou e ela perdeu o equilíbrio.

Edward por educação ou para não reclamar fingiu que não viu e continuou vindo em minha direção.

— Reunião? – eu perguntei para saber se estava ouvindo direito.

— Sim. – ele respondeu. – Quero que me acompanhe.

Deixei escapar uma careta, não só por ouvir falar sobre reunião mais porque ele parecia estar gritando e não só falando, minha cabeça também estava doendo pela noite mal dormida.

— Okay. – minha voz saiu totalmente desanimada.

Entreguei o copo de café para ele e voltei para meu lugar atrás da recepção, não me importei por Edward estar ainda ali, apoiei minha mão sobre a bochecha e comecei a ver o que precisava fazer hoje.

Ele ficou um tempo olhando o copo, e olhando a mim, o que foi totalmente estranho, mais eu estava cansada de mais ate para pensar o porque. Alguns segundos passaram e então ele entrou na sala dele fechando a porta em seguida.

— Eu disse que ele estava de bom humor. – Âng comentou.

— Baseado em que?

— Ele não bateu a porta, não gritou, e ainda disse um “que bom que você chegou Bella” – Âng fez aspas com os dedos.

— É... podemos considerar. – concordei depois de analisar.

Enquanto esperava o horário da reunião, fiquei enrolando nas coisas que precisava fazer porque não estava aguentando de sono, e olhar para a tela do computador estava piorando tudo. Âng estava do mesmo jeito, escorada na mesa e atendendo o telefone com a cabeça deitada no braço. Nunca me perguntei se Edward tinha as câmeras no computador dele, mais conclui que se ele tivesse, já teria vindo gritar com nós duas.

Conforme Emily tinha falado o desfile foi um sucesso, tínhamos pedidos chegando de grandes lojas a todo momento, não ficávamos necessariamente com a parte de separar e receber os pedidos, mais os e-mails chegavam para nós a todo momento nos dando uma ideia de como as vendas estavam , precisávamos só fazer uma planilha e passar para o departamento financeiro ver se estava batendo, e claro os e-mails de agradecimento ficavam por nossa conta.

Com Emmy fora da brincadeira, pois ela tinha conseguido folga, e uma folga muito mereceida, o serviço se acumulou entre nós duas,  e hoje seria mais um dia que as coisas de Brant ficaram para amanhã.

Enquanto tentava me concentrar no trabalho a ser feito, minha mente viajava para os poucos momentos que tive com Edward na noite de ontem, da forma como nossos olhares se encontraram durante o desfile.

Não podia ser possível Edward reparar em mim do jeito que Âng estava achando, não parecia fazer sentindo, ele não gostava de mim, ele só tinha que me aguentar por perto, mais por outro lado minha cabeça insistia em me fazer lembrar das palavras de Âng e o quanto ele tinha ficado com seus olhos em mim. Eu podia ser meio boba com as algumas coisas, mas outras não podia fingir que não aconteceram.

Mas tarde naquela manhã lá estava eu com Edward Cullen indo para uma reunião. Ainda que meus pensamentos insistissem em repassar a noite toda de ontem, precisei bloquear e me concentrar no que iria fazer agora.

— Como você conseguiu acordar tão cedo? – perguntei enquanto me arrastava atrás dele para o andar da sala de reunião.

A concentração para fazer qualquer coisa hoje estava difícil, quando meus olhos insistiam em fechar.

Quem em plena quarta feira depois de um desfile marca uma reunião do nada com Edward? Eu não conseguia nem pensar direito agora de manhã, se eu dormi três horas foi muito.

— Foi normal. – ele disse.

Edward estava de bom humor hoje, era incrível!Angela tinha razão. Pena que eu não estava muito acordada para aproveitar esse momento, mal conseguia abrir os olhos.

— Normal? Que eufemismo! – murmurei e ele achou graça. Enquanto andava, tinha a sensação de que eu saberia dizer a quantidade de luzes que tinha nesse lugar de tanto que elas estavam me incomodando, por causa do sono era quase impossível andar com os olhos abertos, e a luz estava piorando. Porque elas tinham que ser tão forte? Porque tudo tinha que ser tudo tão branco? – Edward será que pode andar mais devagar? - pedi

— Mas eu estou. – se virou para mim quando disse.

— Então ande mais, por favor. – pedi novamente

Eu estava falando baixo, não porque precisava, mas porque estava ate sem forças para falar.

Ele não retrucou, e fez o que pedi. Definitivamente Edward estava de bom humor.

— Pra ter você de bom humor, é só fazer você dormir umas o que? – tentei fazer as contas mentalmente, mais acabei usando os dedos mesmo- 2 horas ? – perguntei e ele se limitou a responder minha provocação.

É, ele realmente estava de bom humor.

Fomos os últimos a entrarem na reunião, tinha tanta gente olhando para nós que foi difícil não ficar envergonhada, não era apenas uma reunião de um acionista?

Edward pelo menos não aparentou surpresa. Apontou para a cadeira ao seu lado pedindo para que me sentasse

Eu conhecia os acionistas, e eles definitivamente não eram os acionistas de Edward, nem mesmo pareciam com um. Isso porque era muito fácil distinguir quem era quem nessa empresa, pessoas importantes vestiam ternos Armani, pessoas comuns, vestiam roupas comuns, mesmo que as roupas fossem mais caras, ainda assim pareciam roupas comum perto deles.

Edward então começou a reunião, de forma bem leve diferente das vezes em que tivemos reunião com ele. Depois de uns quinze minutos comecei a entender que todos ali eram funcionários de áreas diferentes da Lanvin e posições hierarquias totalmente destintas, conforme eles falavam sobre relatórios, índices de seus setores, e coisas parecidas ficava mais claro dizer quem eram, mas ficava difícil entender onde Edward queria chegar com aquilo. Pra mim não tinha logica o que ele queria saber, junto com o que as pessoas estavam trazendo.

Conforme os minutos foram passando foi ficando cada vez mais difícil prestar atenção nas coisas, porque apesar de entender de onde eles eram, os assuntos não iam a minha área de conhecimento, então apenas anotava e já não conseguia nem mesmo entender minha letra, o ápice foi quando Edward colocou um vídeo. O som de reclamação que saiu da minha boca chamou atenção de algumas pessoas que estavam mais perto.

Apagar a luz não era a melhor coisa a se fazer naquele momento, disso eu tinha absoluta certeza.

— Você veio trabalhar bêbada? – Edward sussurrou para mim no meio do vídeo.

Se ele se referia a minha cara de derrotada, e sono como de bêbada, fazia muito tempo que  então que não sabia o que era estar de porre.

— Essa por acaso parece minha cara de bêbada? –  me virei para ele lentamente para responder.

Edward estava com seu rosto muito perto do meu, nossas respiração se encontrando, nossos olhos atentos um no outro.

— Eu ainda não saberia dizer. – ele teve a cara de pau de me responder.

— Você é ridículo. – sussurrei de volta e me virei novamente para a frente, cortando o contato visual.

Ainda pude ouvi o som de uma risadinha, e eu sorri com isso.