Ele me encarou fundo nos olhos e falou tudo aquilo pra mim, como se fosse me acalmar.        Ate parecia que ele não me conhecia quase a vida toda!

—--- Me desculpe. Sim eu sabia e nunca vi problemas nisso, nunca achei que mudaria a sua vida. Seu... Pai viveu muito bem e... e feliz com sua mãe e teve ate a Maria não é mesmo? ---- senti verdade em suas palavras, mas mesmo assim me sentia traído e enganado. ---- Sim você foi criado para ser um humano. Então é humano afinal. E pra mim... é só o que importa.

Não fiquei muito tempo ouvindo a sua explicação.                                 Simplesmente sai andando pelas trilhas da floresta mesmo; não foi por raiva ou qualquer outra coisa, eu acho... Só precisava de um tempo para digerir aquilo.

 Eu já nem sabia mais o que pensar. Já tinha remoído tudo tantas e tantas vezes na cabeça que tinha virado uma pasta só de problemas e confusões e eu já não conseguia distinguir nada e nem por onde começar. 
 Talvez pelas mais idiotas e irrelevantes... Ou já devia as deixar de lado de vez e dar foco só nas mais importantes? 

Só não sei quanto tempo fiquei fora, só sei que o Cascão surgiu do nada e me levou de volta.

—--- Da onde você veio? ---- questionei assim que o vi. Estava ainda meio fora de mim, mas sabia que tinha ido ate lá sozinho.

—--- Os caras do Dc me trouxeram. ---- responde seco como quem tem pressa de partir, já se virando e saindo na minha frente sem nem ao menos me esperar. E já que ele tinha vindo ate lá para me buscar seria o minimo não?

—--- Tão amiginhos agola? ---- minha voz soou um pouco mais revolta que você imaginou agora.

—--- Pra falar a verdade... sou sim. ---- ele para na minha frente bruscamente e quase trombo nele. ---- Começamos a conversar e pra mim resolvi tudo de uma vez. ---- da aquela pausa dramática no discurso. ---- Falta só você.

Eu sabia bem o que ele queria dizer com isso.

                    O circulo estava fechando e eu tinha que dar um jeito nisso logo.

O Dc me incomodava por inúmeros motivo, engraçado que quando eramos menores eu nunca nem liguei para a sua existência. Mas agora... agora era diferente. Ele era o líder de uma base que podia nos matar a qualquer momento, e pior, fazia coisas que eu jamais concordaria.
E eu não sei dizer se ele mudou mesmo ou se ele sempre  foi assim e eu que nunca reparei.

Eu não tinha muito contato com ele quando eramos crianças, era uma coisa mais de vista mesmo; na escola principalmente, eu raramente o via na rua ou na praça.

                                                    Não conseguia confiar.

—--- Cara. Deixa tua raivinha de lado que eu tenho umas coisas pra te contar. ---- antes de chegarmos a casa novamente ele me para. ---- O cara me contou uma coisa... ---- faz outra pausa dramatica irritante. ---- Lá na cidade tem um tipo de fabrica de poderes. Os caras vão lá e se contaminam de proposito pra ficarem fortes. Ou se contaminam mais ainda... sei lá não entendi muito bem não. ---- ele fala isso olhando para os lados não querendo que o dono da casa ou ninguém ali ouvisse. ---- Nós temos que acabar com essa coisa e eu tenho uma ideia que ninguém vai gostar.

—--- Qual? ---- questiono pressentindo que vinha uma merda e das grandonas mesmo.

—--- Olha não inventei sozinho. Foi meio que eu e o Dc.

—--- Desembucha.

—--- Usar o... Nico Demo.

Parei um pouco e sai andando antes que eu metesse o cassete no meu querido amiguinho.

                                    ESSE CARA DEVE ESTAR DEMENTE.

Só pode ser brincadeira.

Eu não sei de onde ele tinha tirado esta ideia desgraçada, só sei que era completamente contra e tinha uma meia noção de que o “perturbado das ideias” do Dc iria fazer o que ele quisesse do jeito dele não importasse a minha opinião ou a atitude que eu tomasse.

                     Perdi um tempo ali pra pensar nisso e no que eu iria fazer.

—--- Vamos voltar logo? ---- ele me zomba saindo em direção a casa e chamando o anjo que estava sentado sobre o beiral da sacada da casa, próximo a escada a me observar de longe. ---- Ou quer continuar aqui de ferias?

Mas ele não espera que eu o responda.

Pega o pequeno ser pela mão como se fosse uma criancinha mesmo e vai em direção ao ônibus bisonho que nos esperava. E lá posso ver que o Humberto me esperava quieto em um canto ao mexer em seu aparelho celular; pude ver sem querer que olhava fotos antigas e outras mais novas que o time tirou na base e nelas ainda aparecia nossos colegas mortos.                                           Sorrindo...   Cheios de planos e de esperanças.

E como um ônibus... ele começou a andar assim que entramos e nem esperou que sentássemos. Mas este veiculo dele era mesmo muito estranho; de ônibus mesmo só sobrou a carcaça por que de resto...      Tinha uns que feito para levar muita gente por muito tempo tinha aqueles bancos de escola que são pregados no chão, outros não tinha onde se sentar tendo apenas a carcaça vazia servindo como um deposito de armas ambulante mesmo, enquanto que outras ate sofá com teve tinha dentro e este tipo foi justo o que o Cascão veio.

                                                                                                                                      Folgado.

O anjo ficou vendo a televisão  enquanto eu deitei em um dos sofás e fiquei pensando em tudo, tudo mesmo. Nico Demo, eu... aquele tempo que passamos morrendo e voltando nas mãos de Licurgo; isso estava mesmo uma catástrofe. O que o maldito estava pensando? O que estes dois malucos estavam planejando?

O jeito era falar com eles mesmo e parar de tentar adivinhar e julgar em cólera. Afinal entender a cabeça do Dc era impossível de qualquer jeito.


Entrei na minha casa (vasia e com um eco de mansoleu) já entrando em contato com a Denise para que ela mandasse o meu recado a todos e assim foi feito um chat.

                          ***************

*—- Denise. Sei que esta sempre on. Abre um chat com: Monica, eu, Magali, Cascão, Franja... Ah todo mundo menos o Dc que depois vc põe ele quando eu pedir tudo bem?

Fofoqueira -- Claro gato! S2

                                     Fofoqueira criou o grupo -- Hora do bafão?

*—- Oi turma? Tenho que falar um papo serio com vocês. Então escutem bem antes de começar a falar ok?

Rei do Xadrez. -- Tudo bem cara.

*—- É o seguinte: Não sei se é verdade, mas o que chegou ate mim foi que o Dc quer unir forças com o Nico Demo. O que vocês estão sabendo e o que acham disso?

Fofoqueira -- Mas que inferno! Eu não estava sabendo de nada. Como "eu" não to sabendo disso? Me da um segundo que descubro TUDO. Já volto.

Loiraça – Isso é completamente incabível. Se for mentira a pessoa fez uma péssima brincadeira. Mas não vou duvidar ser verdade porque aquele cara é louco. Não bate nada bem das ideias desde criança!

Rei do Xadrez. – Tudo o que sei é que eles eram amigos de infância... Acho que o cara tem umas amizades estranhas isso sim. Ele não é amigo do Tonhão DA rua de baixo? Não to vendo novidade alguma nesta nova atitude dele.

Loiraça – O que foi que eu disse?

Dentuça -- Eu não to sabendo de nada. Ele não me falou nada sobre isso. Mas também vou descobrir e já volto.

Dentuça – Daqui a pouco você põe ele no grupo? Vou lá pessoalmente e já volto.

Fofoqueira – Nem adianta gata. Não vai dar para entender uma única palavra. A não ser que você escreva pra ele.

Cientista louco – Deixa disso. É tão difícil entender ele escrevendo quanto falando. Se não for mais fácil, só tem que ter um raciocínio lógico e diferente.

Loiraça – Tudo bem só vejam isso direito e me falem.

*—- Então posso assumir que todos estão contra a ideia?

Fofoqueira – Com toda certeza né gato!

Rei do Xadrez. – Precisa nem perguntar isso.

Cientista louco – Obrigado por nos informar esta idéia maluca. O Nico Demo... bem... É um demônio! Um inimigo dos piores! Temos que pensar em como acabar com ele não fazer amizade.

Loiraça – Concordo com o Franja. Já viram como acabar com aquele loiro demoniáco?

Caixinhos – Ainda não. As habilidades dele são... bem assustadoras. Precisamos do anjo para tentar sem que mais ninguém morra. Por isso foram o buscar, mesmo estando enfraquecido é melhor que nada.

Rei do Xadrez. – Entendi. Mas não é arriscar nosso trunfo?

Caixinhos - É que não temos mais tempo para dar. Pra ele se recuperar.

Mágico – Ei! Espera?

Mágico – O que ta rolando ai?

Mágico – O meu irmão quer fazer o que?

Mágico – Vou falar com ele isso não pode ser verdade.

Mágico – Não esta se precipitando?

Mágico –  Onde ouviu isso?

*—-- Você pode zuar, mas foi o Cascão que me contou. Sabem como aquele linguarudo não consegue guardar um segredo.

Cascão – Poxa cara assim magoa. E que frescura vocês todos em! pelo amor.

Cientista louco – Cascão! O cara matou nossos amigos!

Cascão – Tudo bem eu entendo... Mas... olha nada é tão simples ok? Vamos nos reunir cara a cara de vês ficar falando do Dc pelas costas em um grupinho. Que tal?

*—-- Já vamos fazer isso. Mas antes todos tinham o direito de saber não acha?

Cascão – Ta, tatata. Tanto faz.

Com isso deixei o aparelho de lado e voltei meu foco ao que deveria dar importância desde o começo; que não eram todos os diversos inimigos que nos cercavam de todos os ângulos possíveis e impossíveis e sim o único e grande problema central o CF, que estava a deturpar a mente de todos a sua volta, os fazendo compactuar com esta loucura dele.

Mandei um recado para que o Cascão me encontrasse, isso por que tinha de falar sobre seu tio não sobre o Dc e seus planos loucos, alem do que acho que podia contar para ele o meu segredo, antes que eu explodisse.
Claro que ele era o maior tagarela do mundo. Mas tinha horas e assuntos que sim, eu podia confira muito bem nele.

—--- Faaala Carecá! ---- ele chega todo; ele, a minha porta sem fazer serão.

—--- Cara eu tenho muito que te contar uma coisa. ---- falo serio ainda a mexer em uns papeis sobre a mesa.
Gosto de usar papeis ainda. Eles não podem ser hakeados.

—--- O que é? ---- ele já muda o tom como se sentisse que era algo serio, e o pequeno anjo que me acompanhou ate em casa completamente quieto só fica a me olhar ainda em silencio.          Julgando.

E assim o contei o que para mim era a pior das coisas, quase tive um infarto com isso mas o filho da mãe apenas ergueu um largo sorriso e me deu um tapinha nas costas. ---- Ah era só isso? ---- fala tranquilo se levantando. ---- Ta de boas. Sabia que a Magali é uma bruxa? E que a força da Monica vem de outro planeta? ---- ele brinca quererndo me tranquilizar e quer saber a verdade. Ele consegue.

E assim horas mais tarde o grupo criado volta a conversar freneticamente sobre o caso.

Pelo visto o Cascão não havia mentido, e eu estava certo em imaginar que o maluco do Dc teria já feito algo sem nos consultar afinal ele era o líder da porra do grupo todo e não estava nem ai para o que queríamos fazer ou o que acharíamos.

Ele “já” tinha chamado o loiro dos infernos para lá e já estava a esquematizar um plano junto dele.

                      Acho que não era só eu que queria mata-lo.

E o pior é que mesmo com o grupo ou ate mesmo indo ate lá pessoalmente ninguém tinha realmente conseguido falar diretamente com ele sobre este assunto, nem a Monica, nem mesmo o próprio irmão. O maluco tinha sumido.                                                        Com o loiro.

—--- Cebolinha. ---- eu estava bufando e andando de um lado a outro sem saber o que fazer por que ir contra pela força era incabível. ---- Ce-boliiinhaaa! ---- eu quase não o ouvia gritar comigo.

O pequeno anjo era fofo mas nunca teve nada de delicado, muito menos angelical. Então o pestinha tratou de pegar um livro bem grouço e tacar na minha cabeça.

—--- Ai! ---- me virei com um susto. ---- Que isso? Ta encarnado?

—--- Eu tenho uma ideia.

Ass: Negi Menezes da Silva _I_